sexta-feira, 31 de julho de 2009

Luiz Gonzaga - Biografia


Maior responsável pela divulgação da música nordestina no resto do Brasil, Luiz Gonzaga nasceu na Fazenda Caiçara, em Exu (PE). Filho de um lavrador e sanfoneiro, desde criança se interessou pela sanfona de oito baixos do pai, a quem ajudava tocando zabumba e cantando em festas religiosas e forrós. Saiu de casa em 1930 para servir o exército como voluntário.

Viajou pelo Brasil como corneteiro, tendo baixa em 1939. Resolveu ficar no Rio de Janeiro, com uma sanfona recém-comprada. Passa então a se apresentar em ruas, bares e mangues, tocando boleros, valsas, canções, tangos. Por essa época percebe a carência que os migrantes nordestinos têm de ouvir sua própria música, e passa a tocar, com grande sucesso, xaxados, baiões, chamegos e cocos. Foi no programa de calouros de Ary Barroso e tocou seu chamego "Vira e Mexe", com grande aprovação do público e do temível apresentador, que lhe deu nota máxima.

Alguns sucessos

Asa Branca
Aproveita Gente (com Sivuca e Oswaldinho)
Boiadeiro
Respeita Januário (com Fágner)
Sete Meninas (com Dominguinhos)
Sanfoninha Choradeira (com Elba Ramalho)
Juazeiro (com Zé Ramalho)
A Morte do Vaqueiro
Riacho do Navio
Pouporri

Depois de descobrir esse filão no mercado, Gonzagão começa a freqüentar programas de rádio - substituindo inclusive seu ídolo Antenógenes Silva - e a gravar discos, sempre com repertório de músicas nordestinas. Mais tarde passa a cantar também, e não apenas tocar sua sanfona, além de mostrar seu talento como compositor. Em 1943 apresenta-se vestido a caráter como nordestino, com bastante êxito.

Discografia

Seu maior sucesso, "Asa Branca" (com Humberto Teixeira), foi gravado em 1947 e regravado inúmeras vezes por diversos artistas até hoje. Trabalhou na Rádio Nacional e até cerca de 1954 teve seu auge de popularidade, um sucesso avassalador que lançou a moda do baião e do acordeom, além de obrigar todas as prensas de sua gravadora, a RCA, a trabalhar para atender aos pedidos de seus discos.

Veja o museu Luiz Gonzaga

Depois disso, com a ascensão da bossa nova, se afastou um pouco dos palcos dos grandes centros e passou a se apresentar em cidades do interior, onde sempre continuou extremamente popular. Nos anos 70 e 80 foi voltando à cena, em muito graças às releituras de sua obra feitas por artistas como Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Gilberto Gil, seu filho Gonzaguinha e Milton Nascimento.

Algumas de suas músicas mais conhecidas são as parcerias com Zé Dantas:

"Vozes da Seca", "Algodão", "A Dança da Moda", "ABC do Sertão", "Derramaro o Gai", "A Letra I", "Imbalança", "A Volta da Asa Branca", "Cintura Fina", "O Xote das Meninas"; ou com Humberto Teixeira: "Juazeiro", "Paraíba", "Mangaratiba", "Baião de Dois", "No Meu Pé de Serra", "Assum Preto", "Légua Tirana", "Qui Nem Jiló". Outras parcerias que tiveram êxito foram "Tá Bom Demais" (com Onildo de Almeida), Danado de Bom" (com João Silva), "Dezessete e Setecentos" e "Cortando o Pano" (ambas com Miguel Lima). Com o paraibano Zé Marcolino, gravou mais de 20 canções: "Sala de Reboco", "Cacimba Nova", "Serrote Agudo", "Eu quero Chá", "Cantiga de Vem Vem", "Boca de Caiera", "Nordestino Lutador", entre outras.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

sábado, 18 de julho de 2009

O Cordel está em todo o Brasil




No Brasil, o cordel aparece como sinônimo de poesia popular em verso. As histórias de batalhas, amores, sofrimentos, crimes, fatos políticos e sociais do país e do mundo, as famosas disputas entre cantadores, fazem parte do conjunto de narrativas em verso conhecido por Literatura de cordel.

Como toda produção cultural, o cordel vive períodos de fartura e escassez. Hoje existem poetas populares espalhados por todo o país, vivendo em diferentes situações, compartilhando experiências distintas, mas, no final do século XIX e início do século XX, o cordel fazia parte da vida de nordestinos que viviam no campo, dependendo da agricultura ou ainda nas cidades, com seus pequenos comércios.

A virada do século XIX no Brasil foi marcada por mudanças que afetaram sobretudo os trabalhadores que viviam no campo, em condições de dependência e favor. A crise que atravessava os vários setores da economia tornou visível a situação de exclusão das camadas mais pobres da população. Mudavam as relações de trabalho e os homens pobres e livres buscavam nas cidades novas possibilidades de subsistência.

Os primeiros escritores de folhetos que saíram do campo em direção as cidades levavam consigo a esperança por melhores dias e as lembranças de contos e histórias de príncipes e princesas, reinos distantes, homens valentes e mocinhas indefesas, além das canções dos violeiros e repentistas que viajavam pelas fazendas animando festas e desafiando outros cantadores. Já nas cidades, começam transpor para o papel todo este universo de experiências. Além dos contos e cantorias de viola, estavam guardados na memória o som dos maracatus, dos reisados, do coco, da embolada. É essa cultura, influenciada pelos ritmos afro-brasileiros, pela mistura entre rituais sagrados e profanos, que faz do cordel uma produção cultural distinta das outras. A mistura de vozes e ritmos da cultura transforma-se em música nos folhetos.

O folheto vai para as ruas e praças e é vendido por homens que ora declamam os versos, ora cantam em toadas semelhantes às tocadas pelos repentistas. São nordestinos pobres e semi-alfabetizados que entram no mundo da escrita, das tipografias, da transmissão escrita e não apenas oral.

A poesia popular, antes restrita ao universo familiar e a grupos sociais colocados à margem da sociedade (moradores pobres de vilas e fazendas, ex-escravos, pequenos comerciantes, etc.), ultrapassa fronteiras, ocupa espaços outrora reservados aos escritores e homens de letras do país.

Bibliografia:
-PINHEIRO, Hélder; LÚCIO, Ana Cristina Marinho. Cordel na sala de aula. São Paulo:Duas Cidades,2001

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cordel: A mulher que vendeu o marido por R$ 1,99



Autor: Janduhi Dantas

contato: jdantasn@yahoo.com.br

Hoje em dia, meus amigos

os direitos são iguais

tudo o que faz o marmanjo

hoje a mulher também faz

se o homem se abestalhar

a mulher bota pra trás.



Entretanto ainda existe

caso de exploração

o salário da mulher

é de chamar atenção

bem menor que o do homem

fazendo a mesma função.



Também tem cabra safado

que não muda o pensamento

que não respeita a mulher

que não honra o casamento

que a vida de pleibói

não esquece um só momento.



Era assim que Damião

(o ex-marido de Côca)

queria viver: na cana

sem tirar copo da boca

enquanto sua mulher

em casa feito uma louca...



... cuidando de três meninos

lavando roupa e varrendo

feito uma negra-de-ferro

de fome o corpo tremendo

e o marido cachaceiro

pelos botequins bebendo.



Mas diz o velho ditado

que todo mal tem seu fim

e o fim do mal de Côca

um dia chegou enfim

foi quando Côca de estalo

pegou a pensar assim:



"Nessa vida que eu levo

eu não tô vendo futuro

eu me sinto navegando

em mar revolto e escuro

vou remar no meu barquinho

atrás de porto seguro."



"Na próxima raiva que eu tenha

desse meu marido ruim

qualquer mal que me fizer

tomarei como estopim

e a triste casamento

eu vou decidir dar fim."



De manhã Côca acordou

com a braguilha pra trás

deu cinco murros na mesa

e gritou: "Ô Satanás

eu vou te vender na feira

vou já fazer um cartaz!



Pegou uma cartolina

que ela havia escondido

escreveu nervosamente

com a raiva do bandido:

"Por um e noventa e nove

estou vendendo o marido".



Pegou o marido bêbado

de jeito, pela abertura

da direção do mercado

ela saiu à procura

de vender o seu marido

ia com muita secura!



Ficou na feira de Patos

no mais horrendo lugar

(na conhecida U.T.I.)

e começou a gritar:

"Tô vendendo o meu marido

quem de vocês quer comprar?"



Umas bêbadas que estavam

estiradas pelo chão

despertaram com os gritos

e uma do cabelão

perguntou a Dona Côca:

"Qual o preço do gatão?"



"É um e noventa e nove

não está vendo o cartaz?"

Dona Côca respondeu

e a bêbada disse: "O rapaz

tem uma cara simpática

acho até que vale mais".



* Estas estrofes são recortes do cordel, para ler o texto na íntegra, entre em contato com o autor.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Pinto do Monteiro

"esta palavra saudade
conheço desde criança
saudade de amor ausente
não é saudade, é lembrança
saudade só é saudade
quando morre a esperança".

Pinto do Monteiro.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Pinto do Monteiro por ele mesmo



Pinto de Monteiro


No dia 11 de abril de 1983, às quatro da tarde, na casa do poeta, em Sertânia, Pinto do Monteiro gravou entrevista — ainda inédita — concedida a Djair de Almeida Freire, acompanhado do cantador Gato Velho.

Eis os principais trechos, transcritos e editados por Maria Alice Amorim:

"Severino Lourenço da Silva Pinto Monteiro, nasci em 1895, a 21 de novembro, a uma da madrugada, assim dizia a velha minha mãe. Batizei-me a hum de janeiro de 1896, pelo Pe. Manuel Ramos, na vila de Monteiro. Nasci na rua, mas morava em Carnaubinha. Com sete anos de idade, em 1903, fui para a fazenda Feijão. Saí de lá em 1916, 30 de junho. Meus avós eram da Itália, quando chegaram por aqui se misturaram com sangue de português. Esse Monteiro é parente dos Brito, eu sou parente dos Brito.

Com Antônio Marinho, eu nunca viajei para canto nenhum. Fiz várias cantorias com ele. Quando eu andava por aqui, cantava com ele. Quando eu morava em Vitória de Santo Antão, ele mudou-se para Caruaru. Eu vim, cantei com ele, levei ele a Vitória. Passou uma semana comigo. Lá, ele não andou mais. Levei ele uma vez ao Recife. Não cantou, adoeceu. Eu cantei muito foi com João da Catingueira, sobrinho de Inácio. Sete anos sem cantar com outro. Com Lino, fiz poucas viagens. Com Joaquim Vitorino, eu viajei mais, mais, e foi muito. Fui para Alagoas, Pernambuco, Recife, Piancó. Cantei com Zé Gustavo, no Arruda. Assis Tenório, eu viajei coisinha pouca, somente aqui, em Afogados. Cantei com ele em Pesqueira, Garanhuns, Caetés. Zé Limeira, eu cantei muitas vezes com ele.

Zé Pretinho, só ouvi falar por aquela história naquele folheto do cego Aderaldo, nunca conheci, acho que não existiu. Cantei com Zé Pretinho, de Caruaru, que era da Serra Velha. Com João Fabrício, que era também da Serra Velha. Com Aristo, também cantei mais ele muitas vezes. Com Laranjinha, muitas vezes. Zé Agostinho, barbeiro, cantei várias vezes. Agostinho Cajá, cantei mais ele muito, viajei mais ele. Cantei mais no Recife. Muito no Derby, no Savoy, na Câmara de Vereadores. Mnorei no Arruda trinta anos, rua das Moças.

Eu sou com Lourival como o gato com o rato. Cantei com ele no dia 5 de fevereiro (1983 — a cantoria mais recente à época), em Monteiro. Tinha Job, Zezé Lulu, João da Piaba, Zequinha, Zé Palmeira, Edésio Vicente, Zé Jabitacá. Tinha somente os de Monteiro e os de São José do Egito. Tinha Zé de Cazuza Nunes, que é grande poeta. Tinha Manuel Filó. Tinha João Furiba, Zé Galdino. Numa noite chuvosa, tinha mais de trezentas pessoas no clube.

Em certo lugar, chamado Boi Velho, chegou Manoel Filó — grande poeta, porém não usava a poesia —, deu um mote a mim e ao que estava cantando comigo: "O carão que cantava em meu baixio / teve medo da seca e foi embora". Cantei:

Se em janeiro não houver trovoada / fevereiro não tem sinal de chuva / não se vê a mudança da saúva / carregando a família da morada / só se ouve do povo é a zuada / pai e mãe, noivo e noiva, genro e nora / homem treme com fome, o filho chora / se arruma e vão tudo para o Rio / O carão que cantava em meu baixio / teve medo da seca e foi embora".

terça-feira, 7 de julho de 2009

Parte III

Mais fotos do evento realizado na Sala do Conselho de Cultura em Jaboatão Velho





sexta-feira, 3 de julho de 2009

Mais um pouco da festa (II Parte)

Fotos da festa que aconteceu na Sala do Conselho de Cultura em Jaboatão velho






quarta-feira, 1 de julho de 2009

SALA DO CONSELHO DE CULTURA

Cobra Cordelista participou da inauguração da SALA DO CONSELHO DE CULTURA, em Jaboatão velho, vários grupos culturais estavam presente, veja fotos do evento.



O vice prefeito Edir Peres também compareceu