sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O Fidalgo de um lado só

Pelos idos de 1800, governava a Paraíba o capitão Amaro Joaquim, que também era Comendador da Ordem de Cristo. Por esse tempo muitos indivíduos perambulavam à noite pela cidade, com os rostos cobertos, a perturbar a ordem pública. Um tal de Nogueira, filho de uma mulata com um dos homens mais importantes da Província, era um desses arruaceiros, raptando moças e matando aqueles que reagissem a ele. Mas o mulato terminou, afinal, sendo preso. O historiador Henry Koster assim narra o fato:

“Amaro Joaquim queria fazê-lo executar, mas percebendo as dificuldades criadas pela família, que intercedia, mandou que o açoitassem. Nogueira disse que era meio-fidalgo, homem nobre e essa punição não podia ser aplicada.

O Governador então ordenou que só lhe fosse surrado um lado do corpo, para que o lado fidalgo não sofresse, devendo Nogueira indicar qual era o seu costado aristocrático. E, castigado dessa maneira, depois de haver permanecido muito tempo na prisão, foi desterrado, por toda a vida, para Angola.”

Fonte:http://culturapopular2.blogspot.com/2010/03/o-fidalgo-de-um-lado-so.html

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Flautins Matuá - Apresentações musicais e oficinas culturais

Influenciado pelas tradicionais bandas de pífano, O Fuá é um espetáculo interativo com diversos elementos da cultura popular brasileira e que pode ser apresentado em diversos espaços, ruas, praças, teatros, Áreas externas e internas em geral.




Fonte:http://culturanordestina.blogspot.com/

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Além da Primavera



ALÉM DA PRIMAVERA
(Dalinha Catunda)

De flores me vestirei
Seja em qualquer estação.
Não desistirei dos sonhos
Apostei nesta opção
Plantarei sempre alegria
Semear melancolia
Não tenho esta pretensão.
*
A primavera chegou
Sem o sol aparecer,
Mas flores de primavera
Bordaram o amanhecer
Debruçada na janela
Vejo quanto à vida é bela
Sinto seu resplandecer.
*
Amo as flores, amo a vida,
Independente de idade,
O plantio do passado
Colho na maturidade
E em qualquer estação
Bate bem meu coração
Buscando felicidade.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Ingra Liberato no 4º Curta Taquary em Taquaritinga do Norte-PE 14.09.2011.flv


Um Olhar



Um Olhar
(Anderson Braga Horta)

Aves da arribação, que passais tristes
e buscais o calor de novos lares…
aves de arribação, acaso vistes
as asas de um amor cortando os ares?

Se da esperança a voz sumida ouvistes,
as lágrimas de luz brotando aos pares
de ocultos arquipélagos sentistes,
nos vôos rente ao dorso azul dos ares,

dizei-me onde é que estão, porque são minhas!
… No entanto elas se foram, tênues linhas
já prestes no horizonte a mergulhar.

Não responderam… Nem sequer me olharam…
Mas, diz o coração - que naufragaram
na profundeza de um celeste olhar.

sábado, 24 de setembro de 2011

Jô Soares entrevista Jurandy do Sax



A dimensão dada a um evento que retrata a abnegação determinante do músico Jurandy do Sax ao completar a marca dos “4.000 boleros” tocados ininterruptamente no pôr do sol da praia do Jacaré, em Cabedelo, no litoral Norte da Paraíba, é um feito a ser enaltecido. Primeiro pelo fato em si ser de uma grandeza espetacular no mundo, onde o show se completa com a música, a performance do artista, a natureza exuberante do local, a cultura, o lazer e o turismo na Paraíba, fazendo do pôr do sol do Jacaré o atrativo turístico mais visitado da Paraíba.

Com um saldo de onze anos de apresentações, esse é um momento para celebrar uma caminhada de muita ação em defesa da cultura musical e do turismo paraibano. Com seu barquinho, seu sax e tocando para o sol o Bolero de Ravel, Jurandy ganhou reconhecimento internacional, levando sua arte em apresentações em outros países. O artista já esteve em Paris, fazendo parte das comemorações do “Ano do Brasil na França”, com convite para conhecer as raízes de Ravel.

Hoje, ao se apresentar durante o pôr do sol no Jacaré, percorrendo um trecho do rio em frente aos bares e o calçadão do Parque Turístico Municipal da Praia de Jacaré em um tradicional barco a remo, tocando a imortal obra de Maurice Ravel, Jurandy do Sax é a maior e a mais famosa atração turística da Paraíba. É ainda o artista paraibano que mais se faz presente na mídia local, regional e nacional.

Por tudo isso, a Paraíba realizou uma grande festa para comemorar o feito do artista ao executar seu “Bolero de número 3.000” no ano de 2009. A programação cultural que contou com a participação de grandes músicos convidados, como Ivanildo O Sax de Ouro e Caio Mesquita, além de artistas paraibanos como JP Sax, aproximando expressões artísticas e enaltecendo a contemplação do pôr-do-sol.

Com esse conjunto de atividades o Festival 3.000 boleros apresentou à Paraíba, ao Brasil e ao mundo, nos dias 11 e 12 de julho de 2009, um evento cultural e turístico com a cara do nosso povo, indo ao encontro do desejo e vontade de amplos setores da sociedade. O anseio de restabelecer o verdadeiro momento do pôr-do-sol como espaço de entretenimento, celebração e afirmação do segmento do turismo cultural da nossa terra.

Fonte:http://culturanordestina.blogspot.com/

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A CONTAGEM REGRESSIVA PARA A BIENAL


A Bienal Internacional do Livro de Pernambuco começa nesta próxima sexta 23/09, e o final de semana será de muitas atrações no Pavilhão de Feiras do Centro de Convenções, em Olinda.

Dois eventos imperdíveis no próprio dia da abertura da Bienal: às 17h um bate-papo com o jornalista Marcelo Pereira e o cantor e compositor Zeca Baleiro, no espaço Círculo das Ideias. Em seguida, no mesmo local, uma palestra com o escritor Laurentino Gomes, autor dos sucessos 1808 e 1822 e às 19h Rogério Pereira, editor da revista Rascunho, conversa com Ronaldo Correia de Brito, um dos homenageados da Bienal.

No sábado pela manhã o poeta Frederico Barbosa ministra uma oficina de crítica literária e à tarde Maria Alice Amorim e Arnaldo Saraiva conversam no Café Cultural fazendo um painel sobre literatura de cordel. Às 18h, no Círculo das Ideias, dois grandes nomes da literatura nacional falam sobre oficinas literárias: Assis Brasil e Raimundo Carrero. E no Auditório do Brum, Marjones Pinheiro fala com a escritora Thalita Rebouças.

O domingo também terá muitas atrações, e destacamos a palestra do professor Silvio Costta no Café Cultural às 16h: ANTIBULLYING – uma nova estratégia para compreender e prevenir. Às 18h, no Círculo das Ideias Cláudia Felício e Cícero Belmar conversam sobre o tema: Livros, adolescentes e outros monstros. E, fechando a noite, no mesmo espaço, teremos Allan da Rosa, Fábio Andrade e Marcelino Freire dando seus pitacos sobre as edições independentes no mercado editorial.

A programação completa da Bienal você confere aqui.

Fonte:http://www.interpoetica.com/

Setembro


No Sertão, o período seco começa se agravar, há grande escassez de pastos e os animais definham. Com exceção do único rio perene da região (o São Francisco), em toda a caatinga não se vê um veio d'água escorrendo sobre a terra árida. O sol escaldante faz estalar os galhos secos dos arbustos que, em estado de dormência vegetativa, aguardam as próximas chuvas para novamente se tornarem verdes.

No Agreste, o cajueiro está carregado de frutos maduros. No Sertão, as marrecas irerês (as "viuvinhas") voam, em bandos, à procura das lagoas, onde gostam de mergulhar. Ao se deslocarem de um sítio a outro, as marrecas despertam , com seu assobio fino e penetrante, a atenção dos caçadores. E muitas acabam se transformando em alimentação para o sertanejo.

No Litoral, Mata e Agreste, a estação seca apenas se inicia, os campos ainda estão verdes, os animais ainda têm pastos. A goiabeira bota os últimos frutos de sua segunda safra anual e nas feiras livres a pitanga aparece em grande quantidade. Os morangais da região serrana de Gravatá frutificam e no Litoral é grande a oferta de coco verde.

Em setembro, as cobras venenosas continuam se acasalando e o beija-flor está chocando seus ovos, numa das suas duas incubações anuais. No Sertão, os rebanhos caprinos, por falta de alternativas, devoram bosques de jurema preta, um dos poucos arbustos da caatinga que permanecem com folhagem verde, mesmo em épocas de estiagem prolongada.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011



O concurso envove servidores municipais e alunos das escolas e dos coletivos do Projovem Adolescente

É através de ciclos de palestras nas escolas e nos coletivos do Projovem Adolescente e ações de divulgação nas secretarias municipais, que a Secretaria Executiva da Mulher vem conquistando a adesão de participantes para o segundo concurso de redação sobre Gênero Raça e Etnia. As inscrições seguem até o dia seis de outubro. Mais informações também pelo e-mail pro.equidadejaboatao@gmail.com.

De acordo com a coordenadora de Projetos e Gestão Institucional Laura Monfort, as palestras envolvem discussões relacionadas ao tema “O papel da mulher negra na formação da identidade cultural do povo brasileiro”, principal temática do concurso. “Isso já garante subsídios de argumentos e reflexões para que os estudantes possam escrever seus textos”, destaca Monfort. No momento, mais de sete instituições escolares foram visitadas. A ação também vai seguir pelas escolas da área rural da cidade.

Em relação ao incentivo a participação dos servidores, cada secretaria já estar autorizada a distribuir folders, o regulamento impresso e a fica de inscrição. “Nosso intuito é superar o número de participantes do concurso de 2010 e dá mais ênfase a necessidade de colocar em pauta questões sobre gênero e raça em todo município”, disse Laura Monfort.

A realização da primeira edição do concurso foi uma das atividades que premiou a Prefeitura de Jaboatão com o Selo Pró- equidade de Gênero, do Governo Federal.

O processo de inscrição teve início no último dia seis de setembro. Mais informações no regulamento do concurso abaixo:

BAIXE AQUI O REGULAMENTO.

Fonte:http://www.jaboatao.pe.gov.br/jaboatao/secretarias/desenvolvimento-social/2011/09/21/NWS,413620,52,553,JABOATAO,2132-SEGUEM-INSCRICOES-CONCURSO-MUNICIPAL-REDACAO-SOBRE-GENERO-RACA-ETNIA.aspx

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Os autores pernambucanos que caem no vestibular


Sociólogo, antropólogo e escritor, Gilberto de Melo Freyre nasceu no Recife, a 15/03/1900. Autor de dezenas de livros, entre os quais "Casa Grande e Senzala" (1933), seu mais importante trabalho, obra considerada fundamental para o entendimento da formação da sociedade brasileira.

Escreveu seu primeiro poema aos 11 anos de idade e, em 1917, concluiu, no Recife, o curso colegial (Colégio Americano Gilbeath de Pernambuco), seguindo, no princípio de 1918, para os USA, onde fez seus estudos universitários: na Universidade de Baylor (bacharelado em Artes Liberais com especialização em Ciências políticas e Sociais) e na Universidade de Colúmbia (mestrado e doutorado em Ciências Políticas, jurídicas e Sociais) onde defendeu, em 1922, a tese "Vida Social no Brasil em Meados do Século XIX".

Viaja a países da Europa e retorna ao Brasil em 1923. Considerado pioneiro da Sociologia no Brasil, em 1926 foi um dos idealizadores do I Congresso Brasileiro de Regionalismo do qual resultou a publicação do Manifesto Regionalista - documento contrário à Semana de Arte Moderna de 1922 e que valorizava o regionalismo nordestino em confronto com as manifestações da "cultura européia".

Em 1936 e 1959, publica, respectivamente, os livros "Sobrados e Mocambos" e "Ordem e Progresso", obras que, com "Casa Grande e Senmzala", formam uma trilogia sobre a história da sociedade patriarcal brasileira.


Foi pioneiro no Brasil ao abordar, em estudos sociológicos, temas como alimentação, moda, sexo etc. e causou polêmica ao defendera tese de que a riqueza cultural brasileira originou-se da mistura de raças (a missisgenação racial) propiciada pelo fato de o colonizador português não ter preconceitos raciais e isso teria facilitado o contacto com o colonizado cordato.

Em 1946 foi eleito deputado federal constituinte (UDN-PE), sendo vice-presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara e representante do governo brasileiro na Assembléia geral das Nações Unidas em 1947. Quando deputado, apresentou o projeto de criação do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (posteriormente transformado em fundação).

De 1926 a 1930, foi secretário particular do então governador de Pernambuco, Estácio Coimbra. Durante a ditadura Vargas foi preso três vezes. Apoiou o governo militar que se instalou no Brasil em 1964 e, posteriormente, defenderia uma reabertura.

Foi, também, pintor. Como jornalista, dirigiu o jornal "A Província" (Recife) e o Diario de Pernambuco; escreveu para a revista O Cruzeiro e colaborou com várias revistas estrangeiras, entre as quais The American Scholar (USA), The Listener (Londres), Diogène (Paris), Kontinent (Viena) e outras.

