terça-feira, 31 de maio de 2011

A Pedra Casamenteira



Durante todo o ano, um grande número de devotos, curiosos e, principalmente, solteiros, vão até a Serra do Bodopitá, no município de Fagundes (100km de João Pessoa). Lá se encontra a Pedra de Santo Antonio, uma relíquia natural que, segundo as tradições, quem passar por debaixo dela, irá conseguir se casar ou no mínimo, arranjar uma união estável até o ano seguinte.

O ritual é um pouco complicado. Você tem que passar por debaixo do lajedo através de uma estreita fenda, arrastando o corpo no granito áspero. Quem já fez o sacrifício garante que vale a pena. O local ganhou fama de milagroso há mais de cem anos. Tudo começou após escravos encontrarem a estátua de Santo Antônio (santo casamenteiro) no alto da rocha e, ao levarem para a igreja, a imagem teria sumido e reaparecido misteriosamente no alto da rocha. Isso aconteceu 3 vezes seguidas e logo foi construída uma capela nas proximidades da pedra. Dai, para começarem as romarias não demorou muito.

A pedra de Santo Antônio tem 900 metros de altura e de lá, se tem uma excelente vista panorâmica. Mas se você não pretende deixar de ser solteiro, não precisa passar por esse sacrifício. Pode apenas aproveitar para fazer aventuras no lugar, pois, o cenário serrano é repleto de trilhas ecológicas, com matas preservadas e fontes de água doce. Solteiro ou casado vale a pena ir conhecer o lugar.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Do barro ao metal: belezas do artesanato pernambucano

O Estado de Pernambuco, como toda a região Nordeste, apresenta uma grande variedade de produtos artesanais. Além do tipo figurativo, composto por peças que são verdadeiras obras de arte, há uma enorme quantidade de produtos utilitários, indispensáveis no dia-a-dia da nossa população. Pelos principais ramos, o artesanato pernambucano está assim dividido: Cestaria e trançados; bordados e rendas; cerâmica; couro; tecelagem; madeira; metal; tapeçaria.

Cerâmica - É a argila modelada e aquecida a ponto de manter a forma definitiva desejada. Basicamente, existem dois tipos: a cerâmica utilitária e a ornamental, embora atualmente grande número de peças de cerâmica utilitária seja utilizada para efeito decorativo. O processo de produção é único: pegar determinada quantidade de argila, misturá-la à água para formar o barro destinado à curtição durante dois ou três dias. Depois, vem a etapa do amassamento para tornar o barro homogêneo. O barro ganha consistência pastosa, ideal para a modelagem. As peças modeladas passam pela fase de secagem e, depois, vem a etapa do cozimento, geralmente em fornos rudimentares. As peças são: vasos, panelas, jarros, bonecos e outra infinidade de objetos.
Peças em cerâmica,do artista Antônio Bernardo, da cidade de Tracunhaém.

Um dos maiores centros produtores é o município de Caruaru, exatamente o Alto do Moura, onde são produzidos os famosos bonecos do Mestre Vitalino.


Cestaria e tançados - São muitos os artigos produzidos com fibras vegetais: bolsas de vários tamanhos e modelos, tapetes, chapéus, cestas, esteiras, sacolas, estandartes etc. As fibras que servem de matéria-prima também são muitas, como o sisal (ou agave), folha de carnaubeira, folha de bananeira, de coqueiro, de ouricuri, buriti, catolé e outros. Além disso, também servem como matéria-prima: linhas de coser, cordões, cordas, linha de náilon, cola e arame. Boa parte dos artigos comercializados em Pernambuco vem de um dos maiores produtores nordestinos de artigos desse tipo, o Rio Grande do norte, onde as matérias-primas predominantes são o sisal e a palma da carnaubeira.

Bordados - O bordado, executado sobre o tecido com agulha e linha, difere da renda porque esta não é aplicada sobre funda já existente: ela mesma é um tecido de malhas abertas e com textura delicada, cujos fios se entrelaçam formando um desenho. Os bordados existem em vários tipos: ponto-de-cruz, ponto-cheio, labirinto, renascença e outros. Já as rendas mais famosas são as de bilros. Tanto com o bordado quanto com as rendas, são confeccionados artigos de cama e mesa e peças de vestuário.

Redes - Grande parte das redes produzidas atualmente em Pernambuco já são através de processos industriais. Mas, em algumas regiões -como, por exemplo, o município de Tacaratu - ainda está presente o processo artesanal, através do qual a rede é produzida num penoso trabalho de mais de 20 etapas. A parte mais pesada do trabalho (a de tecelagem do pano que serve de corpo da rede) é feita através dos chamados teares de batelão. Outras partes fundamentais são as de confecção da corda de trancelim e do punho. A matéria-prima principal para o fabrico da rede é o fio de algodão.

Artigos de metal - Feitos com matérias-primas como o zinco, bronze e sucata e latão, há uma grande variedade de peças artesanais em metal. Exemplos: chocalhos, campainhas, sinetas, cinzeiros, castiçais, bacias, crucifixos, brasões, etc. Com sucata de latão, também são produzidos vários tipos de brinquedos infantis, como carros, trens, cata-ventos, miniaturas de carrosséis e rodas-gigantes, entre outros. O município de Gravatá é um grande produtor de brinquedos infantis através de processo artesanal. Na cidade de Cachoeirinha, conhecida com a terra do couro e do aço, entre as peças em metal mais vendidas estão o estribo e a espora.

Artigos de couro - São artigos como bolsas, cintos, chapéus, sapatos e outros, do tipo popular, destinados à população de baixa renda. Além desses produtos, também são confeccionados arreios para cavalo, bainhas para faca, moringas, cartucheiras, gibões e selas para montaria em animais. Os maiores centros produtores de artigos artesanais em couro do Estado são os municípios de Toritama e Timbaúba, produtores sobretudo de calçados, bolsas e cintos. As principais matérias-primas utilizadas são o couro de bovinos ou caprinos e borracha (reaproveitamento de pneus).

Artigos em madeira - Como a cerâmica, os artigos artesanais em madeira dividem-se em dois tipos: o utilitário e o decorativo. Entre as peça utilitárias, destacam-se a colher de pau, cabides, saleiros, açucareiros, etc. Entre as peças decorativas, destacam-se as talhas. Segundo o pesquisador Olímpio Bonald Neto, a arte do entalhamento, de origem européia, chegou a Pernambuco em meados do Século XVI, com a construção de templos e fortificações. O trabalho desses primeiros carpinteiros também foi utilizado pelos engenhos de açúcar, para confeccionar as moendas, os eixos, as rodas d'água, as caixas de transportar açúcar, além de abrir as marcas dos senhores de engenhos em peças nobres. As madeiras mais utilizadas eram a sucupira, massaranduba, pau-d'arco, pau-brasil, que na época existiam em abundância na Mata Atlântica. Além das talhas, existem também os brinquedos populares em madeira, como peões, iô-iôs e o mané-gostoso (pequeno boneco que, acionado, imita um ginasta numa barra).

Principais localidades produtoras de artigos artesanais no Estado
RamosLocalidades
CerâmicaIgarassu, Lagoa de Itaenga, Olinda, Nazaré da Mata, Surubim, Sâo Lourenço da Mata, Recife e Tracunhaém.
Cestaria e TrançadoÁguas Belas, Arcoverde, Alagoinha, Barreiros, Caruaru, Canhotinho, Fazenda Nova, Floresta, Itamaracá, Garanhuns, Petrolândia, Joboatão, Petrolina, Jupi, Recife, Tamandaré, Timbaúba, São Lourenço da Mata, Serrita.
Bordados e RendasPoção, Pesqueira, Tacaimbó, Alagoinha, Bezerros, Caetés, Carpina, Fazenda Nova, Limoeiro, Jataúba, Paudalho, Paulista, Ribeirão, São Lourenço da Mata, Recife.
TecelagemTacaratu, Itacuruba, Caruaru, Carpina, Itamaracá, Goiana, Limoeiro, Timbaúba, Toritama, São Lourenço da Mata, Recife.
MadeiraGravatá, Águas Belas, Olinda, Caruaru, Bezerros, Água Preta, Fazenda Nova, Cupira, Itamaracá, Ibimirim, Palmares, Panelas, Quipapá, Petrolina, Rio Formoso, Recife, Surubim
CouroCachoeirinha, Caruaru, Timbaúba, Águas Belas, Cupira, Panelas, Fazenda Nova, Floresta, Goiana, Limoeiro, Palmerina, Pedra, Santa Cruz do Capibaribe, Tacaratu, Toritana, Recife.
MetalGravatá, Bezerros, Agrestina, Água Preta, Caruaru, Cabo, Cupira, Fazenda Nova, Panelas, Petrolina, São Caetano, Surubim, Recife.
TapeçariaRio Formoso, Olinda, Recife, Quipapá, Barreiros, Limoeiro.
Fonte: Banco do Nordeste. Incluindo artesanato figurativo e utilitário

Alto do Moura - Distante 7 km do centro de Caruaru, é um pequeno bairro localizado no alto de um morro, tem apenas duas fileiras de casas, quase todas habitadas por artesãos que ganham a vida modelando bonecos de barro, conhecidos como "bonecos de Vitalino", numa referência ao primeiro artista do lugar que ganhou fama nacional. O bairro ganhou da Unesco o título de maior centro de arte figurativa das Américas. É lá que fica, instalado numa modesta casa onde o artista viveu, o Museu Mestre Vitalino.

Tracunhaém - Município localizado na zona da mata sul do Estado, a 63 km do Recife, famoso por ser um pólo cerâmico. Os ceramistas dedicam-se, especialmente, a imagens de santo em barro. Entre seus principais artesãos estão Zezinho de Tracunhaém, Nilton Tavares e José Joaquim da Silva. Outro artista que tem ligações com o pólo é Thiago Amorim, residente em Olinda, mas que ganhou notoriedade como ceramista em Trachunhaém, entre os anos 1975/1985. Os santos produzidos pelos artesãos locais são muito famosos. Quando esteve no Recife, em 1980, o Papa João Paulo II. levou uma imagem de Nossa Senhora do Carmo produzida em Tracunhaém. Consta que os primeiros artesãos locais foram os índios tupis, que modelavam cachimbos de barro.



Artesãos

Ana das Carrancas - Ceramista, Ana Leopoldina Santos Silva, a Ana das Carrancas, nasceu em 1923, em Santa Filomena, que à época era distrito de Ouricuri. Começou a trabalhar aos sete anos de idade, ajudando a mãe a fazer potes e panelas de barro para vender na feira. Em 1932, passou a morar em Petrolina e continuou o fabrico de cerâmica utilitária por mais de 20 anos. Quando a mãe deixou o barro, por problemas de saúde, e o padrasto (que era cego) morreu, a jovem Ana passou a sustentar a família com o seu duro trabalho.

O barro para o fabrico das panelas e potes era extraído de um terreno próximo ao galpão onde ela trabalhava. Mas, com o crescimento da cidade, a matéria-prima começou a escassear e ela teve que percorrer as margens do rio São Francisco à procura de barro. E foi dessas andanças que surgiu a sua arte: toda vez que chegava ao rio, Ana via as carrancas (de madeira) multicoloridas nas proas das barcaças. Um dia, resolveu fazê-las de barro "para ver no que dava".

Fazia o barco completo, com toldo, leme e, na proa, a ameaçadora carranca. O trabalho teve aceitação e, logo, Ana das Carrancas virou nome famoso. Depois, deixou de fazer as barcaças, passando a esculpir apenas a carranca, peças de tamanhos variados, vendidas principalmente a turistas, proprietários de hotéis e colecionadores.

Com a fama, veio a oportunidade de participar de feiras em vários estados brasileiros e suas peças já chegaram a vários países da Europa. Suas peças têm olhos vazados, forma que ela encontrou para homenagear o marido, José Vicente de Barros, cego de nascimento, que sempre participou do trabalho fazendo os bolos de barro para a produção das peças.

Uma de suas filhas, Ângela Lima, nascida em 1979, segue a carreira de ceramista. Foi Ana das Carrancas quem primeiro usou o barro como matéria-prima para a produção das carrancas que tradicionalmente são feitas em madeira. Ela morreu em Petrolina, a 01 de outubro de 2008.

Bigode - Escultor José Alves da Silva, o Bigode, nasceu em 1929, em Goiana, onde começou a trabalhar em madeira aos seis anos de idade. Suas primeiras peças foram duas bonecas, esculpidas em mulungu para suas irmãs. Depois, começou a produzir santos. Em Olinda, para onde mudou-se em 1949, foi sapateiro, especializando-se na produção de sapatos Luiz XV "para moças ricas". No final da década de 1960, abraçou de vez a profissão de escultor e entalhador e suas peças ganharam fama. Chegou a ministrar vários cursos para artesãos mirins na Região Metropolitana do Recife. Produz especialmente santos, anjos, Cristo, Buda etc. Suas peças variam de 60 cm a um metro, esculpidas ou entalhadas em madeira velha ou sobras que compra na serrarias.

Domingos - Natural de Petrolina, Domingos Trindade Lopes, ou simplesmente Domingos, aos 12 anos de idade trabalhava como ajudante de pedreiro. Em 1971, começou a fazer as tradicionais carrancas de madeira, talhadas em cedro ou imburana. Suas carrancas variam de tamanho -entre 40 cm e 1,5m- e nunca serviram como figuras de proa de embarcações, são apenas peças decorativas. No princípio, ele inspirou-se no trabalho da sogra (Ana das Carrancas, que utiliza barro) e, depois, passou a usar como modelo uma peça do mais famoso carranqueiro de todo o Vale do São Francisco - o baiano Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany (1882-1985). A partir da concepção e dos cortes do grande mestre, desenvolveu seu estilo e conquistou espaço.

Dona Biu - Dona Biu é o nome popular de Severina Bruno da Silva, artesão especializada no fabrico de bonecas de pano. Nasceu em 1919, em Jaboatão, filha de trabalhadores rurais de engenho de cana-de-açúcar. Começou a trabalhar no artesanato ainda jovem, entre os 17 e 18 anos de idade, para complementar a renda da família. Utiliza retalhos de tecidos, algodão e arame (uma novidade nesse tipo de brinquedo) para confeccionar as suas bonecas, tradicionalmente de 15 cm e outras especiais que chegam a 50 cm. Costureira, analfabeta, teve 17 filhos, dos quais 13 sobreviveram.

Daniel Santeiro - Escultor, Benedito Belo da Silva, o Daniel Santeiro, nasceu em 1950, em São Benedito do Sul. Aos sete anos de idade já confeccionava seus brinquedos: bonecos de mamulengo, bengalas e carrinhos de madeira. Produz suas esculturas, de dois a quatro metros, sobretudo em troncos de jaqueira, "por ser um pau que agüenta muitos anos de sol e chuva e não precisa envernizar". Seus santos são de estilo barroco, contendo semelhanças com o trabalho de Aleijadinho, desenhados com um machado no próprio ato de execução das peças. Quando era criança, fugiu de casa e ganhou o apelido de Daniel de um motorista que lhe deu carona até o Recife em um caminhão. Na Capital, foi parar num orfanato onde aprendeu a pintar. Além de santos, produz pequenas esculturas de Lampião e Maria Bonita. Em 1973, participou de uma exposição no Rio de Janeiro.

Julião das Máscaras - Bonequeiro, João Dias Vilela, o Julião das Máscaras, nasceu em Olinda, a 06/02/1924 e morreu na mesma cidade, a 16/03/1997. Confeccionava máscaras carnavalescas e foi um dos primeiros a produzir os famosos bonecos gigantes do carnaval olindense. Filho do artesão Julião Dias Vilela, de quem herdou as técnicas do trabalho no barro, na madeira e com massas plásticas, desde menino trabalhou na produção de máscaras carnavalescas em papel.

Eram máscaras de gente e de bicho, palhaços, arlequins, caveiras, além de cabeças de urso de carnaval, leões e outros bichos. Passado o período carnavalesco, produzia pipas, papagaios, balões ou estrelas de São João, pois sobrevivia do seu trabalho como artesão. Trabalhou, também, no jogo do bicho e consertando móveis, foi pescador, empalhador de cadeiras, restaurador, animador de pastoril, produtor de bonecos de mamolengo e brinquedos de madeira e, muitas vezes, deu uma de ator, vestido de Papai Noel para atrair freguesia em casas comerciais.

Produziu mais de 50 bonecos gigantes para agremiações carnavalescas de Olinda, entre os quais o Barba Papa, Mulher do Dia, Menino da tarde, Geni, Carlitos, O Filho do Homem da Meia-Noite, Garoto do Amaro Branco e O Guarda. Em julho de 1987, participou da 10ª Feira Brasileira de Artesanato, realizada no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Morreu pobre, deixando vários seguidores, inclusive os seis filhos.

Manuel de Camaragibe - Filho de carpinteiro, Manuel de Camaragibe nasceu em Santana do Ipanema, Alagoas, e quando criança trabalhou na agricultura e em olarias. Depois, foi ajudar o pai na carpintaria, onde aprender fazer móveis. Depois, mudou-se para o Recife, fixando residência no então bairro de Camaragibe, onde até o início da década de 1970 trabalhou como pedreiro. Um dia, conheceu o artesão Daniel Santeiro, com quem começou a trabalhar como ajudante. Usando preferencialmente a jaqueira, seguiu o ofício e passou a produzir suas próprias peças, santos medindo entre 1,50m e 2,0m. Entre sua produção, também constam pequenas esculturas de animais e estátuas do Padre Cícero, Lampião e Maria Bonita. Os santos mais presentes na obra do artesão: São Francisco, Santa Tereza, N. S. da Conceição, Santa Luzia e São Sebastião.

Manuel Eudócio - Manuel Eudócio nasceu no Alto do Moura, Caruaru, em 1931, de uma família que ganhava a vida produzindo peças de cerâmica utilitária para vender na feira da cidade. Assim, conheceu o trabalho com o barro desde criança, quando fazia brinquedos para uso próprio, sem nenhuma outra pretensão. No final da década de 1940, com a chegada ao povoado do Mestre Vitalino (de quem foi aprendiz), passou a modelar bonecos para vender nas feiras-livres e nunca mais abandonaria a arte do barro. Sempre fez todo tipo de peças -Lampião, Maria Bonita, médico operando doente, casamento na roça, dentista extraindo dente etc.- mas nunca escondeu sua preferência pelo famoso boi de barro, uma das primeiras peças desse tipo de cerâmica. Pintadas a óleo ou sem nenhuma pintura.

Mestre Galdino - Ceramista, cantador de viola e poeta de cordel, Mestre Galdino (Manuel Galdino de Freitas) nasceu em 1928 e foi um dos artistas mais famosos do Alto do Moura, em Caruaru. Gostava de fazer moringas e monges, mas sua arte maior estava nos pequenos bonecos de barro. Para cada boneco que produzia, costumava escrever uma história que ia anotando num caderno - chegou a escrever mais de mil histórias.

Vaidoso, quando alguém indagava se havia aprendido o ofício com o Mestre Vitalino, ele respondia em versos: "Galdino é bonequeiro/e sou poeta também/tem boneco em minha casa/que bonequeiro não tem/na arte só devo a Deus/lição não devo a ninguém". Cuidadoso, depois de modelar as peças, deixava oito dias para secar. Após esse período, as peças iam para o forno (de tijolo, no fundo do quintal de sua casa) e passavam dez horas lá dentro. Finalmente, as peças ficavam mais quatro horas com o fogo apagado, "para desenfornar". Caso não seguisse todo esse ritual, dizia o mestre, "o bicho ficava encruado e feio".

Uma das mais famosas obras do Mestre Galdino, produzida no final da década de 1980, ocupava quase metade de sua mesa de trabalho. Era a história, em barro, de dois irmãos que resolveram casar e pagaram pelo pecado do incesto tendo 118 filhos deformados. Galdino trabalha na sua pequena casa, no Alto do Moura, com ajuda da mulher e dos cinco filhos. Antônio Galdino de Freitas, um dos filhos do mestre, é hoje outro famoso artista do Alto do Moura.


Mestre Vitalino - Ceramista, Vitalino Pereira dos Santos, o Mestre Vitalino, nasceu a 10-06-1909, no sítio Campos, em Caruaru. Famoso por seus bonecos de barro (que aprendeu modelar quando tinha seis anos de idade) representando cenas ou tipos do Nordeste brasileiro, tais como boi, jumento, casamento matuto, cantadores de viola na feira, matuto em dia de batizado, mulher carregando lenha etc. Inicialmente, suas peças eram vendidas nas feiras como brinquedo de criança e só tempos mais tarde seriam vistas como arte, denominadas "bonecos de Vitalino".

