Olímpia, cidade que fica entre Barretos e São José do Rio Preto, a 422 quilômetros de São Paulo e que, anualmente, comemora com um festival, o mês do folclore. Lá, a quietude e a tranqüilidade dos dias normais, dão lugar a um movimento cultural intenso durante a semana do folclore. A cidade se transforma, ganha um ar de festa. Faceira, ela se enfeita e se prepara para receber os grupos folclóricos do Brasil inteiro que ainda resistem e se reproduzem no asfalto da cidade e na poeira do sertão.
Eles chegam aos poucos, são recebidos nas praças, nas escolas, pelas autoridades e famílias olimpienses.
São grupos de moçambiques, congadas, batuques, fandangos, reisados. Chegam cansados, mas nos alojamentos não perdem tempo. Ensaiam músicas e danças que um dia fizeram parte do repertório das festas dos seus antepassados, depois se exibem pela cidade, cada qual aguardando a sua vez de subir no palanque armado do Ginásio de Esportes, Vera Maria Toledo, do centro Comunitário. É uma manifestação popular em sua totalidade. Com bailados, danças, ritos, recreação, tradicionais brincadeiras infantis e bailes típicos.
Hoje, ostenta com orgulho o cognome de Capital do Folclore, adotado oficialmente em 18 de abril de 1977, depois que Ático Vilas Boas da Mota, uns dos maiores incentivadores do folclore nacional, sugeriu a um deputado federal que levasse à Brasília o pedido de que Olímpia fosse consagrada no país como a Capital do Folclore. Dele também partiu a sugestão de se adotar o nome de Folclorística para os estudos relacionados com o folclore enquanto ciência.
Se Olímpia conseguiu, ao longo destes 20 anos, ser conhecida e respeitada como a Capital do Folclore, foi graças a persistência de José Sant'anna que mobilizou na cidade, e em torno dela, no estado e no país, todo um interesse e um redespertar para as nossas coisas. José Sant'anna é conhecido na cidade inteira e por todos os grupos que chegam. Carinhosamente ele é chamado de professor Santana e seu nome faz parte das toadas dos festeiros e das rezas das benzedeiras. Sem ele, a impressão é que não existiria o festival de Olímpia. É como se ele fosse o capitão dos capitães dos congadeiros, o mestre dos mestres das folias de reis.
O professor se confessa um apaixonado pela cultura popular e, por esse motivo, dedicou sua vida inteira ao folclore. Suas heranças (do pai e da mãe) e uma chacára foram aplicadas para sustentar o festival desde 1965, ano em que, depois de estudar e pesquisar metodicamente o assunto, resolveu levar as manifestações para a rua. Na época, foi taxado de louco, débil, irresponsável, principalmente de ter apresentado o grupo de moçambique que as pessoas confundiram com umbanda e baixo-espiritismo nas ruas. Hoje, esses grupos não só foram assimilados pela população como também o trabalho de José Sant'anna prosseguiu através dos professores de Olímpia que resolveram aproveitar nas escolas o autêntico folclore, mas de uma maneira sofisticada e artística. Nascia assim o parafolclore - o aproveitamento do folclore na educação, na arte e na cultura.
"Além disso, se nós abandonarmos a cultura dessa gente (os grupos são formados por pessoas pobres), ela tende a desaparecer principalmente no que tange aos folguedos".
Os festivais de Olímpia têm uma função didática, de aguçar nas crianças e adultos a inteligência para perceberem o universo amplo do folclore. É o Brasil tradicional.
Enquanto na vitrola a música de Tonico, Bibi e Milton José continua tocando, no palco, o prefeito abre o primeiro dia de festa ao entregar a chave da cidade ao patrono do festival, o curupira. De acordo com a lenda, o curupira é um menino de cabelos avermelhados, corpo peludo, dentes verdes e pés virados para trás. Ele é o protetor das florestas, matas e bosques, por isso foi escolhido para proteger Olímpia durante as comemorações do folclore.
A parte mais emocionante de toda a festa é quando uma saraivada toma conta da praça. São os bacamarteiros, conjunto de homens portando armas rudimentares chamadas bacamartes. Os tiros de festejos acontecem sempre em manifestações populares e a munição é de pólvora caseira, doméstica, tirada de uma árvore nordestina chamada umbaúba. O carvão leve é misturado com nitrato de potássio, limão e cachaça. Tudo é pisado no pilão por várias horas. Depois, o resultado é colocado em cabaças e prontos para serem usados. O Batalhão de Bacamartes de Carmópolis, Sergipe, foi fundado por volta de 1780, na época do cativeiro, onde negros e brancos formaram este folguedo para se divertirem.