Era integrante do Conselho Federal de Cultura desde a sua criação; foi presidente do conselho-diretor da Fundação Joaquim Nabuco (Recife); ; detentor de vários prêmios literários e doutor Honoris Causa de dezenas de universidades brasileiras e estrangeiras. Da Rainha Elezibeth II recebeu o título de Cavaleiro do Império Britânico. Morreu no Recife, a 18/07/1987, de isquemia cerebral, depois de passar uma semana na UTI do Hospital Português.

Interpretação da obra

Segundo Celso Pedro Luft, Gilberto Freyre "é uma das glórias do pensamento brasileiro". No Dicionário de Literatura Portuguesa e Brasileiro, Luft assim define o autor pernambucano: "A rigorosa formação universitária, as qualidades de cientista e artista, o seu anti-sectarismo permitiram-lhe imprimir novos rumos aos estudos socioculturais. Rumos mais metódicos, mais técnicos, para progredir nos caminhos de Sílvio Romero e Euclides da Cunha. Casa Grande & Senzala é um marco de suma importância para a ciência e as letras brasileiras, valendo ao autor projeção internacional".

Ainda segundo Celso Luft, Gilberto Freyre foi "um pensador equilibrado, soube evitar os extremos: como cientista foge aos exageros cientificistas, como artista nada tem de estetismo. Revolucionando o ensaio científico nos seus métodos, revolucionou-o também na expressão.

A sua prosa, pobre na aparência, é antes sóbria e precisa. Vocabulário reduzido, terminologia científica só rigorosamente necessária, pouca adjetivação. Não qualifica; faz das comparações os seus adjetivos -como observou Luís Jardim. Mas, preferindo palavras simples e pouco numerosas, evitando o preciosismo, a retórica, o supérfluo - G.F. imprime grande plasticidade, colorido e ritmo à sua prosa".

Celso Pedro Luft conclui: "Pela expressão concreta, pelas imagens fortes, pelo vocabulário e fraseado vivo, Gilberto Freyre consegue dar força e calor humano ao que escreve. Daí o interesse com que se lêem os seus ensaios que, sem o estilo pessoal do autor, facilmente seriam áridos ou indigestos".

Sobre Casa Grande & Senzala, Celso Luft escreve: "Pode-se dizer que, com esse livro, Gilberto Freyre iniciou o ensaio científico, em contraposição ao ensaio acadêmico; revolucionou os estudos de sociologia histórica brasileira. Nessa obra, como nas que se lhe seguem, uma ampla e inteligente pesquisa justifica as conclusões".

Prêmios e medalhas

Prêmio da Sociedade Felipe d'Oliveira, RJ, 1934 * Prêmio Anisfield-Wolf, USA, 1957 * Prêmio de Excelência Literária, Academia Paulista de Letras, 1961 * Prêmio Machado de Assis, Academia Brasileira de Letras (conjunto de obra), 1962 * Prêmio Moinho Santista de Ciências Sociais, 1964 * Prêmio Aspen, Instituto Aspen, USA, 1967 * Prêmio Internacional La Madonnina, Itália, 1969 * Troféu Novo Mundo, São Paulo, por "obras notáveis em Sociologia e História", 1973 * Troféu Diários Associados, por "maior distinção atual em Artes Plásticas", 1973 * Prêmio Jabuti, Câmara Brasileira do Livro, 1973 * Sir - "Cavaleiro Comandante do Império Britânico", distinção conferida pela Rainha da Inglaterra em 1971 * Medalha Joaquim Nabuco, Assembléia Legislativa de Pernambuco, 1972 * Medalha de Ouro José Vasconcelos, Frente de Afirmación Hispanista de México, 1974 * Educador do Ano, Sindicato dos Professores do Ensino Primário e Secundário em Pernambuco e Associação dos Professores do Ensino Oficial, 1974 * Medalha Massangana, Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, 1974 * Prêmio Caixa Econômica Federal, Fundação Cultural do Distrito Federal, 1979 * Prêmio Moinho Recife, 1980 * Medalha da Ordem do Ipiranga, do Estado de São Paulo, 1980 * Grã-cruz da República Federal Alemã, 1980.

Títulos

Doutor Honoris Causa, em Letras, pela Universidade de Columbia * Doutor Honoris Causa pela Sorbonne * Doutor Honoris Causa, em Letras, pela Universidade de Coimbra * Doutor Honoris Causa, em Letras, pela Universidade de Sussex, Inglaterra * Doutor em Ciências Políticas, Jurídicas e Sociais, pela Universidade de Münster, Alemanha * Doutor Honoris Causa, em Filosofia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro * Doutor Honoris Causa, em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Universidade Federal de Pernambuco * Adstrito Honorário da Universidade de Salamanca, Espanha * Adstrito Honorário da Universidade de Buenos Ayres * Professor Honorário das universidades federais de Pernambuco, Bahia e Paraíba.

Bibliografia completa

1933: Casa Grande e Senzala (Formação da Família Brasileira sob o Regime de Economia patriarcal), Maia & Schmidt Ltda, RJ. 20a edição, comemorativa do 80o aniversário do autor, pela Editora José Olympio/Instituto Nacional do Livro, com ilustrações de Tomás Santa Rosa, Cícero Dias e Poty e poemas de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira; prefácio de Eduardo Portella e crônica de José Lins do Rego. Traduções nas línguas espanhola, inglesa, francesa, alemã, italiana e polonesa e edição em Portugal.

1934: Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife, com ilustrações de Luís Jardim, Edição do Autor. 4a edição pela Editora José Olympio, RJ, 1968, com fotografias e ilustrações de Luís Jardim e Rosa Maria.

1935: Artigos de Jornal, Casa Mouzart, Recife. Incluído em Retalhos de Jornais Velhos.

1936: Sobrados e Mocambos (Decadência do Patriarcado Rural e Desenvolvimento do Urbano), Companhia Editora Nacional, São Paulo. 2a edição, refundida, 3 volumes, com ilustrações de Lula Cardoso Ayres, Manuel Bandeira, Carlos Leão e do autor, Editora José Olympio, RJ, 1951. Várias edições seguintes e edições também inglesa e norte-americana.

1937: Nordeste (Aspectos da Influência da Cana Sobre a Vida e a Paisagem do Nordeste do Brasil), com fotografias e ilustrações de Manuel Bandeira, Editora José Olympio, RJ. Várias edições seguintes e traduções espanhola, francesa e italiana.

1938: Conferências na Europa, Ministério da Educação e Saúde, RJ. Revisto e aumentado, passou a constituir O Mundo que o Português Criou.

1939: Açúcar (Algumas Receitas de Doces e Bolos dos Engenhos do Nordeste), com ilustrações de Manuel Bandeira, Editora José Olympio, RJ. A partir de 1969, novas edições, aumentadas, sob o título Açúcar (Em Torno da Etnografia, da História e da Sociologia do Doce no Nordeste Canavieiro do Brasil), com ilustrações de Manuel Bandeira.

1939: Olinda - 2o Guia prático, Histórico e Sentimental de Cidade Brasileira, edição do autor, Recife, com ilustrações de Manuel Bandeira. Várias edições seguintes, revistas e aumentadas, pela Editora José Olympio, RJ.

1940: Diário Íntimo do Engenheiro Vauthier (prefácio e notas), Ministério da educação, RJ. Incluído na segunda edição de Um Engenheiro Francês no Brasil.

1940: Um Engenheiro Francês no Brasil - prefácio do prof. Paul Arbousse-Bastide. 2a edição em 2 volumes ilustrados, 1960: 1o vol. Um Engenheiro Francês no Brasil; 2o vol. Diário Íntimo de Louis Léger Vauthier, Cartas Brasileiras de Vauthier, tradução de Vera M.F. de Andrade e prefácio, introdução e notas de G. Freyre. Todas as edições pela Editora José Olympio, RJ.

1940: Memória de Um Cavalcanti (Introdução às), Companhia Editora Nacional, SP. Incluído em O Velho Félix e suas Memórias de um Cavalcanti.

1940: O Mundo que o Português Criou (Aspectos das Relações Sociais e de Cultura do Brasil com Portugal e as Colônias Portuguesas), Editora José Olympio. Edição em Portugal.

1941: Região e Tradição, prefácio de José Lins do Rego e ilustrações de Cícero Dias, Editora José Olympio, RJ. 2a edição Gráfica Record Editora, RJ, 1968.

1942: Ingleses, prefácio de José Lins do Rego, Editora José Olympio.

1943: Problemas Brasileiros de Antropologia, Casa do Estudante do Brasil, RJ. Edições seguintes, com prefácio de Gonçalves Fernandes, pela Editora José Olympio, RJ.

1944: Perfil de Euclides e Outros Perfis, desenhos de Santa Rosa e C. Portinari, Editora José Olympio, RJ.

1944: Na Bahia, Em 1943, Companhia Brasileira de Artes Gráficas, RJ.

1945: Sociologia I (Introdução ao Estudo dos Seus Princípios), 2 volumes, várias edições, todas pela Editora José Olympio, com prefácio de Anísio Teixeira.

1945: Brazil: An Interpretation, Alfred A. Knopf, Nova Iorque. 2a edição em 1947 (texto expandido em New World in the Tropics). Edição brasileira: Interpretação do Brasil, tradução e introdução de Olívio Montenegro, Editora José Olympio, RJ, 1947. Edições também em Portugal, Itália, México.

1948: Ingleses no Brasil (Aspectos da Influência Britânica sobre a Vida, a Paisagem e a Cultura do Brasil), Editora José Olympio, RJ.

1950: Quase Política (9 Discursos e 1 Conferência), Editora José Olympio, RJ. 2a edição em 1966.

1953: Um Brasileiro em Terras Portuguesas (Introdução a uma Possível Lusotropicologia, Acompanhada de Conferências e Discursos Proferidos em Portugal e em Terras Lusitanas e ex-Lusitanas da Ásia, da África e do Atlântico), Editora José Olympio, RJ. Edição também em Portugal.

1953: Aventura e Rotina (Sugestões de uma Viagem à Procura das Constantes Portuguesas de Caráter e Ação), Editora José Olympio, RJ, e edição em Portugal.

1955: Assombrações do Recife Velho, Editora Condé, RJ. 2a e 3a edições pela José Olympio, 1970 e 1974.

1956: Problème de Changement Social Au 20eme Siècle (com L. von Wiese, Morris Guinsberg e Georges Davy), Londres e Hereford.

1958: Integração Portuguesa nos Trópicos. Portuguese Integration in the Tropics. Junta de Investigações do Ultramar, Vila Nova de Famalicão, Portugal.

1959: Ordem e Progresso (Processo de Desintegração das Sociedades Patriarcal e Semipatriarcal no Brasil sob o Regime de Trabalho Livre: Aspectos de um Quase Meio Século de Transição do Trabalho escravo para o Trabalho Livre; e da Monarquia para a República), 2 volumes, Editora José Olympio, RJ. Edição também em língua inglesa.

1959: O Velho Félix e suas Memórias de um Cavalcanti, Editora José Olympio, RJ.

1959: New World in the Tropics, Knopf, Nova Iorque. edição em língua portuguesa: Novo Mundo nos Trópicos, tradução de Olívio Montenegro e Luís Miranda Corrêa, 1a edição pela Companhia Editora nacional, SP, 1971. Também editada no Japão.

1959: A Propósito de Frades, Universidade da Bahia.

1960: Brasis, Brasil e Brasília, Livros do Brasil, Lisboa. 2a edição,atualizada, Gráfica Record Editora, RJ, 1968.

1961: O Luso e o Trópico - Sugestões em Torno dos Métodos Portugueses de Integração de Povos Autóctones e de Culturas Diferentes da Européia num Complexo Novo de Civilização: O Lusotropical, editado pela Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, Lisboa. edições também em francês e inglês.

1961: Sugestões de um Novo Contacto com Universidades Européias, Imprensa Universitária, Recife.

1962: Arte, Ciência e Trópico (Em Torno de Alguns Problemas de Sociologia da Arte), Edições Martins, SP.

1962: Homem, Cultura e Trópico, Imprensa Universitária, Recife.

1962: Vida, Forma e Cor, Editora José Olympio, RJ, prefácio de Renato Carneiro Campos.

1962: Talvez Poesia, Editora José Olympio, RJ, prefácio de Mauro Mota.

1963: Brazil, Pan American Union, Washington.

1963: O Escravo nos Anúncios de Jornais Brasileiros do Século XIX, Imprensa Universitária, Recife e 2a edição pela Companhia Editora Nacional/Instituto Joaquim Nabuco, em 1979.

1964: Vida Social no Brasil nos Meados do Século XIX, tradução do original inglês (Social Life in Brazil in the Middle of the 19th Century) por Valdemar Valente e prefaciada pelo autor, Instituto Joaquim Nabuco, Recife.

1964: Retalhos de Jornais Velhos, Editora José Olympio, RJ, prefácio de Luís Jardim.

1964: Dona Sinhá e o Filho Padre (seminovela), editora José Olympio, RJ. Edições também norte-americana e em Portugal.

1965: Seis Conferências em Busca de um Leitor, Editora José Olympio, RJ.

1966: The Racial Factors in Contemporany Politics, Sussex, Inglaterra.

1967: Sociologia da Medicina, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

1968: Oliveira Lima, Dom Quixote Gordo (com 60 cartas inéditas de Oliveira Lima), Imprensa Universitária, Recife. 2a edição em 1970.

1968: Como e Porque Sou e Não Sou Sociólogo, Editora Universidade de Brasília.

