Mostrando postagens com marcador lula côrtes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador lula côrtes. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Esquecer, ninguém esquece...



Esquecer, ninguém esquece, Mas aprende a viver sem.

O meu coração guardou
Recordações imortais
De quem foi e não é mais
Personagem do meu show.
A cortina se fechou,
A platéia foi além
Mas no palco ainda tem
Uma palavra com “S”.
Esquecer, ninguém esquece,
Mas aprende a viver sem.

Os românticos sonhadores
São mesmo predestinados
A amores fracassados,
A padecer tantas dores,
Na vida são uns atores
Sem diretor, sem ninguém,
A cada cena que vem
Nada de bom acontece.
Esquecer, ninguém esquece
Mas aprende a viver sem.

A cada passo que dou
Sinto um abalo no peito,
Com certeza é o efeito
Do que a paixão deixou.
Deletar o que passou?
Só se eu tivesse um harém!
Mas meu peito só quer quem
O maltrata e desconhece.
Esquecer, ninguém esquece
Mas aprende a viver sem.


Autor: Wellington Vicente

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Todos os acidentes aéreos ocorridos no Estado de Pernambuco desde 1925




07/03/1925 - Um avião da Grands Express Aeriens, modelo Breguet 14, acidentou-se em Recife, sem vítimas fatais.

11/06/1934 - Acidente com avião da Air France, modelo Latécoère 26, prefixo F-AILG, no Recife. Não houve vítimas fatais.

15/07/1958 – Acidente com avião da Varig, modelo Curtiss C-46, prefixo PP-VBJ, no município de Gravatá, com três vítimas fatais.

19/06/1960 – Acidente com avião da US Air Force, modelo Douglas C-124, prefixo 52-0993, no Recife, deixa três vítimas fatais.

01/11/1961 - Avião da Panair do Brasil, modelo Douglas DC-7, prefixo PP-PDO, cai no Recife, deixando 51 mortos. Foi um dos piores acidentes acontecidos no Estado.

06/09/1963 – Avião da Panair do Brasil, modelo Caravelle VI-R, prefixo PP-PDU, sofre acidente em Gamela, sem vítimas fatais.

28/07/1968 - Acidente com avião da US Air Force, modelo Douglas C-124, prefixo 51-5178, no Recife, deixa dez vítimas fatais.

21/12/1969 – Avião da FAB, modelo Lockheed C-130, prefixo FAB2450, acidenta-se no Recife.

11/09/1974 - O Boeing 727-41, prefixo PP-VLH, da Varig, estava em aproximação para pouso na cidade de Recife quando passou alto e veloz pela cabeceira, ultrapassando a pista, quebrando o muro do aeroporto e parando entre a calçada e a avenida em frente ao Guararapes. Foram grandes os danos ao 727, que foi recuperado já em dezembro do mesmo ano voltou a voar pela empresa. Não houve vítimas.

14-01-1976 – Avião da Federal Aviation Administration - FAA, modelo Sabreliner, prefixo N85, cai no Recife, com uma vítima fatal.

28/01/1981 – Acidente com avião da Sudene, modelo Douglas DC-3, prefixo PP-ZNU, em Petrolina.

19/09/1986 – Avião da Atlantic Southeast, modelo EMB 120 Brasília, prefixo N219AS, acidenta-se na Mantiqueira, com cinco vítimas fatais.

14/12/1987 – Avião da FAB, modelo Lockheed C-130, prefixo FAB2468, sofre acidente em Fernando de Noronha, matando os 29 ocupantes.

20/09/1990 – Avião do Governo de Pernambuco, modelo EMB 110 Bandeirante, prefixo PT-FAW, decolou às 19h40 do Aeroporto de Fernando de Noronha com destino ao Recife e, instantes depois, caiu no mar, matando seus 12 ocupantes, dois tripulantes e dez passageiros. Teria sido falha no motor.

11/11/1991 – Avião da Nordeste Linhas Aéreas, modelo EMB 110 Bandeirante, prefixo PT-SCU, cai numa praça do bairro do IPSEP, no Recife, matando todos seus 15 ocupantes (12 passageiros e 03 tripulantes), além de uma criança e um aposentado que estavam na praça. O avião seguia do Recife para Salvador e a causa do desastre teria sido falha do motor na decolagem.

Segundo testemunhas posicionadas próximas à pista, durante a corrida de decolagem, estando a aeronave ainda no solo, houve dois estalos no motor direito com presença instantânea de fogo. A aeronave percorreu, aproximadamente, 900 metros de pista para iniciar a rotação. Durante o primeiro segmento, ocorreu o colapso total do citado motor, caracterizado por um terceiro estalo – este mais forte que os anteriores – e emissão de material em fusão, o qual provocou um início de incêndio ainda na área interna do aeroporto, próximo ao muro de limite (SIC).

Durante esta fase de vôo, a aeronave manteve-se aproximadamente a 30 metros de altura, ao mesmo tempo em que guinava à direita com as asas niveladas.

Fora do eixo de decolagem e aproximadamente 30 segundos após a pista, a aeronave colidiu com duas residências, caindo a seguir em uma praça pública da Vila IPSEP.

Na queda houve forte explosão e fogo, tendo todos os seus ocupantes falecido, bem como duas pessoas que se encontravam no local .

31/01/1993 – Um Boeing 707, prefixo LV-ISA, da Lineas Aéreas del Estado – LADE, que seguia de Maceió para Fortaleza, sofreu uma pane hidráulica e faz pouso forçado no Recife. Não houve vítimas fatais.

17/11/1996 – Acidente com avião da FAB, modelo EMB P-95 Bandeirulha, prefixo FAB7102, deixa 09 mortos. Como aconteceu: Quatro Bandeirulhas da FAB estavam voando em formação de Salvador (BA) a Natal (RN) quando a cauda do FAB7102 foi golpeada pela hélice de um outro Bandeirulha. O FAB7102 perdeu o controle e caiu sobre o município de Caruaru (PE) matando todos os seus 09 ocupantes.

28/07/1998 – Avião monomotor, modelo Mooney Aircraft M-20E, prefixo PT-CGE, particular, vindo de Pesqueira, cai sobre uma plantação de manga do projeto de irrigação Senador Nilo Coelho, a poucos metros da pista do Aeroporto de Petrolina, matando seu único ocupante, o piloto Geovani Maracaípe.

03/01/1999 - Um avião cargueiro russo, da Antonov Airlines, modelo Antonov Na-22A, prefixo UR09307, pesando 140 toneladas, faz uma aterrissagem de emergência no Aeroporto dos Guararapes, depois de sofrer problemas mecânicos. O trem de pouso recolheu e a aeronave se arrastou por cerca de 700 metros antes de conseguir parar. Não houve vítimas.

22/07/2000 – Pista afunda e avião Fokker 100, da TAM, atolou no Aeroporto Oscar Laranjeiras, em Caruaru. Não houve vítimas.

18/03/2001 – Avião modelo Cessna 172B, prefixo PT-BJL, operado pela Visual Propag. Aérea, decolou do Aeroclube de Pernambuco, no Recife, levando apenas seu piloto, para um vôo de reboque de faixa publicitária. Ao efetuar a captura da faixa ("pescaria"), houve a colisão do gancho da corda de reboque com uma pessoa que auxiliava o engate, segurando uma das barras de sustentação da faixa. O choque provocou ferimentos fatais nessa pessoa, sem que houvesse danos à aeronave.

29/09/2002 – Acidente com avião modelo EMB 810C Seneca II, prefixo PT-EZB, da Olinda Táxi Aéreo, às 03h00, no aeroporto de Arcoverde, quando, instantes depois de levantar vôo, uma das hélices apresentou problemas. O piloto Almir Bacelar Bazante conseguiu resgatar o único passageiro, o então candidato a deputado Raul Henry, que sofreu vários ferimentos, e logo em seguida o avião explodiu.

07/12/2002 – Acidente com avião modelo Neiva 821 Carajás, prefixo PT-VEY, particular, deixa duas vítimas fatais, em Araripina.

16/02/2007 – Um avião bimotor, modelo EMB 810D Sêneca, prefixo D-GOMM, particular, que seguia para Dacar, no Senegal, caiu a 44 milhas (cerca de 70km) do Arquipélago de Fernando de Noronha, matando seu único ocupante, o piloto alemão Frank H. Hettlich. O acidente aconteceu às 08:30h.

26/03/2008 – Avião da FAB, modelo VC-35 - Learjet 35A, apresentou problema no trem de pouso logo após decolar e faz pouso de emergência no Aeroporto Internacional dos Guararapes. A aeronave transportava os ministros das Comunicações, Hélio Costa, e da Integração Social, Geddel Vieira Lima, além do Superintendente da Sundene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), Paulo Fontana. Ninguém se feriu.

29/05/2008 - O avião bimotor modelo Beechcraft Baron 58, prefixo PT-ICU, da Fretax Táxi Aéreo, pousou de barriga - com os trens de pouso retraídos - no aeroporto internacional de Recife, por volta das 20h. O piloto e o co-piloto, os únicos ocupantes da aeronave, saíram ilesos.

30/07/2008 – Avião modelo Piper PA-25 Pawnee, prefixo PR-ARQ, particular, que vinha de São Paulo para Recife, sofre pane elétrica e pousa em rodovia no município de Agrestina. Não houve vítimas.

23/11/2008 - Avião modelo Beech Super King Air 200, prefixo PT-OSR, pertencente à Banda Calypso, caiu por volta das 11h30 na Praça San Martin, no Recife, próximo ao Colégio Antônio Farias Filho, matando duas pessoas. A aeronave, que conduzia dez passageiros - entre eles políticos e empresários -, perdeu altitude e se chocou contra quatro casas do bairro. O piloto do avião, Eurico Pedrosa Neto, 46 anos, morreu com a violência do impacto. Gilberto Silva, produtor financeiro da banda, ainda chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Vários feridos.

31 / 05/ 2009 – Um Airbus da Companhia Air France, que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris (voo AF-447), cai no Oceano Atlântico, numa área próxima ao arquipélago de Fernando de Noronha, pertencente ao Estado de Pernambuco, com 228 pessoas a bordo: entre as vítimas havia 72 franceses e 59 brasileiros. O avião decolou às 22h29 GMT (19h30 no horário de Brasília) e caiu pouco menos de quatro horas depois, a 1.150 km do Recife, distância equivalente à que separa São Paulo de Porto Alegre. Nos primeiros dias após o acidente apenas 17 corpos foram resgatados: os demais só seriam localizados quase dois depois (1º maio 2011), no findo do mar, juntamente com uma das caixas pretas do avião. Em diferentes estados de conservação, um total de 154 corpos das vítimas do acidente foram recuperados e os outros 74 foram deixados no fundo do mar.

13 / 07 / 2011 – Um avião de pequeno porte (capacidade para 19 pessoas) da Companhia No Ar Linhas Aéreas, que fazia a linha Recife-Mossoró com escala em Natal, no Rio Grande do Norte, caiu esta manhã num terreno baldio no bairro de Boa Viagem, no Recife, matando todos os 16 ocupantes. Segundo o Comando da Aeronáutica, o bimotor decolou do Aeroporto Internacional dos Guararapes às 6:51horas. Quatro minutos depois, o piloto informou à Torre de Controle que estava em situação de emergência e tentou fazer um pouso forçado, caindo em terreno baldio próximo ao Hospital da Aeronáutica e localizado a 4 km do aeroporto e a 100 metros da praia de Boa Viagem. A explosão do avião aconteceu após o impacto no solo.

sábado, 18 de junho de 2011

Acalanto de São Pedro

Acalanto registrado em Cunha (São Paulo):

Acordei de madrugada,
fui varrê a Conceição.
Encontrei Nossa Senhora
com dois livrinhos na mão.

Eu pedi um pra ela,
ela me disse que não;
eu tornei a lhe pedir,
ela me deu um cordão.

Numa ponta tinha São Pedro,
na outra tinha São João,
no meio tinha um letreiro
da Virgem da Conceição.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Peleja de Pinto com Milanês


Pinto de Monteiro
Severino Milanês da Silva


Milanês estava cantando
em vitória de Santo Antão
chegou Severino Pinto
nessa mesma ocasião
em casa de um marchante
travaram uma discussão.


M - Pinto, você veio aqui

se acabar no desespero

eu quero cortar-lhe a crista

desmantelar seu poleiro

aonde tem galo velho

pinto não canta em terreiro


P - mas comigo é diferente

eu sou um pinto graúdo

arranco esporão de galo

ele corre e fica mudo

deixa as galinhas sem dono

eu tomo conta de tudo


M - Para um pinto é bastante

um banho de água quente

um gavião na cabeça

uma raposa na frente

um maracajá atrás

não há pinto que agüente


P - Da raposa eu tiro o couro

de mim não se aproxima

o maracajá se esconde

o gavião desanima

do dono faço poleiro

durmo, canto e choco em cima.