Analfabeto, só quando adulto ele passou a assinar suas peças, depois que outros ceramistas passaram a copiá-lo. Em 1948, fixou residência no Alto do Moura, um povoado a 06 Km do centro de Caruaru e que, depois, seria considerado um dos maiores centros de arte figurativa da América Latina, tamanha a quantidade de ceramistas que ali se estabeleceram.

Tocador de pífano sem nunca ter estudado música ("fui aprendendo pela cadência, tirando do juízo"), expôs pela primeira vez os seus bonecos numa exposição de cerâmica pernambucana no Rio de Janeiro, organizada em 1947 pelo artista plástico Augusto Rodrigues. Em 1960, participou, na residência do industrial Drault Hermanny, na cidade do Rio de Janeiro, de uma Noite de Caruaru, durante a qual 37 dos seus bonecos foram leiloados e ele doou a renda para a construção do Museu de Arte Popular de Caruaru, ao qual depois também doaria outras 250 peças.

No mesmo ano de 1960, recebeu do governo do estão Estado da Guanabara a Medalha Sílvio Romero, atribuída "àqueles que contribuem para a divulgação do folclore nacional". Em 1961, a embaixada brasileira em Lima, Peru, realizou uma exposição individual do mestre. Vitalino morreu pobre, a 20/01/1963, deixando inúmeros seguidores, inclusive a mulher e filhos.

Suas peças originais estão espalhadas por todo o Brasil e também pelo exterior, como no Museu do Louvre, em Paris. Atualmente, a casa onde ele residiu até a morte, no Alto do Moura, é sede do Museu Mestre Vitalino. Em 1975, a Companhia de Defesa do Folclore Brasileiro lançou o disco "Vitalino e sua Zabumba", com seis músicas gravadas nos estúdios da Rádio MEC, no Rio, em 1960.

Entre os filhos de Vitalino, praticamente todos se destacaram dando continuidade ao trabalho do pai: AMARO VITALINO, filho mais velho, nascido em 1934; MANUEL VITALINO, nascido em 1935; MARIQUINHA, a Maria José, que, além dos bonecos de tamanho tradicional, cerca de 10 cm, especializou-se em miniaturas; e SEVERINO VITALINO, irrequieto introdutor de novas figuras na produção desse tipo de bonecos.


"Eu aprendi tocar pela cadência, tirando tudo do juízo"

Além de ceramista e criador dos bonecos de barro, Vitalino também foi um excelente tocador de pífanos. Como não sabia escrever, nunca estudou música e explicava da seguinte maneira sua iniciação nessa área: "Fui aprendendo tocar pela cadência, tirando tudo do juízo". Ele tinha sua própria bandinha (ou zabumba, como também são chamadas as bandas de pífanos), da qual era o pífano principal, mestre e compositor.

A Banda do Mestre Vitalino era igual às outras da região, ou seja, tocava de tudo: acompanhava procissão (Vitalino era devoto de São Sebastião e, claro, do Padre Cícero), animava festas de casamento, batizado e outras. Nas cerimônias religiosas, o respeito era sagrado. Mas, nas "farras do mundo" as sopradas no pífano eram intercaladas por uma boa cachaça "pra aliviar o coração".

Em novembro de 1960, Vitalino viajou ao Rio de Janeiro, para participar de uma "Noite de Caruaru", organizada por intelectuais como os irmãos Condé, e levou junto a sua banda. O objetivo da festa era uma exposição de arte, mas a banda agradou tanto que acabou gravando, nos estúdios da Rádio MEC, seis músicas que em 1975, já depois de sua morte, fariam parte do disco "Vitalino e Sua Zabumba" lançado pela Companhia de Defesa do Folclore Brasileiro.

Apesar de só ter ficado famoso por conta dos bonecos de barro, Vitalino tinha uma grande paixão pela música. Tanto que na sua mais conhecida foto ele aparece tocando pífano. Mas a maior apego do ceramista era, sem dúvida, com sua terra. Na viagem de volta do Rio de Janeiro, por exemplo, ansioso para chegar em Caruaru, por várias vezes ele pediu a um amigo que perguntasse à aeromoça "quantas léguas faltavam para chegar".

Neílton Santos - Escultor, Neílton Guedes dos Santos nasceu na Paraíba, em 1949, iniciou a carreira ainda criança, quando confeccionava bonecos de mamolengo. No início da década de 1970, mudou-se para o Recife e passou a produzir vários tipos de peças em madeira ou quenga de coco, tais como brinquedos, adereços e esculturas. Autodidata, utiliza em seu trabalho o Cajá (madeira difícil de lascar) e raízes e troncos de Panã -uma árvore de beira de rio ou de lagoa de água doce. Usa, também, frutos da cabaceira (o cabaço) para produzir rostos, cabeças, figuras de bichos, pássaros e bonecos. Formado em administração de empresas, tem o artesanato como uma paixão, realizou trabalhos de restauração de peças históricas e já vendeu bonecos para vários países.

Nhô Caboclo - Escultor e entalhador, Manuel Fontoura, o Nhô Caboclo, nasceu em Águas Belas, em data que nunca soube precisar. Viveu a infância e a adolescência numa fazenda em Garanhuns e, já adulto, mudou-se para o Recife onde ficou conhecido como "o bonequeiro de Casa Amarela". Irreverente, contador de histórias mirabolantes, ganhou fama depois que passou a produzir engenhocas como miniaturas de roda-d'água, cata-vento, casa-de-farinha e outras, utilizando-se de pedaços de madeira, lata velha, pregos, cordão e tudo o que encontrasse pela frente. Suas peças são de uma perfeição e beleza de fazer inveja. Analfabeto, dizia-se autodidata: "tiro toda minha arte do miolo do juízo, nunca aprendi nada com ninguém". No princípio, trabalhou com barro e, já no final da vida, dizia ter abandonado a talha por ser "uma peça parada", preferindo dedicar todo seu tempo na invenção de suas engenhocas. Boêmio inveterado, morreu em abril de 1976, solteiro, porque, como dizia, "sustentar uma mulher era mais caro do que sustentar uma cabra".

Severino de Tracunhaém - Severino Gomes de Freitas, o Severino de Tracunhaém, (1916-1965) foi um dos mais representativos ceramistas de Trachunhaém, cidade onde nasceu e onde trabalhou nos engenhos de cana-de-açúcar até casar com Lídia Vieira, na época uma das mais famosas ceramistas nordestinas (faleceu em 1974). De tanto observar a mulher modelando seus bonecos, deixou o trabalho na agricultura e entrou para o negócio do barro. Logo desenvolveu estilo próprio e ganhou fama como artista popular. Esculpia bichos e figuras estranhas, frades, beatas, estatuetas de Padre Cícero e outros. Suas peças, em geral medindo entre 30 cm e 50 cm, integram coleções particulares e acervos de alguns museus pernambucanos. Morreu em decorrência de esquistossomose adquirida na zona rural onde viveu.

Sílvio Botelho - Bonequeiro, Sílvio Romero Botelho de Almeida nasceu em 1956, em Olinda, onde muito jovem começou a desenhar e a fazer talhas e esculturas em madeira, gesso e barro. Depois, passou a trabalhar como ajudante de Roque Fogueteiro (um fabricante de fogos de artifício que também confeccionava máscaras carnavalescas), com quem aprendeu o ofício de modelar os gigantes bonecos do carnaval de Olinda. Em 1976, criou seu primeiro boneco, para a agremiação Menino da Tarde, vindo, em seguida, bonecos para blocos e troças como John Travolta, O Demo, A Bochecha, A Nordestina e outros. Ganhou notoriedade depois que conseguiu produzir bonecos mais leves que os tradicionais, utilizando novas técnicas e materiais sem, no entanto, descaracterizar os famosos bonecos gigantes do carnaval de Olinda.

Tita Caxiado - Entalhador, José Caxiado da Silva, o Tita Caxiado, nasceu em 1951, em Alagoinha, onde trabalhou na agricultura. Também safoneiro, em 1968 veio para o Recife, onde chegou a gravar um disco. Animado, tentou seguir a carreira de cantor em São Paulo, mas não foi bem sucedido e retornou a Pernambuco. Em 1975, condenado a oito anos de prisão, foi parar na Penitenciária Barreto Campelo, onde começou a fazer pequenas estátuas de madeira. Depois, ainda na prisão, optou pela talha.

Zé Caboclo - Ceramista, Zé Caboclo nasceu em Caruaru, em 1919. Juntamente com o Mestre Vitalino e Manuel Eudócio, formou o mais representativo trio de artistas do barro do Alto do Moura. Filho de louceira, desde criança produzia bois, cavalos e outros brinquedos de barro para vender na feira da cidade. Depois, passou aos bonecos mais elaborados -como os que representam cenas típicas do Nordeste rural ou profissionais como dentista e médico em atividade. Ousado, inovou o universo dos chamados bonecos de Vitalino, ao modelar peças como a Virgem Maria usando um vestido de cores berrantes; figuras do bumba-meu-boi, do Maracatu, além de peças de mais de um metro de tamanho, sendo metade jarra e metade estátua de personagem como Padre Cícero, Lampião e Maria Bonita. Morreu, de esquistossomose, em 1973, deixando mulher e filhos como seguidores.

Zé do Gato - Entalhador e carranqueiro, José Severino de Lira, o Zé do Gato, nasceu em Bezerros, em 1942. Filho de carpinteiro, nunca havia despertado interesse por trabalhos em madeira até que, em 1965, foi condenado a 12 anos de prisão e veio cumprir pena na antiga Casa de Detenção, no Recife, onde começou a produzir peças artesanais em chifre. Depois, passou para a madeira. Inicialmente, produzia miniaturas de carro-de-bois, barcos, jangadas etc. Posteriormente, passou a fazer talhas e carrancas.

Zé do Mestre - Vaqueiro e um dos mais famosos artesãos do couro em Pernambuco, José Luiz Barbosa, o Zé do Mestre, nasceu em 1932, na zona rural do município de Salgueiro, onde vive até hoje. Aprendeu o ofício com o pai, conhecido na região por Mestre Luiz, vindo daí o apelido de Zé do Mestre. Sua especialidade é a produção das peças que compõem os equipamentos e a vestimenta típica do vaqueiro sertanejo: gibão, perneira, chapéu, bota, luva, guarda-peito (proteção para a barriga), chicote e corda de relho para amarrar o boi, tudo no mais resistente couro. Trabalha, com ajuda da mulher, na casa onde mora, no sítio Cacimbinha, a 14 km do centro de Salgueiro. Era a ele que o compositor Luiz Gonzaga (já falecido) confiava a produção das roupas de couro que usava nos shows. Zé do Mestre já confeccionou gibão para autoridades como presidente da República, o rei Juan Carlos, da Espanha, e tem peças no Museu Missionário, no Vaticano. Depois que o tradicional vaqueiro tornou-se uma figura rara sertão e a encomenda de gibão caiu praticamente a zero, ele iniciou a produção de peças em miniatura, vendidas na feira da cidade.

Zezinho de Tracunhaém - Ceramista, José Joaquim da Silva, conhecido como Zezinho de Tracunhaém, nasceu em 1939, em Vitória de Santo Antão. Até os 20 anos de idade, trabalhou na agricultura, cortando cana. Depois, mudou-se para Nazaré da Mata, onde foi ajudante de pedreiro. Certa ocasião, ao passar por Trachunaém, interessou-se pelo trabalho nas olarias e, desse contato com o barro, surgiu o primeiro boneco -um casal de namorados- que vendeu na feira de Nazaré. Incentivado por amigos, dedicou-se exclusivamente à cerâmica e, em 1968, fixou residência em Tracunhaém. No princípio, fazia bonecos semelhantes aos do Mestre Vitalino, de Caruaru, para vender nas feiras-livres. Depois, especializou-se em santos e ganhou fama. Já participou de dezenas de exposições em todo o Brasil e tem trabalhos em museus de vários países. Além de sua técnica, os santos do artesão impressionam pelo tamanho -alguns têm dois metros de altura. A modelagem é toda à mão, com o emprego de uma espátula de madeira e outra de metal. Produz, também, figuras estranhas, como grandes jarras com cabeça de gente e outras.



sábado, 28 de maio de 2011

São João de Campina Grande é atração em vídeo exibido nos vôos nacionais da TAM



Cerca de três milhões de passageiros da TAM Linhas Aéreas terão a oportunidade de conhecer o Maior São João do Mundo de Campina Grande e os atrativos turísticos da cidade. Durante todo o mês de maio, a Companhia estará exibindo em seus vôos nacionais um vídeo especial produzida pela TV TAM nas Nuvens sobre os festejos juninos na segunda maior cidade da Paraíba.

No documentário de nove minutos, será possível ver o ator de TV Cássio Reis dançando forró pé-de-serra, andando em carro de boi e degustando alguns pratos da culinária regional da Paraíba. São exibidas imagens da estrutura e formato do São João de Campina Grande, quando são dadas dicas de como chegar ao evento.

A realização do vídeo pela TAM nas Nuvens atendeu a uma solicitação do governador Ricardo Coutinho junto ao presidente da TAM, Líbano Barroso, por ocasião do 17º Workshop da CVC em São Paulo, em fevereiro deste ano. Na ocasião, o governador discutiu a viabilização do retorno dos vôos fretados pela CVC para o Estado e uma maior visibilidade da Paraíba.

Produção – A equipe de produção do vídeo contou com o apoio da PBTur (Empresa Paraibana de Turismo) e do trade turístico. Os profissionais estiveram no Distrito de Galante, onde gravaram na “Casa de Cumpade”. Em seguida a equipe seguiu para Campina Grande e conheceu em detalhes a ‘Vila do Artesão’, o Parque do Povo e gravou também no Largo do Açude Novo, além de outros espaços.

Participaram das gravações as quadrilhas juninas Mistura Gostosa, Escorrega Mas Não Cai, Mistura Explosiva e Arraial da Felicidade, além de um trio de forró e o artista Coroné Grilo.

Fonte: Governo do Estado da Paraíba

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Visita de D. Pedro II a Paraíba



Governava a Paraíba Ambrósio Leitão da Cunha, natural do Pará e formado em ciências jurídicas. Foi ele quem recebeu o ofício do ministro dos Negócios do Império comunicando que sua majestade visitaria a Paraíba ao mesmo tempo que enviava a importância de um conto de réis para as despesas de hospedagem das figuras reais. Isso desencadeou uma verdadeira febre em todo o Estado que, pobre como era, tinha de receber, à altura, tão augustas figuras que dificilmente passariam outra vez por esses rincões.

Com mais três contos de réis vindos da Corte, o governo começou a tarefa de preparar a cidade para a chegada real. Mobília, tapetes, utensílios próprios de um quarto - como um urinol em bronze, serviços completos de almoço e chá da melhor porcelana inglesa -, tudo isso começou a ser providenciado para que suas majestades tivessem uma recepção à altura da coroa que carregavam.

Datando do século XVIII, o palácio do governo precisou de reformas e adaptações para se tornar uma morada imperial. Tudo era necessário: desde a construção de novas alas até substituição de móveis, colocação de tapetes e uma repintura nas velhas paredes. As despesas se elevaram a mais de seis contos de réis. Chegou enfim o dia 24 de dezembro de 1859 e à uma hora da tarde a esquadra imperial passava em frente à Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo, onde foi saudada com uma salva de canhões.

Da fortaleza, dirigiu-se ao estuário do Rio Paraíba e de lá tomou o destino do antigo Porto do Varadouro. Embarcações nacionais e estrangeiras já atracadas colocaram-se em linha saudando com tiros de peças de artilharia a chegada do imperador. Exatamente às 16h30, desembarcaram do vapor APA dom Pedro II e dona Tereza Cristina, numa galeota ornamentada com finas flores.

O imperador, envergando uniforme de general, foi recebido pelo presidente da Câmara de Vereadores e por mais de cinquenta senhoras. Segundo Maurílio de Almeida em seu Presença de Dom Pedro II na Paraíba, ali mesmo a mão de sua majestade foi beijada sob os mais frenéticos vivas e aclamações do povo. Talvez date desse tempo o costume tão popular de beijar mãos de poderosos, comum em nossa província.

No dia seguinte, suas majestades dirigiram-se ao porto de Cabedelo onde ficavam as principais fortificações militares da época. Dom Pedro embarcou novamente no APA e tomou destino à cidade costeira acompanhado pelo governador, a quem fazia sucessivas indagações e tudo anotava numa caderneta de bolso. Essa foi uma das marcas do viajante Pedro que ele conservou até o fim da vida.

Observador arguto, a tudo inquiria e perguntava. Em Cabedelo, visitou a Fortaleza de Santa Catarina e fez questão de ler as antigas inscrições de canhões holandeses remanescentes da invasão à nossa costa, demonstrando perfeito conhecimento da língua. Nesse momento, deu-se um fato pitoresco: um velho soldado aproximou-se do imperador furando o bloqueio ao seu redor e lhe pediu uma ajuda queixando-se que seu soldo de reformado era insuficiente. O imperador, atendendo ao pedido, mandou que lhe fosse dada uma régia esmola e ainda mandou que ele requeresse aumento do seu soldo de reformado.

A história não registra em quanto orçou essa esmola, mas não deve ter sido assim tão régia, pois o próprio Imperador, para viajar à Paraíba, tomou dinheiro emprestado e destinou à sua esposa, para todos os gastos da viagem, a minguada importância de três mil e seiscentos contos de réis, pagos em seis prestações. Não existiam as facilidades para as viagens como hoje. Dom Pedro não limitou sua viagem à capital.

Ele foi a cavalo, com grande comitiva de aduladores, até a cidade de Pilar que era importante centro açucareiro. Como a caminhada fosse longa, o imperador fez duas paradas: uma no Engenho São João, onde tomou o desjejum, e outra no Engenho Marau, de propriedade dos frades de São Bento, onde deveria almoçar. Ótimo cavaleiro, dom Pedro imprimiu tal ritmo à cavalgada que chegou a Pilar antes da hora e encontrou a Câmara Municipal fechada sem ninguém à sua espera. Todos faziam a toalete. De Pilar, dom Pedro foi a Mamanguape, de onde voltou numa só caminhada a João Pessoa.

Finalmente, no dia 30 de dezembro, o vapor APA levou embora os imperadores e parte da alegria. Somente uma parte, pois a visita real deixou na Paraíba vários títulos nobiliárquicos: dois barões, seis comendadores, 21 oficiais e 36 cavaleiros da Rosa, além de 25 cavaleiros da Ordem de Cristo. Uma boa colheita.

Jornal da Paraíba de 09/11/2009

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Febre Amarela na antiga Paraíba



Em 1686, a Paraíba foi acometida de uma epidemia de enormes proporções. A mortandade foi considerável, devido em parte à falta de assistência médica e, em parte, ocasionada pelas condições de higiene da época.

Mas, segundo o prognóstico de um jesuíta versado em astrologia, o mal não tinha cura porque resultava de um castigo divino, anunciado através de um eclipse da lua, que tinha sido observado em diversos pontos do país. Em sua “História da América Portuguesa”, Rocha Pita assim escreve sobre o assunto:

“Apareceu esta grande luminosidade em uma noite do mês de dezembro do ano de mil seiscentos e oitenta e cinco, tão abrasada que inculcava ter recebido no seu côncavo ou na sua circunstância toda a região do fogo: esta capa de chamas cobriu a maior parte do seu vastíssimo corpo, tendo precedido alguns meses antes um eclipse do sol, em que este príncipe dos planetas mostrava uma névoa< à qual o padre Valentim Extancel, astrólogo célebre, chamava “Aranha do Sol”.

Esse astrólogo explicava que esses fenômenos, que não são naturais porque são produzidos pela interposição da terra, no curso daquelas sordicies ou qualidade contagiosa do ar, por razões manifestas ou causas ocultas e da SUS corrupção resultarem doenças, senão em todo mundo, em algumas partes dele, como se tem experimentado em contágios e desgraças de que há muitos exemplos antigos e modernos”.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Zé Clementino integrou trilogia cultural

ZÉ CLEMENTINO formou com Patativa do Assaré e Luiz Gonzaga o movimento “Trilogia do Ciclo do Jumento”
ANTÔNIO VICELMO

PADRE ANTÔNIO Vieira foi um dos idealizadores do movimento em prol do jumento




Crato (Sucursal) — A morte do compositor José Clementino consternou o Cariri. Ao lado de Luiz Gonzaga, Padre Antônio Vieira e Patativa do Assaré, Zé Clementino fez parte da “Trilogia do Ciclo do Jumento”, um movimento idealizado em Crato, em defesa do jegue. A iniciativa tomou dimensão nacional através da música e da poesia dos quatro defensores do jumento. A campanha ganhou mais intensidade na década de 80, quando os quatro se encontraram na Exposição Agropecuária do Crato (Expocrato), sob a presidência de Henrique Costa. Padre Vieira chegou ao palanque, onde se encontravam Luiz Gonzaga, Patativa e Zé Clementino, montado num jumento.