1968: Contribuição Para Uma Sociologia da Biografia (O Exemplo de Luís de Albuquerque, Governador de Mato Grosso, no fim do Século XVIII), 2 volumes, Academia Internacional de Cultura Portuguesa, Lisboa. 2a edição pela Fundação de Cultura de Mato Grosso, 1978.

1969: Transformação Regional e Ciência Ecológica, Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, Recife.

1970: Cana e Reforma Agrária (com outros autores), Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, Recife.

1971: Seleta para Jovens, Organizada pelo autor com a colaboração de Maria Elisa Dias Collier, Editora José Olympio, RJ.

1971: The History of Brazil, 3 volumes, edição conjunta de The Masters and Slaves, The mansions and the Shanties e Order and Progress, Secker & Warbury, Londres.

1971: Nós e a Europa Germânica (Em Torno de Alguns Aspectos das Relações do Brasil com a Cultura Germânica no Decorrer do Século XIX), Grifo Edições/INL, Rio de Janeiro/Brasília.

1971: A Casa Brasileira (Tentativa de Síntese de Três Diferentes Abordagens, já Realizadas pelo Autor, de um Assunto Complexo: a Antropológica, a Histórica, a Sociológica), Grifo Edições, RJ.

1972: A Condição Humana e Outros Temas - Trechos escolhidos por Maria Elisa Dias Collier, Grifo Edições/INL, Rio de Janeiro/Brasília.

1973:Além do Apenas Moderno (Sugestões em Torno de Possíveis Futuros do Homem, em Geral, e do Homem Brasileiro, em Particular), Editora José Olympio, RJ. Edição também na Espanha.

1974: The Gilberto Freyre Reader. Transl. by Barbara Shelby. Alfred A. Knopf, New York.

1975: Tempo Morto e Outros Tempos (trechos de um diário de adolescência e primeira mocidade - 1915/1930), Editora José Olympio.

1975: A Presença do Açúcar na Formação Brasileira, Instituto do Açúcar e do Álcool.

1975: O Brasileiro Entre os Outros Hispanos: Afinidades e Possíveis Futuros nas suas Inter-relações, Editora José Olympio/INL.

1977: O Outro Amor do Dr. Paulo (seminovela, continuação de Dona Sinhá e o Filho Padre), Editora José Olympio, RJ.

1977: Antologia, Ediciones Cultura Hispánica, Madri.

1977: Obra Escolhida (Casa Grande & Senzala, Nordeste e Novo Mundo nos Trópicos), Nova Aguilar, RJ.

1978: Alhos & Bugalhos, Editora Nova Fronteira, RJ.

1978: Cartas do Próprio Punho Sobre Pessoas e Coisas do Brasil e do Estrangeiro, Conselho Federal de Cultura, RJ.

1979: Heróis e Vilões no Romance Brasileiro, Cultrix/Editora da USP.

1979: OH de Casa! - Em Torno da Casa Brasileira e da sua Projeção sobre um Tipo Nacional de Homem, Artenova/Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais.

1979: Tempo de Aprendiz, Ibrasa/INL.

1979: Pessoas, Coisa e Animais, MPM Propaganda.

1980: Poesia Reunida, Edições Pirata, Recife, com ilustrações de Marcos Cordeiro.

1988: Ferro e Civilização no Brasil, Fundação Gilberto Freyre, Recife, e Editora Record, Rio de Janeiro.

Adaptção para teatro: Casa Grande & Senzala, drama em três atos, de José Carlos Cavalcanti Borges, Serviço Nacional de Teatro, RJ.


Livros sobre Gilberto Freyre


1944: Gilberto Freyre (Notas biográficas), ilustrado, de Diogo de Melo Menezes, prefácio de Monteiro Lobato, Casa do Estudante do Brasil, RJ.

1962: Gilberto Freyre, Sua Ciência, Sua Filosofia, Sua Arte (64 ensaios sobre G.F. e sua influência na moderna cultura do Brasil), obra comemorativa do jubileu de prata de Casa grande & Senzala, ilustrado, Editora José Olympio, RJ.

1979: Casa Grande & Senzala, Obra Didática?, de Gilberto de Macedo, Editora Cátedra/INL.

1984: O Elogio da Dominação - Relendo Casa Grande & Senzala, Maria Alice de Aguiar Medeiros, Achiamé, RJ.


Outros: Casa Grande & Senzala foi o tema escolhido pela Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira para o seu desfile no carnaval carioca de 1962.

Fonte:http://www.pe-az.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=313:gilberto-freyre&catid=60:vestibular-autores-pernambucanos&Itemid=168

Fatos e Datas - Setembro



Fatos marcantes do mês de setembro

Em setembro, Pernambuco assistiu a morte do então ministro Marcos Freire, em desastre aéreo que gerou suspeitas, e viu um temporal atípico que deixou mortos na Região Metropolitana e Zona da Mata.

01 DE SETEMBRO

· Dia de Santo Egídio
· Caixeiro Viajante, Dia do
· Sindicato dos Contabilistas de Pernambuco é fundado – em 1933
· Dom Hélder Câmara: por determinação do ministro da Justiça, os jornais, rádio e televisão ficam proibidos de divulgar entrevistas, artigos ou reportagens com/do arcebispo de Olinda e Recife – em 1970
· Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) é recriada através de decreto-presidencial, em 2003

02 DE SETEMBRO

· Dia de Santa Dorotéia
· Repórter Fotográfico, Dia do
· Raul Valença, músico e compositor, autor, entre outras, da canção O Teu Cabelo Não Nega – nascimento em 1894
· Velho Barroso (José Menezes de Morais), artista popular, animador de pastoril – nascimento em 1904

03 DE SETEMBRO

· Dia de São Gregório Magno
· Biólogo, Dia do
· Diretas já – Governador de Pernambuco, Roberto Magalhães, diz apoiar a campanha por eleições diretas para presidente da República – em 1983
· Três presos fogem da cadeia pública de Sertânia, no Sertão do estado – em 2000

04 DE SETEMBRO

· Dia de São Moisés
· Serventuário, Dia do
· Secretaria Estadual de Saúde divulga balança da cólera: com 25 casos da doença, Santa Cruz do Capibaribe lidera ranking no Estado – em 1998
· Mandado judicial de reintegração de posse: 250 famílias de trabalhadores ligados ao Movimento dos Sem Terra são despejadas da Fazenda Moreira, município de Vertentes – em 2000
· Representantes do Comando Militar do Nordeste entregam ao Museu do Gonzagão, Exu, medalhas de reconhecimento póstumo ao cantor-compositor Luiz Gonzaga por ter contribuído para a divulgação de imagem positiva do Exército brasileiro – em 2001
· Termina operação de desencalhe do navio Jovanna, de bandeira maltesa, que dia 30 passado ficou preso em bancos de arrecifes na entrada do Porto do Recife – em 2001
· Greve nos Correios: em assembléia salarial, os 2,4 mil servidores decidem entrar em greve em todo o Estado – em 2002
· Tráfico internacional de menores: vereadora Ana Maria de Almeida Freitas, do município de Aliança, que fora presa a 21 de agosto passado, é libertada por habeas corpus – em 2003

05 DE SETEMBRO

· Dia de Santo Herculano
· Oficial de Justiça, Dia do
· Farmacêutico, Dia do
· Josué de Castro, médico e escritor, um dois maiores estudiosos do problema da fome no Nordeste brasileiro, foi presidente da FAO e embaixador do Brasil da Organização das Nações Unidas (ONU), autor do livro “Geografia da Fome” – nascimento em 1908
· Marcos Freire, político, foi deputado federal, senador, ministro – nascimento em 1931
· Seqüestrada, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, a advogada Norma Lúcio Araújo, 35 anos, irmã do vereador recifense Luiz Helvécio – em 2002

06 DE SETEMBRO

· Dia de São Zacarias
· Cabeleireiro, Dia do
· Alfaiate, Dia do
· Trabalhadores rurais sem terra promovem nova onde de saques em várias regiões do Estado. Dez ocorrências foram registradas em delegacias de polícia – em 1999
· Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, encaminha mensagem solicitando ao Congresso Nacional autorização para que seja criada a Fundação Universidade Federal de Petrolina, sertão pernambucano – em 2001
· Libertada , a advogada Norma Lúcio Araújo, 35 anos, irmã do vereador recifense Luiz Helvécio, seqüestrada no dia anterior, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes – em 2002

07 DE SETEMBRO

· Dia de Santa Regina
· Independência do Brasil
· Ginásio Pernambucano é inaugurado no Recife em 1855
· Ferrovia: lançada a pedra fundamental e têm início as obras da primeira estrada de ferro de Pernambuco, ligando o Recife ao Cabo – em 1855
· Mercado Modelo do Derby, construído pelo empresário Delmiro Gouveia e que trouxe várias novidades ao Recife, uma delas a luz elétrica – inauguração em 1899
· Mais de 700 motoqueiros de todo o Brasil abrem, em Petrolina, o I Encontro Nacional de Motociclismo – em 2000
· Por falta de verbas, Exército reduz desfile do 7 de setembro a menos da metade do ano anterior – em 2002

08 DE SETEMBRO

· Dia de São Adriano
· Alfabetização, Dia Internacional da
· Aniversário da cidade de Exu
· Banda Curica (Sociedade Musical Curica de Goiana), mais antiga banda de música de Pernambuco – fundada em 1848
· Parque Amorim, uma das mais belas praças recifenses da época – inauguração em 1924
· Marcos Freire: político, foi deputado federal, senador, ministro – morte quando o avião em que viajava explode, em 1987

09 DE SETEMBRO

· Dia de Santa Anastácia
· Veterinário, Dia do
· Conjunto urbano da Rua da Aurora, Recife, é tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual, em 1985

10 DE SETEMBRO

· Dia de Santa Pulquéria
· Imprensa, Dia da
· Manezinho Araújo (Manuel Pereira de Araújo), músico e compositor, considerado O Rei da Embolada – nascimento em 1910
· Andrade Lima Filho, jornalista, escritor e político – morte em 1983

11 DE SETEMBRO

· Dia de São Jacinto
· Aniversário das cidades de Agrestina, Arcoverde, Araripina, Belo Jardim, Cabrobó, Carpina, Catende, Custódia, Flores, Jurema, Lagoa dos Gatos, Macaparana, Maraial, Moreno, Orobó, Ribeirão, São Caetano, São Joaquim do Monte, Serrita, Surubim, Vertente, Vicência.
· Banda Musical União Operária, com sede no bairro São José, Recife – é fundada em 1910
· Novos municípios: de uma só vez, são criados 23 novos municípios no Estado – em 1928
· Morre, no Recife, o jornalista Cristiano Donato, 33 anos, baleado durante um assalto no dia 07 passado – em 2000

12 DE SETEMBRO

· Dia de Santa Dulce
· Porto do Recife – inauguração em 1918
· Movimento de Cultura Popular (MCP) – Diário Oficial publica ata de criação, em 1961
· Mendigo tem o corpo queimado enquanto dormia, no Largo da Paz, Afogados, Recife – em 2003

13 DE SETEMBRO

· Dia de São João Crisóstomo
· Aniversário da cidade de Caetés
· Representantes de 150 famílias de trabalhadores sem terra ocupam a sede no Recife do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) – em 1999
· Policiais civis encerram greve iniciada há 73 dias – em 2001

14 DE SETEMBRO

· Dia da Exaltação da Santa Cruz
· Frevo, Dia do
· Setembrizada, revolta militar ocorrida no Recife em 1831
· Reivindicando regulamentação do setor e liberação de multas e veículos, kombeiros do chamado transporte alternativo realizam passeata e tumultuam centro do Recife. Houve pedradas, a polícia reagiu com bombas de gás e várias pessoas saíram feridas – em 1998

15 DE SETEMBRO

· Dia de Nossa Senhora das Dores
· Musicoterapia, Dia da
· Construção de uma fortaleza na Praia de Pau Amarelo é autorizada através de carta régia – em 1703

16 DE SETEMBRO

· Dia de São Cornélio
· Paz, Dia Internacional da
· Miguel Arraes, ex-governador do Estado, retorna do exílio e é recebido com um grande comício realizado no bairro de Santo Amaro, Recife, com participação de Jarbas Vasconcelos, Marcos Freire, Teotônio Vilela, Lula e outras lideranças nacionais – em 1979
· Inaugurado em Petrolina, pelo governador Jarbas Vasconcelos, o Centro de Artes e Cultura Ana das Carrancas, com loja para exposição e venda de carrancas, museu e ateliê para realização de cursos– em 2000

17 DE SETEMBRO

· Dia de São Roberto Belarmino
· Dila (José Soares da Silva), artista popular, xilogravurista e autor de folhetos de Cordel – nascimento em 1937
· João Cleofas, usineiro e político, deputado federal por vários mandatos, senador, ministro da Agricultura – morte em 1987

18 DE SETEMBRO

· Dia de São Panfilo
· Temporal na Região Metropolitana do Recife e Zona da Mata Sul do Estado deixa cinco pessoas mortas. Em 48 horas choveu mais que a média histórica de todo o mês de setembro – em 2000
· Trabalhadores do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade ocupam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, no Recife – em 2003

19 DE SETEMBRO

· Dia de São Januário
· Comprador, Dia do
· Teatro, Dia do
· Teatro Santa Isabel, no Recife, é destruído por um incêndio – em 1869
· Ginu (Januário Oliveira), artista popular, mestre de mamulengo – nascimento em 1910
· Paulo Freire, educador brasileiro reconhecido internacionalmente, criador de um método de alfabetização de adultos que leva seu nome, autor de vários livros – nascimento em 1921