M - Pinto, cantador de fora

aqui não terá partido

tem que ser obediente

cortês e bem resumido

ou rende-me obediência

ou então é destruído


P - Meu passeio nesta terra

foi acabar sua fama

derribar a sua casa

quebrar-lhe as varas da cama

deixar os cacos na rua

você dormindo na lama


M - Quando vier se confesse

deixe em casa uma quantia

encomende o ataúde

e avise a feguezia

que é para ouvir a sua

missa do sétimo dia


P - Ainda eu estando doente

com uma asa quebrada

o bico todo rombudo

e a titela pelada

aonde eu estiver cantando

você não torna chegada


M - O pinto que eu pegar

pélo logo e não prometo

vindo grande sai pequeno

chegando branco sai preto

sendo de aço eu envergo

sendo de ferro eu derreto


P - No dia que eu tenho raiva

o vento sente um cansaço

o dia perde a beleza

a lua perde o espaço

o sol transforma-se em gelo

cai de pedaço em pedaço


M - No dia que dou um grito

estremece o ocidente

o globo fica parado

o fruto não dá semente

a terra foge do eixo

o sol deixa de ser quente


P - Eu sou um pinto de raça

o bico é como marreta

onde bate quebra osso

sai felpa que dá palheta

abre buraco na carne

que dá pra fazer gaveta


M - Eu pego um pinto de raça

e amolo uma faquinha

faço um trabalho com ele

depois pesponto com linha

ele vivendo cem anos

não vai perto de galinha


P - Milanês, você comigo .

desaparece ligeiro

eu chego lá tiro raça

me aposso do poleiro

e você dorme no mato

sem poder vir no terreiro


M - Pinto, agora nós vamos

cantar em literatura

eu quero experimentá-lo

hoje aqui em toda altura

você pode ganhar esta

porém com grande amargura


P - pergunte o que tem vontade

não desespere da fé

do oceano, rio e golfo

estreito, lago ou maré

hoje você vai saber

pinto cantando quem é


M - Pinto, você me responda

de pensamento profundo

sem titubear na fala

num minuto ou num segundo

se leu me diga qual foi

a primeira invenção do mundo


P - Respondo porque conheço

vou dar-lhe minha notícia

foi o quadrante solar

pelo povo da Fenícia

os babilônios também

gozaram a mesma delícia


M - Como você respondeu-me

não merece disciplina

hoje aqui não há padrinho

que revogue a sua sina

se você souber me diga

quem inventou a vacina?


P - Não pense que com pergunta

enrasca a mim, Milanês

foi a vacina inventada

no ano noventa e seis

quem estuda bem conhece

que foi Jener Escocês


M - Sua resposta foi boa

de vocação verdadeira

mas queira Deus o colega

suba agora essa ladeira

me diga quem inventou

o relógio de algibeira?


P - No ano mil e quinhentos

Pedro Hélio com façanha

em Nuremberg inventou

essa obra tão estranha

cidade da Baviera

que pertence a Alemanha


M - Pinto, cantando não gosto

de amigo nem camarada

se conhece a história

Roma onde foi fundada?

o nome do fundador

e a data comemorada?





P - Em l7 e 53

antes de Cristo chegar

nas margens do Rio Tibre

isso eu posso lhe provar

Rômulo ali fundou Roma

a 15 milhas do mar





M - Pinto, eu na poesia

quero mostrar-lhe quem sou

relativo o avião

perguntando ainda vou

diga o primeiro balão

quem foi que inventou?





P - Em mil seiscentos e nove

Bartolomeu de Gusmão

no dia oito de agosto

fez o primeiro balão

hoje no mundo moderno

chama-se o mesmo avião





M - Pinto estou satisfeito

já de você eu não zombo

mas não pense que com isto

atira terra no lombo

disponha de Milanês

pra ver se ele agüenta o tombo





P - Milanês, você comigo

ou canta ou perde o valor

você me responda agora

seja que de forma for

de quem foi a invenção

do primeiro barco a vapor?





M - Eu quero lhe explicar

digo não muito ruim

a 16 a 87

você não desmente a mim

o inventor desse barco

foi o sábio Diniz Papim





P - Em que ano inaugurou-se

da Europa ao Brasil

a linha pra esse barco

a vapor e mercantil?

Se não souber dê o fora

vá soprar em um funil





M - Foi um navio inglês

que levantou a bandeira

em 18 a 51

veio a terra brasileira

sendo a nove de janeiro

fez a viagem primeira





P - E qual foi a 1a guerra

feita a barco a vapor?

Você ou diz ou apanha

da surra muda de cor

quebra a viola e deserta

nunca mais é cantador





M - Em l8 e 65

a esquadra brasileira

dentro do Riachuelo

içou a sua bandeira

na guerra do Paraguai

foi a batalha primeira





P - Milanês, você comigo

ou canta muito ou emperra

não pode se defender

salta, pula, chora e berra

qual foi a primeira estrada

de ferro, na nossa terra?





M - Foi quando Pedro II

tinha aqui poderes mil

em 18 e 54

no dia trinta de abril

inaugurou-se em Mauá

a primeira do Brasil





P - Milanês, você é fraco

não agüenta o desafio

eu ainda estou zombando

porque estou de sangue frio

me diga quem inventou

o telégrafo sem fio?





M - Pinto, você não pense

que meu barco vai a pique

em mil seiscentos e oito

na cidade de Munique

Suemering inventou

este aparelho tão chique





P - Eu já vi que Milanês

não responde cousa à toa

se ainda quiser cantar

hoje um de nós desacoa

puxe por mim que vai ver

um pinto de raça boa





M - Pinto, o seu pensamento

pra todo lado manobra

mas eu não conheço medo

barulho pra mim não sobra

é fogo queimando fogo

é cobra engolindo cobra





P - Do pessoal do salão

levantou-se um cavalheiro

dizendo: quero que cantem

pelo seguinte roteiro

Milanês pergunta a Pinto

como passa sem dinheiro





M - Oh! Pinto, você precisa

dum palitó jaquetão

uma manta, um cinturão

uma calça, uma camisa

está de algibeira lisa

não encontra um cavalheiro

que forneça ao companheiro

pra fazer-lhe um beneficio

olhe aí o precipício

como compra sem dinheiro?





P - Eu recomendo a mulher

que compre na prestação

um palitó jaquetão

a camisa se tiver

quando o cobrador vier

ela esteja no terreiro

eu fico no fogareiro

pelo oitão vou furando

ele ali fica esperando

assim compro sem dinheiro





M - Você em uma cidade

precisa de refeição

porém não tem um tostão

que mate a necessidade

ali não há caridade

na casa do hoteleiro

só encontra desespero

fala e ninguém lhe atende

fiado ninguém lhe vende

como come sem dinheiro?





P - Eu levo um carrapato

guardado dentro do bolso

vou no hotel peço almoço

no fim boto ele no prato

faço logo um desacato

chamo o garçon ligeiro

ele me diz: cavalheiro

cale a boca, vá embora;

saio por ali a fora

assim como sem dinheiro





M - Você precisa casas

para ser pai de família

precisa roupa e mobília

cama para se deitar

você não pode comprar

cadeira nem petisqueiro

atoalhado estrangeiro

mesa para refeição

você não tem um tostão

como casa sem dinheiro?





P - Se a moça amar-me enfim

me tendo amor e firmeza

não especula riqueza

nem diz que eu sou ruim

ela ontem disse a mim:

eu quero é um cavalheiro

e você é o primeiro

para ser meu defensor

quero é gozar teu amor

e assim caso sem dinheiro





M - Você depois de casado

sua esposa cai doente

você não tem um parente

que lhe empreste 1 cruzado

ver seu anjo idolatrado

gemendo sem paradeiro

olhe aí o desespero

na porta do camarada

só ver pobreza e mais nada

como cura sem dinheiro?





P - Eu boto-a nos hospitais

do governo do estado

pra quem está necessitado

aquilo serve demais

as irmãs especiais

chamam logo o enfermeiro:

— Vamos com isto ligeiro

tratam com mais brevidade;

se interna na caridade

assim curo sem dinheiro





M - Oh! Pinto, camaradinha

você precisa ir à feira

para comprar macaxeira

arroz, batata e farinha

bacalhau, charque e sardinha

tomate, vinho e tempero

gás, açúcar e candeeiro

biscoito, chá, macarrão

bolacha, manteiga e pão

Como compra sem dinheiro?





