quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Lendas Mitológicas




O grande combate


No alto do monte Olimpo, protegidos da curiosidade dos homens por nuvens espessas,
os imortais – deuses e deusas, conversam alegres e despreocupados em volta da mesa de
um grande banquete. Reinam a harmonia e o contentamento. De repente, uma pedra imensa
cai no meio da festa, provocando um começo de pânico.

- Quem teve a ousadia? – grita Zeus, o rei dos deuses, no meio da confusão geral que se
estabelece.

As divindades mal têm tempo de se recuperar do espanto, e já uma série de blocos de
pedra, acompanhadas de tochas em chamas, começa a cair sobre o Olimpo.

Os imortais se reúnem assim que podem e examinam a situação, que, pelo jeito, é muito
preocupante. Sobre todas as montanhas da vizinhança , destacam-se as silhuetas de vinte a
quatro titãs, gigantes de longas cabeleiras, com barbas cerradas e pés em forma de
serpente. São eles os autores desse bombardeio que devasta o Olimpo. Seres da terra,
esses horríveis seres resolveram destronar Zeus, expulsar as outras divindades e tomar seus
lugares.

No momento, beneficiam-se do efeito-surpresa e, se não houver uma reação rápida,
talvez atinjam seus objetivos.

Hera, mulher de Zeus, está com um ar especialmente sombrio. Sabe que nenhum desses
titãs pode ser morto por um deus. Só um mortal, vestido com uma pele de leão, poderia
deixa-los num estado em que não conseguiriam fazer mais nenhum mal. A deusa também
revela ao marido que a guerra estará perdida se não se colher uma planta misteriosa,
escondida num lugar secreto, a qual tem o poder de tornar invencível aquele que a
encontrar.

Preocupado, Zeus chama Atena, a deusa da sabedoria, e conversa longamente com ela.
Depois, manda-a em busca de Héracles, o herói da pele de leão, e ordena que o Sol, a
Aurora e a Lua apaguem suas luzes. Quando tudo fica escuro, Zeus desce do Olimpo e,
tateando, procura e encontra a tal planta mágica, aonde Héracles acaba de chegar.

Agora, os deuses estão prontos para enfrentar os inimigos.

Fazendo pontaria no chefe dos titãs, Héracles lança uma flecha e atinge o gigante. O
monstro cai no chão, mas, para surpresa geral, levanta-se imediatamente, mais vigoroso e
alerta do que antes.

Atena compreende tudo e grita:

- Depressa Héracles! Essa criatura recupera as forças quando está em sua terra natal.
Carregue-a para bem longe!

Enchendo-se de coragem o herói salta sobre o gigante, agarra-o com seus braços fortes e
leva-o para um país longínquo, onde o mata com um golpe da maça.

Enquanto isso, a batalha continua, cruel. Todos os deuses lançam-se ao combate.
Hefesto, o ferreiro manco, deixa em brasa os ferros e funde metal. Apolo, deus do Sol,
lança flechas assustadoras. Possêidon, senhor dos mares, empunha seus tridente. Apenas as
deusas pacíficas como Deméter e Héstia, ficam a margem da luta. Assustadas, trêmulas,
contemplam o terrível espetáculo. Atenas, por sua vez, descobre uma nova arma: erguendo
rochas pesadíssimas, lança-as sobre os atacantes.

No entanto, si mesmo se as pancadas dos deuses e das deusas conseguissem abater os
titãs, não seriam suficientes para eliminá-los, pois, mesmo feridos, esses seres imundos
voltam a luta. Por isso, é necessário que Héracles lhes dê um golpe de misericórdia: desfere
golpes fortíssimos com sua maça e atira flechas com grande destreza.

Daí algum tempo, a maioria dos titãs jaz no chão. Os que ainda agüentam em pé
compreendem que sobram poucos, e a derrota agora lhes parece inevitável. Fogem
desesperadamente e se dispersam sobre a Terra, perseguidos pelos deuses, que querem
completar sua vitória.

Um dos titãs, Encélado, que corre mais depressa que os outros, acha que está seguro
longe da Grécia, mas Atena o descobre. Agarrando um rochedo gigantesco, ela o lança
com violência sobre Encélado. Achatado pelo projétil em pleno mar, desde esse dia o titã
passa a ser a ilha da Sicília.

Com um golpe só de tridente, Possêidon racha em duas a ilha de Cós e joga uma das
partes sobre outro titã, o qual fica esmagado sob uma nova ilha: Nisiro.

Assim um por um, os titãs são todos derrotados.

Entretanto, não pende que eles morreram. Seus corpos estão debaixo da terras, é
verdade. Mas as numerosas erupções vulcânicas provam que continuam vivos, tão
perigosos e malvados quanto antes.

Héracles parte para outras aventuras, e os deuses voltam ao Olimpo. Logo está tudo
arrumado, e o banquete interrompido volta a prosseguir. Em volta do trono de Zeus, deuses
e deusas reencontram sua alegria, tomando sua bebida habitual, o néctar, e deliciando-se
com seu petisco favorito, a ambrosia. A conversa continua descontraída, como se nada
houvesse acontecido. Afinal, são imortais. Têm todo tempo do mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário