segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Assombrações e lendas




A Perna Cabeluda

Essa história da Perna Cabeluda foi criada, no início da década de 1970, por jornalistas do Diário de Pernambuco e do Diário da Noite, este último o vespertino (hoje extinto) do Jornal do Commercio. Em resumo, é mais ou menos o seguinte:



Certo dia, a polícia encontrou, boiando no Rio Capibaribe, no Recife, uma perna humana, provavelmente de um homem, visto que era bastante peluda. Os jornais noticiaram o achado macabro, em suas páginas policiais.



Como à época os jornais viviam sob a censura política dos governos militares e muitas informações não podiam ser veiculadas, esse tipo de notícias tinha razoável destaque. E foi assim com a tal perna. Só que, nos dias seguintes, a polícia nada mais encontrou, nenhum corpo mutilado ao qual a perna pertenceria. Tudo ficou apenas na dita perna.


Para não perder o assunto, os jornais começaram a inventar versões para a perna. A princípio, eram versões normais, sobre essa ou aquela possível origem da perna cabeluda. Depois, vieram as fantasias, entre as quais a versão de que a perna era mal-assombrada e corria atrás das pessoas pelas ruas do Recife.


Pronto, a partir daí, todo dia os jornais publicavam estórias sobre a Perna Cabeluda. "Notícias" dando conta que uma perna cabeluda estaria assustando os moradores desse e daquele bairro; que uma perna cabeluda correu atrás de uma moça na Av. Conde da Boa Vista etc. e tal.


Foram vários meses com esse tipo de "notícias" e muita gente do povo entrou na onda, pois os jornais traziam depoimentos de populares afirmando que viram a dita perna e tal. Numa ocasião, a perna cabeluda aparecia numa gafieira, assustando as pessoas que se divertiam; noutro instante, a perna passeava pelo centro da cidade.


Bem, depois que os jornalistas desistiram da "brincadeira", a história da misteriosa perna ficou na boca do povo. E hoje existem até folhetos de cordel sobre o tema. Chico Science também já citou a perna cabeluda numa música e por aí vai. Cada versão aumenta ainda mais a fantasia em torno da estória.


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