segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Primeiro boneco gigante do Brasil surgiu no sertão


Ao contrário do que muita gente pensa, os bonecos gigantes que hoje representam uma das maiores atrações do carnaval pernambucano não "nasceram" em Olinda. A primeira vez que uma dessas figuras foi usada para animar um carnaval brasileiro aconteceu em Belém do São Francisco, cidade do sertão pernambucano, a 486 quilômetros do Recife.

O episódio ocorreu durante o carnaval de 1919 (em Olinda o primeiro boneco só apareceria em 1932), quando Belém realizava uma das mais animadas festas do interior. E essa primeira alegoria, batizada de Zé Pereira, era um boneco de quatro metros, sendo o corpo uma estrutura em madeira vestindo um macacão estampado e a cabeça confeccionada em papel machê. Ou seja, em tudo igual aos atuais bonecos.

No livro "Os Gigantes Foliões de Pernambuco", lançado em 1992, o pesquisador Olímpio Bonald Neto já se referia a esse pioneirismo de Belém do São Francisco. Agora, um outro livro tratando do mesmo tema (este em fase de elaboração) não só vem confirmar a origem como traz vários detalhes sobre o surgimento do primeiro boneco sertanejo.

Segundo a historiadora Tercina Bezerra (autora do livro sobre as manifestações culturais do município), o criador do primeiro boneco gigante de Belém foi um jovem chamado Gumercindo Pires de Carvalho. Rapaz festeiro, ele reuniu um grupo de amigos, pediu ajuda a uma tia que fabricava bonecos para presépios natalinos, confeccionou a alegoria e o grupo caiu no passo pelas ruas da cidade.




Antes do Zé Pereira gigante, os moradores de Belém do São Francisco tinham como única referência a esse tipo de bonecos os relatos do primeiro pároco da localidade, o belga Norberto Phalempin. É que, entre 1905 e 1928, o padre viveu a narrar as festas européias com procissões que usavam bonecos representando figuras bíblicas. De acordo com a historiadora, foi a partir daí que Gumercindo teve a idéia de usar um boneco no carnaval.

Em 1929, o mesmo grupo de foliões que iniciou a troça resolveu criar uma companheira para o Zé Pereira, surgindo então a boneca batizada de Vitalina. Os dois gigantes bonecos casaram-se e, desde então, constituem uma das atrações do carnaval de Belém do São Francisco, onde chegam, de barco, de uma fictícia viagem para abrir a festa na cidade.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Festa da Manga no Engenho São Bartolomeu

Um pouco do Dicionário de Matutês

A

Ababacado – Bobo, tolo, idiota
Abestado - Bobo, tolo, idiota.
Abilolado – Bobo, indivíduo ingênuo
Abiscoitado – Bobo, ingênuo
Abisuntado - Enganado, lesado.
Abufanar – Provocar; irritar; perturbar
Abusar – Perturbar, passar dos limites
Acabrunhado - Triste, desanimado
Acertar na veia - Fazer a coisa com exatidão; dar o tiro certo.
Acochado – Destemido, valente
Acunhar - Perseguir, chegar junto
Afanar – Roubar
Afolozado - Folgado
Aí dento – O mesmo que "vai te lascar", "Vai te foder"
Alcoviteira – Pessoa que faz intermediação ou apóia namoro proibido
Aloprado - Ousado
Alpercata - Sandália de couro cru
Aluado – Meio louco
Alvoroçado – Apressado, estabanado
Amancebado - Aquele que não é casado no papel
Amarrar-o-bode – Ficar de mau humor
Amasso – Agarrado entre duas pessoas enamoradas; sarro
Amojada – Prenhe, grávida
Amolegado - Coisa remexida, mole; pessoa frouxa.
Amostrado – Exibido
Amuado – Acuado; aborrecido
Amundiçado – Desprovido de bons modos; mal-educado
Ancho - Feliz, contente; metido
Aperriado – Aflito, irritado
Apoquentado – De cabeça quente; irritado
Aprochegar - Aproximar-se; se enturmar.
Arenga - Briga
Ariado – Sem rumo, desorientado
Aruá – Bobo, idiota
Arranca-rabo - Briga séria, confusão
Arregar – Pegar carona sem ser convidado; usufruir de algo sem pagar
Arremedar - Imitar, geralmente os pássaros.
Arretado – De boa qualidade, excelente
Arriado – Enamorado, apaixonado
Arrilique - Remédio eficaz, santo remédio
Arribar – Partir, fugir
Arrocha-o-nó - Ajir com firmeza
Arrombado - Em situação difícil, aruinado
Arrudiar - Dar a volta pelo lado de fora ("O moleque arrudiou o circo, procurando um buraco pra entrar")
Arupemba – Peneira
Assanhado – Atrevido; ousado
Assuntar - Refletir sobre algum assunto
Atanazar – Aperrear, deixar irritado ("Esse animal só vive me atanazando o juízo")
Atarantado – Cheio de obrigações, de tarefas a cumprir, superocupado
Avacalhar – Esculhambar; ironizar
Avexar – Apressar
Avia – Apressa, agiliza ("Avia logo com esse serviço, menino!")
Avuado – Desorientado
Azucrinar - Aborrecer, irritar alguém

B

Babão - Puxa-saco
Bafafá – Confusão, bagunça
Baitola - Bicha, homessexual masculino
Baixa-da-égua - Lugar muito distante
Balai-de-gato - 1. Situação confusa; 2. Coisa muito ruim.
Baleado – Ligeiramente embriagado
Bambo - Por acaso, por sorte (Não sabia o endereço, acertou no bambo)
Banana – Tolo, idiota
Barata-de-igreja - Beata
Barraco – Baixaria; situação vexatório; escândalo
Barroada – Choque, batida entre dois ou mais automóveis
Bascui – Sujeira, entulho
Bater-fofo - Falhar, não cumprir o prometido
Berrante - Revólver, arma de fogo
Berreiro - Gritaria
Beiço – Lábio
Bestice - Besteira
Bexiga – Coisa ruim; situação complicada
Bexiguento - Patife, cretino
Bicada – Dose de aguardente, dose de bebida alcoólica
Bicado - Embriagado
Bicha – Homossexual masculino
Bigu - Carona
Bila – Bola de gude
Bilola – Pênis
Bimba – Pênis
Bimbada – Trepada; ato sexual
Bip – Pessoa insistente; pessoa pegajosa; pessoa que fala muito
Biritado – Bêbado, embriagado
Biruta – Amalucado, louco
Bizu - Cola de prova; fraude em vestibular
Boca-de-siri - Pessoa que guarda segredo
Boca-quente - Pessoa influente, importante
Bodeado – Chateado; embriagado
Bode-moco - Pessoa com problema de audição
Boga - Cu, ânus
Boiola – Homossexual masculino
Boneca - Homossexual masculino
Borná – Saco ou bolsa, usado a tiracolo, por caçadores ou para transporte de ferramentas
Borocoxô - Desanimado, triste, cabisbaixo
Borrego – Filhote de cabra
Botar galha - Cornear, ser infiel
Brebote – Comida com baixo teor de nutrição
Bregueço - Objeto sem valor, despresível
Brenhas - Lugar longe e de difícil acesso
Bronha – Masturbação masculina (O menino estava batendo uma bronha no banheiro)
Broxar – Perder a potência sexual
Bruaca – Mulher feia
Buceta – Vagina, priquito
Bufar – 1. Peidar, dar peidos; 2. Gemer de raiva
Bujinganga – Conjunto de objetos variados, sem ou de pouco valor; miudezas
Bunda-nacasta – Cambalhota
Bundeira – Mulher que pratica sexo anal mas continua virgem (Ela ainda não tá perdida, é só bundeira)
Buruçu – Confusão

C

Cabaço – Hímen; virgindade (O safado tirou o cabaço da moça e não casou)
Cabra – Pessoa não identificada; pessoa má; trabalhador braçal
Cabra-cega – Brincadeira em que uma criança, de olhos vendados, tenta pegar outra
Cabreiro – Desconfiado; arredio
Cabrita – Menina-moça, moça sapeca
Cabroeira – Grupo de cabras, pessoas
Cabuetar - Denunciar
Cabuloso – Chato; desagradável (O sujeito é muito cabuloso)
Cabreiro - Desconfiado
Cacareca - Coisa velha, objeto sem valor
Cachete – Comprimido
Cafofa - No futebol, chute fraco, sem força
Cafundó – Lugar muito distante
Cagada – Coisa mal-feita; acerto por pura sorte, no bambo
Cagado – Sortudo, pessoa de sorte
Cagado-e-cuspido - Semelhante, muito parecido
Caixa-dos-peito - Tórax (O cabra levou um tiro bem na caixa-dos-peito)
Caixa-prego - Lugar muito distante
Califon - Sutiã, corpete
Calombo - Ematoma, galo, caroço
Calunga – Aquele que trabalha descarregando caminhão
Cambito – Perna fina (Ela não tem peito nem bunda e as pernas parecem mais dois cambitos)
Cambota - Pessoa de joelhos separados, que caminha de pernas abertas
Cancão - Posta de comida amassada com as mãos
Cangote – Pescoço
Canso - Cansado; Informação velha (Ele casou com ela porque quis, mas estava canso de saber que ela não prestava)
Cão chupando manga - Muito competente no que faz
Capiongo - Desanimado, triste, abatido
Carão - Repreensão (Fez mulcriação e levou um carão do pai)
Caritó – Estado da mulher que envelheceu e não conseguiu casar (Ela ficou no caritó)
Carne-de-cu - Coisa ou pessoa ruim (Aquilo é pior do que carne-de-cu)
Carne-mijada – Vagina
Carraspana - Bebedeira, cachaça
Catatau - Entulho, amontoado de objetos
Catinga – Mau-cheiro
Catingoso - Mul-cheiroso, fedorento
Catombo - Parte elevada de alguma superfície; ematoma
Catota - Secreção nasal, meleca
Catráia - Mulher sem compostura, vadia
Catrevage - Coisa velha, objetos sem valor
Cavalo batizado - Grosseiro, estúpido
Cavernosa - Pessoa ou coisa misteriosa
Chamar-na-grande - Advertir seriamente
Chapuletada - Pancada grande
Chei dos paus - Bêbado
Cheleléu - Puxa-saco, xaleira
Chililique - Desmaio
Chirimbamba - Mundiça, ralé
Chirre – Sopa rala, caldo sem consistência
Chocha-bunda - Feijão de corda
Chumbado - Meio embriagado
Chupitilha - Refresco
Cocorote - Cascudo
Coivara - Ajuntamento de galhos preparativo na queimada
Comunismo – Carestia (Os preços na feira hoje estavam um comunismo)
Confeito – Bom-bom, bala
Conversa-mole – Conversa vulgar; besteira
Conxambrança – Acordo entre duas ou mais pessoas, com objetivo de ação maldosa
Corta-jaca – Intermediário de namorados
Corpete - Sutiã
Cotoco – Pedaço muito pequeno de um objeto (O lápis está só no cotoco)
Couro-de-pica – Diz-se da pessoa ou situação que vai e volta freqüentemente sem nada resolver
Cromo - Calendário
Cu-de-boi – Confusão; caos
Cu-de-ferro – Diz-se da pessoa dedicada, estudiosa
Cunhão - Testículo
Curriola – Grupo de pessoas da baixa classe social
Custar os olhos da cara - De preço muito caro
Cuvico - Pequeno cômodo

D

Dar o grau - Caprichar num serviço
Dar o prego - Enguiçar, quebrar (o carro deu o prego na subida da ladeira)
Dar uma rabeada - Diz-se quando o carro derrapa, dar puxada brusca
Delicado – Homossexual masculino; homem afeminado
Derna – Desde
Derrubado – Feio; decrépito
Descabaçar – Desvirginar uma donzela
Desapiar – Desmontar do animal
Desenxavido – Desinibido
Desopilar - Descontrair
Desmilinguido – Magro; sem vigor
Despachada – Pessoa desinibida; pessoa folgada
Despautério – Desaforo
Despanaviado – Desajeitado; tonto
Desparafusar – Perder a razão; enlouquecer
Destrambelhado – Desajeitado
Desunerar – Engrolar; ficar mal cozido ou mal assado; comida fora do ponto
Difunço – Gripe, resfriado
Disgramado - Atrevido ou sujeito desgraçado
Dois gatos pingados - Platéia minúscula, pouca gente
Do tempo do ronca - Muito antigo, fora de moda, ultrapassado

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sertânia cidade de poetas



Lio de Souza e Tiago de Carnaíba dos Dantas

Lio de Souza e Tiago de Carnaíba dos Dantas e o poeta Gaudêncio

Renato de Sertânia




Casa da Cultura de Sertânia

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Papangu

Personagens indispensáveis no carnaval de Pernambuco, os papangus são hoje alegres foliões mascarados que circulam pelas ruas das cidades, dando um colorido especial à festa. Mas, nem sempre foi assim. Originalmente, os papangus eram figuras grosseiras e temidas que acompanhavam as procissões religiosas, tocando trombeta e dando chicotadas em quem atrapalhasse o cortejo.

Veja, aqui, o que alguns estudiosos da cultura popular dizem sobre esses famosos tipos:

Em artigo sobre as procissões religiosas em Pernambuco, publicado pela Revista de História Municipal, em junho de 1978, Renan Pimenta Filho assim descreve os papangus: ?Indivíduo que ia à frente da Procissão de Cinzas (realizada na quarta-feira de cinzas no Recife e em Olinda) encarregado de tocar corneta anunciando o cortejo. Ele vestia uma túnica de tecido escuro, tinha a cabeça e o rosto cobertos por um capuz branco com três buracos ? um na boca e dois nos olhos. Levava um chicote com o qual batia nos moleques que tentavam perturbar o desfile religioso. Atrás do papangu, vinham as várias alas da procissão?.

No Dicionário do Folclore Brasileiro, Luís da Câmara Cascudo informa que ?o termo papangu vem de uma espécie grosseira, assim apelidada, e que, à espécie de farricoco (NR. encapuzado que acompanhava as procissões de penitência tocando trombeta de vez em quando), tomava parte nas extintas procissões de cinzas, caminhando a sua frente, armado de um comprido relho (chicote de couro torcido), com que ia fustigando o pessoal que impedia a sua marcha?.

Figura temida, sobretudo pelas crianças, o papangu que puxava as procissões religiosas começou a ser questionado até que, em 1831, foi proibido, através das Posturas da Câmara Municipal do Recife: ?Ficam proibidos os farricocos e papangus, figura de morte e de tirano, nas procissões que a Igreja celebra no tempo da Quaresma?. Depois dessa proibição, o termo papangu passou a denominar tudo o que fosse agressivo, grosseiro. Em 1846, circulou no Recife um jornal político, de linha editorial panfletária, sob o título de ?O Papa-Angu?.

Atualmente, como todo bom folião sabe, os papangus são apenas alegres mascarados que enchem as ruas das cidades pernambucanas, nos dias de carnaval. O município de Bezerros, a 100 quilômetros do Recife, é a região do Estado que apresenta a maior concentração desse tipo de carnavalesco. Ali, segundo os moradores, os primeiros papangus de que se têm notícias surgiram na década de 1930. Eram os chamados ?papangus pobres?, que trajavam roupas velhas e máscaras rústicas confeccionadas com papel jornal e goma.

A partir dos anos 1960, os papangus de Bezerros ficaram mais numerosos, embora uns ainda usando fantasias pobres, mas outros já exibindo batas coloridas e máscaras bem trabalhadas. A partir da década de 1990, depois que a televisão começou mostrar aquela característica do carnaval da cidade, os papanguns bezerrenses passaram a usar máscaras sofisticadas, confeccionadas com todo tipo de material e desenhadas por artistas plásticos locais ou de outras regiões do Estado. A ?brincadeira? cresceu tanto que, hoje, a cidade é conhecida como a Terra dos Papangus.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Homem da Meia-Noite


Fundado em 1932, o clube carnavalesco de alegoria misto "O Homem da Meia-Noite" é uma das mais famosas agremiações de Olinda. Com o seu boneco gigante, sai às ruas a zero hora do sábado, abrindo o carnaval da cidade.

Atualmente, o bloco nada mais é que o gigantesco boneco e o estandarte, acompanhados por uma orquestra de frevos, arrastando uma multidão pelas históricas ladeiras olindenses. Mas, nem sempre foi assim. Já houve épocas em que o clube desfilava com carros alegóricos, enredo previamente definido e fantasias luxuosas.

De acordo com o autor do Livro "Olinda, Carnaval e Povo", o carnavalesco José Ataíde, mais conhecido por Zé de Marli, uma das maiores exibições de "O Homem da Meia-Noite" aconteceu no carnaval de 1945. Naquele ano, o clube levou às ruas quatro carros alegóricos, uma cavalariça com 40 cavaleiros e dezenas de participantes luxuosamente fantasiados. Entre as alegorias, uma representava as ruínas do antigo senado de Olinda e as outras compunham o enredo do desfile que se referia aos trabalhadores, ao trabalho.

"O Homem da Meia-Noite" surgiu como troça, categoria a qual pertenceu até 1936. Seus fundadores foram: Benedito Bernardino da Silva, Cosme José dos Santos, Sebastião Bernardino da Silva, Luciano Anacleto de Queiroz, Eliodora Pereira de Lira e Manuel dos Santos. O Clube tem sede própria, na Rua do Bonsucesso, e desde a sua fundação mantém a tradição de desfilar seguindo exatamente o mesmo percurso. O boneco gigante tem a aparência do seu construtor, Benedito Bernardino da Silva que também é autor do hino do clube cuja letra tem apenas quatro versos:

Lá vem o Homem da Meia-Noite
Vem pelas ruas a passear
A fantasia é verde e branca
Para brincar o carnaval.

O nome da troça, pelo menos de acordo com uma das versões mais populares, deve-se ao seguinte fato: todo dia, exatamente à meia-noite, um homem voltava para casa, na Rua do Bonsucesso, seguindo, a pé, o mesmo caminho. Depois de um certo tempo, essa rotina do homem foi descoberta e ele passou a ser aguardado, com ansiedade, pelas donzelas da rua que se plantavam atrás das janelas para, através das frestas, apreciar o bonitão. Esse episódio ganhou fama e, em seguida, surgiu o troça que, curiosamente, desfila seguindo o mesmo percurso desde a sua fundação.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Romaria em Itapetim em Homenagem Padre José Antônio de Maria Ibiapina Romaria em Itapetim em Homenagem Padre José Antônio de Maria Ibiapina

Publicado por Itapetim.net em 19 de fevereiro de 2011 | Categoria: Itapetim Notícias




A comunidade Paroquial de São Pedro, em Itapetim, na pessoa do pároco Padre Adhemar de Lucena, irmãs de caridade de São Vicente de Paula, conselho paroquial, comissão organizadora e o padre José Viana, honrosamente realizaram juntos com toda comunidade e visitantes, solenidades em memória ao servo de Deus – Padre José Antônio de Maria Ibiapina, neste 18 e 19 de fevereiro de 2011.

Sexta – feira (18) às 5:00 hs da manhã, a alvorada, proporcionou aos itapetinenses um bonito despertar. Ao meio dia na Igreja Matriz – o terço do Padre Ibiapina. A noite por volta das 20:00 Romeiros de outras paróquias foram calorosamente acolhidos pelos itapetinenses. As 21:40 a santa missa foi realizada pelos padres Luizinho, Jorge e José Viana. Ao término da santa missa, encerrou-se a programação deste primeiro dia de romaria com procissão por algumas ruas do centro da cidade, retornando a Matriz de São Pedro, onde concentrou-se o encerramento deste 1º dia de romaria com peça teatral encenando o trajeto dele em Itapetim e já acamado sendo levado pelos fieis.
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Neste sábado (19) a programação iniciou-se as 04 hs da manhã com ofício do padre Ibiapina, na Igreja Matriz de São Pedro. Logo após os romeiros seguiram à Santa Fé – Solânea – PB, onde as 16:00 hs haverá concelebração Eucarística no Santuário de Santa Fé – Solânea – PB.
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Paróquia de São Pedro (Padre Adhemar Lucena), irmãs da caridade de São Vicente de Paula, Conselho Paroquial, Pe. José Viana (ilustre conterrâneo), homens do Terço,Terço da Comunidade, Secretaria de Educação, Escolas Municipais, Escola Teresa Torres, Ordem Terceira de São Vicente Francisco, Voluntários da Caridade, Pastoral da Pessoa Idosa, Pastoral da Criança, Pastoral da Saúde, Pastoral Carcerária, EJC, JMV e RCC, enfim, a todos que harmoniosamente realizaram estas solenidades, nossos sinceros parabéns e agradecimentos em nome da comunidade itapetinense.



Bairro do Recife




Bairro que deu origem à cidade, o Recife Antigo surgiu em fins da primeira metade do século XVI. O ponto de origem da povoação foi um porto, construído para escoar pau-brasil e os produtos da atividade agro-açucareira de Olinda, então capital pernambucana. Instalado o porto, em seguida houve a necessidade de construir depósitos para armazenar as mercadorias, também foram erguidas casas para servir como residências dos trabalhadores portuários e, assim, nasceu a comunidade.

Inicialmente, o bairro era denominado "Arrecifes dos Navios" e se estendia, desordenadamente, por uma área de aproximadamente dez hectares, com a construção das casas não seguindo nenhum ordenamento: a abertura de ruas obedecia apenas à vontade dos que ali se fixavam. Só durante o domínio holandês, precisamente com a chegada do conde Maurício de Nassau a Pernambuco (1637), é que o bairro passou a ter algum planejamento. Nessa época, eram 15 ruas e uma praça.

Por conta da movimentação do porto, o povoado logo se tornaria bastante habitado. Em 1654, por exemplo, quando os holandeses deixaram Pernambuco, o hoje Bairro do Recife já contava com 300 prédios - entre ao quais a Casa da Câmara, a Igreja do Corpo Santo, a Cadeia e vários armazéns.

Em 1709, os comerciantes locais receberam autorização do Coroa portuguesa para instalar ali a Vila de Santo Antônio do Recife, o que só ocorreria dois anos mais tarde e depois de uma guerra civil com Olinda.

No local do antigo ancoradouro, em 1918 foi inaugurado o Porto do Recife (o maior e mais moderno do Nordeste, à época), o que deu grande impulso ao desenvolvimento econômico do bairro. Entre as décadas de 1950/70, o Recife Antigo viveu uma movimentada fase de reduto boêmio. No início da década de 1980, depois que o Porto de Suape (construído entre os municípios do Cabo e Ipojuca) começou a operar, deixando o Porto do Recife em plano secundário, o velho bairro entrou em decadência.

De grande centro comercial e importante ponto de embarque e desembarque de mercadorias para todo o Nordeste brasileiro, o Recife Antigo passou a abrigar apenas escritórios contábeis ou de representação e, sobretudo, os bordéis recifenses. Seus moradores mudaram de endereço e, com o tempo, o rico conjunto arquitetônico da área foi-se deteriorando. Só na década de 1990 é que tiveram início projetos de recuperação do casario do Recife Velho.

O bairro do Recife Antigo chegou a 2003 com vários prédios históricos restaurados, outros trechos do seu casario em recuperação e, pelo menos, três pólos de lazer consolidados. A população residente, se comparada à de outras épocas, era insignificante: apenas 700 moradores, dando ao bairro o título de segundo menos populoso da cidade. Mas, é para o velho Recife que não só a prefeitura, como também o governo estadual, estão carreando grandes programações turístico-culturais.

Segundo o Censo do IBGE, em 2000 o bairro do Recife tinha os seguintes dados:

População: 925 habitantes

Área: 467,8 hectares

Densidade: 1,98 hab./ha

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A companhia da poesia e o caixeiro viajante da Cultura


A companhia da poesia e o caixeiro viajante da Cultura


Esta turma tem percorrido a região metropolitana, o litoral, o sertão e o agreste de Pernambuco comigo, levando a cultura genuinamente Pernambucana, com a releitura de clássicos da poesia, trazendo a lembrança de poetas inesquecíveis, já falecidos como: Pinto do Monteiro, Job Patriota, Antônio Marinho, Rogaciano Leite, Louro do Pajeu, Antônio Pereira e tantos outros, ao lado da releitura de clássicos sertanejos cantados por Luiz Gonzaga, Catulo da paixão Cearense, Gordurinha, Jackson do Pandeiro e ainda letras de Humberto Teixeira, José Marcolino, Patativa do Assaré entre outros. Já estamos no brejo e no Sertão Paraibano e fico feliz, pois não é apenas o cachê o combustível que move esta rapaziada que nos acompanham, nestas regiões, todos eles são apaixonados pela cultura nordestina que esta em seu sangue, e estão aprendendo a amar o sertão que alguns não conheciam.

Nesta trajetória, alguns parceiros que agente fez pelo caminho, são extremamente importantes para o fortalecimento desta semente nova que esta sendo plantada no sertão, meu amigo Abelardo que nós chamamos de Garapa em Itapetim, no sertão do Pajeú, do blog WWW.itapetim.net, autor dos vídeos mais engraçados da internet , um matuto pra lá de sabido de um coração extremamente generoso, e que a esposa faz uma umbuzada de primeira e um bolinho de goma maravilhoso. Na foto da direita para esquerda Felipe de Dôra, meu amigo e zabumbeiro, o ator Del de Paulista, que interpreta em nossa companhia o brincante Matheus, Cobra Cordelista, Abelardo o Garapa, o violonista Vitor Aragão e por fim Fauzer Zaidan também violonistas, todos músicos de excelente qualidade artista e caráter firme, homens de minha extrema confiança musical e pessoal, meus amigos.

Contatos para shows e eventos (81) 8649.6768 9947.5072 cobracordelista@hotmail.com

A Peleja do Violeiro Magrilim no Teatro - Trechos da abertura e da peleja.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Fatos marcantes do mês de fevereiro Parte II



21 DE FEVEREIRO

· Dia de São Pedro Damião
· Aniversário da cidade de Timbaúba
· Barreto Júnior (José do Rego Barreto Júnior), ator, galã do primeiro filme rodado em Pernambuco (Retribuição, 1923), fundador do Teatro Marrocos, conhecido como O Rei da Chanchada – morte em 1983

22 DE FEVEREIRO

· Dia de Santa Leonor
· Aniversário da cidade de Calçado
· Suape – O navio Norma, da Petrobrás, é o primeiro a operar no Porto de Suape, em 1984
· Luiz Bandeira, compositor, autor de clássicos do carnaval como “Voltei, Recife” e “É de fazer chorar” (mais conhecida como “Quarta-feira ingrata”) – morte em 1998

23 DE FEVEREIRO

· Dia de São Policarpo
· Surdo-mudo, Dia do
· Bezerra da Silva, José – cantor e compositor – nascimento em 1927

24 DE FEVEREIRO

· Dia de São Sérgio
· Estação Ferroviária de Petrolina é inaugurada em 1923
· Escândalo da Mandioca: envolvidos no escândalo financeiro que ficou conhecido por esse nome são julgados pelo Tribunal Regional Federal da 5a Região, por peculato e corrupção – em 1999
· Centenas de trabalhadores rurais realizam ato público na cidade de Surubim contra a violência e a impunidade no campo –em 2002

25 DE FEVEREIRO

· Dia de São Sebastião de Aparício
· Piso do Aeroporto de Caruaru não resiste a peso de um Boeing 737 e afunda, durante o que seria o primeiro vôo comercial ligando Caruaru à cidade de São Paulo – em 2002
· Garis do Recife decretam greve, em protesto pelo não cumprimento de reajuste salarial acordado anteriormente – em 2003

26 DE FEVEREIRO

· Dia de São Porfírio
· Filho da prefeita de Olinda e do deputado estadual Hélio Urquisa, o empresário Hélio Urquisa Silvestre Filho, 29 anos, é seqüestrado quando viajava para uma fazenda no município de Gravatá – em 1999
· Prefeitura de Olinda apreende aparelhos de som que moradores da Cidade Alta colocaram em suas casas desrespeitando, assim, a Lei 5118 (de 1977), que proíbe equipamentos de som em residências localizadas nos pólos de animação do carnaval da cidade – em 2001
· Laboratório Central do Estado revela que um novo tipo de vírus da dengue (o DEN 3) foi detectado pela primeira vez em pacientes pernambucanos – em 2002
· Plantio com aproximadamente 10 mil pés de maconha é descoberto pela Polícia Civil no sítio Serra da Jurema, no município de Floresta – em 2003

27 DE FEVEREIRO

· Dia São Gabriel das Dores
· Idoso, Dia do
· Zé Dantas (José de Souza Dantas Filho), médico e compositor, um dos mais famosos parceiros de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, autor de sucessos como Vozes da Seca, Acauã, Riacho do Navio, entre outros – nascimento em 1921

28 DE FEVEREIRO

· Dia São Daniel Brottier
· Primeira grande ponte brasileira construída sobre pilares de pedra, no Recife, a mando do conde Maurício de Nassau. A construção extrapolou as verbas destinadas à obra e o conde promoveu o famoso episódio do boi voador, com o objetivo de cobrar pedágio – é inaugurada em 1643
· Etelvino Lins é nomeado interventor federal para governar Pernambuco – em 1945

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Secas


O Estado de Pernambuco tem 70% do seu território localizado no semi-árido nordestino, área também denominada de Polígono das Secas. Como qualquer outra região semi-árida do mundo, o Nordeste brasileiro sempre estará sujeito a secas periódicas. Isto porque uma das características naturais desse tipo de região é ter chuvas irregulares e mal distribuídas geograficamente.

Mas, as secas nordestinas só assumem proporções de calamidade porque o Nordeste é subdesenvolvido, não está preparado para conviver com o seu clima natural: os reservatórios (açudes etc.) para armazenar a água da chuva são poucos; o governo quase nada investe para a perenização dos rios através da construção de barragens; a agricultura irrigada é pouco praticada; as lavouras mais cultivadas são inadequadas ao clima da região; as condições sócio-econômicas da maioria dos nordestinos estão no nível da pobreza à miséria.

Para se ter uma idéia de que a situação poderia ser diferente apesar das estiagens, basta citar que no semi-árido nordestino a média anual de chuvas é superior à média de chuvas de várias regiões da Europa, como Paris por exemplo.

A primeira seca de que se tem notícia no Nordeste aconteceu entre 1580 e 1583, sendo que o estado mais atingido foi Pernambuco. Naquela ocasião, os engenhos da Província não moeram, as fazendas ficaram sem água e cerca de cinco mil índios desceram o Sertão em busca de comida.

Até hoje, a seca considerada mais arrasadora foi a ocorrida em 1877, que durou três anos e atingiu todos os estados do Nordeste. Durante essa estiagem, calcula-se que morreram 500 mil pessoas, o equivalente à metade da população do semi-árido. Foi nessa época que o problema das secas no Nordeste passou a ser considerado de âmbito nacional.

Criou-se uma Comissão Imperial cujos membros, depois de percorrerem a região afetada, sugeriram as seguintes medidas para amenizar a calamidade: construção de três ferrovias e de trinta açudes, instalação de observatórios meteorológicos e abertura de um canal para levar água do Rio São Francisco para o Rio Jaguaribe, no Ceará. Mas, de todas essas medidas, apenas um açude (o Quixadá, no Ceará) foi construído. As obras desse açude ficaram dois anos paralisadas e só foram concluídas em 1906.

A mais prolongada e abrangente seca nordestina até o momento foi a de 1979: durou cinco anos e atingiu até mesmo regiões nunca afetadas anteriormente, como a Pré-Amazônia Maranhense e grande parte das zonas da Mata e Litoral do Nordeste. Pela primeira vez, a estiagem avançava além do Polígono das Secas.

Foi atingida uma área total de 1,4 milhão de km2, quase todo o Nordeste. Calcula-se que, durante essa seca, morreram três milhões de nordestinos, principalmente crianças desnutridas. O governo federal criou um "programa de emergência" que consistia na liberação de recursos para pagar um salário aos agricultores que passaram a trabalhar na construção de obras na região.

Obras que, teoricamente, poderiam amenizar os efeitos da próxima estiagem: pequenos açudes, cacimbas, poços etc. O programa de emergência chegou a ter 1,4 milhão de nordestinos alistados e as obras ou foram abandonadas pela metade ou se mostraram ineficientes, porque não tiveram nenhum planejamento técnico; constituíam apenas uma ocupação para os agricultores flagelados pela seca.

Nessa mesma ocasião, o governo federal também anunciou grandes obras para o Nordeste (como, por exemplo, a transposição das águas do Rio São Francisco), mas, como sempre, as obras não saíram do papel.

Veja, a seguir, a cronologia das secas em Pernambuco e no Nordeste brasileiro:

1583/1585 - Primeira notícia sobre seca, relatada pelo padre Fernão Cardin, que atravessou o sertão da Bahia para Pernambuco. Relata que houve "uma grande seca e esterilidade na província e cinco mil índios desceram o sertão apertados pela fome socorrendo-se aos brancos". As fazendas de canaviais e mandioca deixaram de produzir.

1606 - Nova seca atinge o Nordeste.

1615 - Seca de razoável proporção.

1652 - Seca atinge o Nordeste.

1692/1693 - Uma grande seca atinge o sertão sanfranciscano. A peste assola na capitania de Pernambuco. Segundo o historiador Frei Vicente do Salvador, os indígenas, foragidos pelas serras, reúnem-se em numerosos grupos e avançam sobre as fazendas das ribeiras, destruindo tudo.

1709/1711 - Grande seca atinge o Nordeste, estendendo-se até a Capitania do Maranhão, espalhando fome entre seus habitantes.

1720/1721 - Seca atinge as províncias do Ceará e do Rio Grande do Norte. Pernambuco não sofreu grandes efeitos.

1723/1727 - Grande seca, os engenhos ficam em ruínas e, como relata Irineu Pinto, "os fiscais da Câmara pedem a El-Rey que os mande acudir com escravos pois os daqui têm morrido de fome".

1736/1737 - Outra seca atinge o Nordeste, causando prejuízos à região.

1744/1745 - Seca provoca morte do gado e fome entre a população nordestina. Alguns historiadores afirmam que crianças que já andavam, de tão desnutridas, voltaram a engatinhar.

1748/1751 - Grande seca atinge a região.

1776/1778 - Um das mais graves secas até então. Não apenas pela falta de chuva, mas por coincidir com um surto de varíola iniciado no ano anterior e que se prolongaria até 1778, provocando grande mortandade. Quase todo o gado bovino ficou perdido na caatinga. A Corte Portuguesa determina que os flagelados fossem reunidos em povoações de mais de 500 fogos, nas margens dos rios, repartindo-se entre elas as terras adjacentes.