Ao lembrar este fato, o jornalista Huberto Cabral destaca que Zé Clementino foi um dos mais vigorosos músicos do Ceará. É o autor de autênticos clássicos da música nordestina, tendo sido interpretado por alguns dos grandes nomes da MPB, dentre os quais o “Rei do Baião” — Luiz Gonzaga. Funcionário público aposentado, Zé Clementino, que já morou em Crato, quando trabalhava no INSS, integrou-se à vida boêmia da Princesa do Cariri, fazendo parcerias com outros artistas cratenses, entre os quais, Correinha e Hildelito Parente.

Com o “velho Lua”, o talento de Zé Clementino ganharia destaque nacional, ao passo que, por outro lado, a inventiva produção artística do compositor varzealegrense proporcionaria vitalidade e renovação à obra musical de Luiz Gonzaga. O “batismo” fonográfico da parceria Luiz Gonzaga-Zé Clementino procedeu-se, de certa forma, quando o “Rei do Baião” atravessava um longo período de ostracismo e mesmo de indefinição quanto à continuidade da carreira artística. No seu trabalho anterior, o ilustre “sanfoneiro de Exu” mostrava-se desestimulado e cético quanto aos possíveis rumos de sua até então vitoriosa trajetória musical. Numa de suas canções mais emblemáticas da época, Luiz Gonzaga lamentava: “Pra onde tu vai, Baião? / Eu vou sair por aí / Mas por que, Baião? / Ninguém me quer mais aqui...”. De fato, o Baião, assim como outros ritmos nordestinos, havia perdido o forte apelo comercial que gozara no passado, particularmente em virtude do surgimento de novos movimentos musicais — a Bossa Nova e a Jovem Guarda. Nesse panorama, foi lançado o álbum “Luiz Gonzaga – Óia Eu Aqui de Novo”, o qual continha três canções compostas por Zé Clementino. Uma delas, o “Xote dos Cabeludos”, uma bem humorada crítica à estética ‘hippie’ que conquistava a juventude de todo o mundo, tornou-se uma das músicas mais executadas do país no verão de 68, trazendo o ‘Rei do Baião’ de volta à mídia e despertando o interesse das novas gerações pelo riquíssimo acervo musical do artista.

Naquele mesmo ano, Zé Clementino confere uma legítima e emotiva dádiva à sua cidade natal, quando compõe a letra do Hino Oficial de Várzea Alegre. No seu álbum seguinte, Luiz Gonzaga grava “O jumento é nosso irmão”, uma homenagem à luta, encampada pelo Padre Vieira, em prol da preservação da espécie asinina. Em 1976, fazendo proveito do mesmo tema, o Rei do Baião gravaria “Apologia ao jumento”, uma espécie de discurso inflamado em que, com muito bom humor, exalta as benesses do “pobre e castigado” animal. Registra ainda o xote “Capim Novo”, outra canção do compositor varzealegrense, cuja letra sugere uma “discutível” alternativa terapêutica e afrodisíaca para os homens que enfrentam os “percalços” da terceira idade.

Em 1978, o Trio Nordestino, na época o campeão em vendagem de discos no segmento de música regional, grava “Chinelo de Rosinha”, uma parceria de Zé Clementino e Paulo César Clementino. Em 1983, o Brasil vê-se tocado pela sensibilidade musical do prodigioso varzealegrense Serginho Piau, que executa a comovente canção “Simplesmente Zé”, de autoria de Zé Clementino, em alguns programas televisivos. Por fim, os anos 90 marcaram o processo de revitalização estética e musical do forró, e o cearense Sirano, um dos mais bem sucedidos artistas do Ceará. Entre as suas músicas estão: “Xote dos cabeludos” , “O jumento é nosso irmão”, “Apologia ao jumento”, “Contrastes de Várzea Alegre”, “Capim novo”, “Sou do banco Xeêm”, “Chinelo de Rosinha”, “Jeito bom”, “Hino Oficial de Várzea Alegre”, e “Simplesmente Zé”. Ele faleceu vítima de enfarte no Hospital de Várzea Alegre, aos 69 anos de idade.


terça-feira, 24 de maio de 2011

I ENCONTRO DE POETAS DE LAGOA DE ROÇA



VENHA!

PARTICIPAR CONOSCO DO I ENCONTRO DE POETAS DE LAGOA DE ROÇA - 27 DE MAIO - A PARTIR DAS 20h NA ESCOLA PEDRO DA COSTA BEZERRA - CENTRO.

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS: IPONAX VILA NOVA (PB), COBRA CORDELISTA (PE) ALÉM DE APRESENTAÇÕES DE ARTISTAS DA TERRA E DO LANÇAMENTO DO LIVRO "ALMA SERTANEJA" (DE COBRA CORDELISTA).

MAIORES CONTATOS: HELENA CARDOSO E/OU PROFESSORA ROSINILDA

FONE:9605-2639 OU 9101-6464

SUA PRESENÇA É INDISPENSÁVEL!!!

Os primeiros do Estado da Paraíba




-A Primeira Fotógrafa:

Segundo depoimento do jornalista e professor de Ciências Sociais Bertrand Lira, a primeira fotógrafa que surgiu aqui em nosso Estado foi Teresa de Jesus Medeiros. Esse professor defendeu a tese de Mestrado sobre o inventário dos fotógrafos que atuaram na Paraíba, no período de 1850/1950.

-A Primeira Assembléia Legislativa:

A história começa na época do Império, quando D. Pedro I outorgou a Constituinte de 1824 e criou, dois anos depois, os Conselhos Gerais da Província. Foi a semente para que surgisse, em 7 de abril de 1835, a Assembléia Legislativa da Paraíba. A primeira legislatura teve 28 parlamentares, que representavam as várias regiões da antiga Parahyba. O seu presidente eleito foi o deputado José Lucas de Sousa Rangel. Durante essa época da Monarquia, os mandatos eram de dois anos, sendo os parlamentares oriundos dos Partidos Liberal e Conservador. Com o advento da República, o exercício parlamentar passou a ser de quatro anos.

-O Primeiro Asilo de Loucos:

A história da loucura, na Paraíba, começa ainda na época da colonização, quando ainda era uma Capitania e a cidade tinha cerca de 3000 moradores, aí incluídos soldados, negros, escravos e senhores feudais. Os perturbados mentais, quando estavam em crise e agitados, eram perigosos, podendo vir até a atacar a população. Eles eram então aprisionados. Algemados em cadeias, ficavam mais furiosos ainda, gritavam, escavavam o chão e faziam todo tipo de sujeira. Essa infeliz situação em que viviam passou a preocupar as autoridades.

-A Primeira Hidrelétrica:

Foi por volta de 1920 que um paraibano, o advogado José Amâncio Ramalho, de maneira ousada, implantou a primeira usina de luz da Paraíba. Era turbina movida com a força da água do açude da cidade de Borborema, no Brejo Paraibano. Era registrada como Empresa Hidroelétrica de Borborema e o pessoal escutava rádio com a energia da empresa. O proprietário, com os empregados, também cuidou de instalar a linha de transmissão na região: eram postes de cimento e madeira. Não eram tão altos como os de hoje, mas tinha postes de baixa e alta tensão. Ficou bastante conhecida na região do Brejo naqueles tempos. Quem saia de porta em porta cobrando a conta da luz eram dois eletricistas da usina. A energia só chegava nas casas das pessoas quando escurecia. Na década de 1940 sua usina de força já fornecia energia para as cidades de Borborema, Bananeiras, Solânea, Pilões de Dentro e Serraria. Também alimentava bicos de luz de escolas agro técnicas da região e a várias propriedades rurais.
A usina de força de José Ramalho deixou de gerar energia elétrica porque a Codebro, uma empresa que chegou à região e que utilizava energia elétrica da cachoeira de Paulo Afonso, entrou no mercado paraibano. Era a concessionária de energia elétrica daqueles tempos. Foi a partir daí que a Empresa Hidroelétrica de Borborema deixou de fornecer energia para as casas. Até hoje se encontra no local algumas ruínas da antiga usina de força.

-A primeira Fábrica de Cimento:

Não foi aquela que funciona na Ilha do Bispo não. Na realidade, a primeira fábrica de cimento da Paraíba e de toda a América Latina, foi instalada, no final de século XIX, na Ilha de Tiriri, pertencente ao município de Santa Rita. Inicialmente explorada por uma firma francesa, em colaboração com industriais brasileiros, o cimento tinha excelente qualidade. Mas, depois de algum tempo fechou e suas máquinas foram retiradas clandestinamente. As ruínas dessa edificação ainda podem ser vistas naquele local.

-O primeiro autor:

Natural do Estado da Paraíba, o cabo de guerra Lopo Curado Garro, que se destacou na lutas contra os holandeses, foi o primeiro autor paraibano. É de sua autoria a “Breve, Verdadeira e Autêntica Relação das Últimas Tiranias e Crueldades que os Pérfidos Holandeses Usaram com os Moradores do Rio Grande do Norte”. Trata-se de uma carta que dirigiu a André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira, no dia 23/10/1645, e que foi publicada pela primeira vez no “Valeroso Lucideno e Triunfo da Liberdade”, de Frei Manoel Calado, cronista dos fatos de nossa história.
Historicamente, o primeiro livro que se escreveu sobre a Paraíba foi a “Descrição Geral da Capitania da Paraíba”, de Elias Herckman, Governador holandês, em 1639.

-O primeiro cinema:

O primeiro aparelho de cinema que chegou à Paraíba foi o “Cinematógrafo”, trazido de Paris por Nicola Maria Parente, nome ligado às artes e um dos seus pioneiros na capital do estado. Com a máquina ele trouxe filmetes (mudos), entre eles: “Chegada de um trem à gare de Lion”, “Um macaco pulando um arco” e “Crianças jogando bolas de neve em Biarritz”. Esse cinematógrafo foi instalado na antiga Rua Nova, nº 2, como complemento das atrações da Festa das Neves naquele tempo (1897).
Um outro registro informa que o primeiro cinema propriamente dito foi o “Cine PATHÉ”, montado por Manoel Garcia de Castro na Rua Duque de Caxias. Depois, os italianos Rattacazzo e Cozza, instalaram no Ponto de Cem Réis o cinema Rio Branco, que estreou em 24/02/1911. Depois dos italianos, o dinamarquês Einer Svendsen também se tornou um exibidor de filmes. O Cel. Manoel Henriques de Sá adquiriu o PATHÈ, que passou a funcionar com o nome de MORSE. Ele também instalou o cine EDISON, que funcionava próximo à Praça Venâncio Neiva.
O cinema falado só chegou aqui em 1932. A iniciativa foi de Alberto Leal, que instalou no Teatro Santa Roza o primeiro Vitafone Movietone. O filme inaugural foi “O Tenente Sedutor”, com Maurice Chevalier.