20 DE SETEMBRO

· Dia de Santa Fausta
· Lei Orgânica do Recife proíbe que se dê o nome de pessoas vivas a qualquer logradouro público da cidade – em 1999
· Juiz federal suspende o embarque do altar-mor da Basílica do Mosteiro de São Bento de Olinda que seguiria hoje para uma exposição nos Estados Unidos da América – em 2001
· Operação Vassourinha, que apura fraudes em licitações, sonegação fiscal, tráfico de influência, peculato e outros crimes. Em operação gigante, 102 agentes da Polícia federal desembarcam no Recife e prendem 15 pessoas, entre políticos, empresários e policiais – em 2002

21 DE SETEMBRO

· Dia de Santa Efigênia
· Tia, Dia da
· Árvore, Dia da
· Radialista, Dia do
· Fazendeiro, Dia do
· Aniversário da cidade de Petrolina
· Arqueólogos da Universidade Federal de Pernambuco encontram, durante reforma no prédio do Ginásio Pernambucano, na Rua da Aurora, Recife, uma cacimba secular, de pedra, com quatro metros de diâmetro – em 2000
· Trabalhadores da Organização da Luta no Campo ocupam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, no Recife – em 2003

22 DE SETEMBRO

· Dia de São Maurício
· Amantes, Dia dos
· Contador, Dia do
· Banana, Dia da
· Técnico Agropecuário, Dia do
· João Cleofas usineiro e político, deputado federal por vários mandatos, senador, ministro da Agricultura – - nascimento em 1898
· Teatro do Parque, no Recife, reabre depois de sete meses de portas fechadas para reforma – em 2000

23 DE SETEMBRO

· Dia de São Lino
· Técnico Industrial, Dia do
· Relatora especial da ONU para execuções Sumárias e Arbitrárias, Asma Jahangir, chega a Itambé, na Zona da Mata pernambucana, para acompanha denúncias sobre a existência de grupos de extermínio no município – em 2003

24 DE SETEMBRO

· Dia de Nossa Senhora das Mercês
· Soldador, Dia do
· Josué de Castro, médico e escritor, um dois maiores estudiosos do problema da fome no Nordeste brasileiro, foi presidente da FAO e embaixador do Brasil da Organização das Nações Unidas (ONU), autor do livro “Geografia da Fome” – morte em 1973

25 DE SETEMBRO

· Dia de São Firmino
· Trânsito, Dia Nacional do
· Câmara Municipal aprova projeto-de-lei que proíbe a cobrança de consumação mínima nas danceterias, casas de shows e estabelecimentos similares no Recife – em 2001

26 DE SETEMBRO

· Dia de São Cosme e São Damião
· Relações Públicas, Dia das
· Lula Cardoso Aires, artista plástico – nascimento em 1910
· Otacílio Batista, poeta, repentista – nascimento em 1923

27 DE SETEMBRO

· Dia de São Vicente de Paula
· Idoso, Dia do
· Turismo, Dia Mundial do
· Cantor, Dia do
· Ecanador, Dia do
· Manezinho Araújo (Manuel Pereira de Araújo), cantor e compositor, considerado o Rei da Embolada, pintor, atuou também no cinema e foi o primeiro artista a gravar um jingle no Brasil – nascimento em 1910
· José Conde, escritor, morre em 1971
· Frei Damião recebe, em sessão solene na Assembléia Legislativa do Estado, o título de cidadão pernambucano, em 1977

28 DE SETEMBRO

· Dia de São Venceslau
· Hidrógrafo, Dia do
· Cidade de Jaboatão é iluminada à luz elétrica, em 1915
· Presos homossexuais pernambucanos terão direito a encontro conjugal quer até então só era permitido aos presos heterossexuais. Decreto é assinado pelo Secretário de Justiça do Estado, Humberto Vieira – em 1999

29 DE SETEMBRO

· Dia dos Santos Miguel, Gabriel e Rafael
· Anunciante, Dia Nacional do
· Professor de Educação Física, Dia do
· Petróleo, Dia do
· Padre Carapuceiro (Miguel Sacramento Lopes Gama), religioso, jornalista e político, foi diretor da Tipografia Nacional, fundador do jornal O Carapuceiro – nascimento em 1791
· Marquês do Recife (Francisco Paes Barreto) – morte em 1848
· Antônio Marinho, poeta popular, um dos mais afamados repentistas pernambucanos morre em 1940
· Avião que conduzia candidato a deputado e ex-secretário de Educação Raul Henry cai e explode, na cidade de Arcoverde. Piloto e passageiro saem feridos – em 2002

30 DE SETEMBRO

· Dia de São Jerônimo
· Secretária, Dia da
· Jornaleiro, Dia do
· Tradutor, Dia Mundial do
· Barco de pesca que saiu da Ilha de Nossa Senhora (entre Petrolina e Juazeiro) com 16 pessoas afunda no Rio São Francisco e quatro crianças morrem – em 2001
· Libertadas a últimas pessoas presas durante a Operação Vassourinha, que apura fraudes em licitações, sonegação fiscal, tráfico de influência, peculato e outros crimes. Dia 20 passado, a Operação prendera 15 pessoas, entre políticos, empresários e policiais – em 2002

sábado, 17 de setembro de 2011

O Ronco da Abelha


O Ronco da Abelha foi um movimento armado que eclodiu em diversas províncias do Nordeste brasileiro entre os anos de 1851 e 1852. O estopim da revolta foram dois decretos lançados em junho de 1850. O primeiro decreto, o 797, tratava do recenseamento da população, e o segundo, o decreto 789, tratava do Registro Civil no caso de nascimento e óbito, anteriormente feitos pela Igreja e que agora, passariam à responsabilidade dos Cartórios.

Os revoltosos reivindicavam o fim desses Decreto Imperiais que retiravam da Igreja o direito de emitir registros e óbitos. Para complicar mais as coisas, os sacerdotes da Igreja Católica, nada satisfeita com a perda de parte de sua autoridade, começaram a pregar contra os registros civis, que por eles eram chamados “papel de satanás”, provocando, ainda mais, a revolta da população. Além disso, a população interiorana, não bem informada dessas exigências, passou a interpretar que o governo estava levantando dados para escravizar a população livre. Tal ideia foi aos poucos sendo difundida

Na Paraíba, o movimento começou na Vila de Ingá. Centenas de pessoas invadiam os cartórios, queimaram todos os papéis, quebraram os móveis e ameaçaram os moradores. A revolta se espalhou por várias outras Vilas no brejo paraibano, cujos revoltosos agiam da mesma maneira. Todo efetivo da Força Policial sediado na Capital foi deslocado para o interior a fim de serenar os ânimos.
Para reprimir o movimento, o governo mobilizou mais de mil soldados da polícia e convocou a Guarda Nacional, que foram deslocados para o interior a fim de serenar os ânimos. Além disso, o Governo se utilizou de padres Capuchinhos, que prometiam a salvação a quem desistisse do movimento e o fogo do inferno a quem não se submetesse.

Apesar da ação enérgica do governado, ficava difícil a repressão porque não se identificavam os líderes. Muitas pessoas foram acusadas de comandar alguns conflitos, porém não se conseguiam provas contra elas. Por fim, em 29 de janeiro de 1852, o governo imperial edita o decreto 970 que suspende o decreto 797 e 798. E a revolta chega ao fim. A realização do censo só irá ocorrer vinte anos depois e o registro civil só é implantado com o advento da República, quando ocorre a separação oficial entre Estado e Igreja.

Em Pernambuco, o movimento ficou conhecido como “A Guerra dos Maribondos”.

Fonte:http://culturapopular2.blogspot.com/2010/07/o-ronco-da-abelha.html

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sady e Ágaba: Uma trágica história de amor.


Em 1923, a Praça João Pessoa (que à época se chamava Comendador Felizardo leite) foi palco de uma tragédia que resultou na morte de dois jovens alunos enamorados: Ágaba Gonçalves de Medeiros e Sady Castor Correia Lima. Ela estudava na Escola Normal (atual Tribunal da Justiça) e ele no Lyceu Paraibano (que funcionava, à época, no prédio da antiga Faculdade de Direito, ao lado do Palácio da Redenção). Na primeira, só estudavam meninas.

Para evitar a aglomeração de certos jovens que ali afluíam, principalmente os estudantes do “Lyceu Parahybano”, que dali se aproximavam para conversar e/ou flertar com as normalistas daquele educandário, foi estabelecida a "linha da decência", uma invenção do diretor da Escola Normal, o Monsenhor João Batista Milanez, figura conhecida e culta do clero paraibano, que considerava aquilo um desrespeito à moralidade e aos bons costumes. Tudo em nome da honrada família paraibana. Ninguém podia atravessá-la sob pena de sofrer punições.

Mas os dois estudantes se amavam e não aguentavam ficar separados por muito tempo. E no sábado, 22 de setembro, o rapaz atravessou essa divisória imaginária e recebeu um alerta do guarda civil Antônio Carlos de Menezes, vulgo “guarda 33”, responsável pela “manutenção da ordem” e “guardião da honra das moças”. Uma discussão entre os dois foi iniciada e o policial acabou disparando um tiro fatal no estudante.

Quando a notícia se espalhou, amigos e estudantes do Lyceu se aglomeraram na frente da escola e passaram a hostilizar sua direção e a sede da guarda civil. O corpo do jovem foi velado no próprio Lyceu, por toda noite, seguido por discursos inflamados de alunos, professores e familiares. O enterro foi realizado no dia seguinte, no cemitério da Boa Sentença, sendo acompanhado por um grande número de pessoas. Depois, um grupo de jovens, composto por estudantes e amigos da vítima, saiu em exaltada manifestação pelas ruas da cidade, destruindo todos os exemplares do jornal "A União" que encontravam pela frente, terminando com o enterro simbólico do monsenhor Milanez, às portas do seminário diocesano.

O incidente também despertou outras ondas de manifestações incitadas pela oposição ao governo, que tiveram grande repercussão em toda a Província, que culminaram provocando a queda do diretor da escola (substituído pelo cônego Pedro Anísio) e quase resultando na deposição do governo de Solon de Lucena.

Passado duas semanas do ocorrido, o caso ganha uma nova dimensão, com a trágica notícia da morte de Ágaba. Muito deprimida e emocionalmente fragilizada pela morte do amado, ela se suicidou, ingerindo forte dose de veneno. A Paraíba cobre-se novamente de luto.

Ágaba ainda deixa uma carta dirigida a sua futura ex-sogra (mãe de Sady), escrita pouco antes de morrer, cujo teor, vai abaixo descrito:

“Parahyba, 6 de outubro de 1923.

Minha mãezinha,

Peço-vos desculpas de assim vos tratar, mas os laços que me prendiam ao vosso filhinho, permitem que assim vos trate. É lamentável dizer-vos o estado em que me acho desde o desaparecimento de meu inesquecido mui amado Sady. Peço-vos perdão de minha ousadia, mas, venho, por meio desta, dizer-vos que comungo convosco da mesma dor.

Ah! se não fosse ferir o vosso e o meu coração relataria o modo, os sentimentos daquele que tão cedo foi arrebatado do meio honrado em que vivia. Não sei por onde se acha a mala daquele que espero que Deus tenha em sua companhia; queria que vos interessásseis em mandar buscar. Resta-nos confiar na justiça da terra? Não, confiarei na Divina, pois que aquela falha e esta não falhará jamais.

Confiando no vosso coração, espero não se zangará quando esta receber.Peço-vos que abençoeis aquela que amanhã irá fazer companhia àquele que soube honrar e fazer-se honrar.

Abraçai as maninhas pela desventurada

Ágaba Medeiros”

Na sequência, o monsenhor Almeida, vigário capitular de arquidiocese, ainda quis negar sepultura religiosa a Ágaba, por tratar-se de uma suicida, agindo, segundo ele, de conformidade com as prescrições da chamada igreja tridentina.

Fonte:http://culturapopular2.blogspot.com/2010/07/sady-e-agaba-uma-tragica-historia-de.html

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Erros Históricos

1) O Português João Tavares, inteligentemente, aproveitou-se de alguns desentendimentos havidos entre as tribos indígenas e conseguiu insinuar-se junto aos Tabajaras, firmando um pacto de paz e amizade com o cacique Piragibe (o “Braço de Peixe”). O acordo entre eles foi firmado no dia 05 de agosto de 1585 (dia de Nossa Sra. das Neves), à margem direita do Rio Sanhauá, afluente do Rio Paraíba. Estava assim aberto o caminho para a colonização da Paraíba. Mas os trabalhos de fundação da cidade só foram iniciados em 04/11/1585, embora a data de 05/08/1585 seja aceita oficialmente como a fundação da cidade, em homenagem ao pacto conseguido por João Tavares.

2) A escolha do local para a construção da cidade no interior, com foros de capital, pareceu para muitos um erro dos portugueses, pois era nos litorais que se esperavam as invasões. E só nos litorais se podia defender a integridade de suas terras. Para isso foi construída a Fortaleza de Santa Catarina, no litoral de Cabedelo. Para VARNHAGEN (1981: 386), a capital deveria ter sido edificada onde hoje se situa a aquela cidade portuária.


Fonte:http://culturapopular2.blogspot.com/2010/03/erros-historicos.html

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A Revolta de Princesa

A guerra de Princesa, em 1930, foi um acontecimento que marcou e transformou a vida estadual e teve repercussão nacional. Tudo começou através de discórdias políticas e econômicas, envolvendo poderosos coronéis do interior do estado e o governador eleito da Paraíba em 1927, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. O principal deles era o chefe político de Princesa Isabel, o “coronel” José Pereira de Lima, detentor do maior prestígio na região, que se tornou o líder do movimento. Era a própria personificação do poder político. Homem de decisão e coragem pessoal, também era fazendeiro, comerciante, deputado e membro da Comissão Executiva do partido.

João Pessoa discordava da forma como grupos políticos que o elegera, conduziam a política paraibana, onde era valorizado o grande latifundiário de terras do interior, possuidores de grandes riquezas baseadas no cultivo do algodão e na pecuária. Estes “coronéis” atuavam através de uma estrutura política arcaica, que se valia entre outras coisas do mandonismo, da utilização de grupo de jagunços armados e outras ações as quais o novo governador não concordava. Nos seus redutos, eram eles que apontavam os candidatos a cargos executivos, além de nomearem delegados, promotores e juízes. Eles julgavam, mas não eram julgados. Verdadeiros senhores feudais, nada era feito ou deixava de ser feito em seus territórios que não tivesse a sua aprovação. Mas João Pessoa passou a não respeitar mais as indicações de mandatários para nomeações de cargos públicos.

Por esta época, esses coronéis exportavam seus produtos através do principal porto de Pernambuco, em Recife, provocando enormes perdas de divisas tributárias para a Paraíba. Procurando evitar esta sangria financeira e efetivamente cobrar os coronéis, João Pessoa implantou diversos postos de fiscalização nas fronteiras da Paraíba, irritando de tal forma estes caudilhos, que pejorativamente passaram a chamar o governador de “João Cancela”.

A gota d`água foi a escolha dos candidatos paraibanos à deputação federal. Como presidente do estado, João Pessoa dirigiu o conclave da comissão executiva do Partido Republicano da Paraíba que escolheu os nomes de tais pessoas. A ideia diretriz era a rotatividade. Quem já era deputado não entraria no rol de candidatos. Tal orientação objetivava afastar o Sr. João Suassuna, grande aliado de José Pereira que, como presidente do estado que antecedeu a João Pessoa, teria maltratado parentes de Epitácio na cidade natal de ambos, Umbuzeiro. No entanto, João Pessoa deixou na relação dos candidatos o nome de seu primo, Carlos Pessoa, que já era deputado. Isso valeu controvérsia na comissão executiva e apenas João Pessoa assinou o rol dos candidatos.

Com o apoio discreto, mas efetivo, do Presidente da República e dos governadores de Pernambuco, Estácio de Albuquerque Coimbra, e do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine de Faria, o coronel José Pereira decidiu resistir a essas investidas contra seus poderes. Com data de 22 de fevereiro de 1930, ele rompe oficialmente com o governo do Estado, através do seguinte telegrama:

"Dr. João Pessoa - Acabo de reunir amigos e correligionários aos quais informei do lançamento da chapa federal. Todos acordaram mesmo que V. Excia., escolhendo candidatos à revelia Comissão Executiva, caracteriza palpável desrespeito aos respectivos membros. A indisciplina partidária que ressumbra do ato de V. Excia, inspirador de desconfianças no seio do epitacismo, ameaça de esquecimento os mais relevantes serviços dos devotados à causa do partido. Semelhante conduta aberra dos princípios do partido, cuja orientação muito diferia da atual, adotada singularmente por V. Excia. Esse divórcio afasta os compromissos velhos baluartes da vitória de 1915 para com os princípios deste partido que V. Excia. acaba de falsear. Por isso tudo delibero adotar a chapa nacional, concedendo liberdade a meus amigos para usarem direito voto consoante lhes ditar opinião, comprometendo-me ainda defendê-los se qualquer ato de violência do governo atentar contra direito assegurado Constituição. Saudações (a) José Pereira".

Como resposta, João Pessoa mandou a polícia invadir o município de Teixeira, reduto dos Dantas, aliados de José Pereira, prendendo pessoas da família e impedindo que ocorresse votação naquela cidade. Determinou que acontecesse o mesmo em Princesa, mas lá, o coronel se armou, juntou um exército e reagiu.

José Pereira tinha armas em quantidade, recebidas do próprio governo estadual, em gestões anteriores, para enfrentar o bando de Lampião e mais tarde a Coluna Prestes. Seu exército particular era estimado em mais de 1.800 combatentes, onde diversos desses lutadores eram egressos do cangaço ou desertores da própria polícia paraibana. Com esse poderio bélico e seu prestígio político, começou a planejar o que ficou conhecido como “A Revolta de Princesa”. Partiu então para a arregimentação de aliados. Nessa tentativa, no dia 27 de fevereiro de 1930, dirigiu ao Sr. Odilon Nicolau a seguinte carta:

"Amigo Odilon Nicolau, o meu abraço. O governo tem feito grande pressão aos eleitores e sei agora que têm sido espancados vários correligionários da Causa Nacional. Como você já deve saber, rompi com o governo de João Pessoa e estou disposto a garantir os nossos amigos, para o que envio vários contingentes.
O meu pessoal não tocará em ninguém, salve se for agredido. Havendo de provocar a intervenção, pois estou disposto a ocupar todos os municípios do Sul do Estado. O mesmo se fará no Norte com outra força comandada por pessoa em evidência no Estado. Penso ter direito e bem razão em lhe convidar para esta luta, porque as minhas relações com você e sua família, me animam a assim proceder. Não me engane porque a luta está amparada pelos próceres da política nacional. João Pessoa está ilegalmente no governo, logo depois da eleição, dado o movimento, o Governo Federal tomará conhecimento dos atos absurdos e inconstitucionais praticados por ele. Venha e não se receie. Do velho amigo, José Pereira Lima. Princesa, 27 de fevereiro de 1930".

O movimento declarou a independência provisória de Princesa Isabel do Estado da Paraíba. Em 28/02/1930 o Decreto nº 01 foi aclamado pela população, que declarou oficialmente a independência da cidade (República de Princesa), com hino,bandeira e leis próprias.

Essa rebelião atingiu também diversos municípios como Teixeira, Imaculada, Tavares e outros. A cidade, que já tinha visto passar diferentes grupos de cangaceiros, passou a ser reduto de valentia e independência. Foram travadas sangrentas batalhas e inúmeras vidas foram perdidas. Princesa se tornou uma fortaleza inexpugnável, resistindo palmo a palmo ao assédio das milícias leais ao governador João Pessoa.

Mas a luta perde sua razão de ser. O "coronel" queria afastar o presidente João Pessoa do governo, porém, o advogado João Duarte Dantas, por motivos pessoais/políticos, assassinou o presidente do Estado da Paraíba, na confeitaria Glória, no Recife, às 17 horas do dia 26 de julho de 1930. É que João Dantas teve a sua residência e escritório de advocacia na capital da Paraíba invadidos pela polícia do Estado, tendo parte de seus documentos apreendidos e divulgados pelo jornal A União, quase um diário oficial do estado. Vieram à luz detalhes de suas articulações políticas e de suas relações com a jovem Anayde Beiriz. Em uma época em que honra se lavava com sangue, Dantas sabendo que João Pessoa estava de visita ao Recife, saiu em sua procura para matá-lo.

Com sua morte, o movimento armado de Princesa, que pretendia a deposição do governo, tomou novo rumo. Os homens de José Pereira comemoraram, mas o coronel, pensativo, teria dito: “Perdemos...! Perdi o gosto da luta. Os ânimos agora vão se acirrar contra mim".

E conforme sua previsão, os paraibanos ficaram chocados com o assassinato (a partir daí criou-se todo um mito). O crime foi apresentado como obra dos perrepistas, o Partido Republicano Paulista. Seus partidários, em retaliação, foram perseguidos e tiveram suas casas incendiadas, além de sofrerem outros tipos de perseguição e violência.

O Presidente da República, Washington Luiz, decidiu então terminar com a Revolta de Princesa e o "coronel" José Pereira não ofereceu resistência, conforme acordo prévio, quando seiscentos soldados do 19º e 21º Batalhão de Caçadores do Exército, comandados pelo Capitão João Facó, ocuparam a cidade em 11 de agosto de 1930. José Pereira deixa a cidade no dia 5 de outubro de 1930.

No dia 29 de outubro de 1930, a Polícia Estadual ocupa a cidade de Princesa com trezentos e sessenta soldados comandados pelo Capitão Emerson Benjamim, passando a perseguir os que lutaram para defender a cidade ameaçada, humilhando e torturando os que foram presos, sem direito a defesa. A luta teve um balanço final de, aproximadamente, seiscentos mortos.

Depois de anistiado, em 1934, José Pereira foi residir na fazenda "Abóboras" em Serra Talhada-PE.


Fonte:http://culturapopular2.blogspot.com/2011/02/revolta-de-princesa.html

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Arcoverde minha cidade

Trabalho escolar realizado na cidade de Arcoverde-PE. Pelos alunos da 3ª série do colegio imaculada conceição.


Sou filha do rei - Dalinha Catunda

SOU FILHA DO REI
(Dalinha Catunda)

Nasci na terra da luz
Pegando sol na moleira
Tomando banho de açude
Pulando da ribanceira
Brincando de tibungar
Nos rios do meu lugar
Na meninice brejeira.
*
Em noite de lua cheia,
Sob o luar do sertão
Serenatas escutei
Nos acordes da paixão
Presente de namorados,
Poéticos, apaixonados,
Escravos do coração.
*
Feliz eu era e sabia
Nas terras de Alencar
No leque da carnaúba
Ouvia o vento cantar
Assobiando bonito
No entre palmas um agito
Formando um grácil bailar.
*
Nasce detrás de um serrote,
O rei sol na minha terra,
Mas na boquinha da noite
Quanta beleza ele encerra
Com a sua vermelhidão
Tinge de rubro o sertão
E se esconde atrás da serra.
*
No sertão do Ceará
Eu nasci e me criei.
Já andei por muitos reinos
Mas lá sou filha do rei!
No condado de Ipueiras
Depois de romper barreiras
Meu palacete montei.


Dalinha Catunda
www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.cordeldesaia.blogspot.com

Fonte:http://culturanordestina.blogspot.com/

sábado, 10 de setembro de 2011

O MONSTRO LABATUT


O Labatut é um monstro que apresenta origem européia ao qual foi acrescentado elementos indígenas. A princípio, Labatut adquiriu seu caráter de malvado como herança da imagem que ficou na lembrança do povo sobre a atuação do general Pedro LABATUT, que esteve no Ceará, de junho de 1832 a abril de 1833, reprimindo a insurreição de Joaquim Pinto Madeira. Dizia-se que esse general era extremamente violento e muito cruel. Fuzilou muitos negros, surrou muitas pretas, e em virtude de incontrolável crueldade acabou revoltando até o exército.

A sua forma monstruosa foi acrescentada pelo imaginário indígena que era fértil na composição de monstros animalescos.

LABATUT (segundo José Martins de Vasconcelos)

Era noite e a cidade dormia pacificamente em seu habitual conchego sertanejo.

-"Cala esse assobio, menino!", gritava minha mãe, aturdida com o meu assobiar.

Era a hora em que todos em casa descansavam da labuta e dormiam placidamente.

-"Cala esse assobio menino! Não ouves??"

-"O que?" - indaguei, curioso e insistente, procurando descobrir naquilo alguma piegueci para zombar...

-"Então não ouves o tropel de Labatut? Escuta...ele vem na ventania que já se aproxima rugindo! O vento geme longe... ele vem...Ao sair da lua entrará na cidade como um cão danado, devorando tudo que encontrar: homens, mulheres e meninos!...Ai do que cair nas suas mãos, porque jamais verá os seus queridos entes: irá dormir eternamente nas suas entranhas insaciáveis, cheias de fogo!"

-"E o que é Labatut, mamãe?" - perguntei, agora mais trêmulo e assustado que zombeteiro, crendo ver ali uma monstruosidade do outro mundo, coisa tida para mim "in illo tempore", como caverna incomensurável cheia de bichos descomunais, ferozes, e tudo isso, misturado com tais almas penadas que me faziam tremer, ouvindo-lhes as estórias fantásticas e macabras!

-"Fala baixo!...Queres morrer engolido? Labatut ouve de longe! Ele traz a ventania para ninguém ouvir-lhe a bulha dos passos pesados e retinentes, e para mais facilmente abocanhar a presa!"

E eu, engolindo um grito prestes a explodir, engasguei-me alguns segundos, tendo os olhos esbugalhados, luzindo na escuridão do quarto, como se alguém me comprimisse a garganta, fazendo-me extertorar, fustigando-me, impiedosamente! Afinal, estourei, balbuciando surdamente:

-"Mas quem é Labatut? Diga...Tenho medo!"

E, minha mãe, sibilando por entre os dentes uma resposta arranjada a jeito, prosseguia:

“Labatut é um bicho pior que o Lobisomem, pior que a Burrinha, pior que a Caipora e mais terrível que o Cão-Coxo. Ele mora, como dizem os velhos, no fim do mundo, e todas as noites percorre as cidades, para saciar a fome, porque ele vive eternamente esfaimado. Anda a pé; os pés são redondos, as mãos compridas, os cabelos longos e assanhados, corpo cabeludo, como o porco espinho, só tem um olho na testa como os cíclopes da fábula e os dentes são como as presas do elefante!. Ele gosta muito mais de meninos, porque são menos duros que os adultos! Ao sair da lua, ele, que anda ligeiro, entrará pelas ruas num trote estugada, pairando às portas para ouvir quem fala, quem canta, quem assobia e quem ressonar alto e zás! Devorar!...Os cães dão sinal, latindo-lhe atrás!”.

SIMBOLISMO DA LENDA

A crueldade e brutalidade humana está personificada na lenda sob a forma de Labatut. Os animais não são cruéis, pois vivem instintivamente e só matam ou devoram quando são ameaçados ou estão com fome. A imagem animalesca de Labatut refletem a idéia que o homem faz de si próprio, isto é, ele projeta nos animais seus ódios, seus desejos, seus temores...

O animal é a realidade, enquanto que o homem para fugir dela, criou um mundo imaginário. Os monstros criados pela imaginação fértil do homem simbolizam as dificuldades a vencer ou os obstáculos a ultrapassar. O monstro é a imagem do "Eu inconsciente", que é necessário vencer, para desenvolver o "Eu individualizado".

Encontramos exatamente essa mesma noção no monstro do pesadelo, o qual personifica o medo ou o perigo. O sonhador deve enfrentar esse monstro noturno, porque, do contrário, ressurgirá cedo ou tarde em outro sonho. Dominar o medo já é vencer o monstro!

Texto pesquisado e desenvolvido por ROSANE VOLPATTO

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Convite

Encontro de Poetas e Repentistas


III encontro de poetas repentistas, emboladores e Feira de Literatura de Cordel DIAS 27/28/ E 29 DE SETEMBRO


27.09.2011 (TERÇA-FEIRA) -

RAUDÊNIO LIMA – Apresentador

RONALDO ABOIADOR - Aboiador

COSTA LEITE (Cordelista)

Abdoral (Poeta e animador Cultural)

ANTONIO LISBOA ( Cantoria de pé de parede)

EDMILSON FERREIRA (Cantoria de pé de parede)


28.09.2011 (QUARTA-FEIRA)


IPONAX VILANOVA – Apresentador

RONALDO ABOIADOR - Aboiador

RIVANIR NAZÁRIO (Cangaceira do Cordel)

GERALDO VALÉRIO (Cordelista)

IVANILDO VILANOVA (Repentista)

RAIMUNDO CAETANO (Repentista)


29/09/2011QUINTA-FEIRA

HELENA CARDOSO – Apresentadora

RONALDO ABOIADOR - Aboiador

GALO PRETO – (Embolador)

Washington Farias -poeta

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL – SEXTA CULTURAL DE JABOATÃO CENTRO (Miró e Cobra Cordelista)

MIRO PEREIRA (Cantoria de pé de parede)

ERASMO FERREIRA (Cantoria de pé de parede)


O evento vai acontece sempre às 19h00 na rua de Santo Amaro em Jaboatão Centro, na rua da Histórica Igreja de Santo Amaro fundada no século XVI. Esta rua é dos cartões postais mais bonitos de nossa cidade e do Brasil!

O eveto tem a cordenação de Cobra Cordelista e Professor Nildo!


Sou filha do rei - Dalinha Catunda

SOU FILHA DO REI
(Dalinha Catunda)

Nasci na terra da luz
Pegando sol na moleira
Tomando banho de açude
Pulando da ribanceira
Brincando de tibungar
Nos rios do meu lugar
Na meninice brejeira.
*
Em noite de lua cheia,
Sob o luar do sertão
Serenatas escutei
Nos acordes da paixão
Presente de namorados,
Poéticos, apaixonados,
Escravos do coração.
*
Feliz eu era e sabia
Nas terras de Alencar
No leque da carnaúba
Ouvia o vento cantar
Assobiando bonito
No entre palmas um agito
Formando um grácil bailar.
*
Nasce detrás de um serrote,
O rei sol na minha terra,
Mas na boquinha da noite
Quanta beleza ele encerra
Com a sua vermelhidão
Tinge de rubro o sertão
E se esconde atrás da serra.
*
No sertão do Ceará
Eu nasci e me criei.
Já andei por muitos reinos
Mas lá sou filha do rei!
No condado de Ipueiras
Depois de romper barreiras
Meu palacete montei.


Dalinha Catunda
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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Velhice, Velhos: provérbios, ditos


Velhice, Velhos: provérbios, ditos do livro Velhos & Jovens: uma folclórica rivalidade


Com relação aos idosos, a rivalidade ou gozação vem de muito longe. E tanto é assim que a sabedoria popular registra provérbios antiquíssimos, chegados até nós através da colonização portuguesa e, enquanto alguns perderam sua atualidade, outros continuam participando da linguagem popular brasileira ainda com a mesma força, constando também das legendas escritas nos pára-choques dos caminhões.

Assim, a velhice "é um mal desejado", "é uma segunda meninice", "faz o homem prudente". E "a vida passada faz a velhice pesada", enquanto a "mocidade ociosa não faz velhice contente". No que diz respeito aos velhos, os provérbios são os mais variados possíveis e se contradizem no todo ou em parte.

*

Mais quero o velho que me ame do que o moço que me assombre.
*

Moça com velho casada, como velha se trata.
*

Ainda que seja prudente, o velho não despreza conselho.
*

Guarda moço, acharás velho.
*

O moço por não querer e o velho por não poder deixam as coisas perder.
*

Perde-se o velho por não poder e o moço por não saber.
*

Quem quiser ser muito tempo velho, comece-o a ser cedo.
*

Quem em velho engorda, de boa mocidade se logra.
*

0 velho e o peixe no sol aparecem.
*

0 velho a estirar, o Diabo a enrugar
*

Se queres viver são, faz-te velho antes do tempo.
*

Homem velho, saco de azares.
*

0 amor no velho traz culpa, mas no mancebo fruto.
*

De velho, o conselho.
*

0 velho muda o conselho.
*

Em o velho e o menino o benefício é perdido.
*

0 velho torna a engatinhar.
*

Se queres bom conselho, pede-o ao homem velho.
*

Vinho velho, amigo velho.
*

Velho gaiteiro velho menino.
*

Não há melhor espelho do que amigo velho.
*

A velha galinha faz gorda a cozinha.
*

Se o moço soubesse e o velho pudesse nada haveria que não se fizesse.
*

Queda de velho não levanta poeira.
*

Velho que se cura cem anos dura.
*

Pai velho e mangas rotas, não é desonra.
*

Come, menino e criar-te-hás; come, velho e viverás.
*

Mal vai a corte onde o boi velho não tosse.
*

A mula velha cabeçadas novas.
*

Quem tem velho não tem novo.
*

Tomar atalhos novos e deixar caminhos velhos.
*

Carne nova de vaca velha.
*

Velhos amigos, contas novas.
*

0 moço dormindo, sara,- o velho, se acaba.
*

0 velho e o forno pela boca se aquentam
*

Velho na sua terra e o moço na alheia sempre mentem de uma maneira.
*

Velho que não anda, desanda.
*

Velhos são os trapos.
*

Carreira de velho é choto.
*

Velho que não adivinha não vale uma sardinha
*

0 moço de bom juízo quando velho é adivinho.
*

Arrenega ao velho que não adivinha.
*

Não há moço doente nem velho são.
*

Não diga ao velho que se deite nem ao menino que se levante.
*

Velho não se senta sem "Ui!", nem se levanta sem "Ai!"
*

Incha o menino para crescer e o velho para morrer.
*

Não há sábado sem sol. Nem jardim sem flores. Nem velhos sem dores. Nem moças sem amores.
*

Papagaio velho não aprende a falar.
*

Saúde de velho é muito remendada.
*

Se eu gostasse de velho ia trabalhar em museu.
*

Velho? Só vinho, perfume, dinheiro e viúva rica.
*

Pote velho é que esfria água.
*

Burro velho não toma freio.
*

Mais vale estrada velha do que vereda nova.
*

Tatu velho não caí em mundeu.
*

Nunca deixe o amigo velho pelo novo.
*

Ao velho que muda de clima e costumes, é morte certa.
*

Azeite, vinho e amigo, o mais antigo,
*

Quem gosta de velho é reumatismo, cadeira de balanço, fila do INPS e rede.
*

Velho é como panela, rede e balaio: só se acaba pelos fundos.
*

Quem gosta de velho é vento encanado.

Diz-se do velho muito velho que ele é "velho como a Sé do Braga", que "já pendurou as chuteiras", que "está mijando nos pés", que é "bananeira que já deu cacho", "que já está de cachimbo apagado", "que é do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça", "que é mais velho do que a posição do cagar de cócoras".

Há os velhos que não gostam de ser chamados de velhos, e dizem: "velho é o tempo", "velho é a estrada". Dizem que são, somente, usados.

E os velhos assanhados, - os que ainda não descobriram que ficaram velhos - quando vêem uma mulher bonita ficam gagos, trêmulos da cabeça aos pés, "mais contentes do que mosquito em pereba."

Em matéria de amor, os velhos não foram esquecidos: "Velho apaixonado com pouco tempo está casado, "Velho com amor, jardim com flor", ou "Velho com amor, morte em redor".

A sabedoria popular chega a ser cruel quando se refere à vida sexual dos velhos: "Ao velho recém-casado, rezar-lhe por finado", "Velho casado com moça de poucos anos corno. temos", "Não se deve acreditar em três coisas: lágrimas de viúva, arrufos de noivos e arranco de velho", e "Velho tem medo de vento pelas costas e de mulher pela frente".

Os velhos revidam os gracejos afirmando que "Coco velho é que dá azeite" e "A cavalo velho, capim novo", "Em panela velha é que se faz comida gostosa". E o que acontece com os velhos na língua do povo? Vejamos:

"Os cabelos embranquecem
A vista escurece
Os ouvidos emouquecem
Os dentes apodrecem
A barriga cresce
0 reumatismo aparece
A bunda amolece
Os ovos descem
As mulheres oferecem
E eles agradecem
E vão prá fila do INPS."

sábado, 3 de setembro de 2011

Reino Encantado


Movimento fanático, surgiu na localidade denominada Sítio da Pedra Bonita (área próxima à Vila Bela e que depois integraria o município de São José do Belmonte), interior de Pernambuco, em 1836, um ano depois de o estado sofrer uma grande seca. Teve início com as pregações do beato João Antônio, segundo as quais o rei Sebastião iria "desencantar" e voltar para distribuir riqueza com o povo.

O beato foi logo seguido por uma legião de adeptos, mas, pressionado por padres católicos, desistiu da iniciativa. Dois anos depois, João Ferreira (um cunhado do beato João Antônio) reinicia o movimento, com as mesmas promessas de criação do "Reino Encantado".

O fanático João Ferreira reunia seus seguidores em torno de um grande rochedo (a "Pedra do Reino") e dizia que, para que o rei Sebastião revivesse e pudesse realizar o milagre da riqueza, era preciso que a grande pedra ficasse totalmente tingida com sangue humano.

Quem doasse o sangue para a volta do rei seria recompensado: velhos ressuscitariam jovens; pretos voltariam brancos e todos, além de ricos, seriam imortais na nova vida. Tiradas de suas lavouras pelo flagelo da seca, famílias de agricultores acamparam em volta da rocha e passaram a aguardar o milagre.

João Ferreira proclamou-se "rei" e estabeleceu os costumes da comunidade ali formada. Por exemplo, cada homem poderia ter várias mulheres, mas cabia ao "rei" o direito da primeira noite: ele dormia a noite de núpcias com a recém-casada, devolvendo-a no dia seguinte ao marido.

Todas as outras normas de conduta também eram ditadas por ele. A tentativa de tingir a pedra com sangue humano (para que, finalmente, o milagre acontecesse) foi levada à prática durante três dias de maio de 1838. O primeiro a ser degolado foi o pai do "rei" João Ferreira.

Outras 50 pessoas foram sacrificadas, a maioria crianças. Mas, mesmo assim, o rei Sebastião não apareceu. Os fanáticos, então, decidiram sair em procissão, tendo à frente João Ferreira. Encontraram uma patrulha e foram massacrados.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

ZUMBI DOS PALMARES UMA LUTA QUE NÃO PODE SER ESQUECIDA


QUANDO TUDO ACONTECEU...

c.1600: Negros fugidos ao trabalho escravo nos engenhos de açúcar de Pernambuco, fundam na serra da Barriga o quilombo de Palmares; a população não pára de aumentar, chegarão a ser 30 mil; para os escravos, Palmares é a Terra da Promissão. - 1630: Os holandeses invadem o Nordeste brasileiro. - 1644: Tal como antes falharam os portugueses, os holandeses falham a tentativa de aniquilar o quilombo de Palmares. - 1654: Os portugueses expulsam os holandeses do Nordeste brasileiro. - 1655: Nasce Zumbi, num dos mocambos de Palmares - 1662 (?): Criança ainda, Zumbi é aprisionado por soldados e dado ao padre António Melo; será baptizado com o nome de Francisco, irá ajudar à missa e estudar português e latim. - 1670: Zumbi foge, regressa a Palmares. - 1675: Na luta contra os soldados portugueses comandados pelo Sargento-mor Manuel Lopes, Zumbi revela-se grande guerreiro e organizador militar. - 1678: A Pedro de Almeida, Governador da capitania de Pernambuco, mais interessa a submissão do que a destruição de Palmares; ao chefe Ganga Zumba propõe a paz e a alforria para todos os quilombolas; Ganga Zumba aceita; Zumbi é contra, não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos. - 1680: Zumbi impera em Palmares e comanda a resistência contra as tropas portuguesas. - 1694: Apoiados pela artilharia, Domingos Jorge Velho e Vieira de Mello comandam o ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares; embora ferido, Zumbi consegue fugir. - 1695, 20 de Novembro: Denunciado por um antigo companheiro, Zumbi é localizado, preso e degolado.



CANDOMBLÉ

Armazém de escravos


De Lisboa para o Rio de Janeiro antes que a PIDE me deitasse a mão... Ali faço boa amizade com o Ricardo, homem bem mais velho do que eu, mulato não muito escuro. Economista, tem um bom emprego no Banco do Brasil. Mas nunca é promovido. Os seus colegas brancos, que tinham entrado ao mesmo tempo do que ele, já ganham o dobro do seu salário. Diz-me:

- Portuga: sou branco de menos para chefiar e branco de mais para fazer limpeza. Até entendo a Administração do Banco: preto, se não caga na entrada, com certeza caga na saída...

Ele a dizer-me isto e eu a pensar na Casa Grande e Senzala do Gilberto Freire. Sociologia? Talvez melaço, isso sim! A disposição do português para fornicar todas as mulheres, qual seja a cor que tiverem, isso não é democracia racial, é fúria genital. E parem lá de me salpicar com o luso-tropicalismo para adoçar a pastilha... Palmadinhas nas costas mas fica aí no teu lugar, escraviza muito mais do que murros, palmatórias, chicotes, ou grilhetas. Em 1884 ocorre a Conferência de Berlim para a partilha da África pela potências europeias, fronteiras a régua e esquadro a cortar povos ao meio. Para os diplomatas, "tribos" é igual a "coisas". Ingleses, franceses, belgas e alemães usam realmente os pretos como "coisas". E com "coisas" não há trato, arrumam-se aqui, consomem-se ali, deitam-se fora quando se estragam. Já os portugueses tratam os pretos como homens, porém inferiores, eu aqui em cima, tu aí em baixo, estás a perceber ó escarumba? Palmadinhas nas costas, vai à vida e não te queixes, quem não trabuca não manduca... "Assimilados, portugueses de segunda", é justamente como Salazar chama aos pretos. É mútua a simpatia entre Gilberto e Salazar. Está-se a ver porquê...

Venho de um país em que a Igreja é o grande sustentáculo do fascismo. O que me seduz em Ricardo é o escárnio permanente que ele faz da Bíblia:

- Para o asno forragem, chicote e carga; para o servo pão, castigo e trabalho, diz a Bíblia, ou dizem os seus pregadores. Portuga: a Bíblia tem feição de senhor de escravos... Ó se a gente preta tirada das brenhas da sua Etiópia, e passada ao Brasil, conhecera bem quanto deve a Deus, e à sua Santíssima Mãe por este que pode parecer desterro, cativeiro e desgraça, e não é senão milagre, e grande milagre!, prega um pregador famoso. Portuga: a Bíblia tem palavras de feitor... Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, é Jesus Cristo, dizem outros; exorcizam os orixás como espíritos do Inferno e tratam de excomungar os seus fiéis e seguidores. Portuga: a Bíblia tem maneiras de inquisidor... Antigamente só padres brancos é que podiam explicar a Bíblia ao povo negro e bem sabemos o que foi essa explicação. Portuga, é como te digo: a Bíblia tem focinho de homem branco...

Corrijo:

- Focinho de opressor, isso sim!

- Portuga: para nós, opressor e branco são sinónimos.

- Crioulo: para nós, em Portugal, opressor é quem oprime, seja branco, seja preto.

Então conto-lhe dos meus amigos em Lisboa. Entre eles, dois negros. Um, o Agostinho Neto, é a sisudez aguerrida; virá a ser o primeiro presidente de Angola. O outro, o Amílcar Cabral, é a alegria militante; não verá a independência da sua Guiné-Bissau, será assassinado antes. O mais subversivo, o mais perigoso, o que mais assusta os opressores é a alegria contestatária, cuidam sempre de visá-la e abatê-la; perguntem ao Samora Machel se estou errado...

Bem sei que estou a atafulhar conhecimentos adquiridos em épocas sucessivas. Explica-se: estava, ou estou, ou estarei a ser laçado por um nó do tempo, ali tudo a acontecer no agora, o que foi, o que é, e o que será.

Ricardo aponta-me um contínuo do Banco do Brasil: é o Zé Pelintra, negro talhado em mogno, fraca figura, apagado, tímido, modesto. No terreiro do candomblé, quando nele baixa Ogum, o seu orixá, transforma-se num tipo dominador e combativo. Interrompo:

- Ogum é São Jorge, não é?

Ricardo irrita-se:

- Nesse jacutá, Ogum é Ogum, não é São Jorge; Iansã é Iansã, não é Santa Bárbara; Xangô é Xangô, não é São Jerónimo; Oxalá é Oxalá, não é Jesus Cristo. Ali não há mixórdia, é tudo autêntico, sem carnaval para turista ver. Não é seita, é religião de oprimido. Entendes, ó Portuga?

Entendo, mas quero ver. Ele hesita. Naquele jacutá só vai preto. E o pessoal ficaria renitente, ou mesmo desconfiado, com a presença de um branco. Não perco a oportunidade para malhar:

- Como é, Ricardo? Vocês agora andam a trabalhar com negativos do racismo?

Decide-se, leva-me. É a noite de 19 de Novembro, disso me lembro. Realmente sou olhado com desconfiança. Alguns até bufam, rosnam, hostilidade. Rufar ritmado de atabaques. Babalorixás e Ialorixás, sacerdotes e sacerdotisas entoam cânticos, alaluê, alaluá, não sei que mais numa língua ou dialecto africano. Zé Pelintra cai em transe, espuma, treme, cai no chão, esperneia. Logo se levanta e realmente mudou de personalidade, os seus olhos até chispam, saravá! baixou Ogum. Sempre a comandar, aconselha e ampara os seus fiéis, alguns dos quais também caiem em transe ao contacto das suas mãos. De repente olha para mim, aponta:

- Ocê num tá creditando, num é?

Abano a cabeça. Insiste:

- Vê prá crê, cumo São Tomé, num é? Vosmecê num qué tomá uma cerveja?

- Vinho, se houver. De preferência tinto.

- Essa é bebida de Xangô, que é seu orixá, tou vendo. Vamo chamá...

Aproxima-se de mim. Impõe as suas mãos sobre a minha testa. Apago-me.

Quando torno a mim, já é dia 20. Fremem os atabaque e o povo canta:

- Zumbi, Zumbi, oia Zumbi! Oia Zumbi mochicongo. Oia Zumbi!


CANAVIAIS

Suplício do tronco - gravura de Debret


Madrugada no terreiro, flores já murchas pelo chão. Ogum retirou-se. Sobrou o Zé Pelintra, fraca figura, outra vez a timidez subiu à tona. Ricardo diz-me que, apesar de branco, Axé, a força viva de Deus, manifestara-se em mim. Xangô, o orixá da Justiça, começara por baixar em mim. Depois, por mim tinham falado a princesa Aqualtune, a seguir os seus filhos Ganga Zumba e Gana Zona e, finalmente, o seu neto Zumbi dos Palmares. Hoje é o dia 20 de Novembro, data em que Zumbi foi executado. Talvez por isso...

Se um orixá me usou para se manifestar no lado de cá, em compensação usei-o eu para ver o lado de lá. Ricardo diz-me que isso não pode acontecer, não é possível, nunca! Abano a cabeça: nunca? Mas tudo, vejo tudo, e como vejo...

Vejo os canaviais de cana doce a ondular em todo o litoral do Nordeste brasileiro. Vejo os navios negreiros a aportar a Recife, zarparam da costa ocidental de África. Branca é sempre a cor do opressor? E os sobas e régulos africanos que venderam outros negros, seus prisioneiros, aos escravocratas brancos? Transportados como gado no porão, vejo que em Pernambuco desembarcam yorubás, angolas, benguelas, congos, cabindas, monjolos, quiloas, minas, rebolos e uns tantos mais, homens, mulheres, até crianças.

Vejo a princesa Aqualtune a ser vendida num leilão de escravos. Vejo que a levam para a casa grande de um senhor de engenho. Dão-lhe um banho e roupa nova, vai aprender a servir à mesa.

Vejo os seus irmãos e o seu povo amontoados na senzala. Vejo que, a chicote, são acordados antes do nascer do sol. Vejo que são empurrados para os canaviais e começam a cortar cana. Há negros promovidos a feitores, também eles usam chicote. Branca é sempre a cor do opressor? Vejo os cativos que juntam e amarram molhes de cana. Vejo que, às costas, os transportam para o engenho. Vejo a moenda, a casa de purgar, as fornalhas, a casa dos cobres, galpões e depósitos, vejo negros que não param de labutar. Trabalho muito, comida pouca, no máximo viverão mais seis ou sete anos.

- Que morram! (diz um senhor). Em África, pretos é o que não falta... O que é preciso é produzir!

Vejo o açúcar disputado pelos mercados da Europa. Vejo um cativo exausto a abrandar o ritmo de trabalho. Um feitor (negro, negro...) trata-lhe as costas a chicote. Um outro dá-lhe palmatoadas nas nádegas. Esfregam com sal as feridas, carne viva. Esse é o castigo para a preguiça, a dor ficará para sempre na memória.

Vejo, a cavalo, um capitão-do-mato (negro, negro...), de carabina a tiracolo, a caçar um escravo fugitivo. Consegue laçá-lo. Se não conseguisse, apontava, fuzilava. Arrasta-o para a senzala. Impõe-lhe uma canga no pescoço e nela as mãos ficam presas. Dá-lhe então o tratamento de chicote e sal. Uma semana depois um capataz, mas branco, retira-lhe a canga, leva-o para o suplício do tronco, no qual os tornozelos ficam presos e, por isso, sentado ou deitado queda-se o preto, e logo leva o segundo tratamento de chicote e sal.

Vejo que, apesar do risco, há escravos que não desistem de fugir. Vejo que, do porto de Recife, rumo a Lisboa, todos os meses largam navios e mais navios com o açúcar produzido por 66 grandes engenhos. A Europa muito aprecia esta doçura luso-tropical.



PALMARES



Em Pernambuco, os escravos fogem. Entretanto, o que está a acontecer no resto do mundo? Consulta a Tábua Cronológica.

Porão de navio negreiro - gravura de Rugendas


Não desistem, apesar do risco... E fogem, como fogem, não param de fugir... Antes a morte do que vida tal. Vejo um grupo de escravos fugitivos a estabelecer-se na serra da Barriga, hoje está no mapa de Alagoas. Isso ocorre, parece-me, por volta de 1600. Vejo que, uns dez anos mais tarde, também a Princesa Aqualtune consegue fugir para a Serra da Barriga. Nó do tempo, remoinhos, remoinhos, e logo vejo que em 1630 a população é já de 3 mil. É quando os holandeses invadem o Nordeste brasileiro. Vejo que a invasão desorganiza a produção açucareira. Vejo que o estado de guerra entre portugueses e holandeses facilita a fuga de um número cada vez maior de escravos. E que em 1670 eles já são 30 mil, república de negros que, por conta própria, correram em busca da liberdade. Ao quilombo dão o nome de Palmares, realmente palmeiras é o que ali não falta. Vejo que o território, a 30 léguas do litoral, é uma faixa com 200 quilómetros de largura, paralela à costa, e que vai desde a margem esquerda do curso inferior do São Francisco até à altura do Cabo de Santo Agostinho. Vejo que abrange o planalto de Garanhuns e, para além da Serra da Barriga, as Serras do Cafuchi, Juçara, Pesqueira e Comonati. Vejo que é banhado por nove rios. Vejo que a floresta e o terreno acidentado tornam difícil a incursão dos soldados brancos. Vejo que a república tem vários mocambos. O principal, o que foi fundado pelo primeiro grupo de escravos foragidos, fica na Serra da Barriga e leva o nome de Cerca do Macaco. Duas ruas espaçosas com umas 1500 choupanas e uns 8 mil habitantes. E Amaro, outro mocambo, tem 5 mil. E há outros, como Sucupira, Tabocas, Zumbi, Osenga, Acotirene, Danbrapanga, Sabalangá, Andalaquituche. Uma rede de 11 mocambos no quilombo de Palmares.

Vejo que a floresta dá quase tudo quanto o povo precisa: frutas, folhas de palma com que fazem as coberturas das choupanas, também as fibras para a confecção de esteiras, vassouras, chapéus, cestos e leques. E ainda a noz de palma de que fazem óleo. Vejo que fazem vestimenta das cascas de algumas árvores. E que produzem manteiga de coco. E que plantam milho, mandioca, legumes, feijão e cana. E que fazem comércio dos seus produtos com pequenas povoações vizinhas, de brancos e mestiços, mas onde não impera a monocultura da cana. Portanto, de escravos não precisam eles. Afinal sempre é possível o relacionamento pacífico entre brancos e pretos, e agora estou a lembrar-me do Amílcar Cabral, e do Agostinho Neto, e do Samora Machel. Não me chateiem, já disse que é um nó do tempo, remoinhos, remoinhos...