1782 - É realizado um censo para determinar a população das áreas sujeitas a estiagens e o resultado aponta 137.688 habitantes.

1790/1793 - Uma seca transforma homens, mulheres e meninos em pedintes. É criada a Pia Sociedade Agrícola, primeira organização de caráter administrativo, cujo objetivo foi dar assistências aos flagelados.

1808/1809 - Seca parcial atingindo Pernambuco, na região do São Francisco. Notícias dão conta de aproximadamente 500 mortos, por falta de comida.

1824/1825 - Aliada à varíola, grande seca faz muitas vítimas na região. Os campos ficam esterilizados e a fome chega até os engenhos de cana-de-açúcar.

1831 - A Regência Trina autoriza a abertura de "fontes artesianas profundas, como forma de resolver o problema da falta d'água".

1833/1835 - Grande seca atinge apenas Pernambuco.

1844/1846 - Seca de grandes proporções provoca o marte do gado e espalha fome entre os nordestinos. Um saco de farinha de mandioca era trocado por ouro ou prata.

1877/1879 - Uma das mais graves secas que atingiram todo o Nordeste. O Ceará, por exemplo, tinha ,à época, uma população de 800 mil habitantes. Destes, 120 mil (ou 15%) emigraram para a Amazônia e outras 68 mil pessoas foram para outros estados.

1888/1889 - Grande seca atinge Pernambuco e Paraíba, deixando destruição de lavouras e vilas abandonadas.

1898/1900 - Outra grande seca atinge somente o estado de Pernambuco.

1903/1904 - Flagelados por nova seca, milhares de nordestinos abandonam a região, Passa a constar da Lei de Orçamento da República uma parcela destinada às obras contra as secas. Criam-se três comissões para analisar o problema das secas nordestinas;

1908/1909 - Seca atinge principalmente o sertão de Pernambuco. Em 1909 é criada a Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS).

1910 - São instaladas124 estações pluviométricas no semi-árido nordestino. Até então, tinham-se construídos 2.311 açudes particulares na Paraíba e 1.086 no Rio Grande do Norte.

1914/1915 - Seca de grande intensidade em toda região semi-árida nordestina.

1919/1921 - Em conseqüências dos efeitos dessa seca (que teve grandes proporções, sobretudo no sertão pernambucano), cresce o êxodo rural no Nordeste. A imprensa, a opinião pública e o Congresso Nacional exigem atuação do governo. É criada, em 1920, a Caixa Especial de Obras de Irrigação de Terras Cultiváveis do Nordeste Brasileiro, mantida com 2% da receita tributária anual da União, além de outros recursos. Mas, praticamente nada é feito para amenizar o drama das secas.

1932 - Grande seca no Nordeste.

1945 - Mais uma seca atinge o Nordeste. É criado o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) que passa a desempenhar as tarefas antes atribuídas à Inspetorial Federal de Obras Contra as Secas, criada em 1919.

1951/1953 - Grande seca atinge todo o Nordeste.

1953 - Outra grande seca no Nordeste. O DNOCS propõe um trabalho de educação entre os agricultores, com objetivo de criar núcleos de irrigação.

1956 - Criação do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), encarregado de elaborar uma política de desenvolvimento para a região.

1959 - Criação da Sudene.

1966 - Seca atinge parcialmente o Nordeste.

1970 - Grande seca atinge todo o Nordeste, deixando como única alternativa para 1,8 milhão de nordestinos o engajamento nas chamadas "frentes de emergência", mantidas pelo governo federal.

1979/1984 - A mais prolongada e abrangente seca da história do Nordeste. Atingiu toda a região, deixando um rastro de miséria e fome em todos os Estados. No período não se colheu lavoura nenhuma numa área de quase 1,5 milhão de km2. Só no Ceará foi registrada mais de uma centena de saques, quando legiões de trabalhadores famintos invadiram cidades e arrancaram alimentos à força em feiras-livres ou armazéns.

Segundo dados da Sudene, entre 1979/1984 morreram na região 3,5 milhões de pessoas, a maioria crianças, por fome e enfermidades derivadas da desnutrição. pesquisa da Unesco apontou que 62% das crianças nordestinas , de zero a cinco anos, na zona rural, viviam em estado de desnutrição aguda. As frentes de emergência empregaram 26,6 milhões de trabalhadores rurais e os gastos do governo federal com a seca, entre 1979/1982, somaram 4 (quatro) trilhões de cruzeiros, o equivalente à época a 50% dos dispêndios totais do Ministério do Interior.

1993 - Grande seca atinge todos os Estados do Nordeste e mais parte da região norte de Minas Gerais. Só no Nordeste, de acordo com dados da então Sudene (hoje, Adene), um total de 1.857.655 trabalhadores rurais que perderam suas lavouras foram alistados nas chamadas "frentes de emergência". Pernambuco foi o Estado que teve o segundo maior número de agricultores alistados nessas frentes, com 334.765 pessoas, perdendo apenas para a Bahia (369 mil trabalhadores alistados).

As perdas de safras foram totais, em todos os Estados Nordestinos. Na época, a imprensa recifense publicou reportagem segundo a qual dezenas de obras de combate às secas, iniciadas e abandonadas pelo governo federal antes da conclusão, já haviam provocado, entre 1978/1993, prejuízos de CR$ 6,7 trilhões. O escândalo das obras inacabadas deu origem até mesmo a uma Comissão Parlamentar de Inquérito, no Congresso Nacional, para apurar responsabilidades.

1998 - No final do mês de abril, vêm à tona, mais uma vez, os efeitos de uma nova seca no Nordeste: população faminta promovendo saques a depósitos de alimentos e feiras livres, animais morrendo e lavoura perdida. Exceto o Maranhão, todos os outros Estados do Nordeste são atingidos, num total de cerca de cinco milhões de pessoas afetadas. Esta seca estava prevista há mais de um ano, em decorrência do fenômeno El Niño, mas, como das vezes anteriores, nada foi feito para amenizar os efeitos da catástrofe.

Somente depois que a imprensa e a televisão mostraram famílias inteiras passando fome e rezando pedindo chuva é que o governo federal anunciou um programa de emergência, através do qual passou a distribuir cestas básicas de alimentos (10 kg por família) aos flagelados. Tudo aconteceu no momento em que os representantes do governo se orgulhavam pelo fato de o Brasil assumir posição destacada na "moderna era da economia globalizada". O programa de assistência às populações atingidas causou bate-boca, porque 1998 era um ano eleitoral, inclusive com eleições para a presidência da República, e a distribuição dos alimentos estaria obedecendo critérios eleitoreiros.

Representantes da Igreja Católica chegaram, inclusive, a denunciar que os governos (federal, estaduais e municipais) não tinham nenhum interesse em resolver o problema das secas no Nordeste "porque, com a fome, a compra de votos fica mais fácil".
Além dos problemas na zona rural e no interior do estado, a falta de chuva fez com que Pernambuco vivesse, entre 1998/1999, o pior racionamento de água de toda a sua história, do sertão ao litoral: a região metropolitana, inclusive o Recife, passou a receber água encanada apenas uma vez por semana; a maior cidade do agreste, Caruaru, só tinha água nas torneiras uma vez por mês e dezenas de municípios sertanejos ficaram meses totalmente dependentes de carros-pipa.

2001 - Praticamente um prolongamento da seca iniciada em 1998 (que se estendeu por 1999 e apenas deu uma trégua em 2000), a seca de 2001 teve uma particularidade a mais, em relação às anteriores: ocorreu no momento em que não só o Nordeste, mas todo o Brasil vivia uma crise de energia elétrica sem precedentes em todo a história do País, provocada por falta de investimentos no setor e pela escassez de chuvas. Daí, o nordestino desabafar: "Agora é sem água e sem luz!"

Em Pernambuco, no início do inverno ocorreram algumas chuvas e, animados, os agricultores se puseram a plantar. Mas, logo as chuvas escassearam e, em abril, já se registrava uma "seca verde" em todo o sertão do Estado. A situação foi-se agravando e, em junho, as populações do interior pernambucano já viviam o velho e conhecido drama de dependerem da ajuda do governo.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Fatos marcantes do mês de fevereiro Parte I



01 DE FEVEREIRO

· Dia de Santa Veridiana
· Publicitário, Dia do
· Eletricitário, Dia do
· Cólera: Governo anuncia plano de emergência para combater a doença que avança em todo o Estado – em 1999
· Tomam posse os 49 deputados estaduais eleitos em outubro do ano anterior – em 1999

02 DE FEVEREIRO

· Dia de Nossa Senhora da Candelária
· Aniversário da cidade de Paranatama
· Nunes Machado, Joaquim: desembargador e político, foi um dos líderes da Revolta Praieira – morte em 1849
· Manuel Antônio Vidal de Oliveira, geógrafo – morte em 1867
· Camelô – regulamentada a profissão de vendedor ambulante em 1940
· Invasão no Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária: os 250 trabalhadores que ocupavam a sede do órgão, na Av. Rosa e Silva, Recife, deixam o local após negociação – em 2000

03 DE FEVEREIRO

· Dia de São Braz
· Santa Cruz Futebol Clube – fundado no Recife em 1914
· Chico Science (Francisco de Assis França), cantor e compositor, idealizador do movimento musical denominado manguebeat – morte em desastre de automóvel no Recife em 1997

04 DE FEVEREIRO

· Dia de Santa Catarina de Ricci
· Aniversário das cidades de Garanhuns, Paudalho, Itambé
· Paula Batista, Joaquim Francisco de – jurista, nascimento em 1811
· Arquivo Público Estadual – criado no Recife em 1945

05 DE FEVEREIRO

· Dia de Santa Agueda
· Datiloscopista, Dia do
· Mário Melo, jornalista, escritor e compositor – nascimento em 1884
· Seca: água chega de Navio para abastecer a região Metropolitana do Recife, plano emergencial do governo do Estado – em 1999
· Incêndio destrói 150 boxes da Feira de Artesanato de Caruaru – em 2000
· Ponte Buarque de Macedo, no centro do Recife, que estava em recuperação desde 1999 é reaberto ao tráfego – em 2001
· Prefeitura de Olinda entra com representação junto ao Ministério Público para impedir que a ONG “O Camisão” distribua 10 mil seringas a usuários de drogas, durante o carnaval na cidade – em 2002
· Em greve há uma semana, servidores da secretaria estadual de saúde param o centro do Recife, com ato de protesto na Av. Guararapes – em 2003

06 DE FEVEREIRO

· Dia de São Paulo Miki
· Agente de Defesa Ambiental, Dia do
· Quilombo dos Palmares, núcleo de resistência negra no Nordeste brasileiro é arrasado por tropas brancas em 1694
· Aprovada, em assembléia geral, a transferência da sede da Chesf (Companhia Hidro-elétrica do São Francisco) do Rio de Janeiro para o Recife – em 1975

07 DE FEVEREIRO

· Dia de São Ricardo de Lucca
· Gráfico, Dia do
· Dom Hélder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife durante os conturbados anos da ditadura militar brasileira – nascimento em Fortaleza, Ceará, em 1909
· O cacique Marcos Luidson, da tribo Xucuru, de Pesqueira, escapa de emboscada, mas dois índios que o acompanhava são mortos – em 2002

08 DE FEVEREIRO

· Dia de São Jerônimo Emiliano
· Estrada de Ferro, a primeira de Pernambuco, com 31,5 km, ligando o Recife ao município do Cabo – inaugurada em 1858
· Hospital da Polícia Militar de Pernambuco libera certidão de óbito do preso político Odijas Carvalho de Souza, morto sob tortura – em 1971
· Neto do ex-governador Eraldo Gueiros Leite, o estudante de engenharia André Gueiros Leite Lacerda, 27 anos, é assassinado durante assalto em Olinda/Cidade Alta – em 1999

09 DE FEVEREIRO

· Dia de Santa Apolônia
· Frevo, Dia do
· Cerca de 1.500 índios Xucurus bloqueiam a rodovia PE-219, que liga a cidade de Pesqueira ao estado da Paraíba, exigindo a homologação de suas terras demarcadas há cinco anos – em 2000

10 DE FEVEREIRO

· Dia de Santa Escolástica
· Atleta Profissional, Dia do
· Maestro Zuzinha (José Lourenço da Silva), músico, compositor, regente de banda da Polícia Militar – nascimento, em Catende, em 1889
· Tribunal de Contas do Estado rejeita contas da prefeitura de Jaboatão dos Guararapes e recomenda ao governador Jarbas Vasconcelos intervenção no município – em 1999
· Ex-deputado Byron Sarinho assume o cargo de interventor na prefeitura de Jaboatão dos Guararapes – em 1999
· Partido dos Trabalhadores (PT) comemora 20 anos de fundação – em 2000
· Início do ano-letivo nas escolas públicas estaduais do Recife é adiado para março porque 22 das 211 escolas da Capital ainda não concluíram reformas nos seus prédios – em 2001
· Cão da raça rottweiler ataca e mata criança de dois anos no município de Aliança, Zona da Mata Norte do Estado – em 2003
· Sudene: o presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva, cria o grupo de trabalho encarregado de formatar o modelo da nova autarquia que o governo federal pretendia criar – em 2003

11 DE FEVEREIRO

· Dia de Nossa Senhora de Lourdes
· Zelador, Dia do
· Enfermo, Dia Mundial do
· Gastão de Holanda, escritor e jornalista – nascimento em 1919
· Governador Jarbas Vasconcelos assina ordem de serviço autorizando o reinício das obras de construção da Barragem de Pirapama paralisadas há seis anos – em 2000
· Chuva causa transtornos na Região Metropolitana do Recife – em 2002
· Roberto Magalhães, deputado federal, ex-governador do Estado, ex-prefeito do Recife, deixa a Aliança PMDB/PFL e se diz magoado com o governador Jarbas Vasconcelos (“Me trataram como laranja chupada”) – em 2003

12 DE FEVEREIRO

· Dia de Santa Eulália de Barcelona
· Jerônimo de Albuquerque, militar – morte em 1619
· Dominguinhos (José Domingos de Morais), cantor e compositor, considerado o sucessor de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião – nascimento em 1941
· Elefante de Olinda, clube carnavalesco – fundado em 1952
· Onze vagões de trem, cada um com 45 mil litros de água retirada de poços da Petrobrás em Suape, chegam ao Recife para evitar o colapso no abastecimento da cidade – em 1999

13 DE FEVEREIRO

· Dia de São Benigno
· Oito presos fogem da cadeia pública do município de Belém do São Francisco – em 2000
· Governo do estado anuncia que vai assumir as obras de recuperação da BR-101 (rodovia federal) no trecho entre Igarassu e Goiana – em 2001

14 DE FEVEREIRO

· Dia de São Cirilo
· A Ordem Terceira de São Francisco da Vila do Recife inicia sua procissão de cinzas, sob os protestos de Olinda que já tinha a mesma procissão e não queria concorrência – em 1720
· Pernambuco ganha a primeira Vara de Penas Alternativas que tem o objetivo de reduzir a superpopulação carcerária no Estado – em 2001

15 DE FEVEREIRO

· Dia de São Teotônio
· Inauguração solene do pelourinho da Vila do Recife – em 1710
· Eugênio Coimbra Júnior, poeta e jornalista – nascimento em 1905

16 DE FEVEREIRO

· Dia de Santo Elias
· Repórter, Dia do
· Francisco Julião, advogado, escritor e político, grande incentivador das Ligas Camponesas – nascimento em 1915

17 DE FEVEREIRO

· Dia de São Policrônio
· Diretas já – passeata no Recife, por eleições diretas para presidente da República, com participação da atriz Beth Mendes – em 1984
· Celpe privatizada – Empresa espanhola Iberdrola adquire por R$ 1,78 bilhão o controle acionário da Companhia de Eletricidade de Pernambuco – em 2000

18 DE FEVEREIRO

· Dia de Santa Bernadete
· Batalha dos Guararapes que pôs fim ao domínio holandês no Nordeste brasileiro – é travada em 1649
· Jornal O Estado de São Paulo critica, em editorial, as primeiras desapropriações de terras efetuadas pelo governador pernambucano Cid Sampaio para fins de reforma agrária – em 1960

19 DE FEVEREIRO

· Dia de São Álvaro
· Esportista, Dia do
· Cantor e compositor Jacinto Silva, intérprete do chamado forró autêntico, morre aos 68 anos na cidade de Caruaru – em 2001
· Cerca de 500 trabalhadores rurais ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (FETAPE) ocupam a sede do Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, na Av. Rosa e Silva, Recife, reivindicando crédito para produção – em 2001

20 DE FEVEREIRO

· Dia de São Eleutério
· Solando Trindade, Francisco – poeta, pintor, cineasta e teatrólogo, fundou o Teatro Experimental do Negro e o Teatro Popular do Brasil, considerado por muitos o verdadeiro pai da poesia negra no Brasil – morte, como indigente num hospital do Rio de Janeiro, em 1974

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Grande Show Dia 19 de Fevereiro de 2011 Com Cobra Cordelista



Cobra Cordelista realizará dia 19 de Fevereiro, às 20h show em Itapetim. Se você estever passando pela cidade de o ar de sua graça.

Saiba mais acessando o site de nosso parceiro http://itapetim.net/

Cobra Cordelista.

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SHOW “COISAS DO SERTÃO”


Um grande Show Cultural será realizado no dia 19 de fevereiro, às 20 horas, no auditório da Câmara Municipal de Vereadores de Itapetim, com o Poeta, Cantor, Humurista, “Cobrra Cordelista”, Show “Coisas do Sertão” promovido pela Associarti-Associação Cultural dos Artistas de Itapetim. Venha divertir-se com o Caxeiro Viajante da Cultura.Na ocasião Cobra Cordelista fará laçamento do livro “ALMA SERTANEJA” obra da sua autoria que traz no seu conteudo a convivência do dia a dia, influenciando a nossa cultura, trazendo de seus custumes, a poesia, o cordel e o repente.

Flôr de Muçambê

Composto por belas e jovens instrumentistas de formação acadêmica, o Flôr de Muçambê é um grupo recifense que só divulga o que há de melhor na música regional. Por isso, em pouco tempo o conjunto conquistou a cena musical pernambucana e hoje já busca espaço até mesmo fora do Brasil.

Criado em 2007 por cinco jovens garotas amantes da boa música popular brasileira, o Flôr de Muçambê é um conjunto musical formado por: voz, dois violinos, uma viola, um violoncelo e uma percussionista. Além disso, como apoio em apresentações ao vivo o grupo conta com a participação de mais quatro instrumentistas: bateria, baixo, teclado e mais uma percussionista. Os ritmos interpretados pelas bonitas e competentes meninas recifenses vão do forró ao frevo.

Integrantes do Flôr do Muçambê:

Gizelle Dias (violino, voz e produção, 28 anos)
Aline Lucena (violino, 22 anos)
Roberta Vieira (viola, 25 anos)
Val Janie (violoncelo, 24 anos)
Jessica do Vale (percussão, 22 anos)


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Arte e Cultura - Carnaval


Papangu

Personagens indispensáveis no carnaval de Pernambuco, os papangus são hoje alegres foliões mascarados que circulam pelas ruas das cidades, dando um colorido especial à festa. Mas, nem sempre foi assim. Originalmente, os papangus eram figuras grosseiras e temidas que acompanhavam as procissões religiosas, tocando trombeta e dando chicotadas em quem atrapalhasse o cortejo.


Veja, aqui, o que alguns estudiosos da cultura popular dizem sobre esses famosos tipos:

Em artigo sobre as procissões religiosas em Pernambuco, publicado pela Revista de História Municipal, em junho de 1978, Renan Pimenta Filho assim descreve os papangus: “Indivíduo que ia à frente da Procissão de Cinzas (realizada na quarta-feira de cinzas no Recife e em Olinda) encarregado de tocar corneta anunciando o cortejo. Ele vestia uma túnica de tecido escuro, tinha a cabeça e o rosto cobertos por um capuz branco com três buracos: um na boca e dois nos olhos. Levava um chicote com o qual batia nos moleques que tentavam perturbar o desfile religioso. Atrás do papangu, vinham as várias alas da procissão”.

No Dicionário do Folclore Brasileiro, Luís da Câmara Cascudo informa que “o termo papangu vem de uma espécie grosseira, assim apelidada, e que, à espécie de farricoco (NR. encapuzado que acompanhava as procissões de penitência tocando trombeta de vez em quando), tomava parte nas extintas procissões de cinzas, caminhando a sua frente, armado de um comprido relho (chicote de couro torcido), com que ia fustigando o pessoal que impedia a sua marcha”.

Figura temida, sobretudo pelas crianças, o papangu que puxava as procissões religiosas começou a ser questionado até que, em 1831, foi proibido, através das Posturas da Câmara Municipal do Recife: “Ficam proibidos os farricocos e papangus, figura de morte e de tirano, nas procissões que a Igreja celebra no tempo da Quaresma”. Depois dessa proibição, o termo papangu passou a denominar tudo o que fosse agressivo, grosseiro. Em 1846, circulou no Recife um jornal político, de linha editorial panfletária, sob o título de “O Papa-Angu”.

Atualmente, como todo bom folião sabe, os papangus são apenas alegres mascarados que enchem as ruas das cidades pernambucanas, nos dias de carnaval. O município de Bezerros, a 100 quilômetros do Recife, é a região do Estado que apresenta a maior concentração desse tipo de carnavalesco. Ali, segundo os moradores, os primeiros papangus de que se têm notícias surgiram na década de 1930. Eram os chamados “papangus pobres”, que trajavam roupas velhas e máscaras rústicas confeccionadas com papel jornal e goma.

A partir dos anos 1960, os papangus de Bezerros ficaram mais numerosos, embora uns ainda usando fantasias pobres, mas outros já exibindo batas coloridas e máscaras bem trabalhadas. A partir da década de 1990, depois que a televisão começou mostrar aquela característica do carnaval da cidade, os papanguns bezerrenses passaram a usar máscaras sofisticadas, confeccionadas com todo tipo de material e desenhadas por artistas plásticos locais ou de outras regiões do Estado. A “brincadeira” cresceu tanto que, hoje, a cidade é conhecida como a Terra dos Papangus.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

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SHOW DE COBRA CORDELISTA
NO BAR RESTAURANTE O BRITÃO
EM PONTE DOS CARVALHOS
CABO DE SANTO AGOSTINHO
DIA 18.02.2011 (sexta-feira) 20 horas



Dia 18 de Fevereiro de 2011 (sexta-feira) às 20h NO BAR RESTAURANTE O BRITÃO, EM PONTE DOS CARVALHOS, CABO DE SANTO AGOSTINHO, tem Recital de Cobra Cordelista e a presença de vários poetas convidados. Apresentação do brincante Matheus, nos Violões Vitor Aragão e Fauzer Zaidan, com Felipe de Dora na Percussão. No Repertório Contos, Causos, Forró de Raiz e a poesia matuta com muito Lirismo e bom humor. Na ocasião estará lançando o livro Alma Sertaneja que possui dois elogiados contos narrados pelo poeta que compõe o CD que acompanha o livro.

BAR RESTAURANTE O BRITÃO
Alto dos índios, Sn, Ponte dos Carvalhos
Entrada após o posto 05 estrelas
FONE (81) 8649.6768

Morre aos 96 Anos o Último Integrante da Volante que Matou Lâmpeão

Publicado por Itapetim.net em 11 de fevereiro de 2011 | Categoria: Itapetim Notícias


Uma figura importante para a história do cangaço faleceu na madrugada desta quarta-feira, 09, no município alagoano de Piranhas, distante 280 km da capital Maceió. Trata-se de Elias Marques Alencar, 96 anos, que morreu de falência múltipla dos órgãos. Elias participou da emboscada que tirou a vida do cangaceiro mais temido de todos os tempos, o Lampião.

Elias era o último integrante vivo da volante que matou Lampião. Junto com outros policiais, ele matou Virgulino Ferreira no dia 28 de julho de 1938 na Grota de Angicos, situada no município de Poço Redondo (SE).

O corpo do ex-volante Elias Marques Alencar foi velado em sua residência localizada no centro de Olho D’Água do Casado, Sertão de Alagoas. Segundo alguns historiadores, Elias fez parte do bando do tenente João Bezerra, líder da volante que atacou o grupo de Lampião, formado por nove cangaceiros e ainda sua amada Maria Bonita, todos executados a tiros.

As cabeças dos cangaceiros foram decepadas e expostas em cidades para comprovar o feito que praticamente encerrou a atuação de grupos de cangaço no Nordeste brasileiro.

Fonte itapetim .net

A lenda de Sumé



Sumé

(Lenda dos Tamoios)


Foi na imensa e fértil região das águas de montanhas e areias, que vem do Espírito Santo até o Rio de Janeiro, que apareceu Sumé, o venerando velho, pai da agricultura, cuja memória foi tão criminosamente perdida pela ingratidão dos homens.

Nessa larga faixa de terra, cujos cabos e promontórios rochosos invadem o mar, quase tocando ilhas fecundas, que verdejam ao sol, entre bancos de areia, — vivia um povo forte e valente, respeitado na paz e temido na guerra. Eram os Tamoios, cujas canoas guerreiras dominavam a costa, desde o cabo de S. Tomé até Angra dos Reis, guardando as aldeias, formadas de cabanas sólidas, cercadas de altas paliçadas inexpurgáveis. Quando as tribos vizinhas ousavam invadir a seu território, — o canto do pajé concitava os filhos da grande nação. E, ao som dos chocalhos de pedras, das buzinas de madeira, dos tambores e das flautas de taquara, — os grandes exércitos tamoios abalavam em hostes cerradas, para repelir o invasor. E a nação não descansava, enquanto os inimigos não fugiam ao valoroso embate das suas armas de gloriosas, — maças pesadas feitas de lenho de palmeira, formidáveis machados chatos de madeira vermelha, flechas agudas, arcos da altura de um homem. Mais de uma vez, assim, os Goitacazes e Goianazes tiveram de ver castigada a sua ousadia. Quando a guerra findava, toda a tribo comemorava com grande festa a vitória de seus filhos. E a música e a dança celebravam, em torno dos prisioneiros que tinham de ser comidos vivos, a derrota dos inimigos. Depois vinha de novo a livre e arriscada existência da paz, — a pesca, nas canoas ligeiras que voavam como as aves do mar à flor das águas, e a caça dentro dos matos bravos, povoados de feras.

