sábado, 30 de abril de 2011

Grandes Mestres




1. Patativa do Assaré

Mais do que uma expressão artística, o cordel parece ter sido a forma como Patativa do Assaré (1909-2002) superou as extremas dificuldades da vida no sertão do Nordeste. E dificuldades não faltaram para o artista, nascido Antônio Gonçalves da Silva, na Serra de Santana, a 18 quilômetros do núcleo urbano de Assaré, distante, por sua vez, 520 quilômetros de Fortaleza. Cego de um olho aos quatro anos, teve que enfrentar a lavoura aos oito, após a morte do pai. De educação formal não teve mais do que quatro meses.

Em meio a uma vida tão difícil, ler os folhetos de cordel e ouvir os cantadores fizeram-no ver que também poderia fazer poesia. Com o apoio da mãe, vendeu uma ovelha aos 16 anos e comprou sua primeira viola. Passou então, como dizia em entrevistas, a fazer quadrinhas e a se apresentar nos sítios para distrair os serranos, moradores da região. Em 1928, um parente levou-o ao Pará, onde ganharia o apelido de Patativa, numa referência a um passarinho de belo canto. De volta à agricultura e incorporando "do Assaré" ao nome artístico, compôs quase toda a sua obra, cantada e recontada que era pelos serranos, matutos, e feirantes do Crato (CE), a cidade onde vendia sua produção e encontrava os amigos com os quais tomava sua cachaça.

Falar de cordel como sinônimo de folheto de feira na obra do poeta Patativa do Assaré talvez seja simplificador demais. Compreendendo cordel como uma manifestação fabulosa do mundo e considerando Patativa um bardo, pode-se dizer que cordel foi tudo o que ele fez ao longo de 93 anos de vida, dando novo significado a um conjunto de narrativas que mistura as tradições de trovadores europeus com contribuições de índios e negros. A influência indígena, da etnia cariri, se dá na alegria, da qual as bandas, como a dos Irmãos Aniceto, do Crato, seriam o melhor exemplo. A herança africana viria dos cantos de trabalho (cocos) e das irmandades dos negros da região, com sua coroação dos Reis dos Congos.

O primeiro de seus nove livros, "Inspiração Nordestina" (Rio de Janeiro: Borsoi Editor), de 1956, passou pelo rádio. Sua poesia era oral, assim se disseminou pelo sertão e ele ganhou o papel de intérprete, de porta-voz da comunidade. A memória prodigiosa fazia com que armazenasse o que compunha; aos noventa anos era capaz de dizer de cor, sem titubear, o mais longo de todos os seus poemas: "O Vim-Vim", publicado no livro "Cante lá que eu canto cá" (Petrópolis: Vozes, 1978). Seu grande momento era o da performance, quando o corpo todo expressava o que ele dizia, e o homem de um metro e meio se agigantava, a voz se alteava e os gestos eram eloqüentes.

2. João Cabral de Melo Neto

João Cabral de Melo Neto (9 de janeiro de 1920, Recife - 9 de outubro de 1999, Rio de Janeiro) foi um poeta e diplomata brasileiro. Pertencia a uma das mais tradicionais famílias do Pernambuco, sendo irmão do historiador Evaldo Cabral de Mello e primo do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre. Conhecido pelo rigor estético de seus versos, avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes, a obra poética de João Cabral foi justamente reconhecida por laureações como o Prémio Camões (mais importante premiação da literatura em língua portuguesa) em 1990, o Neustadt International Prize for Literature em 1992 e o Prêmio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana em 1994. Além de poeta, viajou pelo mundo inteiro em seu ofício como diplomata. Dos inúmeros países que conheceu, nutriu especial afeição pela Espanha, em especial a região de Sevilha, fonte de inspiração para muitos de seus versos, muitas vezes comparada a Recife. A primeira cidade onde serviu foi Barcelona, na década de 1940, quando conheceu grandes amigos como o pintor Juan Miró e o poeta Joan Brossa. Autor de Morte e Vida Severina (poema musicado por Chico Buarque), João Cabral foi também membro da Academia Brasileira de Letras.

Sobre sua obra:
Quando o leitor é confrontado com a poesia de Melo Neto apercebe-se, a princípio, de um certo número de dualidades antitéticas, por vezes obsessivas. Entre espaço e tempo, entre o dentro e o fora, entre o maciço e o não-maciço. Entre o masculino e o feminino, entre o Nordeste desértico e a Andaluzia fértil, ou entre a Caatinga desértica e o úmido Pernambuco. É uma poesia que causa algum estranhamento porque não é emotiva, mas sim cerebral. Melo Neto não recorre ao pathos ("paixão") para criar uma atmosfera poética. Mas sim a uma construção elaborada e pensada da linguagem e do dizer da sua poesia. Algumas palavras são usadas sistematicamente na poesia deste autor: cana, pedra, osso, esqueleto, dente, gume, navalha, faca, foice, lâmina, cortar, esfolado, baía, relógio, seco, mineral, deserto, asséptico, vazio, fome.

Bibliografia:
Pedra do Sono (1942)
Os Três Mal-Amados (1943)
O Engenheiro (1945)
Psicologia da Composição com a Fábula de Anfion e Antiode (1947)
O Cão Sem Plumas (1950)
O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife (1954)
Dois Parlamentos (1960)
Quaderna (1960)
A Educação pela Pedra (1966)
Morte e Vida Severina (1966)
Museu de Tudo (1975)
A Escola das Facas (1980)
Auto do Frade (1984)
Agrestes (1985)
Crime na Calle Relator (1987)
Primeiros Poemas (1990)
Sevilha Andando (1990)

3. Luiz Gonzaga

Luiz Gonzaga do Nascimento (Exu, 13 de dezembro de 1912 - Recife, 2 de agosto de 1989) foi um compositor popular brasileiro, conhecido como o "rei do baião". Nasceu em uma fazenda chamada Caiçara, no sopé da Serra de Araripe, na zona rural de Exu, no sertão de Pernambuco. O lugar seria revivido anos mais tarde em "Pé de Serra", uma de suas primeiras composições. Seu pai, Januário, trabalhava na roça, num latifúndio, e nas horas vagas tocava sanfona (também consertava o instrumento). Foi com ele que Luiz Gonzaga aprendeu a tocá-la. Não era nem adolescente ainda, quando passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai.

Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no sul do Brasil. O gênero musical que o consagrou foi o baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, que compôs em 1947, em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira. Aos dezoito anos, ele se apaixonou por uma moça da região e, repelido pelo pai dela, um coronel, ameaçou-o de morte. Januário lhe deu uma surra por isso; revoltado, Luiz Gonzaga fugiu de casa e ingressou no exército em Crato, Ceará. A partir dali, durante nove anos ele viajou por vários estados brasileiros, como soldado. Em Juiz de Fora-MG, conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela sua habilidade como sanfoneiro. Dele, recebeu importantes lições musicais. Em 1939, deu baixa do Exército no Rio de Janeiro, decidido a se dedicar à música. Na então capital do Brasil, começou por tocar na zona do meretrício.

No início da carreira, apenas solava sanfona (instrumentista), tendo choros, sambas, fox e outros gêneros da época. Seu repertório era composto basicamente de músicas estrangeiras que apresentava, sem sucesso, em programas de calouros. Até que, no programa de Ary Barroso, ele foi aplaudido executando "Vira e Mexe" (a primeira música que gravou em 78 rpm; disco de 78 rotações por minuto), um tema de sabor regional, de sua autoria. Veio daí a sua primeira contratação, pela rádio Nacional.

Em 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: a mazurca Dança Mariquinha em parceria com Saulo Augusto Silveira Oliveira. Também em 1945, uma cantora de coro chamada Odaléia Guedes deu à luz a um menino, no Rio. Luiz Gonzaga tinha um caso com a moça - iniciado provavelmente quando ela já estava grávida - e assumiu a paternidade do rebento, adotando-o e dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. Gonzaguinha foi criado pelos seus padrinhos, com a assistência financeira do artista.

Em 1948, Luiz se casou com a pernambucana Helena Cavalcanti, professora que tinha se tornado sua secretária particular. O casal viveu junto até perto do final da vida de "Lua". Não teve filhos, já que ele era estéril. Morreu vítima de parada cárdio-respiratória no Hospital Santa Joana na capital pernambucana e foi sepultado em seu município natal.

Sucessos:
A dança da moda, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
A feira de Caruaru, Onildo Almeida (1957)
A letra I, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
A morte do vaqueiro, Luiz Gonzaga e Nelson Barbalho (1963)
A triste partida, Patativa do Assaré (1964)
A vida do viajante, Hervé Cordovil e Luiz Gonzaga (1953)
Acauã, Zé Dantas (1952)
Adeus, Iracema, Zé Dantas (1962)
Á-bê-cê do sertão, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
Adeus, Pernambuco, Hervé Cordovil e Manezinho Araújo (1952)
Algodão, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
Amanhã eu vou, Beduíno e Luiz Gonzaga (1951)
Amor da minha vida, Benil Santos e Raul Sampaio (1960)
Asa-branca, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1947)
Assum-preto, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1950)
Ave-maria sertaneja, Júlio Ricardo e O. de Oliveira (1964)
Baião da Penha, David Nasser e Guio de Morais (1951)
Beata Mocinha, Manezinho Araújo e Zé Renato (1952)
Boi bumbá, Gonzaguinha e Luiz Gonzaga (1965)
Boiadeiro, Armando Cavalcanti e Klécius Caldas (1950)
Cacimba Nova, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1964)
Calango da lacraia, Jeová Portela e Luiz Gonzaga (1946)
Chofer de praça, Evaldo Ruy e Fernando Lobo (1950)
Cigarro de paia, Armando Cavalcanti e Klécius Caldas (1951)
Cintura fina, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
Cortando pano, Jeová Portela, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1945)
Dezessete légua e meia, Carlos Barroso e Humberto Teixeira (1950)
Feira de gado, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1954)
Firim, firim, firim, Alcebíades Nogueira e Luiz Gonzaga (1948)
Fogo sem fuzil, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1965)
Fole gemedor, Luiz Gonzaga (1964)
Forró de Mané Vito, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
Forró de Zé Antão, Zé Dantas (1962)
Forró de Zé do Baile, Severino Ramos (1964)
Forró de Zé Tatu, Jorge de Castro e Zé Ramos (1955)
Forró no escuro, Luiz Gonzaga (1957)
Fuga da África, Luiz Gonzaga (1944)
Hora do adeus, Luiz Queiroga e Onildo Almeida (1967)
Imbalança, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1952)
Jardim da saudade, Alcides Gonçalves e Lupicínio Rodrigues (1952)
Juca, Lupicínio Rodrigues (1952)
Lascando o cano, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1954)
Légua tirana, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1949)
Lembrança de primavera, Gonzaguinha (1964)
Liforme instravagante, Raimundo Granjeiro (1963)
Lorota boa, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1949)
Moda da mula preta, Raul Torres (1948)
Moreninha tentação, Sylvio Moacyr de Araújo e Luiz Gonzaga (1953)
No Ceará não tem disso, não, Guio de Morais (1950)
No meu pé de serra, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1947)
Noites brasileiras, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1954)
Numa sala de reboco, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1964)
O maior tocador, Luiz Guimarães (1965)
O xote das meninas, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
Ô véio macho, Rosil Cavalcanti (1962)
Óia eu aqui de novo, Antônio Barros (1967)
Olha pro céu, Luiz Gonzaga e Peterpan (1951)
Ou casa, ou morre, Elias Soares (1967)
Ovo azul, Miguel Lima e Paraguaçu (1946)
Padroeira do Brasil, Luiz Gonzaga e Raimundo Granjeiro (1955)
Pão-duro, Assis Valente e Luiz Gonzaga (1946)
Pássaro carão, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1962)
Pau-de-arara, Guio de Morais e Luiz Gonzaga (1952)
Paulo Afonso, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1955)
Pé de serra, Luiz Gonzaga (1942)
Penerô xerém, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1945)
Perpétua, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1946)
Piauí, Sylvio Moacyr de Araújo (1952)
Piriri, Albuquerque e João Silva (1965)
Quase maluco, Luiz Gonzaga e Victor Simon (1950)
Quer ir mais eu?, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1947)
Quero chá, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1965)
Padre sertanejo, Helena Gonzaga e Pantaleão (1964)
Respeita Januário, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1950)
Riacho do Navio, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1955)
Sabiá, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1951)
Sanfona do povo, Luiz Gonzaga e Luiz Guimarães (1964)
Sanfoneiro Zé Tatu, Onildo Almeida (1962)
São-joão na roça, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1952)
Siri jogando bola, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1956)
Vem, morena, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
Vira-e-mexe, Luiz Gonzaga (1941)
Xanduzinha, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1950)
Xote dos cabeludos, José Clementino e Luiz Gonzaga (1967)

