quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Quem é Ana das Carrancas?




Ceramista, Ana Leopoldina Santos Silva, a Ana das Carrancas, nasceu em 1923, em Santa Filomena, que à época era distrito de Ouricuri. Começou a trabalhar aos sete anos de idade, ajudando a mãe a fazer potes e panelas de barro para vender na feira.

Em 1932, passou a morar em Petrolina e continuou o fabrico de cerâmica utilitária por mais de 20 anos. Quando a mãe deixou o barro, por problemas de saúde, e o padrasto (que era cego) morreu, a jovem Ana passou a sustentar a família com o seu duro trabalho.

O barro para o fabrico das panelas e potes era extraído de um terreno próximo ao galpão onde ela trabalhava. Mas, com o crescimento da cidade, a matéria-prima começou a escassear e ela teve que percorrer as margens do rio São Francisco à procura de barro.

E foi dessas andanças que surgiu a sua arte: toda vez que chegava ao rio, Ana via as carrancas (de madeira) multicoloridas nas proas das barcaças. Um dia, resolveu fazê-las de barro "para ver no que dava".

Fazia o barco completo, com toldo, leme e, na proa, a ameaçadora carranca. O trabalho teve aceitação e, logo, Ana das Carrancas virou nome famoso. Depois, deixou de fazer as barcaças, passando a esculpir apenas a carranca, peças de tamanhos variados, vendidas principalmente a turistas, proprietários de hotéis e colecionadores.

Com a fama, veio a oportunidade de participar de feiras em vários estados brasileiros e suas peças já chegaram a vários países da Europa. Suas peças têm olhos vazados, forma que ela encontrou para homenagear o marido, José Vicente de Barros, cego de nascimento, que sempre participou do trabalho fazendo os bolos de barro para a produção das peças.


Uma de suas filhas, Ângela Lima, nascida em 1979, segue a carreira de ceramista. Foi Ana das Carrancas quem primeiro usou o barro como matéria-prima para a produção das carrancas que tradicionalmente são feitas em madeira. Morreu dia 01 de outubro de 2008.

De Roseane Albuquerque

Núcleo SJCC/Petrolina

Morreu na manhã desta quarta-feira (01.10.2008), em Petrolina, Sertão do Estado, a artesã Ana Leopoldina dos Santos, 85, mais conhecida como Ana das Carrancas. A "dama do barro", como era carinhosamente chamada pelos petrolinenses, estava com a saúde fragilizada desde 2004, quando sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Ela estava internada em um hospital particular da cidade. De acordo com as primeiras informações de familiares, o velório será na Câmara de Vereadores de Petrolina e o sepultamento deve acontecer na manhã desta quinta-feira.

"Nós recebemos a notícia com muito pesar. É como uma casa que desaba. Minha mãe foi uma grande professora da vida, pela humildade e força que teve. Lembro que quando chegamos em Brasília, onde ela foi recebida pelo presidente Lula para ser homenageada com a mais alta comenda que um artista ganha no país, ela disse: 'olha só onde o barro me trouxe'. Era uma apaixonada pelo que fazia", comentou uma das filhas, Maria da Cruz Santos.

Natural de Ouricuri, Ana das Carrancas começou cedo, mais precisamente aos sete anos de idade, a confeccionar panelas, potes de brinquedo, santos de lapa, para ajudar a mãe nas despesas de casa. Uma das grandes características da artista era a carranca com os olhos vazados, uma homenagem ao segundo marido - José Vicente de Barros -, que é cego.

As obras de Ana das Carrancas eram bastante requisitadas em feiras e exposições país afora. Suas carrancas ganharam o mundo. Em Petrolina, em 2000, foi inaugurado o Centro de Artes Ana das Carrancas, no bairro da Cohab Massangano.

PE: morre aos 85 anos a artesã Ana das Carrancas

PETROLINA - A artesã Ana Leopoldina dos Santos, 85 anos, mais conhecida como Ana das Carrancas, morreu na manhã desta quarta. Ela morava em Petrolina, no sertão do Estado, e era conhecida como a "dama do barro". Ana Leopoldina dos Santos era a responsável pela criação das famosas carrancas de olhos vazados, bastante utilizadas na região do São Francisco. Segundo familiares, o velório deve ocorrer na Câmara de Vereadores de Petrolina.

Ana vinha com a saúde debilitada desde 2004, quando teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Nos últimos dias ela se encontrava internada em um hospital particular da cidade. Natural do município de Ouricuri, também no sertão, Ana Leopoldina era filha de artesã e de um agricultor.

O barro fez parte de sua vida desde a infância e, aos 7 anos de idade, a menina começou a utilizar o material, antes para brincadeira, agora para ajudar no orçamento doméstico. Panelas, potes, brinquedos, eram fabricados por Ana e vendidos na feira.

Mas foi nas carrancas que ela ganhou reconhecimento nacional. Já casada, Ana foi morar em Petrolina e, inspirada nas carrancas de madeira utilizadas pelos navios que cortavam o rio São Francisco como proteção contra "os maus espíritos", ela começou a produzir os mesmos personagens utilizando o barro. A carranca tem formas simples, primitivas e com um detalhe: os olhos são vazados, uma homenagem de Ana ao segundo marido, José Vicente, que é cego, e com quem estava casada até hoje.

O sucesso da produção fez com que as carrancas fossem requisitadas cada vez mais, inclusive para decoração de hotéis em Pernambuco e em todo o Brasil, o que obrigou a artesã a ampliar a produção. A fábrica passou então a contar com a participação de familiares de Ana que em pouco tempo seria carinhosamente chamada de Ana das Carrancas.

Nos últimos anos, a arte da pernambucana também era requisitada para feiras e exposições em outras partes do mundo, como a Europa. Em 2000, foi inaugurado o Centro de Artes Ana das Carrancas, no bairro da Cohab Massangano, na cidade de Petrolina.

na se encontrava com a saúde fragilizada desde 2004, quando sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ela estava internada em um hospital particular da cidade.
(© JB Online)
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Quem é Ana das Carrancas

Ana Leopoldina Santos, conhecida como Ana das Carrancas, filha de artesã e agricultor, nasceu em 1923, em Santa Filomena, distrito de Ouricuri, Pernambuco.

Na sua infância tinha o barro como atrativo para suas brincadeiras. Aos sete anos de idade começou a fazer panelas, potes, brinquedos, boi-zebus, cavalinhos e santos para a lapinha, para ajudar a sua mãe, que há muito tempo confeccionava utensílios de barro e vendia na feira, para garantir o sustento da família.

Ana casou-se aos 22 anos com um pedreiro, mas ficou viúva muito cedo. Desta união restaram duas filhas. Passando-se pouco mais de um ano, ela casou-se novamente com José Vicente de Barros, o seu atual marido.

Devido às dificuldades financeiras em que vivia, mudou-se para a cidade de Petrolina, em busca de melhoria de vida. Por ser devota de São Francisco das Chagas e Padre Cícero , pediu a esses Santos que lhes mostrassem uma forma de ganhar dinheiro.

No dia seguinte, foi até o rio São Francisco buscar barro para fazer panelas. Diante da imensidão das águas, sentiu uma forte inspiração, ao ver as carrancas de madeira multicoloridas das barcaças que aportavam às margens do rio São Francisco. Ainda no rio confeccionou sua primeira carranca de pequeno tamanho. Levou-a para casa, onde todos gostaram e aprovaram a idéia. Daí em diante, além dos potes, das panelas e jarras que já fazia, passou a confeccionar carrancas de barro em grande quantidade.

Diante da grande demanda tentou formar um grupo de mulheres ceramistas, mas não deu certo. Então, limitou-se a trabalhar apenas com a família, as irmãs, Maria José e Antonia dos Santos, as sobrinhas Maria dos Anjos e Dulcinéia, a filha Maria da Cruz, o marido José Vicente e a sua mãe e mestra Maria Leopoldina.

Segundo Ana das Carrancas o processo para a confecção das peças de barro é muito trabalhoso, indo desde a retirada do barro no leito do rio, a meio metro de profundidade, passando pelo cozimento, a curtição que dura três dias, o amassamento e por fim a modelagem. É um trabalho que exige muito amor e dedicação do artesão.

As obras de arte de Ana das Carrancas são peças de aspectos grosseiros, criadas no estilo próprio da artesã, com formas simples, primitivas e com um detalhe importante: possuem os olhos vazados, em homenagem ao marido, José Vicente, que é cego, e sempre participou ativamente de seus trabalhos, fazendo os bolos de barro para a confecção das peças.

A artista afirma que a produção de carrancas faz parte do seu mundo. É um trabalho que ela ama. Mas além de gostar de fazer essas figuras grosseiras, também possui habilidades para fazer peças delicadas, como algumas imagens de santos que já fez.

Em toda sua história de carranqueira teve oportunidade de participar de feiras e exposições em vários estados brasileiros, e suas peças são reconhecidas internacionalmente, principalmente na Europa.

Fonte: (© Fundaj)

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