Ora, um dia, em que uma grande multidão da tribo, à beira-mar, estava reunida, celebrando uma vitória, — viram todos que sobre o largo oceano, vinha, do lado em que o sol aponta, uma grande figura, que mais parecia de deus que de homem.


Era um grande velho, branco como a luz do dia, trazendo, espalhada no peito, como uma toalha de neve, até os pés, uma longa barba venerável, cuja ponta roçava a água do mar. E houve um grande espanto entre os Tamoios, vendo assim um homem, como eles, caminhar sem receio sobre as ondas como sobre terra firme.

Era Sumé, enviado de Tupã[1], senhor do Céu e da Terra. E Sumé operava prodígios nunca vistos. Diante dele, os matos mais cerrados se abriam por si mesmos, para lhe dar passagem: a um aceno seu, acalmavam-se os ventos mais desencadeados: quando o ma furioso rugia, um simples gesto de sua mão lhe impunha obediência. A sua presença fazia abaterem as tempestades, cessarem as chuvas, abrandarem as secas. E até as feras quando o viam, vinham submissamente lamber-lhe os pés, arrastando-se, de rojo, na areia. E os Tamoios, cativos de sua bondade, conquistados pelo assombro dos seus milagres, tomaram Sumé para seu conselheiro. E todas as tardes, os chefes adiantavam-se para ele, — enquanto em roda, mulheres, homens e crianças paravam a escutar, — vinham contar-lhe a história de seu povo, e interrogá-lo sobre as suas crenças, e pedir-lhe conselhos e lições.
E diziam-lhe a sua religião:

“Tupã, para fazer o céu e a terra, criou as mães para tudo. O sol é a mãe do dia e da noite. A lua é a mãe das plantas e dos animais. Os homens nasceram, e foram maus. Tupã, para castigar a sua maldade, mandou que as águas crescessem desmedidamente e cobrisse tudo. Então, viram-se os peixes nadando entre as folhagens das árvores, e os tigres afogados boiando sobre a vastidão das ondas crescidas. E os homens fugiam de monte em monte. E o céu se abria em relâmpagos e em quedas assombrosas de água. Mas um varão forte, que Tupã amava, — um varão de alma grande, que tinha o nome de Tamandaré, salvou a raça guardando dentro de uma canoa os seus filhos, e livrando-os do naufrágio espantoso. E de Tamandaré saímos nós, guerreiros que não tememos o trovejar das armas dos inimigos, quando o furor os assanha no campo de guerra, — mas que nos rojamos por terra, lembrando a antiga punição, quando ouvimos trovejar o céu, carregada de ameaças de maldição, a grande voz sagrada de Tupã, senhor e criador de todas as coisas e de todos os seres...”

Sumé amou aquela nação simples e sóbria, sem vícios e sem pecados. Louvou-lhe a bravura na guerra e a modéstia na paz. E quis torná-la feliz, ensinando-lhe o meio de viver na abundância. E ordenou que todos os homens válidos, depois de haverem abundantemente provido de caça e de pesca as cabanas, em que as mulheres e as crianças ficariam, seguissem com ele, para obrigar a terra a dar-lhes o sustento diário.

Disse-lhes Sumé: “A grande mãe é a terra: a grande mãe generosa; basta acariciá-la, basta amá-la e afagá-la, para que ela se abra logo prodigamente em toda a sorte de bens e de venturas.” Mas um pajé, velho sábio, conhecedor das coisas que o comum dos mortais ignora, observou: “Como pois, grande Santo, até hoje só tem ela tido para nós espinhos e répteis?” E Sumé respondeu: “Porque até hoje não a amastes com fervor e trabalho. Cavai-a e suai sobre ele: se rasgará agradecida, não para vos engolir, mas para vos dar vidas novas. Vinde comigo e vereis!”

Seguiram-no eles. E a terra, por toda a parte, era nua e ingrata. Matagais crespos e impenetráveis subiam do seu seio. E, dentro deles, as cobras silvavam, as onças uivavam: e toda aquela natureza primitiva era inimiga do homem, inimiga sem piedade, que afiava contra ele os dentes de suas feras e as pontas agudas dos seus espinheiros. Mandou Sumé que desbastassem a terra, e tivessem, para destruir os matos fechados, a mesma bravura e o mesmo vigor que tinham para destruir as hostes dos inimigos. Ordenou-lhe depois que amanhassem o solo, e, dando-lhes sementes várias, disse-lhes que as lançassem sem conta sobre o seio da grande mãe assim preparado.

Deste modo correu Sumé todo o litoral. E atrás dele todos os homens válidos da tribo seguiam. Os dias passavam. Passavam os meses. Passavam os anos. E de sol a sol, a febre do mesmo trabalho sacudia aquela multidão, que a virtude e a bondade de um só homem arrastavam seduzida e cativa. Quando Sumé chegou à grande Angra, que fechava ao sul o domínio dos Tamoios, parou. E disse, reunindo os trabalhadores:

— É tempo de retroceder... Ides ver como a terra vos paga em abundância e ventura as bagas de suor que gastastes em seu favor!

Retrocederam. E, então, começou o deslumbramento da tribo. À medida que se aproximavam do ponto de partida, viam a terra mudada, de mais em mais, abrindo-se em folhagens que não conheciam, em frutos que nunca tinham visto. E, quando chegaram ao grande acampamento, as mulheres e as crianças dançavam e cantavam. Os celeiros da tribo regorgitavam. O céu parecia mais belo; mais belo parecia o mar; mais bela a natureza toda; porque a tribo toda via agora a natureza através dessa alegria que é a filha da felicidade. Das sementes que o Santo Sumé fornecera, tinham nascido, em touceiras imensas, s bananeiras fartas; tinham nascido os carás e as mandiocas; tinham nascido os milhos de espigas de ouro; tinham nascidos os algodoeiros, os feijões e as favas...

Sumé não achou bastante o que já tinha feito: e ensinou-lhes a arte de fabricar a farinha, moendo a mandioca: e revelou-lhes os segredos da navegação, aperfeiçoando as suas igaras rústicas, dando-lhes velas, que, como asas de pássaros, ajudassem a voar com o vento, e lemos que, como caudas de peixes, as ajudassem a cortar ondas. E toda a tribo abençoou Sumé. E em honra sua, todas as tardes, quando o pôr-do-sol ensangüentava as águas,m a tribo dançava, ao bater compassado dos tambores, em torno do grande velho, — filho querido de Tupã, pai da Agricultura, Gênio protetor dos Tamoios.

Mas os anos passaram. E, com o passar dos anos, passou a gratidão da tribo.

Os pajés, ciumentos do poder do Santo, envenenaram a alma da nação: “Como? Pois ela, tão forte, que, em todo arredor, só seu grito de guerra bastava para amedrontar todas as outras nações, ficaria sempre sob o domínio de um só homem, um estrangeiro, um homem de pele branca?”

E o rumor da maledicência crescia em torno do Santo. E, em torno dele, a rede da intriga se apertava.

E ele ouvia, e sorria. E a sua grande alma, toda sabedoria e bondade, compreendia e perdoava a ingratidão das gentes.

Uma madrugada, quando o Santo saía da sua cabana, viu formados todos os Tamoios, que vociferavam, ameaçando-o.

E todos eles estavam armados. E as fisionomias de todos eles transpiravam ódio e rancor.

O Santo Sumé quis falar. Não pôde. Uma flecha certeira, partida das fileiras dos ingratos, veio cravar-se no seu peito. O Santo sorriu. E, arrancando o dardo das carnes, atirou-o ao chão, e foi andando, de costas, para o lado do mar. Então, o ataque recrudesceu. As setas voavam, às centenas, aos milhares, todas atingindo o alvo. Sumé, com o mesmo sorriso nos lábios, ia sempre caminhando de costas para o lado do mar, e, de uma em uma, ia arrancando do corpo as setas que não o magoavam.



Quando chegou à praia, entrou pela água, cresceu sobre ela, sobre ela se equilibrou, e, sempre de costas, foi fugindo, — e sorrindo, sem amaldiçoar os ingratos a quem dera fartura.

E toda a tribo, paralisada de assombro, via, oscilando de leve sobre as ondas que o nascer do sol ensangüentava, ir diminuindo, diminuindo, até sumir-se de todo na extrema do horizonte, aquela doce figura, de pele branca com o a luz do dia, trazendo espalhada sobre o peito, até os pés, como uma toalha de neve, a longa barba venerável, cuja ponta roçava a água do mar...

[1] Tupã — a divindade que várias tribos de índios do Brasil adoravam.