4. Antônio Nóbrega

Antônio Carlos Nóbrega (Recife, 2 de maio de 1952) é um artista e músico brasileiro. Começou sua carreira tocando em orquestras no Recife, e integrou o Quinteto Armorial na década de 1970. Nóbrega toca canções tradicionais pernambucanas, com violino e rabeca. Nóbrega também é um pesquisador da cultura popular brasileira na forma de músicas e danças. Nóbrega revelou-se um fenômeno, ao conseguir unir a arte popular com a sofisticação. É, literalmente, um homem dos sete instrumentos, capaz de cantar, dançar, tocar bateria, rabeca, violão etc. Realizou espetáculos memoráveis em teatros do Rio de Janeiro e de São Paulo, com destaques para Figural (1990) e Brincante (1992). Figural é um espetáculo em que Nóbrega, sozinho no palco, muda de roupa e de máscaras para fazer uma das mais ricas demonstrações da cultura popular brasileira e mundial.

Terminou em 12 de novembro de 2006 a temporada paulistana do espetáculo 9 de Frevereiro, e está começando a temporada carioca. Este espetáculo, cujo nome é uma alusão ao Carnaval pernambucano e um trocadilho com frevo, explora várias formas de se tocar frevo: com uma orquestra de sopro, com um regional, com violino e percussão etc. Também há várias das formas de se dançar frevo: com apenas um dançarino (Nóbrega) em passos estilizados de dança moderna, com vários dançarinos em passos de frevo, com e sem sombrinha e até o público todo, em ciranda de frevo. Como não poderia faltar em um espetáculo enciclopédico sobre o frevo, há pelo menos dois momentos didáticos: em um a orquestra explica várias modalidades e costumes do frevo, e Antônio Nóbrega ensina uma pessoa da platéia a dançar frevo. Antônio Nóbrega tem vários CDs gravados e um DVD - Lunário Perpétuo - no qual apresenta um raro momento de magia ao cantar o romance de Riobaldo e Diadorim, extraído de Grande Sertão: Veredas, do escritor Guimarães Rosa.

Nóbrega é praticamente desconhecido na televisão do Brasil. Apesar disso, seus espetáculos são extremamente concorridos.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Olímpia - Capital do Folclore



Olímpia, cidade que fica entre Barretos e São José do Rio Preto, a 422 quilômetros de São Paulo e que, anualmente, comemora com um festival, o mês do folclore. Lá, a quietude e a tranqüilidade dos dias normais, dão lugar a um movimento cultural intenso durante a semana do folclore. A cidade se transforma, ganha um ar de festa. Faceira, ela se enfeita e se prepara para receber os grupos folclóricos do Brasil inteiro que ainda resistem e se reproduzem no asfalto da cidade e na poeira do sertão.

Eles chegam aos poucos, são recebidos nas praças, nas escolas, pelas autoridades e famílias olimpienses.

São grupos de moçambiques, congadas, batuques, fandangos, reisados. Chegam cansados, mas nos alojamentos não perdem tempo. Ensaiam músicas e danças que um dia fizeram parte do repertório das festas dos seus antepassados, depois se exibem pela cidade, cada qual aguardando a sua vez de subir no palanque armado do Ginásio de Esportes, Vera Maria Toledo, do centro Comunitário. É uma manifestação popular em sua totalidade. Com bailados, danças, ritos, recreação, tradicionais brincadeiras infantis e bailes típicos.

Hoje, ostenta com orgulho o cognome de Capital do Folclore, adotado oficialmente em 18 de abril de 1977, depois que Ático Vilas Boas da Mota, uns dos maiores incentivadores do folclore nacional, sugeriu a um deputado federal que levasse à Brasília o pedido de que Olímpia fosse consagrada no país como a Capital do Folclore. Dele também partiu a sugestão de se adotar o nome de Folclorística para os estudos relacionados com o folclore enquanto ciência.

Se Olímpia conseguiu, ao longo destes 20 anos, ser conhecida e respeitada como a Capital do Folclore, foi graças a persistência de José Sant'anna que mobilizou na cidade, e em torno dela, no estado e no país, todo um interesse e um redespertar para as nossas coisas. José Sant'anna é conhecido na cidade inteira e por todos os grupos que chegam. Carinhosamente ele é chamado de professor Santana e seu nome faz parte das toadas dos festeiros e das rezas das benzedeiras. Sem ele, a impressão é que não existiria o festival de Olímpia. É como se ele fosse o capitão dos capitães dos congadeiros, o mestre dos mestres das folias de reis.

O professor se confessa um apaixonado pela cultura popular e, por esse motivo, dedicou sua vida inteira ao folclore. Suas heranças (do pai e da mãe) e uma chacára foram aplicadas para sustentar o festival desde 1965, ano em que, depois de estudar e pesquisar metodicamente o assunto, resolveu levar as manifestações para a rua. Na época, foi taxado de louco, débil, irresponsável, principalmente de ter apresentado o grupo de moçambique que as pessoas confundiram com umbanda e baixo-espiritismo nas ruas. Hoje, esses grupos não só foram assimilados pela população como também o trabalho de José Sant'anna prosseguiu através dos professores de Olímpia que resolveram aproveitar nas escolas o autêntico folclore, mas de uma maneira sofisticada e artística. Nascia assim o parafolclore - o aproveitamento do folclore na educação, na arte e na cultura.

"Além disso, se nós abandonarmos a cultura dessa gente (os grupos são formados por pessoas pobres), ela tende a desaparecer principalmente no que tange aos folguedos".

Os festivais de Olímpia têm uma função didática, de aguçar nas crianças e adultos a inteligência para perceberem o universo amplo do folclore. É o Brasil tradicional.

Enquanto na vitrola a música de Tonico, Bibi e Milton José continua tocando, no palco, o prefeito abre o primeiro dia de festa ao entregar a chave da cidade ao patrono do festival, o curupira. De acordo com a lenda, o curupira é um menino de cabelos avermelhados, corpo peludo, dentes verdes e pés virados para trás. Ele é o protetor das florestas, matas e bosques, por isso foi escolhido para proteger Olímpia durante as comemorações do folclore.

A parte mais emocionante de toda a festa é quando uma saraivada toma conta da praça. São os bacamarteiros, conjunto de homens portando armas rudimentares chamadas bacamartes. Os tiros de festejos acontecem sempre em manifestações populares e a munição é de pólvora caseira, doméstica, tirada de uma árvore nordestina chamada umbaúba. O carvão leve é misturado com nitrato de potássio, limão e cachaça. Tudo é pisado no pilão por várias horas. Depois, o resultado é colocado em cabaças e prontos para serem usados. O Batalhão de Bacamartes de Carmópolis, Sergipe, foi fundado por volta de 1780, na época do cativeiro, onde negros e brancos formaram este folguedo para se divertirem.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Show de Cobra Cordelista no Sertão Paraibano


A convite da família Dantas, tradicional família paraibana, o Poeta e Cantador Cobra Cordelista faz show na cidade do Teixeira no Sertão Paraibano, o nascedouro da cantoria de viola, onde nasceu o mito Zé Limeira (o poeta do absurdo)nesta sexta-feira as 19:00hs

Forró de Raiz, releitura de clássicos da música popular brasileira, Poesia matuta, ciranda, frevo, coco de roda, e Samba de latada

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Contatos 081 8649.6768 / 9947.5072 cobracordelista@hotmail.com Quer conhecer melhor o artista com vídeos e matérias? htpp//www.Cobracordelista.blogspot.com

Itapetim Está de Luto Com a Morte do Poeta Pedro Amorim Conhecido Como O Poeta dos Vaqueiros

Fonte: Itapetim.net

O Ventre Imortal da Poesia perde mais um dos seus grandes ícones da poesia. Faleceu na manhã de hoje, o poeta e repentista o Sr. Pedro Vieira de Amorim (Pedro Amorim). Autor do livro O Poeta dos Vaqueiros, o qual consagrou o poeta como poeta dos vaqueiros . Seu corpo está sendo velado na sua residência na av. Paulino Soares (próximo ao reservatório da compesa) o mesmo deixa enlutados filhos, genros, noras, netos e bisnetos.

Seu sepultamento será às 16 hs desta quinta feira (28) no cemitério local.

O mesmo nasceu em 18 de setembro de 1921, no sítio Surubim, na divisa do município de Itapetim – PE com Desterro – PB, mas pegou na veia a poesia Itapetinense. Residiu em Itapetim por mais de 50 anos. Filho de Jeronimo Correia de Amorim e de D. Teresa Maria da Conceição. Era um homem inteligente, simples, simpático e de uma boa comunicação com sua gente.

Cantou ao lado dos irmãos Batista: Dimas, Otacílio e Louro do Pajeú. E também com Manoel Xudú, Pinto do Monteiro, Jó Patriota, Zé Catota, Cancão entre outros nomes consagrados.

Participou de vários Congressos de Violeiro como os realizado no Teatro Santa Izabel e Castro Alves na Bahia em 1951 organizado pelo amigo e poeta itapetinense Rogaciano Leite.

Pedro Amorim e Otacílio Batista
Manuel Xudu e Pedro Amorim


MORRE MAIS UMA FLOR DE POESIA
.
Como bom Jardineiro dessas “hortas”
Que só sabem cheirar à Poesia
Deus colheu uma delas nesse dia
Quando as flores da vida foram mortas
Ordenou que São Pedro abrisse as portas
Da Mansão onde a vida não tem fim
Pra poder receber Pedro Amorim
Com as honras que os santos têm direito
Porque Deus só recebe desse jeito
Os Poetas que vão de Itapetim!

terça-feira, 26 de abril de 2011

I Feria literária do Jaboatão dos Guararapes

Programação da Festa da Pitomba 2011


Programação:

Dia Início Atração Observação
24/04/11 11h Boi Faceiro Público estudantil
24/04/11 16h Boi de Loucos Público estudantil
24/04/11 17h Oficina de Dança Palco
24/04/11 19h Coco / Mestre Goitá Palco
24/04/11 20h Bilé/Todos os Ritmos Palco
24/04/11 21h Geraldo Maia Palco
24/04/11 22h Boi Tatatá Cortejo
24/04/11 22h Boi Estrela da Tarde Cortejo
24/04/11 22h Boi Estrela de Sotave Cortejo
26/04/11 11h Balé Popular Público estudantil
26/04/11 16h Cia. Poesia Tributo a Lula Cortes
26/04/11 17h Resgate Popular Tributo a Lula Cortes
26/04/11 19h Antonio Lisboa / Edmilson Ferreira Tributo a Lula Cortes
26/04/11 20h Ronaldo Aboiador Tributo a Lula Cortes
26/04/11 21h Dudu do Acordeon Tributo a Lula Cortes
26/04/11 22h Gerlane Lopes Tributo a Lula Cortes
26/04/11 23h Banda de Pífanos Cortejo
26/04/11 23h Urso do Pólo Sul Cortejo
27/04/11 11h Ciranda Carcará Público estudantil
27/04/11 16h Silvinho Caldas Público estudantil
27/04/11 20h Ciranda Dengosa Palco
27/04/11 21h Forró a Sertanejo Palco
27/04/11 22h Cab. Tupi Cortejo
27/04/11 22h Cab. Tupinambá Cortejo
27/04/11 22h Cab. Canindé Cortejo
28/04/11 11h Orquestra de Frevo Público estudantil
28/04/11 16h HIP-HOP Público estudantil
28/04/11 16h Mano de Baé Público estudantil
28/04/11 17h Oficina de Dança Público estudantil
28/04/11 19h Fantasia (lírico) Palco
28/04/11 20h Danda (regional) Palco
28/04/11 21h Bia Marinho Palco
28/04/11 22h Recife Banda Show Palco
28/04/11 22h Passistas de Frevo / Bonecos Gigantes Cortejo
29/04/11 11h Folclore de Pernambuco Público estudantil
29/04/11 16h Coco Nova Divinea Público estudantil
29/04/11 17h Oficina de Dança Público estudantil
29/04/11 19h George Luiz Palco
29/04/11 20h Belo X Palco
29/04/11 21h Andreia Luiza Palco
29/04/11 22h Rebeldes do Samba Cortejo
29/04/11 22h São Sebastião Cortejo
30/04/11 15h Trio Souza Filho Forró da 3ª Idade – Palco
30/04/11 15h Aulão de Forró Forró da 3ª Idade – Palco
30/04/11 16h Grupo Vida Longa Forró da 3ª Idade – Palco
30/04/11 17h Trio As Fulô de Caruaru Forró da 3ª Idade – Palco
30/04/11 18-20h Reginaldo Mendonça Forrozeiros de Jaboatão – Palco
30/04/11 18-20h Mané Baião Forrozeiros de Jaboatão – Palco
30/04/11 18-20h Pinto e Maturi Forrozeiros de Jaboatão – Palco
30/04/11 18-20h João Leite / 8 Baixos Forrozeiros de Jaboatão – Palco
30/04/11 18-20h Jairo Lima Forrozeiros de Jaboatão – Palco
30/04/11 18-20h André Ricardo Forrozeiros de Jaboatão – Palco
30/04/11 20h Jailson Ritto Palco
30/04/11 20h Xaxado Form & Art Palco
30/04/11 21h Arlindo 8 Baixos Palco
30/04/11 22h Raízes do Kilombo Cortejo
30/04/11 22h Lelê Okê Azuane Cortejo
01/05/11 15h Cello Gomes Bailinho da 3ª Idade – Palco
01/05/11 17h Coco dos Pretos Palco
01/05/11 18h Forró Sensação Palco
01/05/11 19h Neto Brayner Palco
01/05/11 20h André Malakof Palco
01/05/11 21h Josildo Sá Palco
01/05/11 22h Maracatu Rural Gavião da Mata Cortejo
02/05/11 17h Banda Forró Mania Palco
02/05/11 18h Fátima Albinos Palco
02/05/11 19h Velho Xaveco Palco
02/05/11 20h Natureza Humana Palco
02/05/11 20:30h Pernambuco Afro Palco
02/05/11 21h Dinda Salu Palco
02/05/11 22h Digão Ferraz Palco
02/05/11 23h Maracatu Lira do Morro da Conceição Cortejo
02/05/11 23h Raízes do Kilombo Cortejo

Banda de Pífanos 2 Irmãos - Caruaru

segunda-feira, 25 de abril de 2011

sábado, 23 de abril de 2011

Páscoa...



É ser capaz de mudar,
É partilhar a vida na esperança,
É lutar para vencer toda sorte de sofrimento.
É ajudar mais gente a ser gente,
É viver em constante libertação,
É crer na vida que vence a morte.
É dizer sim ao amor e à vida,
É investir na fraternidade,
É lutar por um mundo melhor,
É vivenciar a solidariedade.
É renascimento, é recomeço,
É uma nova chance para melhorarmos
as coisas que não gostamos em nós,
Para sermos mais felizes por conhecermos
a nós mesmos mais um pouquinho.
É vermos que hoje...
somos melhores do que fomos ontem.

Desejo a todos as amigas e amigos uma
Feliz Páscoa, cheia de paz, amor e muita saúde!

cobra Cordelista.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Melancolias de um sertanejo longe de seu torrão


Melancolias de um sertanejo longe de seu torrão
(Manoel Messias Belizario Neto)

Sertão seco estou aqui
Nessa capital à toa.
Um dia eu te deixei
Por que faltava garoa.
Agora desprotegido,
Desempregado, sentido,
Tua falta me magoa.

Te deixei meu velho chão
Porque faltou agasalho.
Do gado todo caído,
Não mais se ouvia chocalho.
Chorava parado o vento,
O chão queimava sedento.
Despedia-se o orvalho.

Mesmo assim velho Sertão
Não posso te esquecer.
Te respirarei até
O dia que eu morrer.
Esses lugares modernos
Cheios de gente de terno
Nem chegam aos pés de você.

Tua calça sertão Velho
É um belo mandacaru;
A camisa é um juazeiro
Enfeitado de anu.
O cupim é o chapéu;
A gravata é o céu
Se derramando em azul.

Teus prédios são os serrotes
Habitadas por guará
Que guardam a tua filha.
A princesa do lugar
Do Reino da Pedra Fina
Caatinga ainda menina
Criou-se feliz por lá.

Teus mares são os açudes
Livres da poluição;
As veredas são as linhas
Dos metrôs do coração
De um sertanejo nato
Que aqui se sente ingrato
Por ter deixado teu chão.

Sertão Velho sou teu servo.
Sou teu súdito. É meu rei.
Mesmo que eu vá para a China
Inda lá te servirei.
Sem ti sou grilhão sem elo.
Guarde um canto no castelo
Que um dia eu retornarei.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

HUMORISTA SHAOLIN COMPLETA 3 MESES EM COMA

Três meses depois de ter sofrido um grave acidente de carro em Campina Grande (PB), o humorista Shaolin continua internado em estado grave e ainda está em coma no Hospital das Clínicas, na zona oeste de São Paulo. A informação foi confirmada ao R7 pela assessoria de imprensa da instituição.

Nesses 87 dias, sem evolução do quadro de saúde, a mulher de Shaolin, Maria Laucidéia Veloso, contou à reportagem como tem vivido esse momento difícil.

- Tenho muita esperança. Só volto para casa com ele junto e bem. Enquanto isso, fico aqui ao lado dele. Venho ao hospital todos os dias. Ligo para casa todos os dias para falar com a mãe dele, com os irmãos, para dar notícias. De lá, eles me ligam para saber se estamos bem.

Apesar de perceber que o batimento cardíaco de Shaolin se altera todas as vezes que conversa com ele, Maria Laudicéia disse que, segundo os médicos, isso é “algo normal para quem está em uma situação como a dele”.

- Não há previsão para ele sair do coma. Os médicos dizem que eu tenho que ter paciência, porque é imprevisível. Clinicamente, ele está bem, mas neurologicamente não tem reação.

Além do apoio familiar e dos amigos, Maria tem contado com o apoio carinhoso de fãs do humorista Brasil a fora.

- Recebo centenas de e-mails com mensagens todos os dias. Não consigo nem responder todo mundo. Fico feliz em saber que ele está sendo lembrado. Esses gestos contribuem de forma muito positiva para recuperação dele, já que temos uma corrente de oração.

Investigação

No 20 de janeiro, o motorista envolvido no acidente com Shaolin, Jobson Clemente Benício, de 23 anos, apresentou-se à delegacia da Polícia Rodoviária Federal da cidade paraibana. O inspetor responsável pela unidade ouviu o motorista que, em seguida, foi liberado.

Desde o acidente, já foram ouvidos policias rodoviários federais; médicos do Samu, que prestaram os primeiros atendimentos ao humorista; pessoas da comunidade local, que presenciaram o ocorrido, segundo informou ao R7, o advogado da família de Shaolin, Rodrigo Felinto.

Ainda de acordo com o advogado, a delegada responsável pelo caso pediu mais prazo ao Ministério Público, pois ainda faltam duas ou três testemunhas prestarem depoimento, além da documentação com o quadro clínico do humorista do hospital em que ele deu entrada logo após o acidente.

Assim que tudo estiver anexado ao inquérito, o Ministério Público julgará se acusa ou não o motorista do caminhão como réu no crime de lesão corporal na direção de veículo automotor, previsto no Código de Trânsito Brasileiro.

O acidente

Francisco Jozenilton Veloso, o Shaolin, ficou gravemente ferido em um acidente na BR-230, na região de Mutirão, em Campina Grande (PB), no dia 18 de janeiro. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o comediante dirigia no sentido São José da Mata quando um caminhão, que vinha na faixa oposta, invadiu a contramão e bateu contra o veículo do artista.

Em depoimento à Polícia Rodoviária Federal da Paraíba, o motorista do caminhão que se envolveu no acidente com o humorista disse que foi Shaolin quem provocou a batida.

O comediante da Rede Record deu entrada no pronto-socorro do Hospital das Clínicas de São Paulo na madrugada do dia 21, após ter passado por cirurgias para conter o traumatismo craniano e uma fratura exposta no membro superior esquerdo.

No começo de fevereiro, ele teve o braço esquerdo operado, porque perdeu musculatura e massa óssea no acidente. Os médicos retiraram uma parte externa da coxa do artista e a colocaram no braço. A cirurgia faz parte do processo de restauração do membro superior.

No decorrer deste tempo de internação, Shaolin fez exames que mostraram que ele não teve perda auditiva tampouco visual. Mas, segundo os médicos, nenhum exame é conclusivo até que ele saia do coma.

Fonte: R7
Postado por Equipe Sertânia na Net

A Tapioca



A Tapioca
(Dalinha Aragão)

É uma herança indígena,
Derivada da mandioca.
Guloseima que os índios,
Comiam em suas ocas.
E o nordestino adotou,
Por certo ele aprovou,
Em sua mesa a tapioca.

Quem jamais provou,
Precisa experimentar,
A tapioca de goma
Feita no meu Ceará.
Presença confirmada
Em todas as camadas,
Das terras de Alencar.

Há quem use na tapioca,
Novos ingredientes.
Recheada e colorida,
Com sabores diferentes.
Mas eu amo a tradicional,
Feita em minha terra natal,
Com sabor da minha gente.

Feita com a goma molhada.
E temperada apenas com sal.
Depois de úmida e peneirada
Dá-se continuidade ao ritual.
Com a frigideira bem quente
Destas que tem antiaderente
Conclui-se a receita afinal.

Frigideira estando no ponto,
Preste bastante atenção:
Coloque no fundo dela
Uma pequena porção
Da goma bem espalhada,
Que em seguida será virada
E está pronta a produção.

Mas tem só uma coisinha:
Eu não cheguei a explicar.
É que a boa tapioqueira
Sempre vira a tapioca no ar.
Se você não tem boa mão,
Nem quer sujar seu chão,
Invente seu jeito de virar.

Com um café quentinho
Eu comia em meu sertão,
Tapioca com muita nata,
Como manda a tradição.
E para ser muito sincera,
Tendo manteiga da terra,
Eu até dispensava o pão.

A tapioca é uma iguaria
Da culinária Nordestina.
Mas hoje já se espalhou,
Pois também é peregrina.
E percorre nos alforjes
Do nordestino que foge,
Buscado uma melhor sina.

Dalinha é uma grande poeta e cordelista cearense. Ocupa cadeira na ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Conheça seu blog.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Poesia: O brasileiro tem o sangue africano (Wilton Silva)



O brasileiro tem o sangue africano
(Wilton Silva)


Através desses meus pequenos versos
Que começo essa grande história
A qual se não me falha a memoria
Foi criada, sem ordens nem progressos.
E os temas aqui por mim expressos
Não se sujeitam ao erro ou engano
Mas não falo desse solo americano
Porem falo de outro continente
Ressaltando orgulhosamente
Que o brasileiro tem o sangue africano

E é sobre a história africana
Que daremos toda a nossa atenção
Um tema de tanta repercussão
Que não da pra se ver numa semana
La que a, ciência quase profana.
Diz que surgiu certamente o ser humano
Não questiono, pra não entrar pelo cano.
Pôs só Deus sabe, de onde surgiu a gente.
Mas ressalto orgulhosamente
Que o brasileiro tem o sangue africano

África dos belíssimos leões
Dos oazis e também dos elefantes
Foi também África dos traficantes
Homens maus e suas expedições
Que levavam dentro de seus porões
Muita gente até por baixo do pano
Pra lugares como o solo americano
Aportando num pais novo e crescente
E graças a esse fato simplesmente
O brasileiro tem o sangue africano

E assim o negro veio ao Brasil
Trazendo sua cor e sua crença
E claro que com a sua presença
Surgirão movimentos mais de 1000
E assim o escravo que surgiu
Pra servir de um jeito inumano
Sofrera preconceito e desengano
Ante uma maldade, sem precedente.
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Vale lembrar que em nosso pais
O escravo foi de enorme valia
Em seus ombros cresceu a economia
E mesmo assim vivia muito infeliz
Almejando o que ele sempre quis
Libertar-se desse mal cotidiano
Desse povo que se acha soberano
E que é simplesmente diferente
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Porem mesmo a margem da sociedade
O negro garantiu a sua crença
Essa era maior do que se pensa
Pôs se tinha escravo em toda cidade
Havia negro pra toda atividade
Desde o da roça até escravo urbano
Do nordeste ao chapadão alagoano
O escravo estava sempre à frente
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Ele foi vitima de preconceito
No sentido, de ser um objeto.
Não detinha direito, nem afeto.
Não era dono, de nada de seu feito.
Também não era nem um pouco aceito
O seu culto, considerado profano.
Seu viver sempre tido por mundano
Julgado tanto, e erradamente.
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Ele não resistiu passivamente
Essa frase é deveras verdadeira
Pra tanto se inventou a capoeira
Uma forma de luta diferente
Os quilombos surgiram mais a frente
Pra fugir do patrão tão leviano
Os negros, dentre eles um veterano.
Zumbi, que confiavam cegamente.
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Deste esforço assim nasceu palmares
Uma saída ao negro fugitivo
E zumbi enquanto esteve vivo
Lutou para, proteger os seus pares.
Outros tentaram o mesmo em mais lugares
Que resistiram aluta ano após ano
Mas palmares do rincão pernambucano
Destacou-se, até seu fim iminente.
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

O tempo passa e o mundo esta mudado
E o Brasil ainda do mesmo jeito
O negro escravo, e sem efeito.
Vive mal, precisa ser ajudado.
Mas porem o abolicionismo esperado
Estende-se num período sobre-humano
Mas 1888 foi o ano
Que a escravidão liquidou-se finalmente
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Entra a republica e tem fim o império
Cai regime e outro se firmando
Porem a situação não vai mudando
E ocaso do negro é muito serio
O governo adotando outro critério
Muda o negro de escravo a suburbano
E esse novo regime republicano
Menospreza o negro novamente
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Porem essa história que foi triste
Esse relato de um tempo tão cruel
Modelou o negro e seu papel
De herói construtor desse pais
Que carrega na cor a cicatriz
De séculos de um sofrer inumano
Onde de lutas é um veterano
Mas se ergue de pé valentemente
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Não importa aposição em que esteja
A cor que possuir, ou sua crença.
Independente, da diferença.
O estado em que está ou sua igreja
Não importa de que time seja
Se é da capital, ou interiorano.
Desde o Cearense ao paulistano
Nossa história iguala toda gente
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

segunda-feira, 18 de abril de 2011

125 anos de Manuel Bandeira – programação




No dia 19 de abril de 1886, há 125 anos, nasceu um recifense que veio a se tornar um dos maiores escritores do País. Para celebrar a data e difundir sua obra, a Secretaria de Cultura realiza várias ações em parceria com diversas escolas e artistas locais no Espaço Pasárgada e em outros pontos da Região Metropolitana o Mês de Manuel Bandeira.

De 12 a 19 de abril, o casarão onde o poeta viveu parte de sua infância transforma-se em palco de saraus literários, peças teatrais e declamação de poemas. Tudo isso protagonizado por estudantes de diversas escolas da região metropolitana do Recife. Selma Coelho, coordenadora do Espaço, afirma que “os alunos tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da vida e da obra do escritor nas últimas semanas e cada escola preparou uma atividade para homenageá-lo”.

A programação da semana comemorativa também conta com debates, oficinas, exibição de filmes e “plantões literários”; rodas de conversa com escritores pernambucanos. Entre eles, Olímpio Bonald, Sérgio Leandro, Mídio Cavalcante de Albuquerque e Ana Maria César. O Espaço Pasárgada também segue de portas abertas ao público que desejar se tornar um “Amigo da Biblioteca” doando livros de Manuel Bandeira à instituição.
POESIA EM TODA PARTE - Pensando que a poesia está presente em todas as manifestações artísticas, a Coordenadoria de Literatura propõe outras ações para celebrar Bandeira. No dia do aniversário do poeta (19), a partir das 16h30, alunos de diversas escolas do Recife serão convidados para um recital poético na estátua de Manuel Bandeira, na Rua da Aurora, em que Lucila Nogueira, Valmir Jordão, Pedro Américo de Farias, Ícaro Tenório, entre outros poetas, participam do recital, declamando seus poemas preferidos do aniversariante.

Entre os dias 26 e 29 de abril acontece o projeto “De bicicleta com Bandeira“. Tomando a bicicleta como outro símbolo da infância, a proposta é levar a poesia de Manuel Bandeira através de “bicicletas de propaganda”. Além dos poetas participantes do recital da estátua de Bandeira, Jomard Muniz de Britto é outro que gravará seu poema preferido e será ouvido por vários bairros da Região Metropolitana. Serão várias bicicletas circulando por bairros como Santo Antônio, São José, Santo Amaro, Várzea, Pina, Peixinhos e o centro de Ponte dos Carvalhos. “É outra provocação com respeito ao consumismo: queremos anunciar nada mais do que poesia”, revela Wellington de Melo.

Entre as parcerias formadas para a celebração de Bandeira, destaca-se a formada com a Releitura – Rede de Bibliotecas Comunitárias da Região Metropolitana. A Releitura desenvolve no dia 25 de abril a intervenção urbana “Bandeira nas Paradas“, em que mediadores voluntários da Rede realizam leituras de poemas de Bandeira, mini-contos e pequenos causos em paradas de ônibus do Recife. A Releitura lança ainda, no Espaço Pasárgada, no dia 29 de abril a partir das 19h, a exposição “Beba Poesia“, com poemas visuais desenvolvidos por alunos que frequentam as bibliotecas da rede, com o apoio dos mediadores de leitura e designers do projeto. “A ideia é mostrar como a poesia é algo essencial, como a água mesmo”, revela Gabriel Santana, coordenador da rede. “Em uma era de consumismo, a provocação faz pensar. É isso que devemos fomentar: a poesia como uma forma de pensar o mundo”, afirma Wellington de Melo, coordenador de Literatura da Secretaria de Cultura do Estado.

Finalizando a programação, no dia 01 de maio (domingo), o Parque 13 de Maio receberá uma apresentação poético-literária “O melhor divertimento para crianças”, inspirada no poema “Balõezinhos”, voltada para as crianças, com o ator Adriano Cabral e os músicos Rodrigo Félix e Tiago Rabeca.”Duas marcas fortes da poesia de Bandeira são a memória e a infância. Esse será o mote dessa performance, que renovará a afetividade poética entre o querido Bandeira e as crianças e famílias que estiverem no Parque nesse dia.”, esclarece Melo.

Intervenções Urbanas

Terça-feira, dia 19Recital poético em que poetas declamam seus poemas preferidos de Manuel Bandeira para alunos de escolas do Recife. Participação dos poetas Lucila Nogueira, Valmir Jordão, Pedro Américo de Farias, Ícaro Tenório e Susana Morais.
Local: Estátua de Manuel Bandeira – Rua da Aurora, próxima ao Ginásio Pernambucano

Domingo, dia 01 de maio-literária com o ator Adriano Cabral.
Local: Parque 13 de Maio

Segunda-feira, dia 25intervenção urbana em diversas paradas de ônibus do Recife, promovida pela Releitura – Rede de Bibliotecas Comunitárias da Região Metropolitana.Poemas de Manuel Bandeira são declamados na voz de Lucila Nogueira, Valmir Jordão, Jomard Muniz de Brito, Pedro Américo de Farias, Ícaro Tenório e Susana Morais e circulam gravados em bicicletas de som por vários bairros da RMR.Espaço Pasárgada (Rua da União, 263 – Boa Vista. Recife-PE)

16h30 – Tarde com Bandeira -

15h – O melhor divertimento para crianças – Apresentação poético

Bandeira nas Paradas -

De 26 a 29

De bicicleta com Bandeira -

Programação do Espaço Pasárgada

Quarta-feira, dia 13

9h às 17h – Declamação de poemas, apresentação de charges e rap (Alunos do ensino médio da Escola Edson Murin Fernandes)
14h às 17h – Plantão literário com o escritor Olímpio Bonald

Quinta-feira, dia 14

9h às 12h – Apresentação teatral (Alunos do ensino fundamental da Escola Luiz de Camões)
14h às 17h – Visitas pedagógicas e plantão literário com o escritor Sérgio Leandro
18h às 21h – CinePasárgada: Exibição do curta-metragem O Poeta do Castelo (1959), de Joaquim Pedro de Andrade. No filme, versos de Manuel Bandeira, lidos pelo próprio poeta, acompanham e transfiguram os gestos banais da rotina em seu pequeno apartamento no centro do Rio de Janeiro. Na sequência, serão exibidos os filmes Soneto do Desmantelo Blue (1992), de Cáudio Assis, Clandestina Felicidade (1998), de Marcelo Gomes e Beto Normal, por fim, O Triunfo (2007), de Geórgia Alves.

Sexta-feira, dia 15

9h às 12h – Plantão Literário com o escritor Mídio Cavalcanti de Albuquerque
14h às 17h – Sarau teatralizado (Alunos do Viver Colégio e Curso)
14h às 17h – Plantão Literário com a escritora Ana Maria Cesar

Segunda-feira, dia 18

9h às 12h – Recital de poemas: O Bicho e A estrela da manhã (Alunos do Liceu de Artes de Ofícios)
14h às 17h – Apresentações e teatro e música (Alunos da Escola Técnica Estadual Prof. Agamenon Magalhães)
16h – Apresentação de vídeos (Alunos da Escola Maria Paz Brandão)

Terça-feira, dia 19

9h – Mesa: O Recife de Manuel Bandeira (Palestrantes: André Cervisck e Selma Vasconcelos. Mediadora: Selma Coelho. Performance: Adriano Cabral. Apresentação: Geninha da Rosa Borges e Myrian Brindeiro). Relançamento do livro de João Cabral de Melo Neto)
14h às 17h: Oficina – Experiência poética através da imagem, com João Lin.
18h: Café com Poesia – Lançamento do CD “Myrian Brindeiro canta Manuel Bandeira”

Sexta-feira, dia 29

19h – Lançamento da Exposição Beba Poesia, com trabalhos de alunos frequentadores da Releitura – Rede de Bibliotecas Comunitárias da Região Metropolitana.