-Os primeiros jornais:

O primeiro jornal da Paraíba foi a “Gazeta do Governo da Paraíba do Norte” (1826-1827), durante o Governo do coronel Alexandre Francisco de Seixas Machado. Era um semanário político.
Já o primeiro jornal particular foi a “Gazeta Parahybana” (1828-1829), do jornalista Borges da Fonseca. Era um bi semanário dedicado exclusivamente à defesa dos princípios republicanos, impresso na "Tipografia Nacional”. Seu primeiro número circulou em março de 1828.
Em 1830, foi impresso em Recife (PE) o Correio da Paraíba. Era um órgão oficial do governo provincial presidido por Getúlio Monteiro de Mendonça. Teve curta duração. Dois anos depois, Antônio Borges da Fonseca reaparece com o “Republicano”. No mesmo ano, surge o “Raio da Verdade”, de Ricardo Rogger.
O jornal “A União” foi fundado no dia 2 de fevereiro de 1893 pelo então presidente da Província, Álvaro Machado. Surgiu como órgão do Partido Republicano do Estado, agremiação fundada pelo próprio Álvaro Machado. Quarenta e sete anos depois, no dia 13 de março de 1940, surgiu o Diário Oficial. “ A União” é hoje o único jornal oficial ainda existente no Brasil. Está vinculado ao Governo da Paraíba .

- A primeira Rádio Difusora.

A primeira estação de rádio da cidade surgiu entre 1930 e 1931. Com transmissor de 10 watts, foi montada pelos técnicos José Monteiro e Jaime Seixas. Ficava na Rua Gouveia Nóbrega (perto da Bica) e se chamava Rádio Clube da Paraíba. Funcionou como uma sociedade, onde seus membros contribuíam financeiramente para sua manutenção. Com um ano de fundação já contava com mais de 200 sócios, os quais podiam levar os discos para serem tocados na emissora. Em dezembro de 1932 tornou-se pioneira na radiodifusão nacional ao apresentar aulas de inglês pelo rádio, graças aos irmãos Oliver e Geraldo Von Sohsten, educados na Inglaterra. A experiência foi bem recebida pela população. Em janeiro de 1937, o governo Argemiro de Figueiredo recebeu, sem ônus para o estado, todo o patrimônio da Rádio Clube e iniciou investimentos para dinamizá-la. Passou então a chamar-se Estação Radio-Diffusôra da Parahyba, depois Rádio Tabajara da Paraíba e, finalmente, Rádio Tabajara.

Fonte: Texto extraído do trabalho apresentado por Moacir Barbosa de Sousa (UFPB), no XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação em Belo Horizonte (set/2003).


-A primeira fábrica de refrigerantes:

A empresa, denominada “FÁBRICA DE GASOSAS ANGLO-BRASILEIRA” foi inaugurada nas imediações do Porto do Capim, em João Pessoa, em 02/04/1910. Pertencia ao Engenheiro-Mecânico e Químico Industrial Inglês Sidney Clemente Dore, que por aqui chegou em 1904, então com 38 anos de idade. Produzia, no começo, 250 grades de refrigerantes “DORE” por dia, em garrafas trazidas de Londres. A produção, em 1980, era dez mil garrafas por hora. Atualmente essa fábrica já não existe mais.

-A primeira tipografia:

A primeira oficina tipográfica da Paraíba foi adquirida pela Câmara Municipal, que a arrendou em hasta pública, em 1818. Em 1831 aquela casa comprou uma nova máquina. O pesquisador Eduardo Martins afirma, porém, que a primeira tipografia da Paraíba foi resultante de uma iniciativa particular do português José Rodrigues Costa, que trabalhava no Recife nas oficinas do jornal “O Cruzeiro”. O periódico tinha o feitio de órgão político, literário e comercial.

-O primeiro Teatro:

O primeiro Teatro da Paraíba foi construído na cidade de Areia. Seu primeiro nome foi Recreio Dramático. Depois foi modificado para Teatro Minerva, que é uma homenagem à deusa das artes e foi dado pelo areiense Horácio da Silva. Foi construído em 1854 pelas famílias mais ricas do lugar. Ainda hoje está conservado e funcionando.
Já em João Pessoa, segundo o historiador Reinaldo de Oliveira Sobrinho, o primeiro teatro foi instalado na Rua da Areia, sob a responsabilidade do Sr. Francisco de Freitas Cambôa. Tinha o nome de “Santa Cruz”.
De acordo com Irineu Pinto, em “Datas e Notas Para a História da Paraíba”, o lançamento da primeira pedra do prédio ocorreu em 1853. Nesse ato, que contou com a presença do Presidente da Província, o vigário da capital negou bênção à dita pedra, por se tratar de uma casa destinada a espetáculos, declarando que “ela não se prestaria por ir de encontro aos sagrados cânones da igreja e às doutrinas dos santos padres que se opõem e reprovam as casas de teatro”. O bispo de Pernambuco e da Diocese desta capital aprovou o procedimento do vigário.

-O primeiro clube social:

O clube mais antigo da capital é o ASTREA. Foi fundado em 30 de maio de 1886 pela sociedade de João Pessoa, tendo como cores oficiais o azul e branco. Depois surgiu o Club dos Diários, atual Cabo Branco.

-A primeira rua:

Um trecho íngreme foi desmatado, ligando o Forte (na cidade baixa) à capela, localizada numa colina. Essa rua ficou conhecida como Ladeira de São Francisco e é considerada a primeira rua da cidade, onde depois foi construída a Casa da Pólvora. Sua segunda rua foi aberta em frente à capela e denominada Rua Nova, atual General Osório.

-O primeiro Bairro:

Até 1850, existia um aglomerado urbano. Com o crescimento demográfico, houve aumento de construções, vivendas e chácaras de famílias nobres, principalmente nas imediações da Fonte do Tambiá ou “Bica”, que fornecia à população a água para a sua manutenção. As pessoas de baixa renda também iam construindo suas moradias em sítios.
A estrada para essa fonte tomou o nome de Rua da Aurora (atual Mons. Walfredo). Ela fazia cruzamento com a Rua São José (atual Des. Souto Maior), que descia para a Lagoa dos Irerês (atual Parque Solon de Lucena). Pois bem, esse ambiente aprazível veio a se tornar o Bairro de Tambiá (nome que veio da fonte), o primeiro da capital.

-A primeira Favela:

Toda cidade tem sua vizinhança problemática e a primeira "favela" que aqui se formou foi na então Rua do Grude, defronte à Bica. Era um local de marafonas que davam muito trabalho à Polícia e onde o coco de roda funcionava o dia inteiro. O local também era bem servido de bodegas, bares e biroscas, com folguedos diários e pastoris aos fins de semana.

-O primeiro Código de Postura:

Até meados de 1850, as construções na capital eram desordenados. A cidade era mal arrumada, com suas artérias cheias de sulcos provocados pelas águas fluviais, porcos e galinhas nas artérias, não existia serviços de coleta de detritos e os becos serviam para deposito de lixo. Nenhuma atenção era dispensada ao aglomerado urbano.
Somente as ruas principais eram cuidadas, como a rua das Convertidas (atual Maciel Pinheiro), Rua da Areia e Rua Nova (atual General Osório). O primeiro "Código de Postura" foi em 1857 no governo de Beaureaire Rohan. Com ele se começava a estudar numa forma de construção mais ordenada para a cidade que crescia desordenadamente e foi desenvolvido um trabalho de orientação na comunidade sobre como os moradores deviam acondicionar e se livrar do lixo gerado em suas casas.

-O primeiro abastecimento de água:

Em 1912, no governo de João Machado, inaugurou-se o primeiro abastecimento d água, construindo-se vários chafarizes para a população. A usina situava-se na antiga passagem do Rio Buraquinho e Macacos. Iniciava-se, então o encanamento de água nas residências.

-A Luz elétrica:

A iluminação pública era, na monarquia, feita em lampiões que queimavam azeite de mamona ou querosene. Em 1910 foi assinado o contrato da iluminação elétrica da Capital. E em março de 1912 houve a inauguração da luz elétrica, com acesso a residências.

-O primeiro ramal ferroviário:

A 7 de setembro de 1883 foi inaugurado o primeiro Ramal Ferroviário. Ligava a Capital à povoação de Mulungu. Depois foi a vez dos ramais de Pilar e Guarabira, entre 1884 a 1901.

-O primeiro (e único) presidente da república paraibano:

Pelo menos até aqui, Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa, nascido na cidade de Umbuzeiro em 1865, foi o único paraibano eleito Presidente da República Federativa do Brasil. Formou-se em direito pela Faculdade de Direito do Recife, em 1886. Quando Deputado Federal fez forte oposição ao Presidente Floriano Peixoto. Em 1912 elegeu-se senador pela Paraíba. Ele venceu, em 1919, o senador baiano Rui Barbosa e tomou posse em 26 de julho como Presidente da República.
Morreu em fevereiro de 1942, aos 77 anos. A cripta, onde repousam seus restos mortais, juntamente com os de sua esposa Mary Manso Sayão Pessoa, está localizada no subsolo do Palácio da justiça, em João Pessoa, num ambiente que foi idealizado pelo arquiteto Leonardo Sturcret.

-A primeira Biblioteca Pública:

A primeira Biblioteca Pública do Estado foi instalada em uma das dependências do antigo prédio do Liceu Paraibano, por iniciativa do então Presidente, o Tenente-Coronel Henrique de Beaurepaire Rohan, que governou a Província de 1857 a 1859. Contava inicialmente com mil e dez volumes de obras literárias, sendo 324 compradas por ele e, o restante, doadas por diversas pessoas da cidade.

-O primeiro Grupo Escolar:

O primeiro construído no Estado foi o Grupo Escolar Tomaz Mindello, Localizado no centro da capital. Foi construído em 1916 pelo arquiteto italiano Pascoal Fiorillo. Atualmente, depois de várias reformas que preservaram sua estrutura, passou a ser denominado de “Centro Cultural do Terceiro Setor” e abriga entidades com atuação sociocultural, sem fins lucrativos.

-O primeiro Colégio:

O primeiro colégio criado na Paraíba data de 1748, com o retorno dos jesuítas. Foi doação do casal Manoel da Cruz e Luzia do espírito Santo. Pessoas de muitas posses, eles doaram uma grande soma para a construção do “Casarão”, o colégio que veria a ser administrado pelos jesuítas. Ali eram ministradas as primeiras letras, filosofia e latim. O colégio recebia alunos tanto da capital quanto do interior.