Eles chegam aos poucos, são recebidos nas praças, nas escolas, pelas autoridades e famílias olimpienses.
São grupos de moçambiques, congadas, batuques, fandangos, reisados. Chegam cansados, mas nos alojamentos não perdem tempo. Ensaiam músicas e danças que um dia fizeram parte do repertório das festas dos seus antepassados, depois se exibem pela cidade, cada qual aguardando a sua vez de subir no palanque armado do Ginásio de Esportes, Vera Maria Toledo, do centro Comunitário. É uma manifestação popular em sua totalidade. Com bailados, danças, ritos, recreação, tradicionais brincadeiras infantis e bailes típicos.
Hoje, ostenta com orgulho o cognome de Capital do Folclore, adotado oficialmente em 18 de abril de 1977, depois que Ático Vilas Boas da Mota, uns dos maiores incentivadores do folclore nacional, sugeriu a um deputado federal que levasse à Brasília o pedido de que Olímpia fosse consagrada no país como a Capital do Folclore. Dele também partiu a sugestão de se adotar o nome de Folclorística para os estudos relacionados com o folclore enquanto ciência.
Se Olímpia conseguiu, ao longo destes 20 anos, ser conhecida e respeitada como a Capital do Folclore, foi graças a persistência de José Sant'anna que mobilizou na cidade, e em torno dela, no estado e no país, todo um interesse e um redespertar para as nossas coisas. José Sant'anna é conhecido na cidade inteira e por todos os grupos que chegam. Carinhosamente ele é chamado de professor Santana e seu nome faz parte das toadas dos festeiros e das rezas das benzedeiras. Sem ele, a impressão é que não existiria o festival de Olímpia. É como se ele fosse o capitão dos capitães dos congadeiros, o mestre dos mestres das folias de reis.
O professor se confessa um apaixonado pela cultura popular e, por esse motivo, dedicou sua vida inteira ao folclore. Suas heranças (do pai e da mãe) e uma chacára foram aplicadas para sustentar o festival desde 1965, ano em que, depois de estudar e pesquisar metodicamente o assunto, resolveu levar as manifestações para a rua. Na época, foi taxado de louco, débil, irresponsável, principalmente de ter apresentado o grupo de moçambique que as pessoas confundiram com umbanda e baixo-espiritismo nas ruas. Hoje, esses grupos não só foram assimilados pela população como também o trabalho de José Sant'anna prosseguiu através dos professores de Olímpia que resolveram aproveitar nas escolas o autêntico folclore, mas de uma maneira sofisticada e artística. Nascia assim o parafolclore - o aproveitamento do folclore na educação, na arte e na cultura.
"Além disso, se nós abandonarmos a cultura dessa gente (os grupos são formados por pessoas pobres), ela tende a desaparecer principalmente no que tange aos folguedos".
Os festivais de Olímpia têm uma função didática, de aguçar nas crianças e adultos a inteligência para perceberem o universo amplo do folclore. É o Brasil tradicional.
Enquanto na vitrola a música de Tonico, Bibi e Milton José continua tocando, no palco, o prefeito abre o primeiro dia de festa ao entregar a chave da cidade ao patrono do festival, o curupira. De acordo com a lenda, o curupira é um menino de cabelos avermelhados, corpo peludo, dentes verdes e pés virados para trás. Ele é o protetor das florestas, matas e bosques, por isso foi escolhido para proteger Olímpia durante as comemorações do folclore.
A parte mais emocionante de toda a festa é quando uma saraivada toma conta da praça. São os bacamarteiros, conjunto de homens portando armas rudimentares chamadas bacamartes. Os tiros de festejos acontecem sempre em manifestações populares e a munição é de pólvora caseira, doméstica, tirada de uma árvore nordestina chamada umbaúba. O carvão leve é misturado com nitrato de potássio, limão e cachaça. Tudo é pisado no pilão por várias horas. Depois, o resultado é colocado em cabaças e prontos para serem usados. O Batalhão de Bacamartes de Carmópolis, Sergipe, foi fundado por volta de 1780, na época do cativeiro, onde negros e brancos formaram este folguedo para se divertirem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário