sábado, 18 de julho de 2009

O Cordel está em todo o Brasil




No Brasil, o cordel aparece como sinônimo de poesia popular em verso. As histórias de batalhas, amores, sofrimentos, crimes, fatos políticos e sociais do país e do mundo, as famosas disputas entre cantadores, fazem parte do conjunto de narrativas em verso conhecido por Literatura de cordel.

Como toda produção cultural, o cordel vive períodos de fartura e escassez. Hoje existem poetas populares espalhados por todo o país, vivendo em diferentes situações, compartilhando experiências distintas, mas, no final do século XIX e início do século XX, o cordel fazia parte da vida de nordestinos que viviam no campo, dependendo da agricultura ou ainda nas cidades, com seus pequenos comércios.

A virada do século XIX no Brasil foi marcada por mudanças que afetaram sobretudo os trabalhadores que viviam no campo, em condições de dependência e favor. A crise que atravessava os vários setores da economia tornou visível a situação de exclusão das camadas mais pobres da população. Mudavam as relações de trabalho e os homens pobres e livres buscavam nas cidades novas possibilidades de subsistência.

Os primeiros escritores de folhetos que saíram do campo em direção as cidades levavam consigo a esperança por melhores dias e as lembranças de contos e histórias de príncipes e princesas, reinos distantes, homens valentes e mocinhas indefesas, além das canções dos violeiros e repentistas que viajavam pelas fazendas animando festas e desafiando outros cantadores. Já nas cidades, começam transpor para o papel todo este universo de experiências. Além dos contos e cantorias de viola, estavam guardados na memória o som dos maracatus, dos reisados, do coco, da embolada. É essa cultura, influenciada pelos ritmos afro-brasileiros, pela mistura entre rituais sagrados e profanos, que faz do cordel uma produção cultural distinta das outras. A mistura de vozes e ritmos da cultura transforma-se em música nos folhetos.

O folheto vai para as ruas e praças e é vendido por homens que ora declamam os versos, ora cantam em toadas semelhantes às tocadas pelos repentistas. São nordestinos pobres e semi-alfabetizados que entram no mundo da escrita, das tipografias, da transmissão escrita e não apenas oral.

A poesia popular, antes restrita ao universo familiar e a grupos sociais colocados à margem da sociedade (moradores pobres de vilas e fazendas, ex-escravos, pequenos comerciantes, etc.), ultrapassa fronteiras, ocupa espaços outrora reservados aos escritores e homens de letras do país.

Bibliografia:
-PINHEIRO, Hélder; LÚCIO, Ana Cristina Marinho. Cordel na sala de aula. São Paulo:Duas Cidades,2001

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