-O primeiro Colégio particular:

O primeiro colégio particular da capital foi o Colégio Nossa Sra. Do Cormo. Sua fundadora foi a professora Idalina Margarida da Assunção Meira Henriques e esteve em atividade de 1865 a 1875, ano em que faleceu sua fundadora. Ficava na Rua Duque de Caxias, onde funcionou o Museu Fotográfico Walfredo Rodrigues. Seus alunos eram exclusivamente do sexo feminino. Ali funcionava o Curso Primário, Secundário, prendas domésticas e artes.

-A primeira Escola Feminina:

No período provincial, o Conselheiro Padre Joaquim Antonio Leitão conseguiu a aprovação, em 18/04/1828, de um projeto criando uma Escola para o sexo feminino. Naquela época, salvo raras exceções, quase toda a população feminina era analfabeta, pois o ensino era destinado apenas aos homens. As mulheres eram educadas para o lar, resumindo-se à cozinha e às prendas domésticas. Com a inauguração dessa escola pública, estava assim dado o primeiro passo para a educação pública feminina. D. Maria da Conceição Cabral foi a primeira professora pública da Província.

-O primeiro livro de poesia:

O primeiro livro de poesia editado na Paraíba foi “VIDA E POESIAS”, de autoria do Capitão Mor Francisco Xavier Monteiro da Franca. Foi impresso na tipografia do português José Rodrigues da Costa. A sua publicação deve-se ao major da Guarda Nacional Manoel Caetano Vellozo, antigo professor de francês do Liceu Paraibano e genro do autor. Isso se deu em 1854.

-O primeiro paraibano na Academia Brasileira de Letras:

O primeiro paraibano a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de letras foi Antonio Joaquim Pereira da Silva. Natural de Araruna, onde nasceu a 09/11/1876, foi advogado, jornalista e poeta.. Foi também crítico literário nos jornais “A Cidade do Rio” utilizando-se do pseudônimo ‘J. d'Além’, “Gazeta de Notícias”, “Época” e “Jornal do Commercio”. Entre suas obras estão Voe solis, Solitudes, Beatitudes, Holocausto, O pó das sandálias, Senhora da melancolia, Alta noite e Poemas amazônicos.
Foi eleito para a ABL em 23/11/1933, na sucessão de Luiz Carlos, ocupando a cadeira de número 18, tendo tomado posse em 26/06/1934. É patrono da cadeira nº 34 da Academia Paraibana de letras, que tem como fundador Alcides Carneiro, atualmente ocupada por Humberto Cavalcante Mello. Faleceu no Rio de Janeiro em 11/01/1944.

-O primeiro automóvel:

As primeiras manifestações de transito e trafego na capital foram depois de 1896, pois anteriormente a cidade era servida por transporte de tração animal, como carroças, cabriolés, charretes ou coches. Provavelmente, o primeiro automóvel, a transitar na cidade, foi o de marca Bayard em 1909 (ou 1912), do rico empresário Francisco Honorato Vergara. Depois, outros paraibanos de posses obtiveram outros carros, como o Dr. Isidro Gomes, por exemplo.

-Os Primeiros Ônibus:

Os primeiros ônibus chegados à Paraíba foram os de uma empresa particular. Vieram em 1925 e circulavam fora da cidade. O crescimento demográfico da Capital paraibana levou o empresário Coronel Oswaldo Pessoa, por volta de 1929, a adquirir uma frota de 5 ônibus urbanos. Nesses coletivos, a entrada de passageiros era realizada pela retaguarda. Posteriormente fabricaram um transporte coletivo urbano com entradas pelas laterais, semelhantes ao bonde, e que a população denominou de "sopa" pelo fato de ser um transporte rápido e confortável.

-A primeira habilitação:

Por volta do ano de 1907, o rico proprietário Aníbal Gouveia Moura adquiriu um automóvel de marca Ford- T. Como para dirigi-lo era necessário estar habilitado, foi obrigado a tirar a Carteira de Motorista.

-O primeiro motorista profissional:

O primeiro motorista profissional foi um senhor conhecido por Anunciato. Ele foi designado a tirar anteriormente um curso de Cheaufer (motorista) na cidade do Recife, por um período de 3 meses. Durante o exercício de sua profissão, ele usava como fardão um guarda-pó (espécie de "bata de médico").

-A primeira Delegacia de Trânsito:

Conforme se tem notícia, a primeira Delegacia de Trânsito teria funcionado, em 1916, na Rua Maciel Pinheiro em anexo ao Quartel dos Bombeiros, Em 1940, foi transferida para Rua das Trincheiras. A parte burocrática funcionava nessa delegacia. Posteriormente, o teste de volante era realizada através do motorista do Palácio.

-O primeiro desastre de carro:

O primeiro desastre de automóvel que se tem notícia aconteceu com o sr. Aníbal Gouveia, que tinha uma propriedade no bairro de Mandacaru. Certo dia, ao atravessar a linha do trem (os dormentes acima da estrada) o veiculo "estancou" (enguiçou), mesmo na hora que a locomotiva se aproximava. O carro funcionava com o motor de partida a "manivela", e ele vendo o perigo, só deu tempo de retirar um seu filho paraplégico que estava no veiculo. O trem destroçou o automóvel com o impacto, mas felizmente o desastre não teve vítimas.

-A primeira frota de taxi:

Em 1907, Sr. Vergara, juntamente com o irmão, adquiriu mais três automóveis, sendo um Adler, outro Berliet e um Bayard e instalaram uma Garagem para carros de aluguel. Isso equivale aos táxis de hoje.

-A primeira estrada interestadual:

As estradas começaram a aparecer de forma interestadual em 1918, com impulso e incentivo do presidente Epitácio Pessoa. O que se tem noticia é que a ligação da cidade do Recife à Parahyba foi em 1927, com estrada de barro. Nessa época foram iniciadas as primeiras viagens, em carros fretados. No entanto, oficialmente só em 1928 passou a se verificar essas viagens através de transporte coletivo. Era a empresa do Sr. Pedro Galvão denominada de "Auto Viação Parahyba", com linha regular. A duração da viagem era em torno de 5 horas, podendo o usuário ir ao Recife e voltar no mesmo dia.

-As primeiras placas de trânsito:

As primeiras placas de trânsito foram: Proibido buzinar (defronte ao hospital de Pronto Socorro); a primeira Contramão foi na Rua Peregrino de Carvalho e o primeiro sinal manual de trânsito, feito através de guardas de trânsito uniformizados e com apito na boca, foi na Rua das Trincheiras, confluência com a Rua das Palmeiras (Rodrigues de Aquino).

-A primeira Estação Rodoviária:

A primeira Estação Rodoviária, desde 1924, funcionava na Praça Antenor Navarro. Posteriormente passou a ser na Praça Pedro Américo. Depois na Praça Ticiano e atualmente no Varadouro, ao lado da Estação Ferroviária.

-O primeiro abrigo de passageiros:

Inaugurado em 12/10/1924, o primeiro abrigo foi para passageiros de bonde e ficava na frente da Igreja de N. S. Rosário dos Pretos, que depois foi demolida. Era um pavilhão que media 10x30 metros e o seu interior era vazado para facilitar a circulação e o sustentáculo por colunas romanas. Na parte superior existia uma marquise de proteção encimada com um frontão com cornija.

-A primeira Igreja:

A igreja de Nossa Senhora das Neves foi a primeira a ser construída na Paraíba. Foi construída ainda em 1585. Era uma simples capela, de taipa e pila e de pequenas dimensões. Passaram-se muitos anos sem ter nenhuma alteração. Atualmente, depois de várias reformas, é a Basílica de Nossa Senhora das Neves, situada na Rua General Osório, no centro da Capital.

-O primeiro vigário:

Joan Vaz Salém foi o primeiro vigário da freguesia de Nossa Senhora das Neves, aqui chegando em 1586. Também respondia pela matriz de Olinda, atendendo ao mesmo tempo as duas freguesias. Esse religioso caiu nas malhas da Santa Inquisição e voltou preso para Portugal.

-O primeiro bispo:

A Santa Sé criou, em 1892, a Diocese da Paraíba, nomeando como primeiro bispo Dom Adauto de Miranda Henriques. Nascido em terras do município de Areia (PB), hoje localizadas no município de Alagoa Grande, Dom Adauto ordenou-se em Roma. A sua posse, na Paraíba, foi em 04/03/1894. Dirigiu a Arquidiocese com mão de ferro, notabilizando-se pelas pastorais em que condenava o liberalismo, ateísmo, socialismo, maçonaria, comunismo, EMANCIPAÇÃO DA MULHER e o relaxamento de costumes trazido pelo urbanismo e a industrialização. Fundou em João Pessoa o Seminário Arquidiocesano, o Colégio Pio X e, antes, em 1897, o semanário católico “A Imprensa”. Em 1930 o arcebispo manteve uma longa pendência com o Presidente João Pessoa, em razão da preexistência do registro e casamento civis, por este defendido. Faleceu em 15/08/1935.

-O primeiro casamento civil:

O primeiro casamento civil da Paraíba aconteceu em 19/07/1890, às 17:00h., no Paço de Intendência Municipal da capital. O enlace contou com a presença do então governador do Estado, Dr. Venâncio Augusto de Magalhães Neiva. Animou a solenidade, a banda de música da Polícia Militar. Os noivos eram Benedito José Jerônimo de Lima e Maria Ferreira Padilha.

-O primeiro engenho:

O primeiro engenho da Paraíba foi o Engenho Real de Tibiri, que ficava às margens do Riacho do mesmo nome, em terras do município de Santa Rita. Foi construído por ordem do Capitão Mor João Tavares, que assim determinou ao Ouvidor Geral Martim Leitão. Tibiri é vocábulo indígena que significa “água do pecado”.

-A primeira Inquisição:

A recém-conquistada Filipéia de Nossa Senhora das Neves ainda não completara dez anos quando por aqui chegou, em janeiro de 1595, um visitador chamado Heitor Furtado de Mendonça. A autoridade sacerdotal trazia consigo um documento que marcaria novo período violento por essas terras: o Primeiro Auto da Santa Inquisição celebrado na Capitania da Parahyba, lido e instaurado no dia oito daquele mês. "No Edito da fé dá o senhor visitador quinze dias de termo para toda a dita Capitania virem perante ele denunciar qualquer pessoa que tenha dito, feito ou cometido contra nossa Madre Igreja e no Edito da graça concede o dito senhor quinze dias de graça e perdão para que os que nele vierem (...) perante ele confessar suas culpas e fazer delas inteiras e verdadeiras confissões sejam recebidos com muita benignidade e não se lhes dê pena corporal nem penitência pública nem se lhes seqüestrem nem confisquem seus bens como melhor e mais largamente se contém e declara nos ditos Editos", é o que diz um trecho do Auto.
Entre os casos mais denunciados estavam a bigamia, homossexualismo e blasfêmia, sendo este o de maior número de registros. O que se seguiu a isso foram cenas violentas banhadas de sangue, em nome da ordem divina.

-O primeiro Banco:

A Paraíba abriu sua primeira agência em 1916, 108 anos depois da fundação do Banco do Brasil por D. João VI.A primeira agência do Banco do Brasil na Paraíba foi instalada na Rua Maciel Pinheiro, em João Pessoa. Era muito acanhada e só durou dois anos. A segunda agência é que virou referência histórica e ficava na esquina da Maciel Pinheiro com a Barão do Triunfo. O imóvel, hoje, não existe mais: foi derrubado quando a Barão do Triunfo foi alargada.
O primeiro banco estadual foi o Banco da Parahyba, fundado aqui, em 1924. Começou privado, mas o crash na Bolsa de Nova York, em 1929, levou a instituição à falência. No mesmo ano, ele foi comprado pelo governo e se tornou o Banco do Estado da Parahyba, mais tarde, Paraiban.

-O primeiro Governador:

Naquela época não se usava a denominação “Governador” para denominar a maior autoridade do Estado. Eles eram chamados capitães-mores. Também não existia Estado e sim Capitania. O primeiro capitão-mor da Capitania Real da Paraíba foi João Tavares, que governou de 1585 a 1588. Ele foi investido no cargo pelo Ouvidor-Geral Martim Leitão. Depois foram nomeados Frutuoso Barbosa, André de Albuquerque, Feliciano Coelho e outros.

-Os primeiros missionários:

Foram os jesuítas os primeiros missionários que chegaram à Capitania da Paraíba. Vieram desde as primeiras expedições de conquista e acompanharam a todas as lutas de colonização. Tinham a missão de catequizar os índios. Os primeiros membros a chegar foram os padres Simão Travassos e Jerônimo Machado. Depois vieram muitos outros. Os frades franciscanos chegaram depois dos jesuítas.

-O primeiro estádio paraibano:

O primeiro movimento futebolístico na Paraíba aconteceu no inicio do ano de 1908, quando se criou o Clube de Foot Ball Parahyba. O primeiro jogo foi no dia 15 de janeiro daquele ano. A partida aconteceu no sítio do coronel Manoel Deodato, nas imediações de onde hoje é Praça da Independência. Cadeiras do Teatro Santa Rosa foram para ali deslocadas para atender aos curiosos e simpatizantes dessa modalidade de esporte. Os primeiros times que se enfrentaram foram as equipes Norte e a Sul.

Mas somente em 27 de setembro de 1924 foi tomada a iniciativa para a construção de um “estádio” (o campo do Cabo Branco), com a compra de um terreno pertencente ao Montepio do Estado, Ficava no Bairro de Jaguaribe, onde funcionava o prado de corrida de cavalos. Consta na ata da assembleia de 27 de setembro de 1924 do Clube Cabo Branco que o custo foi de 24 contos de réis. Somente em 1934 foi dado início à construção da sede social e esportiva pelo Arquiteto Giovani Gioia. O campo ocupava um quarteirão entres as avenidas Alberto de Brito e Primeiro de Maio.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Flor Mulher


Flor Mulher
(Manoel Messias Belizario Neto)

O senhor da criação,
No auge de seu amor,
Visita o jardim terrestre
E cria a mais linda flor
Cuja beleza é sempre
Celebrada com louvor.

Refiro-me à flor mulher
Que em toda situação
(se ela nasce na relva
Ou nas brenhas do sertão)
O amor é a lei maior
Que rege seu coração.

Como mãe ela exala
Amor incondicional
Sendo ou não correspondida
Pelo lado filial.
Dá a vida pela prole
Num momento crucial.

Como esposa se entrega
De corpo e alma ao marido.
Renuncia muita coisa
Em função do seu querido.
Colore a vida dele
Dando a esta mais sentido.

Conduz a sua família
Com mão de sabedoria.
Organização é arte
Que sempre lhe auxilia.
O seu estandarte é
Uma constante alegria.

Pergunto-te flor mulher:
Onde achas tanta ternura?
Como tu consegues ser
A mais bela criatura?
O que seria do homem
Se faltasse esta figura?

Como manter uma estrela
No céu claro escondida?
A flor mulher se destaca
Em todo o jardim da vida.
É a bondade divina
Na humanidade esculpida.

Houvera tantas batalhas
À conquista do jardim
Em busca de igualdade
Em relação ao capim.
A flor mulher não desiste
Resiste até o fim.

E assim vai conquistando
Espaço na sociedade.
“Uma flor mais que escândalo”!
“Respeite por caridade”!
Esta flor há muito tempo
Batalha por igualdade.

Diz-me amigo por que
Alguns homens sem valor
Vem agir com desrespeito
Com a nossa linda flor?
Porque um jardim sem rosas
É um deserto de dor.

Como pode haver no mundo
Alguém com tanta frieza
Para maltratar o ser
Mais lindo da natureza.
Querer através do mal
Ofuscar sua beleza?

Homem honre esta mãe,
Esta esposa, esta amiga.
Seus conselhos são a voz
De Deus por isso os siga.
Ela sempre quer livrá-lo
De toda e qualquer intriga.

Homem respeite esta mãe
Esta esposa, esta mulher.
Ame-a com todas as forças,
Pois sabes que ela é
Aquele ser que fará
Por ti tudo o que puder.

Espetáculo Infantil A Poção Encantada



Novo espetáculo Infantil A Poção Encantada, que em setembro estará realizando Projeto Escola no Teatro Boa da Vista, Rua Dom Bosco- Recife.

As Escolas que queiram levar seus alunos, entrar em contato com J Anndrade(8887-4171).

sábado, 21 de maio de 2011

Aniversário do Gazeta Nossa

Os donos das festa, Paulo Rocha e Paulo Gê

O jornal Gazeta Nossa comemorou 05 anos de bons serviços prestados a este município no Restaurante Casa Grande, juntou com artistas, empresários, amigos e colaboradores que se encontraram para realizar uma grande comemoração. O jornal Gazeta Nossa tem a direção de Paulo Rocha e Paulo Gê, uma dupla de “dois” muito afinada, ambos Gaúchos, radicados em Pernambuco há dez anos, pessoas da melhor qualidade pessoal e profissional, e extremamente comprometidos com a cultura nordestina.

Estas fotos foram tiradas por ocasião desta comemoração quando realizei apresentação, junto com a companhia da poesia, e os músicos Fauzer Zaidan, Vitor Aragão e Felipe de Dora que me acompanhavam.

Meu abraço e meu carinho, a toda a equipe do Jornal Gazeta e serei eternamente grato, pela maneira gentil e respeitosa que fundamenta nossa parceria.

Cobra Cordelista
O caixeiro viajante da Cultura









Fim do Mundo



Em Pernambuco, interpretar eclipses ou aparecimento de cometas como prenúncios de calamidades e até sinal do fim do mundo não é fruto apenas da imaginação popular. Em tempos passados, essa vinculação também era levada em conta por autoridades e foi abordada por muitos historiadores. Vejamos alguns exemplos:

Em 1686, uma doença desconhecida (que as autoridades batizaram de Males) castiga o Recife, vira epidemia que se prolonga por sete anos, matando milhares de pessoas. Entre a população, o prognóstico: dois eclipses, um do sol, ocorrido em agosto do ano anterior, e um da lua, ocorrido em dezembro daquele ano.

O eclipse solar tinha "uma figura de uma feroz e gigantesca aranha" e a lua apareceu "abrasada num eclipse de fogo escuro". Documentos oficiais estabeleceram relação entre os eclipses e a epidemia e o padre Valentim Estancel, da Companhia de Jesus, que era um conceituado astrólogo, aproveitou para profetizar que "muitas enfermidades e mortes iam cair sobre o Brasil e que haviam de continuar por muito tempo".

No século seguinte, os eclipses continuaram prenunciando calamidades. Por exemplo, a Guerra dos Mascates (1710) teria sido anunciada por um eclipse lunar, como narraria depois Sebastião da Rocha Pitta no livro "História da América Portuguesa" (1730):

"Algum tempo antes das perturbações da província de Pernambuco, se viu nela, em uma clara noite, a metade da lua coberta de sombras, em tal proporção que, partida do eclipse pelo meio, parecia estar em duas iguais partes separadas, mostrando o que lhe havia de acontecer na desunião dos seus moradores, em prova do que o reino em si dividido é desolação, da qual tocou à nobreza a maior parte, padecendo perdas da liberdade, assolações da fazenda, ausências da casa, e com elas a falta de lavouras nas suas propriedades, gastando mais do que podia em sustentar exércitos contra o Recife, e por esta causa se acha tão diferente que é objeto de lástimas, sem esperança de tornar ao esplendor antigo dos seus antepassados, em pena destas e de muitas outras soberbas vaidades."

No caso do aparecimento de cometas prenunciando catástrofes, os documentos são mais enfáticos. Em 1698, por exemplo, atribui-se ao fenômeno uma grande seca que castigou Pernambuco e até mesmo sérias desavenças entre o bispo Mathias de Figueiredo Mello e o governador Marquez de Monte-Bello que por pouco não desencadearam uma batalha no Recife.

Sobre esse fatal cometa, existe na Biblioteca Nacional de Lisboa um manuscrito com o gigantesco título: "Discurso astronômico sobre o estupendo e fatal cometa ou nuncio pela Divina Providência enviado aos mortais, o qual foi visto a primeira vez a 6 de dezembro do ano de 1698, ao romper da aurora, neste nosso orizonte (sic) oriental Pernambuco na altura austral de 8 gr. no signo Escorpião".

Em 1666, uma peste assolou o Recife e estendeu-se até o Rio de Janeiro, com milhares de vítimas. Na época, como relataria Rocha Pitta, a catástrofe foi precidida por "um horroroso cometa que, por muitas noites tenebrosas, ateado em vapores densos, ardeu com infausta luz sobre a nossa América, e lhe anunciou o dano que havia de sentir".