quarta-feira, 14 de julho de 2010

Rogaciano Leite


Rogaciano Bezerra Leite (São José do Egito, sítio Cacimba Nova- Atualmente, município de Itapetim-PE 1 de julho de 1920 — Rio de Janeiro, 7 de outubro de 1969) foi um poeta brasileiro.

Filho dos agricultores Manoel Francisco Bezerra e de Maria Rita Serqueira Leite, iniciou a carreira de poeta-violeiro aos 15 anos de idade, quando desafiou, na cidade paraibana de Patos, o cantador Amaro Bernadino.

Em seguida, Rogaciano Leite foi para o Rio Grande do Norte, onde conheceu e iniciou amizade com o renomado poeta recifense Manuel Bandeira. Aos 23 anos de idade mudou-se para Caruaru, no agreste pernambucano, onde apresentou um programa diário de rádio. De Caruaru, seguiu para Fortaleza, onde tornou-se bancário.

Entre 1950 e 1955, Rogaciano residiu nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. No Rio casou-se com Maria José Ramos Cavalcante, com quem teve os filhos Rogaciano Filho, Anita Garibaldi, Roberto Lincoln, Helena Roraima, Rosana Cristina e Ricardo Wagner.

Em 1968 deixou o Brasil para uma temporada na França e outros países da Europa. Na Rússia deixou gravado, em monumento na Praça de Moscou, o poema Os Trabalhadores.

Alguns dos poemas mais conhecidos de Rogaciano Leite são Acorda Castro Alves, Dois de Dezembro, Poemas escolhidos, Carne e Alma, Os Trabalhadores e "Eulália. Rogaciano faleceu, de enfarte do miocárdio, no Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro. O corpo do poeta está sepultado no cemitério São João Batista, em Fortaleza, Ceará.

Rogaciano Leite foi, ainda, jornalista e era formado em Direito e Letras.

Em dezembro de 2007 foi lançado em Pernambuco na cidade de Itapetim pela jornalista Tacianna Lopes o documentário "Reminiscência em Prosa e Versos",o vídeo conta um pouco da história de Rogaciano Leite. Um trabalho inédito, um curta-metragem de aproximadamente 23 minutos e que conta com a participação de familiares, admiradores e amigos contemporâneo do Poeta, entre eles está o escritor Ariano Suassuna, que junto com Rogaciano na década de 40 foi responsável pela realização do I Congresso de Cantadores Repentistas do Brasil.


Uma das estrofes mais repetidas no universo da poesia popular foi escrita por Rogaciano Leite, em Setembro de 1950.


"Senhores críticos, basta!
Deixai-me passar sem pejo,
Que o trovador sertanejo
Vai seu pinho dedilhar...
Eu sou da terra onde as almas
São todas de cantadores
-Sou do Pajeú das Flores
Tenho razão de cantar!

Essa estrofe inicia o poema "Aos Críticos"(no total são 16 estrofes), escrito quando o poeta estava no Rio de Janeiro e publicado no livro "Carne e Alma". Há uma controvérsia em relação a sua terra natal. Particularmente não compartilho desta discussão. Se ele é pernambucano de Itapetim ou de São José do Egito, tanto faz. Mas a verdade é que ele nasceu em junho de 1920 no Sítio Cacimba Nova, nas Umburanas, hoje pertencente a Itapetim, mas quando ele nasceu pertencia a São José do Egito, então pela obviedade em seu registro ele é egipsiense. Morreu no dia 7 de outubro de 1969 no Rio, seu corpo foi levado ao Ceará, onde foi enterrado em Fortaleza cidade em que viveu. Com uma inquieta crítica às diferenças sociais Rogaciano deu voz ao grito do povo, ao escrever "Aos trabalhadores", em 1943. Um trecho:

"Trabalhar! Que o trabalho é sacrifício santo,
Estaleiro de amor que as almas purifica!
Onde o pólen fecunda, o pão se multiplica
E em flores se transforma a lágrima do pranto!

Mas não vale o trabalho andar a passo largo
Quando a estrada é forrada de injustiça e crimes
Porque em vez de dar frutos dúlcidos, sublimes,
Gera bargos mortais e de sabor amargo!"

Em sua viagem a Europa na década de 60 deixou fincado um pouco do seu talento em um monumento na Rússia, o poema acima "Aos trabalhadores", na praça de Moscou.O escritor baiano Jorge Amado, ao ver uma apresentação do poeta disse:"Versos que seriam dignos da pena de Castro Alves!".E era como Rogaciano era comparado, inclusive pelo porte físico e pelas madeixas negras.De cantador de viola a jornalista premiado, recebeu o prêmio Esso pela reportagem "Amazônia".


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