sexta-feira, 29 de julho de 2011

O Massacre da fazenda Jilo Por:Aderbal Nogueira


No local foi morto Jiló, cercado em sua casa pelos homens de Novais e Lampião. Numa das chacinas mais sangrentas, macabras e selvagens do cangaço. Virgulino insuflado pela ardilosa trama de Horácio Novaes, cerca a casa da ordeira família Jiló e perpetra um dos maiores crimes do cangaço.

Seu Pedro narra os fatos; ele era criança à época do ocorrido e ouviu a história durante toda a vida, contada por seus familiares. É um local importante na história do cangaço porque Lampião foi enganado por Novais nessa grande tragédia.



Fonte:http://cariricangaco.blogspot.com/

quinta-feira, 28 de julho de 2011

História de Cavaleiro



Por James Davidson


A história de Cavaleiro é uma matéria que há muito tempo tenho vontade de escrever. Alguns leitores já a tinham requerido, mas as dificuldades em encontrar fontes a este respeito prorrogaram esta postagem por um bom tempo. Ainda restam muitas dúvidas a serem esclarecidas, mas espero que esta postagem venha quitar a minha dívida com os cavaleirenses.

A história de Cavaleiro está relacionada aos antigos Engenhos Cavalheiro e Jangadinha. Além destes, existiam outros engenhos na região como o Santana e o Sítio Sucupira Torta (em Sucupira), engenhos Cumbe, Santo Amarinho, São Francisco e Cova de Onça (no atual bairro do Curado) e o Engenho Peres em Tejipió. Todos esses engenhos pertenciam à Freguesia da Várzea e já existiam desde meados do século XIX.

A sede do Engenho Jangadinha ficava situada onde é hoje o Abrigo Cristo Redentor. Este engenho pertencia a Francisco Casado da Fonseca, conforme escritura de arrendamento datada de 23 de março de 1881. No começo do século XX, pertenceu ao prefeito de Jaboatão Francisco Brandão Cavalcanti e depois foi vendido para virar o atual abrigo. Já o Engenho Cavalheiro, ora aparece como propriedade anexa do Engenho Jangadinha, ora aparece como propriedade independente, durante o decorrer das últimas décadas do século XIX. Segundo as antigas escrituras, este engenho ou sítio, como às vezes também é referido, ficava ao sul do Engenho Jangadinha, separado deste pelo "Riacho Cavalheiro". Contudo, não foi possível localizar o local exato de sua antiga sede (onde ficava a casa-grande, senzala, etc) acreditando-se que se situava em algum ponto do atual bairro de Cavaleiro.

Uma coisa interessante é que a localidade chamava-se inicialmente "Cavalheiro". Porém, por conta da semelhança com a palavra "Cavaleiro", a população passou a utilizar este último termo para denominar o local.

Ainda no século XIX, em 1859, os engenhos Jangadinha e Cavalheiro receberam a visita do Imperador D.Pedro II, em sua passagem por Jaboatão. Estando ali, quis ver um boqueirão existente entre algumas colinas e viu ruínas em terras do Engenho Jangadinha.

Mas a localidade só veio a crescer e torna-se povoada a partir da expansão do bairro de Tejipió e Coqueiral, no começo do século XX. Segundo Van-Hoeven Veloso, autor de Jaboatão dos meus avós, um homem simples e sem estudo, Teófilo Pereira de Lima é considerado o fundador de Cavaleiro. Com o apoio de José Liberato Fonseca Lima, ajudou a construir a Feira de Cavaleiro em 4/02/1935. Funcionava inicialmente na Rua Siqueira Campos e posteriormente foi transferida para a Praça Samuel Campelo.

O Merado Público foi erguido em 1943, sofrendo várias reformas posteriores. A Igreja de NS de Lourdes é de 1958, sendo que as igrejas evangélicas de Cavaleiro são bem mais antigas que ela. Cavaleiro destaca-se por ter uma percentagem de evangélicos de cerva de 30%, a maior entre os distritos. O Abrigo Cristo Redentor foi fundado em 1938 e o açude Jangadinha teve a água canalizada para abastecimento em 1945.

O povoado de Cavaleiro foi elevado à condição de distrito, em 16 de dezembro de 1948. Em 20/12/1963 Cavaleiro chegou a ser elevado à condição de município, mas o decreto foi anulado logo em seguida. Outros projetos de emancipação já foram propostos posteriormente, mas a criação de novos municípios no estado enfrenta sérias dificuldades, principalmente por causa da inviabilidade econômica das mesmas. Além disso, as propostas de emancipação de ditritos e estados novos são algumas vezes encabeçadas não pela população da localidade, mas por políticos interessados apenas na criação de novos cargos públicos para ocupar.

Cavaleiro conta hoje com uma população com mais de 100 mil habitantes, um forte e movimentado comércio e estações de metrô que facilitam a comunicação com o Recife e com Jaboatão Centro. Nenhuma semelhança com os tempos em que a produção do açúcar, o fausto dos senhores de engenho e o trabalho árduo dos escravos dominavam a localidade!

Fonte:http://jaboataodosguararapes.blogspot.com/

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Os engenhos judaicos de Jaboatão


As terras do Vale do Rio Jaboatão começaram a ser ocupadas a partir da década de 1560, após a expulsão dos índios caetés, os antigos moradores, e com a doação de cartas de sesmarias aos colonos. As sesmarias eram grandes extensões de terras doadas a fidalgos onde eram instaladas fazendas e engenhos de cana-de-açúcar. Os primeiros engenhos da Ribeira do Rio Jaboatão, criados nessas sesmarias, foram os engenhos Santana, Santo André, Suassuna, Guararapes, Megaype de Baixo, São João Batista, Camassari, Novo da Muribeca, Penanduba, São Bartolomeu, NS da Guia, Palmeiras, Secupema, Gurjaú-de-Cima, Gurjaú-de-Baixo, NS da Apresentação(Moreno), N.S da Conceição (Catende), Carnijó, Muribeca, Santa Maria e D'Alinbero (Megaype de Cima). Todos esses engenhos surgiram ainda no século XVI e XVII.

Entre os colonos portugueses que instalaram engenhos em Jaboatão, havia alguns cristãos novos, judeus forçados a conversão ao catolicismo e que eram perseguidos por seguirem as tradições hebraicas. No livro "Denunciaões e confissões de Pernambuco", que fala da visita do tribunal da Inquisição a Pernambuco entre os anos de 1593 e 1595, são encontrados inúmeros casos de denúncias contra judeus, protestantes (evangélicos) e outros grupos discriminados.

Entre os engenhos onde se constata a presença judaica em Jaboatão, nessa época, destacam-se os engenhos Suassuna, Penanduba, São Bartolomeu, Camassari e Guararapes.

Engenho Guararapes: Foi fundado antes da invasão holandesa e fica situado próximo onde se encontra o bairro de Muribeca Loteamento, o cemitério velho de Prazeres e os Montes Guararapes. Foi adquirido em 1637 por Vicente Rodrigues Vila Real que derrubou as cruzes e igrejas do engenho e declarou-se judeu, casando-se com a cristão-nova Izabel de Mesquita. Morreu em 1642, passando o engenho a seu irmão, também judeu, Simão Rodrigues Vila Real.

Engenho Suassuna: Originado da sesmaria de Gaspar Alves Purgas, foram seus primeiros proprietários os irmãos cristãos-novos Diogo Soares e Fernão Soares. Chamava-se inicialmente N.S da Assunção e moeu pela 1° vez em 1587. Muitas das ocorrências citadas nas denunciações aconteceram neste engenho. Posteriormente é vendido a outras pessoas e atualmente encontra-se em ruínas, pois corresponde a Antiga Usina Jaboatã,o, hoje desativada.

Engenho São Bartolomeu: Pertenceu a Fernão do Vale. Ver mais detalhes na postagem sobre o mesmo.
Engenho Camassari: Situava-se ás margens do Rio Duas Unas e foi um dos engenhos mais antigos. Foi encontrado em ruínas pelos holandeses que venderam-no a Duarte Saraiva, em 1638. Este também era judeu e senhor do Engenho Velho de Beberibe. Encontra-se hoje inundado pela represa de Duas Unas.

Engenho Penanduba: Pertenceu durante o período holandês a Fernão Soares, cristão-novo e possivelmente filho do outro Fernão Soares de Suassuna. Este foi acusado de judaísmo por vários confessores durante a visita do Santo Ofício. Pertencente a freguesia de Muribeca, possui ainda hoje a casa-grande em ruínas.


Fonte:http://jaboataodosguararapes.blogspot.com

terça-feira, 26 de julho de 2011

Bacia hidrográfica do Rio Jaboatão



A bacia do Rio Jaboatão está localizada no Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil, abrangendo uma área de 413 km², entre as coordenadas 8°00’ e 8°14’ de latitude sul e 34°50’ e 35°15’ de longitude oeste. Drena os municípios de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, São Lourenço da Mata, Cabo de Santo Agostinho e Vitória de Santo Antão, sendo uma das bacias mais importantes do Grande Recife.

Junto com as bacias dos rios Tejipió, Pirapama, Massangana e Jordão, ela é classificada como sendo do Grupo GL2 (Grupo de pequenos rios litorâneos) pela CPRH (Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos). A temperatura média anual da bacia é de 24°C e a média das precipitações são sempre acima de 1500mm anuais. O clima é do tipo Mas’, segundo a classificação de Köeppen. O período de chuvas desenvolve-se entre os meses de março e agosto.

O Rio Jaboatão é o rio principal da bacia, possuindo 75 Km de comprimento e desembocando no Oceano Atlântico. Sua foz encontra-se na Praia de Barra de Jangadas, em Jaboatão dos Guararapes, e sua nascente encontra-se em terras do Engenho Pacas e Arandú de Cima, em Vitória de Santo Antão. Seus principais afluentes são os rios Duas Unas, Mussaíba, Manassu, Muribequinha, Suassuna, Laranjeiras, Caiongo, Contra-açude, Carnijó, Una, Galiléia, entre outros.





A Bacia hidrográfica do Rio Jaboatão é de grande importância para a RMR, pois além de possuir expressiva área de abrangência nesta, contribui significativamente para o abastecimento da região. Para isso, possui diversas represas e açudes em seus afluentes com captação pela COMPESA, destacando-se a Represa de Duas Unas, 4° maior da RMR em atividade.

Porém, apesar de sua importância, a bacia do Rio Jaboatão vem sofrendo inúmeros impactos ambientais que vem prejudicando a fauna, flora e a qualidade da vida das pessoas da região. Entre estes impactos, destaca-se o despejo de resíduos industriais os mais diversos nos rios, os dejetos residenciais sem tratamento nos cursos d’água, o desmatamento desenfreado, o despejo de lixo e a ocupação irregular das margens fluviais, entre outros. Tudo isso contribui para que o Rio Jaboatão seja um dos rios mais poluídos e degradados do Estado de Pernambuco.



Fonte:http://jaboataodosguararapes.blogspot.com

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Serrita, no Sertão do Estado, é a capital dos vaqueiros



Histórico

Originalmente denominado Serrinha, o distrito foi criado a 16 de novembro de 1892 e pertencia ao município de Salgueiro. A 11 de setembro de 1928, torna-se sede do município de Serrinha, criado àquela data.

A 23 de janeiro de 1931, o município é extinto e Serrinha volta à condição de distrito de Salgueiro. A 27 de junho de 1934, o município de Serrinha é restaurado e a 31 de dezembro de 1943 passa a denominar-se Serrita.

Consta que a povoação foi fundada pelo "coronel" Romão Pereira Fìlgueira Sampaio, que se instalou na região depois de ganhar terras e ajuda dos governantes de então. Os primeiros moradores do lugar, entre eles o citado "coronel", mandaram construir ali uma capela dedicada à Nossa Senhora da Conceição, em torno da qual surgiu um povoado.O município ganhou o nome de Serrita por conta de um serrote (ou serrinha) existente a um quilômetro do atual centro da cidade.

Quem nasce em Serrita é serritense.

Datas oficiais importantes:

16/11/1892: Através da lei municipal nº 2, é criado o Distrito de Serrinha.

11/09/1928: O Distrito é elevado à categoria de Município, sob a denominação de Serrinha, pela lei estadual nº 1931, desmembrado dos Municípios de Salgueiro, Leopoldina, Bodocó e Exu.

23/01/1931: Pelo decreto estadual nº 55, o Município de Serrinha é extinto, sendo o seu território anexado ao município de Salgueiro.

27/06/1934: O Distrito é novamente elevado à categoria de Município, sob a denominação de Serrinha, pelo decreto estadual nº 314, desmembrado de Salgueiro

31/12/1943: O Município tem o nome alterado de Serrinha para Serrita, pelo decreto-lei nº 952.

Dados gerais

Localização: Sertão Central, distante 544 km do Recife.
Área: 1.664 km2
Solo: Arenoso, pedregoso, rochoso
Relevo: Suave ondulado e ondulado
Vegetação: Caatinga hiperxerófila
Ocorrência mineral: -
Precipitação pluviométrica média anual: 974,0 milímetros
Meses chuvosos: Dezembro - Março
População: 18.331 habitantes (IBGE 2010)
Eleitorado: 14.310 eleitores (TRE 2010)
Dia de feira: Sábado
Data de comemoração da emancipação política: 11 de setembro
Prefeito: Carlos Eurico Ferreira Cecilio
Vice-Prefeito: Jovani Sampaio Peixoto de Alencar


Base econômica: Agropecuária e comércio.

Peculiaridades

Em Serrita podemos encontrar atrações culturais como uma refinada produção de artesanato em couro, grupos de música regional ou mesmo alguns poetas e repentistas de peso no Estado.

Mas, o que melhor representa a cidade é, sem dúvida, a Missa do Vaqueiro, que aconteceu pela primeira vez em 1970 e hoje é um misto de festa popular e celebração religiosa que atrai vaqueiros de todo o Nordeste brasileiro.

Um dos mais importantes espetáculos do calendário turístico de Pernambuco, a Missa é celebrada, sempre no terceiro domingo do mês de julho, no Parque Nacional do Vaqueiro, na localidade de Sítio das Lajes, a 32 quilômetros do centro da cidade.

Foi criada pelo padre João Câncio (já falecido), pelo compositor Luiz Gonzaga e pelo repentista Pedro Bandeira. A celebração surgiu como um ato de protesto pelo misterioso assassinato de um humilde vaqueiro (Raimundo Jacó), que era primo do "Rei do Baião".

O corpo do vaqueiro foi encontrado na caatinga, a 08/07/1954, com a cabeça despedaçada. Ele havia passado a noite anterior em companhia do colega Miguel Lopes, juntando gado para levar de Serrita a uma outra cidade da região.

Logo após o crime, Lopes foi apontado como o assassino, mas o caso nunca chegou a ser esclarecido. A pedra que teria sido usada pelo criminoso, manchada de sangue, desapareceu da Delegacia de Polícia da cidade. E, assim, o crime tornou-se um mistério e a história de Raimundo Jacó virou lenda.

Serviços

Prefeitura/Endereço:
Rua Barbosa Lima, 63 - CEP: 56140-000
Tel: 3882-1156
pserrita@telesof.com.br
www.pmserrita.com.br

Fórum/Endereço:
Forum Des. Rodolfo Aureliano
R Major Antônio Rufino, 351 - Centro - Cep: 56140000
(87) 3882.1144 (87) 3882.1218
(87) 3882.1215

Câmara de Vereadores:
Rua Barbosa Lima, 63 - CEP: 56140-000
Tel: (87) 3882-1118

Vereadores (09):
Alfredo Sampaio Neto
Carlos Pedro da Cruz
Carlos Sampaio Peixoto
Francisco Arraes Sampaio
Francisco Romão Sampaio Angelim
Isac Sampaio da Silva
Luiz Ferreira Martins
Maria Josivânia de Sousa
Ronildo Manoel de Oliveira

sábado, 23 de julho de 2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Umbuzeiro


Denominada cientificamente de Spondis tuberosa Arr. Cam. o Umbuzeiro é uma planta frutífera, xerófila, da família das anacardiáceas, nativa da região semi-árida do Nordeste brasileiro. Árvore de pequeno porte (raramente atinge mais de 6 metros) e de vida longa (vive mais de 100 anos) é capaz de suportar longos períodos de seca e produz em solos ruins.

Frutifica no período chuvoso e cada planta chega a produzir 300 kg de frutos por safra. O período de frutificação é de aproximadamente dois meses. O umbu tem bom valor comercial, é consumido in natura como fruto de mesa ou preparado na forma de sorvete, refresco e, principalmente, como ingrediente da tradicional umbuzada, que é a polpa do umbu de vez (estágio entre o verde e o maduro), cozida com leite e açúcar.

Das batatas da raiz do umbuzeiro (onde a árvore armazena água para enfrentar longos períodos de seca) é fabricado um doce de grande aceitação nas feiras livres sertanejas, prática que tem contribuído para a presença cada vez menor da árvore na paisagem nordestina.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Pobre na Filosofia Popular


O Pobre na Filosofia Popular
do livro Folclore etc & Tal

A sabedoria popular também pode ser considerada como uma filosofia do povo que, sem nunca haver alisado os bancos das universidades e sem tomar conhecimento das idéias dos grandes pensadores, tem suas idéias próprias e estabelece seus conceitos através dos provérbios, dos ditos e das legendas de caminhões.
Assim acontece com relação ao negro, à mulher, à sogra, aos baixinhos e ao pobre, alvos preferidos por essa sabedoria, por essa filosofia paralela que salta aos nossos olhos com um sabor pitoresco, com uma graça que nos faz pensar e nos deixa admirados por conta desse dom que o povo tem de mostrar o quanto é sábio ao emitir seus conceitos.
O pobre - com a inflação galopante que comanda a nossa economia, considerada como das mais desenvolvidas do mundo contemporâneo - está vivendo os dias mais negros de sua vida, dando nó em pingo d’água, subindo em bananeira com tamancos, dando beliscão em fumaça, fazendo toda sorte de ginástica para, não sei como, sobreviver. O pobre está cada vez mais pobre. Tão pobre que, numa nova divisão das classes econômicas da nossa sociedade, deixou de ser o pobre de ontem para se tornar, simplesmente, o miserável de hoje.
O pobre, ou melhor dizendo, o miserável, constitui um problema angustiante que tem que ser resolvido o mais depressa possível e, se não o for, sua situação poderá ocasionar sérios transtornos na vida social brasileira.
Deixemos que os economistas e os sociólogos estudem o problema, apontem uma solução urgente, para que os poderes públicos e a sociedade consigam estabelecer o equilíbrio sócioeconômico da nossa gente.
Vejamos, agora, como o pobre é considerado, como é visto pelo povo através dos provérbios, das legendas de caminhões e dos ditos populares:

- Galinha só aparece na mesa do pobre quando um dos dois está doente.
- Pobre só enche a barriga quando morre afogado.
- Pobre com bagagem perde o trem.
- Ser pobre como rato de igreja.
- Arquivo de pobre é um prego na parede.
- Pobre é como pneu: quanto mais trabalha mais fica liso.
- Pobre com pouco se alegra.
- Pobre com rica casado, mais que marido é criado.
- Cinema de pobre é janela de trem.
- Rico sai de casa e pega o carro; pobre sai de casa e o carro pega.
- Alegria de pobre dura pouco.
- Pobre é cavalo do Cão andar montado.
- Pobre é o Diabo.
- Se cabelo fosse dinheiro pobre nascia careca.
- Pobre só engole frango quando joga de goleiro.
- Pobre só come carne quando morde a língua.
- Pobre é como punho de rede: só anda com a corda no pescoço.
- Pobre, mas não da graça de Deus.
- Pobre muda de patrão, mas não de condição.
- Pobre não é nem o que o rico foi.
- Pobre só anda de carro quando vai preso.
- Ladrão que entra na casa de pobre só leva susto.
- No dia em que chover comida o pobre nasce sem boca.
- Pobre não morre cedo.
- Pobre não tem amigo e nem parente.
- Pobre só levanta a cabeça quando quer comer pitomba.
- Televisão de pobre é espelho.
- Quando o rico geme o pobre é quem sente a dor.
- Pobre só sai do aperto quando desce do ônibus.
- Pobre nunca tem razão.
- Pobre quando acha um ovo, o ovo está goro.
- Quando o rico corre é atleta e quando o pobre corre é ladrão.
- Pobre é como pneu velho: só vive na lona.
- Pobre quando mete a mão no bolso só tira os cinco dedos.
- Pobre só vai prá frente quando a polícia corre atrás.
- Pobre só recebe convite quando é intimado pela polícia.
- O despertador do pobre é o galo do vizinho.
- Dinheiro de pobre é como sabão: quando ele pega, escorrega.
- Coceira na mão do pobre é sarna e na mão do rico é dinheiro.
- Pobre que arremeda rico, morre aleijado.
- Pobre só vai pra frente quando leva uma topada.
- Piscina de pobre é poça de lama.
- Rico fica gordo e pobre fica inchado.
- Pobres, nós todos somos: miseráveis quem se faz são os donos.
- Pobre só acha a vida doce quando está chupando pirulito.
- O rico bebe para se lembrar e o pobre para esquecer.
- Dinheiro na mão de pobre só faz baldeação.
- Rico bêbado é divertido: pobre bêbado é pervertido.
- Pobre é como papel higiênico. Quando não está no rolo está na merda.
- Champanha de pobre é Sonrisal.
- Em pé de pobre é que o sapato aperta.
- Entre ricos e pobres não há parentesco.
- Deus dá o pão, mas o pobre não tem dentes.
- Em cara de pobre é que o barbeiro aprende.
- Pobre só herda sífilis.
- O pau enverga no cu do rico, mas só quebra no cu do pobre.
- O pão do pobre só cai com a manteiga para baixo.
- O pobre só vive de teimoso que é.
- O pobre é como limão: nasceu para ser espremido.
- Pobre não casa, junta os trapos.
- Pobre é como cachimbo, só leva fumo.
- Se merda fosse dinheiro, pobre nascia sem cu.
- Rico em casa de pobre é a desgraça da galinha.
- Pobre em casa de rico ou é dinheiro emprestado ou fuxico.
- Pobre só descansa quando plantado de olho pra cima para comer capim pela raiz.
- Mais vale um pobre honesto do que um rico ladrão.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Todos os acidentes aéreos ocorridos no Estado de Pernambuco desde 1925




07/03/1925 - Um avião da Grands Express Aeriens, modelo Breguet 14, acidentou-se em Recife, sem vítimas fatais.

11/06/1934 - Acidente com avião da Air France, modelo Latécoère 26, prefixo F-AILG, no Recife. Não houve vítimas fatais.

15/07/1958 – Acidente com avião da Varig, modelo Curtiss C-46, prefixo PP-VBJ, no município de Gravatá, com três vítimas fatais.

19/06/1960 – Acidente com avião da US Air Force, modelo Douglas C-124, prefixo 52-0993, no Recife, deixa três vítimas fatais.

01/11/1961 - Avião da Panair do Brasil, modelo Douglas DC-7, prefixo PP-PDO, cai no Recife, deixando 51 mortos. Foi um dos piores acidentes acontecidos no Estado.

06/09/1963 – Avião da Panair do Brasil, modelo Caravelle VI-R, prefixo PP-PDU, sofre acidente em Gamela, sem vítimas fatais.

28/07/1968 - Acidente com avião da US Air Force, modelo Douglas C-124, prefixo 51-5178, no Recife, deixa dez vítimas fatais.

21/12/1969 – Avião da FAB, modelo Lockheed C-130, prefixo FAB2450, acidenta-se no Recife.

11/09/1974 - O Boeing 727-41, prefixo PP-VLH, da Varig, estava em aproximação para pouso na cidade de Recife quando passou alto e veloz pela cabeceira, ultrapassando a pista, quebrando o muro do aeroporto e parando entre a calçada e a avenida em frente ao Guararapes. Foram grandes os danos ao 727, que foi recuperado já em dezembro do mesmo ano voltou a voar pela empresa. Não houve vítimas.

14-01-1976 – Avião da Federal Aviation Administration - FAA, modelo Sabreliner, prefixo N85, cai no Recife, com uma vítima fatal.

28/01/1981 – Acidente com avião da Sudene, modelo Douglas DC-3, prefixo PP-ZNU, em Petrolina.

19/09/1986 – Avião da Atlantic Southeast, modelo EMB 120 Brasília, prefixo N219AS, acidenta-se na Mantiqueira, com cinco vítimas fatais.

14/12/1987 – Avião da FAB, modelo Lockheed C-130, prefixo FAB2468, sofre acidente em Fernando de Noronha, matando os 29 ocupantes.

20/09/1990 – Avião do Governo de Pernambuco, modelo EMB 110 Bandeirante, prefixo PT-FAW, decolou às 19h40 do Aeroporto de Fernando de Noronha com destino ao Recife e, instantes depois, caiu no mar, matando seus 12 ocupantes, dois tripulantes e dez passageiros. Teria sido falha no motor.

11/11/1991 – Avião da Nordeste Linhas Aéreas, modelo EMB 110 Bandeirante, prefixo PT-SCU, cai numa praça do bairro do IPSEP, no Recife, matando todos seus 15 ocupantes (12 passageiros e 03 tripulantes), além de uma criança e um aposentado que estavam na praça. O avião seguia do Recife para Salvador e a causa do desastre teria sido falha do motor na decolagem.

Segundo testemunhas posicionadas próximas à pista, durante a corrida de decolagem, estando a aeronave ainda no solo, houve dois estalos no motor direito com presença instantânea de fogo. A aeronave percorreu, aproximadamente, 900 metros de pista para iniciar a rotação. Durante o primeiro segmento, ocorreu o colapso total do citado motor, caracterizado por um terceiro estalo – este mais forte que os anteriores – e emissão de material em fusão, o qual provocou um início de incêndio ainda na área interna do aeroporto, próximo ao muro de limite (SIC).

Durante esta fase de vôo, a aeronave manteve-se aproximadamente a 30 metros de altura, ao mesmo tempo em que guinava à direita com as asas niveladas.

Fora do eixo de decolagem e aproximadamente 30 segundos após a pista, a aeronave colidiu com duas residências, caindo a seguir em uma praça pública da Vila IPSEP.

Na queda houve forte explosão e fogo, tendo todos os seus ocupantes falecido, bem como duas pessoas que se encontravam no local .

31/01/1993 – Um Boeing 707, prefixo LV-ISA, da Lineas Aéreas del Estado – LADE, que seguia de Maceió para Fortaleza, sofreu uma pane hidráulica e faz pouso forçado no Recife. Não houve vítimas fatais.

17/11/1996 – Acidente com avião da FAB, modelo EMB P-95 Bandeirulha, prefixo FAB7102, deixa 09 mortos. Como aconteceu: Quatro Bandeirulhas da FAB estavam voando em formação de Salvador (BA) a Natal (RN) quando a cauda do FAB7102 foi golpeada pela hélice de um outro Bandeirulha. O FAB7102 perdeu o controle e caiu sobre o município de Caruaru (PE) matando todos os seus 09 ocupantes.

28/07/1998 – Avião monomotor, modelo Mooney Aircraft M-20E, prefixo PT-CGE, particular, vindo de Pesqueira, cai sobre uma plantação de manga do projeto de irrigação Senador Nilo Coelho, a poucos metros da pista do Aeroporto de Petrolina, matando seu único ocupante, o piloto Geovani Maracaípe.

03/01/1999 - Um avião cargueiro russo, da Antonov Airlines, modelo Antonov Na-22A, prefixo UR09307, pesando 140 toneladas, faz uma aterrissagem de emergência no Aeroporto dos Guararapes, depois de sofrer problemas mecânicos. O trem de pouso recolheu e a aeronave se arrastou por cerca de 700 metros antes de conseguir parar. Não houve vítimas.

22/07/2000 – Pista afunda e avião Fokker 100, da TAM, atolou no Aeroporto Oscar Laranjeiras, em Caruaru. Não houve vítimas.

18/03/2001 – Avião modelo Cessna 172B, prefixo PT-BJL, operado pela Visual Propag. Aérea, decolou do Aeroclube de Pernambuco, no Recife, levando apenas seu piloto, para um vôo de reboque de faixa publicitária. Ao efetuar a captura da faixa ("pescaria"), houve a colisão do gancho da corda de reboque com uma pessoa que auxiliava o engate, segurando uma das barras de sustentação da faixa. O choque provocou ferimentos fatais nessa pessoa, sem que houvesse danos à aeronave.

29/09/2002 – Acidente com avião modelo EMB 810C Seneca II, prefixo PT-EZB, da Olinda Táxi Aéreo, às 03h00, no aeroporto de Arcoverde, quando, instantes depois de levantar vôo, uma das hélices apresentou problemas. O piloto Almir Bacelar Bazante conseguiu resgatar o único passageiro, o então candidato a deputado Raul Henry, que sofreu vários ferimentos, e logo em seguida o avião explodiu.

07/12/2002 – Acidente com avião modelo Neiva 821 Carajás, prefixo PT-VEY, particular, deixa duas vítimas fatais, em Araripina.

16/02/2007 – Um avião bimotor, modelo EMB 810D Sêneca, prefixo D-GOMM, particular, que seguia para Dacar, no Senegal, caiu a 44 milhas (cerca de 70km) do Arquipélago de Fernando de Noronha, matando seu único ocupante, o piloto alemão Frank H. Hettlich. O acidente aconteceu às 08:30h.

26/03/2008 – Avião da FAB, modelo VC-35 - Learjet 35A, apresentou problema no trem de pouso logo após decolar e faz pouso de emergência no Aeroporto Internacional dos Guararapes. A aeronave transportava os ministros das Comunicações, Hélio Costa, e da Integração Social, Geddel Vieira Lima, além do Superintendente da Sundene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), Paulo Fontana. Ninguém se feriu.

29/05/2008 - O avião bimotor modelo Beechcraft Baron 58, prefixo PT-ICU, da Fretax Táxi Aéreo, pousou de barriga - com os trens de pouso retraídos - no aeroporto internacional de Recife, por volta das 20h. O piloto e o co-piloto, os únicos ocupantes da aeronave, saíram ilesos.

30/07/2008 – Avião modelo Piper PA-25 Pawnee, prefixo PR-ARQ, particular, que vinha de São Paulo para Recife, sofre pane elétrica e pousa em rodovia no município de Agrestina. Não houve vítimas.

23/11/2008 - Avião modelo Beech Super King Air 200, prefixo PT-OSR, pertencente à Banda Calypso, caiu por volta das 11h30 na Praça San Martin, no Recife, próximo ao Colégio Antônio Farias Filho, matando duas pessoas. A aeronave, que conduzia dez passageiros - entre eles políticos e empresários -, perdeu altitude e se chocou contra quatro casas do bairro. O piloto do avião, Eurico Pedrosa Neto, 46 anos, morreu com a violência do impacto. Gilberto Silva, produtor financeiro da banda, ainda chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Vários feridos.

31 / 05/ 2009 – Um Airbus da Companhia Air France, que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris (voo AF-447), cai no Oceano Atlântico, numa área próxima ao arquipélago de Fernando de Noronha, pertencente ao Estado de Pernambuco, com 228 pessoas a bordo: entre as vítimas havia 72 franceses e 59 brasileiros. O avião decolou às 22h29 GMT (19h30 no horário de Brasília) e caiu pouco menos de quatro horas depois, a 1.150 km do Recife, distância equivalente à que separa São Paulo de Porto Alegre. Nos primeiros dias após o acidente apenas 17 corpos foram resgatados: os demais só seriam localizados quase dois depois (1º maio 2011), no findo do mar, juntamente com uma das caixas pretas do avião. Em diferentes estados de conservação, um total de 154 corpos das vítimas do acidente foram recuperados e os outros 74 foram deixados no fundo do mar.

13 / 07 / 2011 – Um avião de pequeno porte (capacidade para 19 pessoas) da Companhia No Ar Linhas Aéreas, que fazia a linha Recife-Mossoró com escala em Natal, no Rio Grande do Norte, caiu esta manhã num terreno baldio no bairro de Boa Viagem, no Recife, matando todos os 16 ocupantes. Segundo o Comando da Aeronáutica, o bimotor decolou do Aeroporto Internacional dos Guararapes às 6:51horas. Quatro minutos depois, o piloto informou à Torre de Controle que estava em situação de emergência e tentou fazer um pouso forçado, caindo em terreno baldio próximo ao Hospital da Aeronáutica e localizado a 4 km do aeroporto e a 100 metros da praia de Boa Viagem. A explosão do avião aconteceu após o impacto no solo.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

DIA DO AGRICULTOR 2011


PROGRAMAÇÃO


Dia 25 de julho de 2011

ü 08:00: horas: início da exposição de artes, flores e licores – Espaço das Artes;
ü 08:30: intensificação dos trabalhos do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Areia-PB;
ü 12:00: espaço para entrevista com membros da comissão no programa de rádio “Areia em Sintonia” - Rádio PB FM.
ü 16:00: degustação dos licores.

Dia 26 de julho de 2011

ü 07:30: 1ª ECORRIDA – largada da Praça João Pessoa – chegada Ginásio de Esportes do CCA/UFPB;
ü Torneio de futsal feminino – Ginásio Leonardo Vinagre da Silveira – CCA/UFPB (8:30 h);
ü Torneio masculino de futsal - Ginásio Leonardo Vinagre da Silveira – CCA/UFPB (13:30 h).
ü Cursos de oferecidos pelo CCA-UFPB – Produção de mudas.

Dia 27 de julho de 2011

ü 08:00 horas: A Secretaria Municipal da Saúde realizará um dia de exames para as mulheres rurais no Distrito de Mata Limpa, com o Programa “Útero é Vida”, no Distrito de Mata Limpa.


O DIA 28 DE JULHO DE 2011


ü 07:30 horas: teste de glicemia e arterial
ü 08:00 horas: hasteamento da bandeira;
ü 08:30 horas: café da manhã, no Escritório da Emater/Areia;
ü 09:00 horas: Abertura (Auditório da Emater/Areia) – entrega de certificados; entrega de prêmios; entrega de contrato de comodato entre associações rurais e a secretaria de educação para o uso dos prédios das escolas sem funcionamento;
ü 10:00 horas: Escolha da garota “Dia do Agricultor 2011”, no Espaço das Artes e um encontro cultural (cordéis e poesias, e visita a exposição de artes, flores e licores da zona rural de Areia).
ü Participação do poeta, escritor, cordelista e cantador das coisas nordestina “Cobra Cordelista” com o acompanhamento da Companhia da Poesia;
ü 12:00 horas: Feijoada (Bar Se Axegue);
ü Atração Musical: Forró pé de Serra
ü 16:00 horas: Encerramento.

A Cultura da Região Nordeste - Érika Peterlevitz

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Mafuá do Matuto - Poesia e recital no meio da feira

Criado para ser um local permanente de encontro, confluência e difusão da cultura sertaneja, o Mafuá do Matuto surgiu a partir de um movimento que ocorria semanalmente no Mercado da Madalena, onde a comunidade sertaneja se reunia para realizar recitais poéticos e apresentações musicais.

("O Beijo que ela me deu" - Dedé Monteiro e Chico Pedrosa)



fonte:http://culturanordestina.blogspot.com/

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Você sabe quem foi Padre Henrique?

Padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto foi auxiliar do arcebispo de Olinda e Recife Dom Hélder Câmara, era responsável pelo setor da Arquidiocese que dava assistência à juventude. Foi torturado e assassinado, no Recife, entre a noite de 26 e a madrugada de 27 de maio de 1969, tendo seu corpo jogado num matagal da Cidade Universitária.

O episódio teve características de crime político (Dom Hélder liderava a corrente da Igreja Católica que contestava o regime militar instalado no Brasil em 1964) e os autores do assassinato nunca foram identificados. O enterro do Padre Henrique transformou-se numa gigantesca passeata pelas ruas do Recife, com vários atritos com as forças policiais.

Padre Henrique saiu para uma reunião e no outro dia seu corpo apareceu num matagal


A corda aperta-lhe o pescoço e o homem dobra as pernas, semi-asfixiado e cai de joelhos. Uma pancada de faca ou canivete no rosto e o sangue escorre, grosso, molhando o dorso nu e as calças.

Os vultos, ao seu redor, começam a tornar-se ainda mais difusos e ele sente um impacto na face e, certamente, não sente o segundo, à queima-roupa, pouco acima da orelha.

Dois tiros de mestre, convergindo para um só ponto do cérebro. O homem estende-se em meio à pequena clareira aberta no matagal e, nos últimos estertores da morte, agarra, com a mão direita, crispada, um tufo de capim.

Passava da primeira hora da madrugada de 27 de maio de 1969 e não era chegada, ainda, a terceira hora. Os olhos do homem estavam abertos, como abertos e cheio de espanto estavam os olhos do vigia Sérgio Miranda da Silva, quando o encontrou, estirado no chão, às seis e meia da manhã.

Antes das dez, o corpo estava identificado: era do padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto, 28 anos de idade, visto com vida, pela última vez, por uma testemunha, quando era obrigado a entrar numa rural verde e branca.

No final da tarde, a igreja do Espinheiro, no Recife, estava abarrotada de gente para assistir à missa de corpo presente, celebrada por 40 sacerdotes. Durante toda a noite houve vigília e, no dia seguinte, a pé, por mais de 15 quilômetros, uma multidão de 20 mil pessoas acompanhava o enterro até um cemitério próximo à Cidade Universitária, a mesma região aonde aconteceu o crime.

Foi assim que, seis anos depois, ao reconstituir o episódio, o Jornal da Cidade narrou o assassinato do Padre Henrique. Um crime que até hoje nunca foi explicado e, provavelmente, nunca o será.

Sabe-se apenas que, por várias vezes, antes daquela madrugada, o padre sofrera veladas ameaças de morte. Sabe-se, também, que ficaram pistas. Mas só as pistas não resolvem casos. Principalmente casos acontecidos numa época em que o Brasil vivia sob a censura e a brutalidade da ditadura militar.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Você sabe o que é a Chesf?



Empresa do sistema Eletrobrás, com sede no Recife, foi uma das pioneiras no Brasil na construção de grandes usinas hidrelétricas. Criada através do Decreto 8031, de 03 de outubro de 1945, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, e constituída a 15 de março de 1948, com o objetivo de gerar energia elétrica para o Nordeste, aproveitando o potencial hidráulico do Rio São Francisco.

Iniciou sua operação no começo de 1955, com duas unidades geradoras de 60 mil megawatts, instaladas na região de Paulo Afonso Bahia.

Em 1996, contava com um complexo de 13 grandes hidrelétricas e algumas termoelétricas. A princípio, tinha uma área de atuação que se estendia por todo o Nordeste até que, em 1980, o estado do Maranhão teve seu abastecimento transferido para o Sistema Eletronorte.

A partir de então, passou a atuar nos demais estados nordestinos, da Bahia ao Piauí, abrangendo uma área 1 milhão 220 mil km2, equivalentes a 14,3% do território brasileiro. Pouco antes da hidrelétrica de Tucuruí entrar em operação, em 1984, a energia gerada pela Chesf foi levada também ao Pará, para iluminar Belém e o acampamento daquela futura usina.

Esta interligação entre Nordeste e Norte foi considerada um importante marco da engenharia brasileira, por conta da distância entre a fonte geradora e a de consumo da energia, superior a 1.800 quilômetros.

Para explorar as águas do São Francisco, a Chesf enfrentou grandes desafios, entre os quais a escavação de uma grande caverna, 80 metros adentro do solo do semi-árido, para a instalação da primeira hidrelétrica nordestina, que foi a usina Paulo Afonso I, iniciada em 1949 e inaugurada a 15 de janeiro de 1955, pelo então presidente da República, João Café Filho.

Antes da construção da hidrelétrica de Paulo Afonso, tudo o que existia no Nordeste eram pequenos aproveitamentos hidráulicos ou de geração térmica, que abasteciam localidades isoladas. Após a construção da Paulo Afonso, sucederam-se as outras grandes hidrelétricas do sistema Chesf.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

RECEITAS DO CAMPO


Cocada ao leite


Ingredientes

1 (sopa) de manteiga
2 de coco fresco ralado
2 de açúcar
1 lata de leite condensado

Modo de preparo

Untar uma pedra mármore com um pouco de óleo. Ou então untar uma assadeira. Misturar em uma panela o coco, leite condensado e açúcar. Levar ao fogo e misturar bem, cozinhar misturando regularmente com uma colher de pau. Quando o doce começar a ser soltar do fundo da panela, retirar do fogo e acrescentar a manteiga. Bater bem com a colher de pau para que o doce açúcare. Despejar sobre o mármore untado e deixar esfriar. Cortar quadrados de 10x10 cm.

Patativa do Assaré - Entrevista e Poemas

sábado, 9 de julho de 2011

Cordel




Tenho o poder
Na palma das mãos
Para desatar os nós
Que me prendem aos cordões
Da fatídica opressão
Dos barões e seus bordéis.

Preciso limpar a sujeira das ruas
Do roubo, o tráfico e prostituição
E livrar o povo dos bordões.

Quero criar um cordel
Para ir além da imaginação
E imaginar o cavaleiro
Montado no corcel
Vencendo a batalha
Contra os coronéis
Para vingar a lei e a ordem
E restituir a razão.

Desato o nó, meu irmão.
O poder que há nos papéis
Liberta o povo
Da ignorância absurda
Por falta de cultura e amor
Estabeleço o prazer em viver
Quem sabe?
Pode haver em mim este dom.


de Cesar Moura por correio eletrônico

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Alemães em Pernambuco

Chã de Estevam foi a denominação de uma espécie de campo de concentração criado a 22 de novembro de 1942, no local onde hoje está situado o município de Araçoiaba, a 60 km do Recife, em terras da Fábrica de Tecidos Paulista, de propriedade da família Lundgren, fundadora das Casas Pernambucanas. Abrigou, até 1945, um grupo de 33 operários alemães e suas famílias, em casas de alvenaria.

Eles eram os empregados dos Lundgren, não sofriam maus-tratos, recebiam metade do salário a que tinha direito se estivessem trabalhando, tinham direito a manter correspondência com parentes na Alemanha e iam à feira sem vigilância ostensiva. As únicas restrições eram o afastamento do trabalho; a proibição de falar alemão e não se deslocar, sem autorização, ao Recife, mesmo que para tratamento médico.

Greve do Cabo


Decretada a 13/12/1966, por mais de dois mil trabalhadores rurais do município do Cabo, foi a primeira greve de trabalhadores brasileiros depois do golpe militar de 1964. Os agricultores, sob a liderança da direção do seu sindicato e com apoio do movimento estudantil, exigiam pagamento de 13º salário, férias e assinatura da carteira de trabalho.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Aurora Pernambucana



A Aurora Pernambucana foi o primeiro jornal de Pernambuco e o terceiro publicado no Brasil. O nº 1 circulou no dia 27 de março de 1821, em formato de 25 x 17cm, com quatro páginas, em papel de linho e impresso na Oficina do Trem Nacional de Pernambuco, no Recife. Antes dele, surgiram a Gazeta do Rio de Janeiro, em setembro de 1808, e a Idade do Ouro no Brasil, publicado na Bahia, no dia 14 de maio de 1811.



Acima do título do jornal há uma pequena vinheta, com o desenho de montanhas, um trecho de praia e, ao fundo, o sol nascente. Logo abaixo do título quatro versos de Luís de Camões:



Depois de procellosa tempestade,

Nocturna sombra, e sibilante vento,

Tras a manhã serene claridade,

Esperança de porto e salvamento.



Foi fundado pelo governador Luiz do Rego Barreto e teve como redator seu genro e secretário do governo, Rodrigo da Fonseca Magalhães, ambos portugueses.



Luiz do Rego Barreto nasceu em Viana do Castelo, em 1778. Seguiu a carreira militar e veio ao Brasil, em 1816, para auxiliar Portugal na luta contra a invasão francesa. Casou-se no Rio de Janeiro com uma brasileira e foi designado comandante/chefe de uma expedição militar, cujo objetivo era combater os revoltosos de Pernambuco, além de ter recebido também a condição de governador. Morreu no Minho, Portugal, no dia 7 de setembro de 1840.



Rodrigo da Fonseca Magalhães nasceu em Candeixa-a-Nova, em 1787. Estudou na Universidade de Coimbra, adotou também a carreira militar, tendo lutado sob o comando de Luiz do Rego Barreto. Por participar de conspirações políticas foi perseguido em Lisboa, fugindo para o Brasil, em 1819, vindo ao encontro do seu ex-comandante. Deixou algumas obras publicadas e morreu em Lisboa, no dia 11 de maio de 1858.



A Aurora Pernambucana circulou ora uma, ora duas vezes por semana e tinha como objetivo a “utilidade pública”. O dinheiro arrecadado com a venda era utilizado para beneficiar “53 meninos indigentes”, educados em artes e ofícios, na Oficina do Trem. Continha, principalmente, notícias dos fatos e acontecimentos políticos, divulgando também correspondências, proclamas e atos oficiais.



O jornal visava, basicamente, “conter o nativismo e o republicanismo dos pernambucanos” e servir aos interesses políticos do governador Luiz do Rego Barreto.



A Aurora Pernambucana parou de ser publicada no seu nº 30, no dia 10 de setembro de 1821.



Depois do primeiro Aurora Pernambucana, Pernambuco já teve três jornais com o mesmo título: um publicado em novembro de 1841, que parou de circular em três semanas, após a edição de apenas dois números; um outro que circulou regularmente de 16 de outubro de 1858 até 17 de dezembro de 1859 e um último que surgiu em 1971.


Exemplares do Aurora Pernambucana publicados em 1858/1859 podem ser consultados no setor de microfilmes, da Fundação Joaquim Nabuco.


Recife, 23 de abril de 2004.

(Atualizado em 20 de agosto de 2009).


FONTES CONSULTADAS:

NASCIMENTO, Luiz do. História da imprensa de Pernambuco (1821-1954). Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1969. v. 4, p. 19-24.


______. Sesquicentenário do primeiro jornal pernambucano. Recife: Associação da Imprensa de Pernambuco, 1971.



COMO CITAR ESTE TEXTO:



Fonte: GASPAR, Lúcia. Aurora Pernambucana (jornal). Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: . Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

SUAPE - O QUE É:


Idealizado em 1968, o Complexo Industrial e Portuário de Suape teve a sua primeira atracação de navio em 1982. O Complexo de Suape é o mais completo pólo para a localização de negócios industriais e portuários da Região Nordeste. Dispondo de uma infra-estrutura completa para atender às necessidades dos mais diversos empreendimentos, Suape tem atraído um número cada vez maior de empresas interessadas em colocar seus produtos no mercado regional ou exportá-los para outros países.

Em 2009, mais de 70 empresas já estavam instaladas ou em fase de implantação no Complexo Industrial, representando investimentos da ordem de US$ 1,7 bilhão. Além da infra-estrutura adequada, essas empresas contam ainda com incentivos fiscais, oferecidos pelos governos estadual e municipal, com o objetivo de estimular a geração de empregos e incrementar a economia regional.

Localização – O Complexo de Suape fica entre os municípios do Cabo e Ipojuca e tem uma localização estratégica em relação às principais rotas marítimas de navegação, conectando-se com mais de 160 portos em todos os continentes, colocando-o em condições de ser o principal porto concentrador do Atlântico Sul.

O Complexo Industrial Portuário de Suape está situado 40 km ao sul do Recife (PE), nos municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho. O porto é a única entrada e saída para toda a Região Nordeste. Um mercado consumidor com 50 milhões de habitantes e um PIB de US$ 110 bilhões.



Suape ocupa uma área extensa de 13.500 hectares de terra. Para garantir um crescimento ordenado e facilitar a administração, o complexo foi dividido em zonas: portuária, industrial, administrativa e de preservação ecológica e cultural.



Extrutura Portuária - Suape opera navios nos 365 dias do ano, sem restrições de horário de marés. Para auxiliar as operações de acostagem dos navios, o Porto dispõe de um sistema de monitoração de atracação de navios a laser, que possibilita um controle efetivo e seguro, oferecendo ao prático condições técnicas nos padrões dos portos mais importantes do mundo.

O Porto já movimenta mais de 5 milhões de toneladas de carga por ano, destacando-se, entre elas, os granéis líquidos (derivados de petróleo, produtos químicos, álcoois, óleos vegetais etc), com mais de 80% da movimentação, e a carga conteinerizada. O Porto pode atender a navios de até 170.000 tpb e calado operacional de 14,50 m. Com 27 km² de retroporto, seus portos externo e interno oferecem as condições necessárias para atendimento de navios de grande porte.

O canal de acesso tem 5.000 m de extensão, 300 m de largura e 16,5 m de profundidade.

Suape conta com um Porto Externo, Porto Interno, Terminais de Granéis Líquidos, Cais de Múltiplos Usos, além de um Terminal de Contêineres.


Empresas instaladas no Complexo até 2009:



Aluminic Industrial S/A
Amanco Brasil S/A
Andaluz Logística e Transportes Ltda.
Arcor do Brasil Ltda.
Atlântico Terminais S/A
Bahiana Distribuidora de Gás Ltda
Braspack Embalagens do Nordeste S/A.
Bunge Alimentos S/A.
Caulim do Nordeste S/A
Cebal Brasil Ltda (Alcan)
Cerâmica Monte Carlo Ltda.
Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga
Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco S/A - CITEPE
Cimec - Cia. Industrial e Mercantil de Cimentos
Concreto Redimix do NE S/A
Condor Nordeste Indústria e Comércio Ltda.
Copagás Distribuidora de Gás Ltda.
Decal Brasil Ltda.
Elite Cerâmica S/A.
Emplal - Embalagens Plásticas
Esso Brasileira de Petróleo S/A.
Estaleiro Atlântico Sul
Filmflex Indústria e Comércio de Embalagens Plásticas Ltda S/A. (Filmplastic)
IGL Industrial Ltda
Komboogie Transporte Ltda.
Liquigás Distribuidora S/A.
Máquinas Piratininga Indústria e Comércio Ltda.
MHAG – Serviços e Mineração S/A
Microlite S/A.
Minasgás Participações S/A.
M&G Polímeros Brasil S.A.
Nacional Gás Butano Distribuidora S/A.
Ogramac Ltda.
Nutrinor Indústria e Comércio de Alimentos Ltda.
Pamesa
Pandenor - Importação e Exportção
Pedreira Anhanguera S/A.
Pedreiras do Brasil S/A.
Pepsico do Brasil Ltda. (Elma Chips)
Pernod Ricard Brasil (Seagram)
Petrobras Distribuidora S/A.
Petróleo Suape Ltda.
Petroquímica Suape S/A
Pousadas do Cabo de Santo Agostinho Empreendimentos Hoteleiros
Quebecor World Recife Ltda
Refresco Guararapes Ltda. (Coca-Cola)
Rexam Beverage Can South América (Lanesa - Latas de Alumínio do NE S/A)
Saveiros Camuyrano Marítimos Ltda.
Senai - Serviço Nac. Aprend. Industrial
Shell do Brasil S/A.
Suape Têxtil S/A.
Suata Serviços e Logística Ltda.
Sapeka Indústria e Comércio de Fraldas Descartáveis do Nordeste Ltda.
Tecon Suape S/A
Temape - Terminais Marítimos de PE
Tequimar - Terminal Químico Aratu S/A
Terranor Indústria e Comércio de Materias Gráficos Ltda.
Termopernambuco S/A.
Texaco do Brasil S/A.
Thor Nordeste Ltda
TOC Empreendimentos Ltda.
TRANSPAZ - Trans. Rodoviário de Cargas
Vitivinícola Cereser LTDA
Wilport Operadores Portuários Ltda.
Windrose - Serv. Marítimos e Representações Ltda.
Work Mariner Ltda.

Fonte:http://www.pe-az.com.br

terça-feira, 5 de julho de 2011

Recife iluminada por lampiões a base de óleo de mamona


Até 1822, as ruas do Recife não tinham iluminação pública de qualquer tipo, só eram iluminadas durante as chamadas grandes noites. Entre estas ocasiões especiais, estavam as festas de final de ano e o nascimento de um príncipe na Côrte, Rio de Janeiro. E o curioso dessa história é que, mesmo sem ter suas ruas iluminadas, todos os recifenses eram obrigados a pagar um imposto para custear a iluminação da Côrte.

O serviço de iluminação pública do Recife foi inaugurado em maio de 1822.
Os lampiões nas calçadas eram alimentados com óleo de mamona, que a população chamava de óleo de carrapateira. Os recifenses continuaram pagando o imposto para custear a iluminação do Rio de Janeiro até 1827, ano em que o governo decidiu que o arrecadado com o tributo passaria a ser aplicado na Capital da Província.

Em 1857, os lampiões da cidade passaram a utilizar como combustível o óleo de peixe, o que melhorou o desempenho da iluminação. Os postes ainda eram poucos, dezenas deles, mas o suficiente para que a população se orgulhasse do serviço que deu vida noturna a cidade.

Gasômetro de São José é inaugurado em 1859

A 26 de abril de 1856, dois comerciantes (Felipe Lopes Neto e Hény Gibson) e o engenheiro Manuel Barros Barreto se associam e firmam, com o governo, um contrato para instalação de gás no Recife, que seria fornecido por combustores, com luz equivalente, em densidade, a dez velas de espermacete.

Eles teriam o direito de explorar o serviço por trinta anos, mas não chegaram a concretizar seus planos. Transferiram o contrato para a empresa Roston Roocker & Cia, que também desistiu e repassou o projeto para a empresa Fielden Brothers.

Foi esta última empresa que concretizou a novo serviço de iluminação do Recife. Iniciou as obras de instalação de um gasômetro, no bairro de São José, e depois construiu o encanamento e instalou os combustores. O tão esperado gasômetro foi inaugurado a 26 de abril de 1859.

O sistema de iluminação pública do Recife, a gás carbônico, foi inaugurado, festivamente, um mês depois (26/05/1859). Naquela ocasião, a cidade já dispunha de 1.037 lampiões e a iluminação tornou-se bem mais potente.

Estação de trem e mercado, dois nobres pontos de luz

Antes mesmo que o Recife ganhasse o serviço de iluminação pública por energia elétrica, dois pontos da cidade já dispunham desse tipo de iluminação: a Estação Central, da rede ferroviária, e o Mercado do Derby, este construído pelo empresário Delmiro Gouveia que, mais tarde, seria o pioneiro na exploração do Rio São Francisco para a geração de energia.

A luz vinha de geradores e apareceu pela primeira vez em 1890, na estação ferroviária, atual Museu do Trem, que também estendeu o benefício para a pequena praça que ainda hoje existe em frente ao seu prédio.

Já o Mercado do Derby, que funcionou onde hoje fica o quartel da Polícia Militar, no Derby, foi inaugurado em 1898. Era uma espécie de precursor dos atuais shoppings, num imponente prédio onde se vendia de tudo, de carne, artigos importados, verduras, até gelo ou jornais.

E com uma grande atração: luz elétrica, que proporcionou aos comerciantes estenderem o horário comercial de suas lojas até às 8h da noite. Na frente do mercado, foi criada uma área de lazer, onde as festas para crianças e adultos, realizadas à noite, atraíam multidões. Era o ponto mais concorrido do Recife.

O Mercado do Derby (ou Mercado Modelo Coelho Cintra, seu nome oficial) foi destruído por um incêndio, na madrugada de 01 de janeiro de 1900. Dizem que o incêndio foi criminoso e que os seus autores foram os inimigos políticos de Delmiro Gouveia, na época chefiados pelo vice-presidente da República, o pernambucano Rosa e Silva.

O prédio ficou abandonado até 1909, quando foi recuperado e passou a abrigar a Escola de Aprendizes de Artífices. Tempos mais tarde, o edifício do velho mercado virou quartel da Polícia Militar. Quartel que ainda hoje existe no local.

Olinda pioneira

Antes mesmo do Recife, Olinda foi a primeira cidade do Nordeste brasileiro a contar com um sistema de iluminação pública através de energia elétrica. O fato aconteceu a 14 de julho de 1913, quando a Companhia Santa Tereza (Empreza de Illuminação Electrica e Abastecimento D?Água da Cidade de Olinda) inaugurou esse serviço na cidade. Até então, Olinda contou apenas com iluminação a gás, sistema também gerido pela Companhia Santa Tereza, de propriedade do empresário Claudino Coelho Leal.


Energia elétrica põe fim aos bondes puxados a burros

A 27 de outubro de 1913 é assinado o contrato, entre o governo estadual e a empresa The Pernambuco Tramways and Company Limited, para implantar os serviços de iluminação pública e residencial no Recife. A partir de então, gradativamente a cidade passou a ser iluminada, mas seria somente no ano seguinte, com a inauguração do serviço de bondes elétricos, a 13 de maio de 1914, que a cidade teria luz elétrica em larga escala.

O bonde, transporte coletivo da época, também era explorado pela Pernambuco Tramways, deu novo impulso ao desenvolvimento da Capital e circulou até o final da década de 1950.

No tempo em que o transporte coletivo puxado a burros foi aposentado, havia máquinas geradoras de energia elétrica para abastecimento da rede de bondes, à base de 500 volts, e duas estações rebaixadoras de corrente: uma na Rua Gervásio Pires e outra na Rua das Graças.

Essas estações transformavam a corrente alternada em contínua e, com o sistema já implantado, foi fácil adaptar o fornecimento de energia elétrica para as residências, substituindo a luz do gás carbônico. A energia era gerada por uma termelétrica, construída nas proximidades da Estação Central, com turbinas a vapor, movidas inicialmente a carvão e, depois, a óleo.

O banco de transformadores de corrente ficava na Rua do Sol e a rede de distribuição tinha postes de madeira e de ferro. A corrente fornecida pela usina era de 220 volts mas, como o serviço não era perfeito, em alguns lugares da cidade não chegava nem a 180 volts. Nestas áreas, a iluminação era fraca e o rádio tocava baixinho, como se fosse um rádio com pilhas fracas.

Apesar dos problemas técnicos iniciais, esse primeiro sistema de iluminação pública à base de energia elétrica deu grande contribuição ao desenvolvimento do Recife. E continuaria sendo utilizado até mesmo depois da chegada da energia do São Francisco, para reforçar o abastecimento da cidade.

Tem início em Pernambuco a era das hidrelétricas

O Recife passou a contar com energia elétrica gerada pelo Rio São Francisco no dia 01 de dezembro de 1954, às 06h da manhã, quando a Companhia Hidroelétrica do São Francisco-Chesf ligou o primeiro circuito para alimentar a rede da capital pernambucana.

A energia vinha da Hidrelétrica de Paulo Afonso, que acabara de ser construída em território baiano e que seria inaugurada oficialmente a 15 de janeiro de 1955, com a presença do então presidente da República, João Café Filho.

Naquela época, a cidade era iluminada pelo sistema da Pernambuco Tramways, através de termelétrica, que já não conseguia atender as necessidades dos consumidores. Daí, a chegada da energia elétrica de Paulo Afonso (que também passou a iluminar a cidade de Salvador e outras regiões do Nordeste) ter sido celebrada com festas.

Mas, houve problemas, também. Com a usina ainda em fase de testes, o governo levou a energia da Chesf para outras cidades, o sistema apresentou falhas e vieram os protestos.

Foi nessa fase, por exemplo, que a população da cidade de Jaboatão saiu às ruas para protestar contra os apagões programados por um rigoroso plano de racionamento, adotado pelas autoridades enquanto as falhas no sistema de transmissão eram reparadas. (Veja o texto População de Jaboatão foi às ruas para impedir apagões).

Quando o Recife foi iluminada pela energia de Paulo Afonso, já haviam passados 41 anos da primeira experiência de utilização das águas do Rio São Francisco para a produção de energia elétrica.

O pioneiro desse sistema foi o empresário cearense Delmiro Gouveia, que em 1913 inaugurou, no penhasco da cachoeira de Paulo Afonso, na margem alagoana do rio, uma pequena hidrelétrica, para mover uma fábrica de linhas de coser e iluminar uma vila operária, instaladas por ele na localidade de Pedras (AL), a 24 km dali.

Pernambuco já foi atingido por apagões

Nos últimos 15 anos, os pernambucanos presenciaram, pelo menos, dois grandes apagões acidentais. Um deles ocorreu em 1987, quando o Estado ficou totalmente às escuras por cerca de três horas. Mas, o blecaute que mais danos causou ao Estado ocorreu em agosto de 2000 e foi parcial.

Atingiu apenas os municípios de Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e Escada, deixando um prejuízo de R$ 8,5 milhões a cerca de 40 indústrias que operam no Complexo Industrial Portuário de Suape e demais áreas afetadas. Na ocasião, a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) classifiou o incidente como o maior apagão dos últimos dez anos em Pernambuco.

Tudo aconteceu às 18h03m da quinta-feira 24 de agosto de 2000, quando o rompimento de um cabo na linha de transmissão da Chesf interrompeu o fornecimento de energia na área sul da Região Metropolitana do Recife e algumas cidades da Zona da Mata.

O apagão durou sete horas e trinta minutos e, de acordo com a Chesf, afetou a vida de 750 mil pessoas. O blecaute comprometeu entre 5% e 7% de toda a carga elétrica do Estado. Para contornar o problema, a Chesf utilizou 30 homens numa operação de emergência e o abastecimento na área atingida só foi totalmente normalizado à 01h33m da sexta-feira 25 de agosto.

Segundo os técnicos, o rompimento do cabo que gerou o apagão foi provocado por um defeito num esforçador (peça que separa um cabo do outro) instalado num trecho do município de Moreno, exatamente no cruzamento da linha de transmissão de 500 quilovolts que vinha de Paulo Afonso (BA) com outro trecho de transmissão de energia de 230 quilovolts para a subestação de Pirapama.

Ou seja, foi um problema operacional. Apesar de menos abrangente que o de 1987, este último apagão trouxe mais prejuízos para Pernambuco porque ocorreu numa área onde está localizado o pólo industrial do Estado.


População de Jaboatão foi às ruas para impedir apagões


Mesmo antes de 2001 – quando o Brasil se assustou com uma série de apagões promovidos pelo Governo para forçar a população economizar energia -, Pernambuco já havia convivido com o racionamento de energia elétrica através de apagões programados. Aconteceu em 1954 e provocou todo tipo de reação. Em Jaboatão, a população foi às ruas e impediu que a Companhia energética desligasse as luzes da cidade.

A empresa que abastecia o município era a Pernambuco Tramways, sediada no Recife. Com a capacidade de produção esgotada e, para evitar o colapso na Capital, a concessionária adotou uma série de medidas restritivas, sendo a principal delas a suspensão temporária da energia enviada para Jaboatão.

O racionamento entrou em vigor no início de novembro e, diariamente, Jaboatão ficava três horas às escuras, entre 17h30m e 20h30m. O corte era feito por um funcionário da empresa, na localidade de Volta do Caranguejo, no distrito de Socorro. Apesar dos transtornos causados, os primeiros dias de apagões foram encarados com serenidade pela população.

Um mês mais tarde, quando a Pernambuco Tramways passou a receber energia gerada pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco-Chesf e, mesmo assim, não suspendeu o racionamento, os ânimos se exaltaram.

A situação azedou de vez no dia 12 de dezembro, quando dezenas de pessoas se dirigiram à Volta do Caranguejo, dispostas a impedir a interrupção do fornecimento de energia. Sem condições de enfrentar a multidão, o funcionário encarregado de desligar a rede desistiu de sua tarefa e, naquela noite, não houve apagão na cidade.

A mobilização popular prosseguiu nos dois dias seguintes, exatamente da mesma forma. Mas, como não havia mesmo energia suficiente, tudo terminou com um acordo: o apagão foi reduzido para apenas uma hora, entre às 17h30m e 18h30m. Ao justificar os protestos, a população de Jaboatão indagava: por que os apagões no mesmo momento em que o governo festejava a conclusão da primeira grande hidrelétrica da Chesf, que iria iluminar todo o Nordeste?


O problema era que a Usina de Paulo Afonso ainda operava em caráter experimental e, toda vez que ocorria algum problema nos geradores ou na linha de transmissão entre Paulo Afonso e a subestação do Bonji, a Pernambuco Tramways era obrigada a operar somente com a sua já defasada termelétrica e o racionamento era inevitável. Os apagões, também.

Detalhes curiosos: a atitude dos moradores de Jaboatão foi considerada ousada porque ocorreu num dia em que o presidente da República, Café Filho, permaneceu seis horas no Recife, inaugurando obras, o que não inibiu o povo de ir às ruas.

O país vivia uma grave crise política, desencadeada pelo suicídio de Getúlio Vargas.

As autoridades não se entendiam sobre a tarifa de energia a ser cobrada pela novata Chesf. E, diferentemente do que ocorreu em 2001, o Nordeste não estava ameaçado de blecaute. Pelo contrário, iniciava a sua fase de grande gerador de energia, através de modernas hidrelétricas no Rio São Francisco.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Pernambuco criou 63 municípios em apenas duas canetadas

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pernambuco é um dos Estados brasileiros que menos criaram municípios, nos últimos 30 anos. Mas, nem sempre foi assim. Recuando um pouco mais na História, é fácil descobrir que os pernambucanos também já tiveram muita sede por emancipação de Distritos. Em duas canetas, por exemplo (uma em 1928 e outra em 1963), nada menos do que 63 Distritos foram elevados à categoria de Cidade no Estado.

E essas duas canetadas não ficaram restritas a uma ou outra região: elas envolveram Distritos localizados em todo o território estadual, do Litoral ao Sertão. Em 1928, através da Lei Estadual nº 1.931 (de 14 de novembro), foram emancipados 23 Distritos assim distribuídos: 05 no Sertão, 11 no Agreste e 07 no Litoral-Mata. Já em 1963, através da Lei Estadual nº 4.983 (de 20 de dezembro), as emancipações beneficiaram 40 Distritos, sendo 12 no Sertão, 19 no Agreste e 09 no Litoral-Mata.

Nessa curta reportagem, o Pernambuco de A-Z não pretende discutir os argumentos de quem é contra ou a favor da criação de novos municípios. O objetivo, aqui, é apenas historiar o que vem ocorrendo em Pernambuco e fornecer subsídios para estimular o debate num Estados que, passados quase meio século daquela canetada de 1963, tem um total de 185 municípios, sendo que as últimas emancipações (as de Santa Filomena, Manari e Casinhas) ocorreram em 1997.

Entre os municípios emancipados em 1928 estão vários que se transformaram em importantes polos de desenvolvimento, como por exemplo Arcoverde (em 2011 um centro comercial, com mais de 70 mil habitantes) e Araripina (integrante do polo gesseiro do Estado e onde vivem hoje cerca de 80 mil pessoas). Outros, ao contrário, pouco evoluíram, como é o caso de Palmerina que, passados 83 anos, tem uma população que não chega a 10 mil habitantes e 6.820 eleitores.


Foto de Arcoverde


De todos os municípios emancipados em 1963, ainda hoje (2011) nenhum pode ser considerado como cidade importante. Praticamente todos continuam com uma economia pouco representativa no conjunto do Estado e mais de uma dezena deles continua, 48 depois, com população inferior a 10 mil habitantes. São exemplos: Itacuruba (4.369 habitantes), Ingazeira (4.496) e Solidão (5.744 habitantes). O mais populoso entre todos é Passira, com 28.664 habitantes (IBGE-2010).

Veja, a seguir, a relação dos municípios emancipados em 1928 e 1963:

1928: Agrestina, Aliança, Araripina, Arcoverde, Belém de São Francisco, Belo Jardim, Carpina, Catende, Custódia, Jurema, Lagoa dos Gatos, Macaparana, Maraial, Orobó, Palmeirina, Ribeirão, São Caetano, São Joaquim do Monte, São Vicente Férrer, Serrita, Surubim, Vertentes e Vicência.

Foto de Araripina


1963: Afrânio, Brejinho, Buenos Aires, Caetés, Calçados, Calumbi, Camutanga, Capoeiras, Cedro, Chã de Alegria, Cumaru, Feira Nova, Ferreiros, Frei Miguelinho, Iati, Ibimirim, Ibirajuba, Iguaracy, Ingazeira, Itacuruba, Itaíba, Itaquitinga, Lagoa de Itaenga, Machados, Orocó, Paranatama, Passira, Primavera, Sairé, Salgadinho, Saloá, Santa Maria do Cambucá, Santa Terezinha, São Benedito do Sul, Solidão, Tacaimbó, Terezinha, Tracunhaém, Trindade e Tupanatinga.

Foto de Tracunhaém

sábado, 2 de julho de 2011

O DIA EM QUE LAMPIÃO ENFRENTOU JOHN WAYNE



Amanhecia. Um belo dia de céu azul sem nenhuma nuvem. Daqui a pouco o sol estará totalmente fora da serra. A noite fora fria, mas o dia prometia muito calor na pequenina Coité da Serra, perdida no Sertão seco e árido de Pernambuco. Hora para os cangaceiros, à frente Virgulino Ferreira, tomarem de surpresa a cidade. Nenhum aviso nem de um lado de do outro. Naquele momento Coité dormia depois de uma noite de absoluta tranqüilidade.Mas em cada esquina, a cabeça, depois o corpo todo suado e carregado de coisas, os cangaceiros. Eles iam surgindo de três em três caminhando com cautela e de arma na mão.Os moradores dormiam a sono solto.

Ninguém para testemunhar a invasão dos cabras de alparcatas comandados por Lampião. Pisavam de mansinho, olhos arregalados e ouvidos atentos. Pelo jeito de seus rostos vinham de longe. Cada passo era medido e todos em silêncio. Falar só o gestual. Em cada mão o rifle e o dedo no gatilho pronto para qualquer emergência. Na outra rua, o grupo que caminhava com Lampião permanecia atento cobrindo o chefe como se fosse uma criança. Mesmo assim Lampião, que vinha mais atrás, não largava o parabelum engatilhado.No pátio coberto de relva já amarelecida pastavam alguns animais domésticos. Bois magros e bodes espertos.De repente, um cachorro vira-lata atravessa aos pinotes no meio da rua, latindo. Talvez assustado com a presença dos homens estranhos e silenciosos.

Os cabras quando viram o cachorro cada vez mais afoito puseram o dedo no gatilho pronto para abrir fogo. O animal ficou só rosnando e se defendeu correndo ladeira abaixo. Bastou um dos homens de Lampião bater o pé. Passado o susto continuaram a marcha lenta e cautelosa. No fim da primeira rua descobriram o bar. A porta estava ainda fechada. No alto uma placa desbotada indicava: "bar Ponto Alegre". Na frente, o salão com as mesas e lá atrás as de bilhar. Os homens se encontravam ali com as mulheres. Era o baixo meretrício da cidade, depois ficaram sabendo.Lampião deu o sinal verde e todos de uma só vez estavam na rua principal, em cima do "Ponto Alegre". Na outra rua, a barbearia do seu Nozinho. Adiante, a farmácia de Odilon, também proprietário da "Funerária Adeus Amigos". A esta altura os bandidos se juntaram no pátio aguardando a abertura do bar. A sede e a fome amoleciam aqueles corpos fortes e rudes carregando armas e apetrechos comuns a eles. Mas de cinqüenta quilos no lombo. Alguns exaustos se sentaram no chão. Outros ficaram de pé seguindo o chefe.No céu azul algumas aves à procura dos alimentos. O sol estava alto. As primeiras janelas foram abertas timidamente. As pessoas quase apareciam ao mesmo tempo, mas recuavam ao ver o movimento inusitado de cangaceiros na rua. Há anos passaram por Coité da Serra alguns cabras de Lampião. Mas de passagem apenas.

No ar, os sons dos sinos da Matriz chamando os fiéis às orações. Porém poucos se atreviam diante do pessoal armado.

O bar, finalmente, abriu. Os cangaceiros se movimentaram rápidos. Quem estava sentado pulou de pé. Sempre com o fuzil na mão. Todos se dirigiram ao "Ponto Alegre". Água e comida, a primeira ação dos forasteiros. O bar rapidamente se encheu de homens mal cheirosos e famintos.Seu Cardoso, dono do estabelecimento, recebeu os cangaceiros com muita gentileza. Chamou Tiãozinho e ordenou alimento e água para o pessoal de Lampião. Pão, queijo de coalho, ovos, salame, conhaque e muita água da jarra, recomendou. A algazarra era grande. Coité da Serra jamais ouviu tanta gritaria. A Cidade agora pertencia aos cabras de Lampião. "E tiro só se houver precisão!" - Avisou o Capitão.

Comeram e beberam fartamente. Uns pegaram cigarro e inundaram o salão de fumaça e cheiro de álcool. A cachaça foi servida em abundância.A delegacia de polícia não abriu as portas. Os dois únicos soldados que passaram a noite de plantão foram embora - informaram. O Capitão não gostou dessa história e mandou que cinco de seus cabras fossem buscar os soldados fujões. Custasse o que custasse. E justificou a ordem: "macaco sorto não pode ficar. É armadia!" E saíram os cangaceiros atrás dos soldados. Outros ficaram ainda no bar comendo e bebendo à vontade.Lá fora, os comentários no pé do ouvido não eram poucos. Quase ninguém na rua. Os moradores cedo devem ter saído pelos fundos de suas casas com medo de violência.

Só depois do meio dia chegaram os cabras com os dois soldados amarrados, na presença do Capitão. Depois de ouví-los, ordenou: "Bota esses dois frouxos no xadrez, sem roupa, e traga a chave pra gente!" E falou mais uma vez: "Macaco sorto é causo de baruio. E como tamo aqui sem fazê baruio deixa os home no xilindró."Os cangaceiros saíram com os presos. Lampião e seu bando deixaram o bar prometendo retornar à noitinha pra conhecer as mulheres e os homens valentes do lugar.

Anoitecia quando Lampião e seus homens retornaram para o "Ponto Alegre". Antes, Virgulino passou pelo velho cinema que só funcionava duas vezes por semana, e era a alegria de boa parte da população. Quando chegou ao Cine Rex despertou a curiosidade o filme anunciado. Um faroeste com John Wayne. Não resistiu e avisou para seu lugar-tenente: "De noite vô vê esse caubói!".E saiu com seus cabras em direção ao bar. Sentaram-se, pediram conhaque e ficaram ali conversando enquanto planejavam a viagem de madrugada que iam fazer aos sertões de Alagoas.

Bem em frente ao Cine Rex Lampião parou. Muitas pessoas, inclusive meninos entravam tranqüilamente sem pensar nos cangaceiros que invadiram a cidade. Lampião entrou com alguns dos seus cabras. O filme começou com John Wayne brigando, dando tiros, quebrando tudo para prender os bandidos. O público vibra. Chegam a bater palmas. Lampião e os cangaceiros não desviam a atenção da tela.

De repente, a cena se transforma. É Lampião e John Wayne se enfrentando num duelo de vida e morte. Lampião de punhal na mão não teme a pistola. Um avança contra o outro. Tiros. Cavalo correndo. Tumulto. Lampião derruba o caubói. A poeira sobe. Os cavalos relincham. Um inferno dantesco.

Nesse exato momento, um cangaceiro que estava sentado ao lado de Lampião percebendo que o chefe dormia, bate no seu ombro e fala: "Capitão, capitão, acorda. O filme acabou. Tá na hora de agente preparar a viaje".

O chefe acorda assustado, já com a mão no parabelum, ainda sob o efeito do sonho que tivera com John Wayne, o mais famoso mocinho do cinema, matador de índios e bandidos, mas não de cangaceiros. O pessoal que estava no cinema saía comentando as façanhas de John Wayne com os fora-da-lei de Tombstone. Perdera o bonito cavalo branco, mas ganhara o amor de Mary, a garota mais bonita filha caçula do xerife Tom Bolling.

Antes do amanhecer Lampião deixa Cuité da Serra, com seus companheiros para nova caminhada em direção do sertão alagoano, mas ainda pensando no sonho que tivera no cinema.Coité da Serra ficou para trás. Calma e sonolenta à espera de outro dia sem cangaceiros.


(Texto de Fernando Spencer, cineasta, crítico de cinema e escritor pernambucano.

A charge é de Gilvan Lira. Publicados no Jornal Cultural "O Galo", da Fundação José Augusto, Natal/RN., em fevereiro de 1997)