Vejo que, em Palmares, as exigências de produção para alimentar milhares de bocas, e a urgência de promover o convívio de tanta gente, leva os palmarinos a organizar o quilombo como se fosse um pequeno Estado. Há leis que passam a regulamentar a vida dos habitantes e algumas são bastantes duras. Roubo, deserção e homicídio são punidos com a morte. Vejo que as decisões mais importantes são tomadas em assembleias nas quais participam todos os adultos. Reparo que a língua franca, naquela babel de tantas línguas e dialectos, é o português ou um crioulo de português. Sei que o mesmo acontecerá no outro lado do Atlântico e até no Índico. Observo que a autoridade é sempre aceite. Não sofrida, nem contestada, pois resulta da vontade colectiva.

Eis-me agora em Olinda, remoinhos. Sei que haver além, naquelas serras, uma Terra da Promissão para os pretos, é o alvoroço permanente dos cativos em Pernambuco, tão perto fica a liberdade... "Há que arrasar Palmares, há que recuperar, vender ou matar os pretos fujões!" - ouço que dizem os senhores de engenho, diz também a tropa portuguesa. E tentam, vejo que tentam, muitas e muitas vezes tentam destruir o quilombo, mas repelidos acabam sempre. Só a Cerca do Macaco é defendida por uma tríplice paliçada, cada qual sob a guarda aturada de 200 homens. A defesa da liberdade é, sem dúvida, a grande organizadora do povo de Palmares.

Primeiro são repelidos os portugueses e depois os holandeses em 1644. Vejo que estes até acabam por desistir de assolar o quilombo. Têm outras guerras mais prementes...

Em 1654 os portugueses expulsam os holandeses do Nordeste brasileiro. Ao fim de 24 anos de guerras e guerrilhas, ficam normalizadas a vida da capitania e a produção açucareira. "Agora o que é preciso é arrasar Palmares!" - ouço os senhores de engenho a reclamar e vejo o Governador a concordar com a exigência.

Mas também vejo que, no ano seguinte, uma das filhas da Princesa Aqualtune pare um menino ao qual é dado o nome de Zumbi, que significa Eis o Espírito! Como sei disto, eu cá não sei...



ZUMBI

Zumbi retorna a Palmares. Entretanto, o que está a acontecer no resto do mundo? Consulta a Tábua Cronológica.


Capitão do mato - gravura de Debret


Vejo que o menino Zumbi corre livremente pelas terras cultivadas do seu mocambo natal, a Cerca do Macaco. Vejo que, aos sete anos, soldados portugueses o apanham desprevenido e o arrastam, com outros negros, para Porto Calvo. Vejo o garoto ser oferecido ao padre António Melo. Vejo que o padre o baptiza com o nome de Francisco. Vejo que lhe ensina português e latim. Aprende rapidamente e começa a ajudar à missa. É considerado rapaz esperto, cativo mui fiel, vigilância abrandada e ele a preparar a retirada. Vejo que, aos quinze anos, finalmente foge da paróquia para Palmares, retorna aos seus.

Vejo que nesse mesmo ano de 1670, Ganga Zumba, filho da Princesa Aqualtune, tio de Zumbi, assume a chefia do quilombo. Vejo que, em 1675, a tropa comandada pelo Sargento-mor Manuel Lopes, depois de batalha sangrenta, ocupa um mocambo com mais de mil choupanas. Vejo que os negros se retiram. Vejo que, cinco meses depois, os negros contra-atacam, combate feroz e Manuel Lopes é obrigado a retirar para Recife.

Condutor dos guerreiros quilombolas é Zumbi, condutor já venerado e tem apenas 20 anos. Do meu caminho arredo almas, procuro-o, digo-lhe:

- És tu o Espártaco negro?

Olha para mim, desconfiado. Nele parece-me reconhecer a sisudez do Agostinho Neto.

- Quem é esse?

- Foi o chefe dos escravos sublevados, na Roma antiga.

- O que lhe aconteceu?

- Lutou até ao fim, foi preso e executado, morreu pregado na cruz.

- Antes esse do que o outro que o padre Melo me queria impingir...

Não me conformo:

- Por que dizes isso? Logo tu, que até aprendestes latim e ajudaste à missa...

Rasga um sorriso que reconheço ser o de Amílcar Cabral. É quanto basta para eu ser apanhado por outro nó do tempo e dou comigo na igreja matriz de Olinda. O pregador famoso do Ricardo, afinal é o próprio padre António Vieira. A dourar a mansidão, sermão ao povo negro:

- Oh se a gente preta tirada das brenhas da sua Etiópia, e passada ao Brasil, conhecera bem quanto deve a Deus, e à sua Santíssima Mãe por este que pode parecer desterro, cativeiro e desgraça, e não é senão milagre, e grande milagre!

António Vieira fala depois no Coré, que quer dizer Calvário. Explica:

- Declara David no título do último salmo quem sejam os operários destas trabalhosas oficinas, e diz que são os filhos de Coré: Pro torcularibus filiis Core. Não há trabalho, nem género de vida no mundo mais parecido à cruz e paixão de Cristo, que o vosso em um destes engenhos.

Remata:

- Bem-aventurados vós se soubéreis conhecer a fortuna do vosso estado, que é um grande milagre da providência e misericórdia divina.

Ouço e vejo tudo, desfaz-se o nó, retorno a Palmares. Quero continuar a conversa mas, sorrindo sempre como o Amílcar, Zumbi acena um adeus, vai-se embora. Tem mais que fazer, os seus guerreiros esperam por ele.



GANGA ZUMBA


Escravo e feitores


Vejo que em 1676 Fernão Carrilho comanda as tropas das vilas apostadas na extinção de Palmares. Ataca o quilombo: insucesso! Regressa a Recife. Mas não desiste. No ano seguinte ataca a Cerca do Macaco. A princesa Aqualtune, o seu filho Ganga Zumba e a maioria dos negros conseguem fugir. Carrilho dirige-se depois para o mocambo de Gana Zona, outro filho de Aqualtune, mas encontra-o em cinzas, incêndio previamente ateado pelos habitantes, terra queimada. Entre as ruínas descubro uma capela com santos da Igreja Católica.

- Mas o que é isto? - pergunto-me.

Zumbi ressurge, sorrindo sempre:

- De África para o Brasil, orixás ou santos, cada qual escolhe os seus, é a única liberdade que os negros têm...

Desaparece.

Carrilho assenta arraiais em Sucupira, pede reforços. Engenha operações-relâmpago, mata muitos pretos, aprisiona outros, entre estes Gana Zona e dois filhos de Ganga Zumba. Pensa já ter destruído Palmares, regressa a Recife, festejos. Porém, passados poucos meses, o quilombo já está reconstruído.

O Governador Pedro de Almeida sabe que é muito difícil a extinção do quilombo. Mais lhe interessa a submissão do que a destruição. Se conseguir fazer a paz, concedendo perdão e alforria aos quilombolas, Palmares poderá vir a ser um novo reduto português, uma nova vila colonial. Manda emissários fazer a proposta a Ganga Zumba, que medita, remói e decide aceitá-la. Muitos chefes negros louvam a prudência e a sabedoria da decisão. Em 1678 Ganga Zumba manda ao Recife três dos seus filhos e mais doze chefes para firmarem a paz. Ganga Zumba é promovido a mestre-de-campo. Para comemorar o acontecimento, vejo que há missa de acção de graças na igreja matriz de Olinda.

Vejo que irrompe Zumbi em desacordo, revoltado contra o tio:

- Enquanto houver um negro cativo, nenhum negro será livre!

Vejo Ganga Zumba a expulsá-lo da Cerca do Macaco.


A JOVEM GUARDA


Zumbi congrega a Jovem Guarda de Palmares. Entretanto, o que está a acontecer no resto do mundo? Consulta a Tábua Cronológica.

Acompanho Zumbi de mocambo em mocambo. Ouço que diz a cada jovem:

- És tu um negro livre? E o teu pai, e os teus irmãos, que sofrem o tratamento de chicote e sal, que sofrem os suplícios da canga e do tronco? E a tua mãe, as tuas irmãs, que são forçadas a abrir as pernas para o senhor de engenho e para os filhos do senhor de engenho? Diz-me: tu és realmente um negro livre?

Em poucos meses está arregimentada a Jovem Guarda do quilombo, guerras e guerrilhas, incêndio de canaviais até às portas de Recife e Porto Calvo. Armas de fogo e munições, só aquelas que os guerreiros negros vão tomando ao inimigo.

Vejo que Pedro de Almeida liberta Gana Zona e manda-o a parlamentar com Zumbi. O tio não consegue dobrar o sobrinho.

Vejo que, na Cerca do Macaco, um jovem põe veneno na comida e assim morre Ganga Zumba. Agora, o incontestado imperador de Palmares, é Zumbi.

Batalhas terríveis. Vejo que o Conselho Ultramarino Português se refere a Zumbi, "tão célebre pelas hostilidades que faz em toda aquela Capitania de Pernambuco, sendo o maior açoite para os povos dela." E ouço que dele diz um dignatário: "Negro de singular valor, grande ânimo e constância rara."

Vejo que, em 1680, Aires de Sousa e Castro é o novo Governador de Pernambuco. Manda apregoar perdão e honrarias ao Capitão Zumbi. O Senhor Governador até já lhe chama capitão... Não morde o isco, segundo Ganga Zumba não é ele, não, não deponho as armas, enquanto houver um negro cativo, nenhum é livre!


DOMINGOS JORGE VELHO

Doningos Jorge Velho - óleo de Benedito Calixto


Vejo que em 1686 há um novo Governador em Pernambuco, o seu nome é Souto Maior, e a guerra contra o Zumbi dos Palmares continua sempre sangrenta.

Vejo que Souto Maior manda chamar Domingos Jorge Velho, bandeirante paulista que, com a sua tropa, gente feroz, andava a prear e a matar os índios do Piauí. Vejo que, a troco de um quinto do valor dos negros recuperados, terras e perdão para os possíveis crimes dos seus homens, o convida para a guerra contra Palmares. O governo entrará com as armas, munições e víveres. Vejo que o acordo entre ambos é assinado em 1691. Vejo mil homens a atacar Palmares e vejo Zumbi e a Jovem Guarda a resistirem na Cerca do Macaco. Vejo Domingos Jorge Velho retirar para Porto Calvo.

Mas também vejo que o Governador manda o Capitão-mor Vieira de Mello ajudar o bandeirante. De 23 a 29 de Janeiro de 1694, duas vezes a tropa tenta romper a Cerca, duas vezes são repelidas. Até mulheres, lá do alto, lançam água a ferver sobre os soldados portugueses. Mas a 6 de Fevereiro, de Recife chegam bombardas. Assestam, disparam, a tiro grosso conseguem rasgar brechas na tripla cerca do mocambo. É por elas que os soldados invadem a cidadela, corpo-a-corpo, massacre, charcos de sangue. Vejo que Zumbi leva dois tiros mas consegue escapar.

- Zumbi não morre, oia Zumbi! não pode morrer, oia Zumbi! tem o corpo fechado, oia Zumbi! - rezam os negros.

Vejo que em 1695, no caminho de Penedo a Recife, é preso um velho quilombola. Prometem-lhe a vida se apontar o esconderijo de Zumbi. E ele aponta. O bandeirante André Furtado de Mendonça é quem comanda o cerco, vence, prende e degola Zumbi dos Palmares. É o dia 20 de Novembro de 1695. O bandeirante leva a cabeça para Recife, repicam os sinos, dia feriado, acção de graças.

- Zumbi, Zumbi, oia Zumbi! Oia Zumbi mochicongo. Oia Zumbi!

Vejo que os negros aprisionados são todos vendidos para capitanias distantes, assim se corta pela raiz a esperança de regeneração do quilombo. As terras de Palmares são divididas em lotes e doadas em sesmarias aos capitães vencedores.

De 1600 a 1695... Durante quase cem anos um espinho cravado na garganta dos escravocratas de Pernambuco... Os tais da casa grande e senzala, os do melaço luso-tropical...


FEITIÇO


Quando torno a mim já é dia 20. Fremem os atabaques e o povo canta:

- Zumbi, Zumbi, oia Zumbi! Oia Zumbi mochicongo. Oia Zumbi!

Cativos do racismo, não me espanta que os filhos de escravos negros invoquem o espírito do Espártaco negro. Atordoado, saio do terreiro.

O Ricardo quer levar-me a casa, de automóvel. Agradeço mas recuso, prefiro ir a pé, estou abafado, talvez a brisa da madrugada me refresque. Alcanço o Largo do Machado e começo a subida. Moro em Santa Teresa, é bairro que me seduz. Lá do alto, gosto muito de ver a cidade a contornar os morros e a esparramar-se pelas praias.

Ouço passos, volto-me, mais abaixo há dois vultos que me seguem. Certamente dois do jacutá, escamados com a presença de um branco. Não me apresso, que venham, logo se vê...

Zumbi traído, Amílcar traído, a traição nunca desarma. E os Ganga Zumbas que há na vida? Cuidar da nossa pele, da nossa pança, os outros que se danem, quem não chegou, chegasse... E os que lutaram pela liberdade e, de oprimidos passaram a opressores? Como aquele negro que lutou na Guiné, lado a lado com o Amílcar? Terá de ser sempre assim, não damos outra volta às nossa vidas?

Chego a casa, não olho para o lado, meto a chave, entro, puxo os lençóis, caio na cama, a ver se durmo...

Na manhã seguinte, à minha porta, está uma galinha preta degolada. Dou-lhe um pontapé, o bicho levanta voo rasante, cai na valeta. Estou de bem comigo, tenho o corpo fechado, feitiço em mim não ferra o dente.