Às vezes me surpreendo com minha cidade pela diversidade cultural nela encontrada. Por isto mesmo não me canso de percorrer os seus 252 km quadrados de extensão territorial, e de procurar conhecer seus 700.000 habitantes. Por se tratar de uma área de litoral e Região metropolitana, Jaboatão cresceu demais. È uma metrópole interessante, com belas construções modernas, mas que não perde o charme da ruralidade.
Nossa cidade é a boca de Pernambuco, é por onde se entra ou mesmo se sai em alguns casos. Sua população se formou de várias formas: Pelos negros que habitavam os engenhos na condição de escravos, agreste ou Sertão. Pelos seus filhos alforriados dos escravos, pelos senhores de engenho, pelos cortadores de cana e mais tarde pelos operários que vieram de diversas regiões de Pernambuco, da zona da mata norte, e da zona da mata sul, atraídos pela industrialização; ou seja, pelo crescimento do pólo industrial em Pernambuco nos anos de sessenta e setenta, ou ainda pela explosão de crescimento da construção civil.
Em todos estes momentos, estes homens fugiam da exploração através do seu trabalho. Na zona da mata norte e sul, ainda hoje estes homens trabalham sem registro de carteira e sem garantias de direitos. No sertão são vaqueiros e exercem ainda hoje atividades rurais, onde os seus direitos trabalhistas não são respeitados. Estes homens vieram para a região metropolitana na esperança de alcançar carteira assinada, direitos trabalhistas, e aposentaria ao final da vida, coisa tão merecida. Trouxeram consigo disposição para o trabalho e vontade de vencer, pois para quem tinha as mãos calejadas do corte da cana, a vida de operário era uma beleza. Oito horas de trabalho, para quem já acordou de madrugada, umas quatro da manhã, e empenhou uma foice cortando cana até onze horas, e depois amarrou os feixes da bendita até quatro da tarde, era moleza. Mas este homem trouxe consigo a sua cultura, a cultura de raiz e para não prolongar demais o assunto, vou falar de João de Comporta, nosso João veio de Carpina, mora a quarenta anos em Jaboatão, tem 67 anos e desde os quatorze anos de idade "brinca maracatu". Sua fantasia está avaliada em R$ 3.000,00 (três mil reais), sua lança, pesa algo em torno de cinco quilos, e cada fita ali colocada vendo o preço atual de mercado, lhe custou algo em torno de R$ 1.000,00(mil Reais). Uma apresentação de João de Comporta, custa R$ 200,00 (duzentos reais) e nestas apresentações, ele canta a poesia dos caboclos da zona rural. João de Comportas dança maracatu em Olinda, e me disse que para sair de casa, vestido para suas apresentações, tem que chamar um taxi, pois alguns garotos atiram pedras em sua fantasia, Alguns religiosos lhe chamam de representante do cão e lhe fazem apelos á sua conversão. E eu daqui vou rezando para que ele não se converta a este tipo de religião, pois será um mestre de cultura a menos, com compromisso de manter acesa a chama da nossa tradição, João não é nenhum demônio e sim um brincante da cultura nordestina. Eu vou continuar andando nos meus interstícios de trabalho, de maquininha fotográfica na mão, para mostra a vocês a nossa cultura popular, e enquanto vocês acessarem o nosso blog e divulgarem para outros vou mostrando nossa gente. Isto estimula a minha vontade de continuar fazendo esse trabalho.
Muito obrigado e um bom dia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário