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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Vamos dançar um coco seu menino



O coco é um ritmo que vem da divisa de Alagoas com Pernambuco. O nome refere-se também à dança ao som deste ritmo.

Coco significa cabeça, de onde vêm as músicas, de letras simples. Com influência africana e indígena, é uma dança de roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos durante festas populares do litoral e do sertão nordestino. Recebe várias nomenclaturas diferentes, como coco-de-roda, coco-de-embolada, coco-de-praia, coco-do-sertão, coco-de-umbigada, e ainda outros o nominam com o instrumento mais característico da região em que é desenvolvido, como coco-de-ganzá e coco de zambê. Cada grupo recria a dança e a transforma ao gosto da população local.



Na foto o Coco de Comporta em Jaboatão dos Guararapes, quem canta e bate é Tota, há quarenta anos, já aprendeu com seu pai, e ensinou a sua família. Está mantida a tradição!


O som característico do coco vem de quatro instrumentos (ganzá, surdo, pandeiro e triângulo), mas o que marca mesmo a cadência desse ritmo é o repicar acelerado dos tamancos. A sandália de madeira é quase como um quinto instrumento, se duvidar, o mais importante deles. Além disso, a sonoridade é completada com as palmas.

Existe uma hipótese que o diz que o surgimento do coco se deu pela necessidade de concluir o piso das casas no interior, que antigamente era feito de barro. Existem também hipóteses que a dança surgiu nos engenhos ou nas comunidades de catadores de coco.

Diante da beleza de sua dança e da força dos seus versos, muitos folcloristas traçaram definições a respeito do coco. A maioria concorda que ele foi primeiramente um canto de trabalho dos tiradores de coco, e que somente depois transformou-se em ritmo dançado. Uns afirmam que ele nasceu nos engenhos, indo mais tarde para o litoral, e espalhando-se posteriormente nos ambientes mais chiques. Outros, no entanto, dizem que ele é essencialmente praieiro, devido à predominância da vegetação de coqueiros encontrados nesta região.

Em relação ao Estado nordestino no qual teria nascido o coco a discordância ainda é maior. Alagoas, Paraíba e Pernambuco alternam-se nos textos existentes como prováveis "donos" deste folguedo. Mas afinal, qual seria realmente o seu local de origem ? Eis aí uma lacuna a ser preenchida por aqueles mais curiosos, interessados e com espírito descobridor. No meio de tantas dúvidas, uma coisa é certa: o coco tem origem é no povão! Sobre a sua forma de expressão, os pesquisadores 'definem' muitos 'tipos' de coco. Não seria muito confiável uma classificação diante da diversidade descrita por eles. O que observamos é que as variações do folguedo ocorrem pelas mudanças de nomenclatura de uma região para outra, por algum aspecto na dança e, principalmente, pela diferença na métrica dos versos que são cantados. Contudo, de maneira geral, o coco apresenta uma forma básica: os participantes formam filas ou rodas onde executam o sapateado característico, respondem o coro, e batem palmas marcando o ritmo. Muito comum também é a presença do mestre "cantadô". A festa sempre inicia quando ele "puxa" os cantos, que podem ser de improviso ou já conhecidos pelos demais.

O coco pode ser dançado calçado ou descalço. Ele não possui vestimenta própria. Para participar, as pessoas utilizam qualquer tipo de roupa.

Este folguedo, aparentemente, não possui datas fixas para sua realização, ocorrendo em qualquer época do ano, embora seja mais facilmente encontrado no período junino. Em seu aspecto musical, os instrumentos de percussão são predominantes. Ganzás, bombos, zabumbas, caracaxás, pandeiros e cuícas são os mais encontrados nas descrições dos folcloristas. No entanto, para se formar uma roda de coco, não é necessária a presença de todos estes instrumentos. A brincadeira muitas vezes acontece apenas com as palmas ritmadas dos seus integrantes. Dentre suas características mais gerais podemos destacar o seu espírito comunitário. Em um clima de muita alegria, homens, mulheres, crianças, de qualquer classe social, cantam, dançam e misturam-se sem nenhuma distinção. No que se refere às suas influências étnicas, a presença africana é clara, principalmente no ritmo, e em certos movimentos da dança. Encontra-se também uma forte contribuição indígena observada nos movimentos coreográficos, pois tanto a roda como a fileira são heranças dos nossos nativos.

Quem é Ana das Carrancas?




Ceramista, Ana Leopoldina Santos Silva, a Ana das Carrancas, nasceu em 1923, em Santa Filomena, que à época era distrito de Ouricuri. Começou a trabalhar aos sete anos de idade, ajudando a mãe a fazer potes e panelas de barro para vender na feira.

Em 1932, passou a morar em Petrolina e continuou o fabrico de cerâmica utilitária por mais de 20 anos. Quando a mãe deixou o barro, por problemas de saúde, e o padrasto (que era cego) morreu, a jovem Ana passou a sustentar a família com o seu duro trabalho.

O barro para o fabrico das panelas e potes era extraído de um terreno próximo ao galpão onde ela trabalhava. Mas, com o crescimento da cidade, a matéria-prima começou a escassear e ela teve que percorrer as margens do rio São Francisco à procura de barro.

E foi dessas andanças que surgiu a sua arte: toda vez que chegava ao rio, Ana via as carrancas (de madeira) multicoloridas nas proas das barcaças. Um dia, resolveu fazê-las de barro "para ver no que dava".

Fazia o barco completo, com toldo, leme e, na proa, a ameaçadora carranca. O trabalho teve aceitação e, logo, Ana das Carrancas virou nome famoso. Depois, deixou de fazer as barcaças, passando a esculpir apenas a carranca, peças de tamanhos variados, vendidas principalmente a turistas, proprietários de hotéis e colecionadores.

Com a fama, veio a oportunidade de participar de feiras em vários estados brasileiros e suas peças já chegaram a vários países da Europa. Suas peças têm olhos vazados, forma que ela encontrou para homenagear o marido, José Vicente de Barros, cego de nascimento, que sempre participou do trabalho fazendo os bolos de barro para a produção das peças.


Uma de suas filhas, Ângela Lima, nascida em 1979, segue a carreira de ceramista. Foi Ana das Carrancas quem primeiro usou o barro como matéria-prima para a produção das carrancas que tradicionalmente são feitas em madeira. Morreu dia 01 de outubro de 2008.

De Roseane Albuquerque

Núcleo SJCC/Petrolina

Morreu na manhã desta quarta-feira (01.10.2008), em Petrolina, Sertão do Estado, a artesã Ana Leopoldina dos Santos, 85, mais conhecida como Ana das Carrancas. A "dama do barro", como era carinhosamente chamada pelos petrolinenses, estava com a saúde fragilizada desde 2004, quando sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Ela estava internada em um hospital particular da cidade. De acordo com as primeiras informações de familiares, o velório será na Câmara de Vereadores de Petrolina e o sepultamento deve acontecer na manhã desta quinta-feira.

"Nós recebemos a notícia com muito pesar. É como uma casa que desaba. Minha mãe foi uma grande professora da vida, pela humildade e força que teve. Lembro que quando chegamos em Brasília, onde ela foi recebida pelo presidente Lula para ser homenageada com a mais alta comenda que um artista ganha no país, ela disse: 'olha só onde o barro me trouxe'. Era uma apaixonada pelo que fazia", comentou uma das filhas, Maria da Cruz Santos.

Natural de Ouricuri, Ana das Carrancas começou cedo, mais precisamente aos sete anos de idade, a confeccionar panelas, potes de brinquedo, santos de lapa, para ajudar a mãe nas despesas de casa. Uma das grandes características da artista era a carranca com os olhos vazados, uma homenagem ao segundo marido - José Vicente de Barros -, que é cego.

As obras de Ana das Carrancas eram bastante requisitadas em feiras e exposições país afora. Suas carrancas ganharam o mundo. Em Petrolina, em 2000, foi inaugurado o Centro de Artes Ana das Carrancas, no bairro da Cohab Massangano.

PE: morre aos 85 anos a artesã Ana das Carrancas

PETROLINA - A artesã Ana Leopoldina dos Santos, 85 anos, mais conhecida como Ana das Carrancas, morreu na manhã desta quarta. Ela morava em Petrolina, no sertão do Estado, e era conhecida como a "dama do barro". Ana Leopoldina dos Santos era a responsável pela criação das famosas carrancas de olhos vazados, bastante utilizadas na região do São Francisco. Segundo familiares, o velório deve ocorrer na Câmara de Vereadores de Petrolina.

Ana vinha com a saúde debilitada desde 2004, quando teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Nos últimos dias ela se encontrava internada em um hospital particular da cidade. Natural do município de Ouricuri, também no sertão, Ana Leopoldina era filha de artesã e de um agricultor.

O barro fez parte de sua vida desde a infância e, aos 7 anos de idade, a menina começou a utilizar o material, antes para brincadeira, agora para ajudar no orçamento doméstico. Panelas, potes, brinquedos, eram fabricados por Ana e vendidos na feira.

Mas foi nas carrancas que ela ganhou reconhecimento nacional. Já casada, Ana foi morar em Petrolina e, inspirada nas carrancas de madeira utilizadas pelos navios que cortavam o rio São Francisco como proteção contra "os maus espíritos", ela começou a produzir os mesmos personagens utilizando o barro. A carranca tem formas simples, primitivas e com um detalhe: os olhos são vazados, uma homenagem de Ana ao segundo marido, José Vicente, que é cego, e com quem estava casada até hoje.

O sucesso da produção fez com que as carrancas fossem requisitadas cada vez mais, inclusive para decoração de hotéis em Pernambuco e em todo o Brasil, o que obrigou a artesã a ampliar a produção. A fábrica passou então a contar com a participação de familiares de Ana que em pouco tempo seria carinhosamente chamada de Ana das Carrancas.

Nos últimos anos, a arte da pernambucana também era requisitada para feiras e exposições em outras partes do mundo, como a Europa. Em 2000, foi inaugurado o Centro de Artes Ana das Carrancas, no bairro da Cohab Massangano, na cidade de Petrolina.

na se encontrava com a saúde fragilizada desde 2004, quando sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ela estava internada em um hospital particular da cidade.
(© JB Online)
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Quem é Ana das Carrancas

Ana Leopoldina Santos, conhecida como Ana das Carrancas, filha de artesã e agricultor, nasceu em 1923, em Santa Filomena, distrito de Ouricuri, Pernambuco.

Na sua infância tinha o barro como atrativo para suas brincadeiras. Aos sete anos de idade começou a fazer panelas, potes, brinquedos, boi-zebus, cavalinhos e santos para a lapinha, para ajudar a sua mãe, que há muito tempo confeccionava utensílios de barro e vendia na feira, para garantir o sustento da família.

Ana casou-se aos 22 anos com um pedreiro, mas ficou viúva muito cedo. Desta união restaram duas filhas. Passando-se pouco mais de um ano, ela casou-se novamente com José Vicente de Barros, o seu atual marido.

Devido às dificuldades financeiras em que vivia, mudou-se para a cidade de Petrolina, em busca de melhoria de vida. Por ser devota de São Francisco das Chagas e Padre Cícero , pediu a esses Santos que lhes mostrassem uma forma de ganhar dinheiro.

No dia seguinte, foi até o rio São Francisco buscar barro para fazer panelas. Diante da imensidão das águas, sentiu uma forte inspiração, ao ver as carrancas de madeira multicoloridas das barcaças que aportavam às margens do rio São Francisco. Ainda no rio confeccionou sua primeira carranca de pequeno tamanho. Levou-a para casa, onde todos gostaram e aprovaram a idéia. Daí em diante, além dos potes, das panelas e jarras que já fazia, passou a confeccionar carrancas de barro em grande quantidade.

Diante da grande demanda tentou formar um grupo de mulheres ceramistas, mas não deu certo. Então, limitou-se a trabalhar apenas com a família, as irmãs, Maria José e Antonia dos Santos, as sobrinhas Maria dos Anjos e Dulcinéia, a filha Maria da Cruz, o marido José Vicente e a sua mãe e mestra Maria Leopoldina.

Segundo Ana das Carrancas o processo para a confecção das peças de barro é muito trabalhoso, indo desde a retirada do barro no leito do rio, a meio metro de profundidade, passando pelo cozimento, a curtição que dura três dias, o amassamento e por fim a modelagem. É um trabalho que exige muito amor e dedicação do artesão.

As obras de arte de Ana das Carrancas são peças de aspectos grosseiros, criadas no estilo próprio da artesã, com formas simples, primitivas e com um detalhe importante: possuem os olhos vazados, em homenagem ao marido, José Vicente, que é cego, e sempre participou ativamente de seus trabalhos, fazendo os bolos de barro para a confecção das peças.

A artista afirma que a produção de carrancas faz parte do seu mundo. É um trabalho que ela ama. Mas além de gostar de fazer essas figuras grosseiras, também possui habilidades para fazer peças delicadas, como algumas imagens de santos que já fez.

Em toda sua história de carranqueira teve oportunidade de participar de feiras e exposições em vários estados brasileiros, e suas peças são reconhecidas internacionalmente, principalmente na Europa.

Fonte: (© Fundaj)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Você conhece a origem do Teatro?

Teatro de Santa Isabel (Recife/PE)


Existem várias teorias sobre a origem do teatro. Segundo Brockett, nenhuma delas pode ser comprovada, pois existem poucas evidencias e mais especulações. Antropologistas ao final do século XIX e no início do XX, elaboraram a hipótese de que este teria surgido a partir dos rituais primitivos (History of Theatre. Allyn e Bacon 1995 pg. 1). Outra hipótese seria o surgimento a partir da contação de histórias, ou se desenvolvido a partir de danças, jogos, imitações. Os rituais na história da humanidade começam por volta de 80.000 anos AC.

O primeiro evento com diálogos registrado foi uma apresentação anual de peças sagradas no Antigo Egito do mito de Osíris e Ísis, por volta de 2500 AC (Staton e Banham 1996 pg. 241), que conta a história da morte e ressurreição de Osíris e a coroação de Horus ( Brockett, pg. 9). A palavra 'teatro' e o conceito de teatro, como algo independente da religião, só surgiram na Grécia de Psístrato (560-510AC), tirano ateniense que estabeleceu uma dinâmica de produção para a tragédia e que possibilitou o desenvolvimento das especificidades dessa modalidade. As representações mais conhecidas e a primeira teorização sobre teatro vieram dos antigos gregos, sendo a primeira obra escrita de que se tem notícia, a Poética de Aristóteles.

Aristóteles afirma que a tragédia surgiu de improvisações feitas pelos chefes dos ditirambos, um hino cantado e dançado em honra a Dioniso, o deus grego da fertilidade e do do vinho. O ditirambo, como descreve Brockett, provavelmente consistia de uma história improvisada cantada pelo líder do coro e um refrão tradicional, cantado pelo coro. Este foi transformado em uma "composição literária" por Arion (625-585AC), o primeiro a registrar por escrito ditirambos e dar a eles títulos.

As formas teatrais orientais foram registradas por volta do ano 1000 AC, com o drama sânscrito do antigo teatro Indu. O que poderíamos considerar como 'teatro chinês' também data da mesma época, enquanto as formas teatrais japonesas Kabuki, Nô e Kyogen têm registros apenas no século XVII DC.

O teatro no Brasil

O teatro no Brasil surgiu no século XVI, tendo como motivo a propagação da fé religiosa. Dentre uns poucos autores, destacou-se o padre José de Anchieta, que escreveu alguns autos (antiga composição teatral) que visavam a catequização dos indígenas, bem como a integração entre portugueses, índios e espanhóis. Exemplo disso é o Auto de São Lourenço, escrito em tupi-guarani, português e espanhol.

Um hiato de dois séculos separa a atividade teatral jesuítica da continuidade e desenvolvimento do teatro no Brasil. Isso porque, durante os séculos XVII e XVIII, o país esteve envolvido com seu processo de colonização (enquanto colónia de Portugal) e em batalhas de defesa do território colonial. Foi a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, que trouxe inegável progresso para o teatro, consolidado pela Independência, em 1822.

O ator João Caetano formou, em 1833, uma companhia brasileira. Seu nome está vinculado a dois acontecimentos fundamentais da história da dramaturgia nacional: a estreia, em 13 de março de 1838, da peça Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de autoria de Gonçalves de Magalhães, a primeira tragédia escrita por um brasileiro e a única de assunto nacional; e, em 4 de outubro de 1838, a estreia da peça O Juiz de Paz na Roça, de autoria de Martins Pena, chamado na época de o "Molière brasileiro", que abriu o filão da comédia de costumes, o gênero mais característico da tradição cênica brasileira.

Gonçalves de Magalhães, ao voltar da Europa em 1867, introduziu no Brasil a influência romântica, que iria nortear escritores, poetas e dramaturgos. Gonçalves Dias (poeta romântico) é um dos mais representativos autores dessa época, e sua peça Leonor de Mendonça teve altos méritos, sendo até hoje representada. Alguns romancistas, como Machado de Assis, Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, e poetas como Álvares de Azevedo e Castro Alves, também escreveram peças teatrais no século XIX.

O século XX despontou com um sólido teatro de variedades, mescla do varieté francês e das revistas portuguesas. As companhias estrangeiras continuavam a vir ao Brasil, com suas encenações trágicas e suas óperas bem ao gosto refinado da burguesia. O teatro ainda não recebera as influências dos movimentos modernos que pululavam na Europa desde fins do século anterior.

Os ecos da modernidade chegaram ao teatro brasileiro na obra de Oswald de Andrade, produzida toda na década de 1930, com destaque para O Rei da Vela, só encenada na década de 1960 por José Celso Martinez Corrêa. É a partir da encenação de Vestido de Noiva, de Nélson Rodrigues, que nasce o moderno teatro brasileiro, não somente do ponto-de-vista da dramaturgia, mas também da encenação, e em pleno Estado Novo.

Surgiram grupos e companhias estáveis de repertório. Os mais significativos, a partir da década de 1940, foram: Os Comediantes, o TBC, o Teatro Oficina, o Teatro de Arena, o Teatro dos Sete, a Companhia Celi-Autran-Carrero, entre outros.

Quando tudo parecia ir bem com o teatro brasileiro, a ditadura militar veio impor a censura prévia a autores e encenadores, levando o teatro a um retrocesso produtivo, mas não criativo. Prova disso é que nunca houve tantos dramaturgos atuando simultaneamente.

Com o fim do regime militar, no início da década de 1980, o teatro tentou recobrar seus rumos e estabelecer novas diretrizes. Surgiram grupos e movimentos de estímulo a uma nova dramaturgia.

Bumba meu boi do Maranhão




A festa do Bumba-meu-boi, uma tradição que se mantém desde o século XVIII, arrasta maranhenses e visitantes por todos os cantos de São Luís, nos meses de junho e julho. O Bumba-meu-boi é uma festa para crianças, adultos e idosos, onde os grupos se espalham desde as perifeiras até os arraiais do centro e dos shoppings da ilha. Na parte nova ou antiga da cidade grupos de todo o Estado se reúnem em diversos arraiais para brincar até a madrugada.

O enredo da festa do Bumba-meu-boi resgata uma história típica das relações sociais e econômicas da região durante o período colonial, marcadas pela monocultura, criação extensiva de gado e escravidão. Numa fazenda de gado, Pai Francisco mata um boi de estimação de seu senhor para satisfazer o desejo de sua esposa grávida, Mãe Catirina, que quer comer língua. Quando descobre o sumiço do animal, o senhor fica furioso e, após investigar entre seus escravos e índios, descobre o autor do crime e obriga Pai Francisco a trazer o boi de volta.

Pajés e curandeiros são convocados para salvar o escravo e, quando o boi ressuscita urrando, todos participam de uma enorme festa para comemorar o milagre. Brincadeira democrática que incorpora quem passa pelo caminho, o Bumba-meu-boi já foi alvo de perseguições da polícia e das elites por ser uma festa mantida pela população negra da cidade, chegando a ser proibida entre 1861 e 1868.

O atual modelo de apresentação dos bois não narra mais toda a história do 'auto', que deu lugar à chamada 'meia-lua', de enredos simplificados. Atualmente, existem mais de cem grupos de bumba-meu-boi na cidade de São Luís subdivididos em diversos sotaques. Cada sotaque tem características próprias que se manifestam nas roupas, na escolha dos instrumentos, no tipo de cadência da música e nas coreografias.Dança com característica africana, a Congada mescla elementos religiosos e históricos, resistindo ao tempo graças à devoção passada de geração em geração pelo povo caiçara.

Os bois pelo Brasil

A essência da lenda enlaça a sátira, a comédia, a tragédia e o drama, e demonstra sempre o contraste entre a fragilidade do homem e a força bruta de um boi. Esta essência se originou da lenda de Catirina e Pai Francisco,origem nordestina, que sofreu adaptação à realidade amazônica. Dessa forma, reverencia o boi livre e nativo da floresta Amazônica, bem como a alegria, sinergia e força das festas coletivas pindoramas (pindoramas = indígenas - a palavra índio e indígena derivam da falsa impressão dos "descobridores" de terem chegado a Índia, sendo que a terra Brasileira era então nomeada por seus nativos de Pindorama).

A festa do Bumba-meu-Boi surgiu no nordeste do país, mais especificamente no Estado do Piauí, pois a região onde hoje se situa o Piauí começou a ser povoada por vaqueiros que vinham da Bahia em busca de novas pastagens para o gado. Ainda hoje a figura do vaqueiro é marcante e faz parte da cultura piauiense, além de ser um personagem típico no estado. Mas foi no Estado do Maranhão que o Bumba-meu-Boi foi mais popularizado e exportado para o Estado do Amazonas com o nome de Boi-Bumbá, visitado anualmente por milhares de turistas que vão para conhecer o famoso Festival Folclórico de Parintins, realizado desde 1913.

Do ponto de vista teatral, o folguedo deriva da tradição portuguesa e espanhola, tanto no que diz respeito ao desfile como à representação propriamente dita; tradição de se encenarem peças religiosas de inspiração erudita, mas destinadas ao povo para comemorar festas católicas nascidas na luta da Igreja contra o paganismo. Esse costume foi retomado no Brasil pelos jesuítas em sua obra de evangelização dos indígenas, negros e dos próprios portugueses aventureiros e conquistadores no catolicismo, por meio da encenação de pequenas peças.

Como dança dramática, o bumba-meu-boi adquire através dos tempos algumas características dos autos medievais, o que lhe dá o seu caráter de veículo de comunicação. Simples, emocional, direto, linguagem oral, narrativa clara e uma ampla identificação por parte do público, tomando semelhanças com a comédia satírica ou tragicomédia pela estrutura dramática dos seus personagens alegóricos, os incidentes cômicos e contextuais, a gravidade dos conflitos e o desenlace quase sempre alegre, que funciona como um processo catártico.

Ao espalhar-se pelo país, o bumba-meu-boi adquire nomes, ritmos, formas de apresentação, indumentárias, personagens, instrumentos, adereços e temas diferentes. Dessa forma, enquanto no Maranhão, Rio Grande do Norte, Alagoas e Piauí é chamado bumba-meu-boi, no Pará e Amazonas é boi-bumbá ou pavulagem; em Pernambuco é boi-calemba ou bumbá; no Ceará é boi-de-reis, boi-surubim e boi-zumbi; na Bahia é boi-janeiro, boi-estrela-do-mar, dromedário e mulinha-de-ouro; no Paraná, em Santa Catarina, é boi-de-mourão ou boi-de-mamão; em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Cabo Frio e Macaé (em Macaé a o famoso boi do Sadi) é bumba ou folguedo-do-boi; no Espírito Santo é boi-de-reis; no Rio Grande do Sul é bumba, boizinho, ou boi-mamão; em São Paulo é boi-de-jacá e dança-do-boi.

Personagens do Boi

Os personagens do bailado são humanos e animais. Os femininos são representados por homens travestidos. O Capitão é o comandante do espetáculo. Há também Mateus e Catirina, personagens bastante conhecidos que apresentam os bichos, cantam e dançam de forma engraçada, divertindo muito o público. Fazem parte ainda do elenco: Bastião, a pastorinha, a dona do boi, o padre, o doutor, o sacristão, Mané Gostoso, o Fanfarrão, a ema, a burrinha, a cobra, o pinica-pau e ainda os personagens fictícios: o Caipora, o Diabo, o Babau, o morto carregando, o vivo e o Jaraguá.

Existem vários personagens e variam bastante entre os diferentes grupos, mas os principais são os seguintes:

Amo: representa o papel do dono da fazenda, comanda o grupo com auxílio de um apito e um maracá (maracá do amo) canta as toadas principais;

Pai Chico ou Mateus: empregado da fazenda, ou forasteiro, dependendo do grupo, rouba ou mata o boi para atender o desejo de mãe Catirina. O papel desempenhado por esta personagem varia de grupo para grupo, mas na maioria das vezes desempenha um papel cômico;

Mãe Catirina ou Catirina : Catirina é uma negra, muito desinibida que em alguns bumbas é a mulher de Mateus. Mulher do pai Chico, que grávida deseja comer a língua do boi. Coloca enchimento na barriga para parecer que está gestante;

Boi : é a principal figura, consiste numa armação de madeira em forma de touro, coberta de veludo bordado. Prende-se à armação uma saia de tecido colorido. A pessoa que fica dentro e conduz o boi é chamado miolo do boi;

Vaqueiros: são também conhecidos por rajados. Nos bois de zabumba são chamados caboclos de fita. Em alguns bois existe o primeiro vaqueiro, a quem o fazendeiro delega a responsabilidade de encontrar pai Chico e o boi sumido, e seus ajudantes que também são chamados vaqueiros;

Índios, índias e caboclos: tem a missão de localizar e prender pai Chico. Na apresentação do boi proporcionam um belo efeito visual, devido à beleza de suas roupas e da coreografia que realizam. Alguns bois, principalmente os grupos de sotaque da ilha, possuem o caboclo real, ou caboclo de pena, que é a mais rica indumentária do boi;

Burrinha : aparece em alguns grupos de bumba -meu-boi, trata-se de um cavalinho ou burrinho pequeno, com um furo no centro por onde entra o brincante, a burrinha fica pendurada nos ombros do brincante por tiras similares à suspensório;

Cazumbá : Personagem divertido, as vezes assustador, que usa batas coloridas e mascaras de formatos e temática muito variada. Não são todos os grupos de bumba-meu-boi que possuem cazumbás;

Intrumentos

Os bois de influência predominantemente indígena, bois de matraca, utilizam mais os seguintes instrumentos:

maracá : instrumento feito de lata, cheio de chumbinhos ou contas de Santa Maria. É um instrumento de origem tanto africana como indígena;

matraca : feita de madeira, principalmente pau d'arco, é tocada batendo-se uma contra a outra;

pandeirão : pandeiro grande, coberto geralmente de couro de cabra. Alguns tem mais de 1 metro de diâmetro e cerca de 10 cm de altura. São afinados a fogo.

tambor onça : É uma epécie de cuíca, toca-se puxando uma vareta que fica presa ao couro e dentro do instrumento. Imita o urro do boi, ou da onça.

Os bois de zabumba utilizam principalmente:

maracá : instrumento feito de lata, cheio de chumbinhos ou contas de Santa Maria;

tamborinho: pequeno tambor coberto de couro de bicho, o mais comum é usar couro de cutia, é tocado com a ponta dos dedos;

tambor onça : É uma epécie de cuica, tocase puxando uma vareta que fica presa ao couro e dentro do instrumento;

zabumba: é um grande tambor, conhecido também como bumbo, é um instrumento típicamente africano;

tambor de fogo: feito de uma tora de madeira ocada à fogo e coberto por um couro cru de boi preso à tora por cravelhas. É um instrumento tipicamente africano;

Os bois de orquestra tem instrumentação muito variada, utilizam instrumentos de sopro como saxofones, trombones, clarinetas e pistões; banjos, bumbos e taróis, também mara.

Maviael Melo - Campanha Eleitoral

O autor dos versos é o poeta e compositor Maviael Melo, natural de Petrolina-PE e radicado na Bahia. Ele também é irmão do grande Maciel Melo, famoso compositor brasileiro.