P - Eu dou um jeito no pé

envergo um dedo da mão

um dali dá-me um pão

outro dá-me um café

à tarde vou à maré

espero ali o peixeiro

ele é hospitaleiro

humanitário e carola

dá-me um peixe por esmola

e assim como sem dinheiro





Com este verso do Pinto

encheu de riso o salão

houve uma recepção

naquele nobre recinto

ergueu-se um rapaz distinto

com frase meiga e bela

disse: mudem de tabela

pra uma idéia mais grata:

nem a polícia me empata

de chorar na cova dela





P - Eu tive uma namorada

bonita igual Madalena

parecia uma verbena

pela manhã orvalhada

a morte tomou chegada

matou a minha donzela

quando sepultaram ela

quase a tristeza me mata

nem a polícia me empata

eu chorar na cova dela





M - Eu amei uma criatura

ela o coração me deu

na minha ausência morreu

eu sofri muita amargura

fui à sua sepultura

para abraçar-me com ela

ainda via a capela

toda bordada de prata

nem a polícia me empata

eu chorar na cova dela





M - Um dia um amigo meu,

disse com toda bravura

deixe de sua loucura

se esqueça de quem morreu

uma desapareceu

Procure outra donzela;

eu disse: igualmente aquela

não existe nesta data

nem a polícia me empata

eu chorar na cova dela





P - Desperto de madrugada

o sono desaparece

me levanto e faço prece

na cova de minha amada

volto pela mesma estrada

com o pensamento nela

quando eu não avisto ela

vou dormir dentro da mata

nem a polícia me empata

eu chorar na cova dela





Caros apreciadores

qualquer que analisou

nem Pinto saiu vaiado

nem Milanês apanhou

vamos esperar por outra

que esta aqui terminou



- FIM -

terça-feira, 24 de agosto de 2010

CAVALO NÃO TEM CHIFRE PORQUE CASOU COM UMA ÉGUA



CAVALO NÃO TEM CHIFRE
PORQUE CASOU COM UMA ÉGUA

Literatura de Cordel

Autora:
Narli Dias de Oliveira
João Pessoa-PB, 31-12-1985


Eu vou contar uma história
Do jeito que aconteceu,
Senhor Honório de Lima
Me disse que conheceu
Os personagens da mesma,
Pois eram vizinhos seus.

No estado de Pernambuco,
Numa pacata cidade,
Morava um belo casal,
Ambos na flor da idade
Viviam bem até o dia
Que surgiu toda verdade.

Já fazia 8 meses
Que ambos tavam casados,
Estevão foi visitar
Uns parentes afastados,
Que moravam em um sítio
E eram bem abastados.

Para chegar neste sítio
Num motel ele passava,
Qual foi a sua surpresa
Quando se aproximava,
O carro da sua esposa
Parado ali estava.
1

Estevão ficou pensando
E um pouco perturbado,
O carro da sua esposa
Ali de frente, parado,
Mas quem será que pegou
O carro dela emprestado?

Jamais esse pobre homem,
Nem de longe imaginava
Que sua esposa querida
Nesse motel se encontrava
Era infiel, traidora,
Muito sonsa e não prestava.

Um dia Estevão da Silva
Quando ia trabalhar
Encontrou um seu colega
Começaram a conversar
O colega disse Estevão
Eu quero te avisar.

A vizinhança já sabe
Pode a todos perguntar
Que depois que você vai
Todo dia trabalhar,
Gracinha sua mulher
Vai pra rua namorar.
2

Não queria lhe dizer
Pra não lhe contrariar,
Mas aí achei que estava
Também a lhe enganar
Se quer saber a verdade
Pode pra casa voltar.

Estevão sentiu-se mal
E ficou muito abalado,
Esta notícia o deixou
Triste e desanimado,
Amava a sua esposa
E pensava que era amado.

De repente enfureceu-se
E para casa voltou,
Vou dar-lhe uma boa surra,
Mas quando em casa chegou
Não encontrando sua esposa,
Mais furioso ficou.

Começou a quebrar tudo
Estava obstinado,
Praguejava cada nome,
Batia pra todo lado,
Estava tão furioso,
Que deixou tudo quebrado.
3

Ele tinha um papagaio
Que a tudo observava,
Disse ele: desgraçado,
Sabia e não me contava
Que aquela vil e infame
Com outros me enganava.

Pegou o louro com raiva,
Com furor e desacato,
Com toda força que tinha
Jogou-o em cima do gato!
Eu não sei aonde estou
Que agora não te mato.

Com a pancada do louro
O gato ficou zangado.
Deu umas duas assopradas
E ficou todo arqueado.
Disse o louro: Não ri não
Que hoje o corno tá danado.

Estevão já bem mais calmo
A mulher foi esperar
As duas horas da tarde,
Quando ela veio chegar.
Aonde você estava?
Foi ele a lhe perguntar.
4

Fui visitar uma tia
Que estava passando mal,
Saí sem lhe avisar,
Acho muito natural,
Se tratando de doença
É um caso especial.

Estevão ficou em dúvida,
Não sabia o que pensar,
Não falou nada à mulher,
Queria observar
Suas saídas diárias,
Pois queria lhe flagrar.

Gracinha lhe perguntou:
O que foi que houve aqui?
Parece que um furacão
Passou aqui depois que eu saí?
Cheguei em casa e chamei
Você saiu e não vi!

Não encontrando você
Tive uma raiva danada,
Comecei a quebrar tudo
Não restando quase nada,
Mas vamos fazer de conta
Que aqui não houve nada.
5

Passaram mais de 3 meses,
Estevão já esquecido,
Saiu para trabalhar
E ia bem entretido,
O colega o acompanhou
Fez cara de ofendido.

O rapaz disse: Estevão
O que foi que aconteceu?
Nunca mais tinha lhe visto,
Parece que se escondeu
O que eu contei de Gracinha
Parece que lhe ofendeu.

Você está conformado
Com esta situação?
Ela ainda está saindo
Um dia e outro não
Por que não fala com ela
E pede uma explicação?

Ela anda freqüentando
Aquele primeiro andar,
É uma casa suspeita
Pra uma senhora entrar,
Querendo tirar a dúvida
É só ir lá tocaiar.
6

Estevão faria serão,
Mas para casa voltou,
Chegando em frente ao prédio
Viu quando a mulher entrou
Acompanhada do amante,
Pasmado ele ficou.

Ficou por mais de uma hora
Sem do canto se mexer,
Estava petrificado
Com o que acabara de ver,
Isto é um pesadelo,
Não pode acontecer.

Estevão então reagiu,
Embora estivesse zangado,
Passa um policial,
Ele disse: seu soldado
Quero que vá lá em cima
Pra me fazer um mandado.

Seu praça, minha mulher,
Entrou aí a safada,
Quero que o senhor traga
Pelo cabelo arrastada
Porque vou dar-lhe uma surra,
Peço não lhe dizer nada.
7

Como é a sua esposa?
Pra não fazer coisa errada.
Ela é bem alva e bonita,
Tem a face bem corada,
Está de blusa amarela
E uma saia listrada.

O praça entrou na casa,
Foi a mulher procurando,
Quando Estevão olhou pra cima
O Praça vinha voltando
Com uma mulher morena
Brigando e esbofeteando.

Estevão apavorou-se
E disse: Camaradinha
Essa não é minha mulher,
Minha mulher é Gracinha
O praça disse: não é
A sua, mas é a minha.

O praça levou a mulher
Para casa rebocando,
Estevão ficou ali
Pela sua esperando,
Mas desistiu e foi pra casa,
Pois estava demorando.
8

Gracinha quando chegou
Ele já estava dormindo,
Passaram-se uns dez anos,
Ela continuou saindo,
Estevão se conformou,
Não vivia discutindo.

Mas a dúvida existia
E Estevão desconfiado,
Pediu ajuda ao amigo
Disse ele transtornado:
Desconfio de Gracinha,
Sinto-me um desgraçado.

Não sei como vou fazer
Pra descobrir a verdade,
Esta dúvida me matando,
Eu quero a realidade,
Parece que estou vivendo
Numa grande tempestade.

O amigo disse: meu caro
Vou lhe dar um parecer,
Bata na porta da frente,
Pros fundos pode correr,
Se tiver alguém com ela
Você vai surpreender.
9

Estevão disse: rapaz,
Desse jeito fez Menezes,
Acho que não vai dar certo,
Aí vai dias e meses,
O amigo disse: Garanto
Pois já peguei 8 vezes.

O coitado do Estevão
Fez como o amigo ensinou,
Bateu na porta da frente
E na de trás esperou
Se escondeu pra não ser visto
E o rival observou.

Tomou uma iniciativa
E resolveu se mudar,
Fez uma casa no sítio
E nela foram morar
Aqui vou viver tranqüilo
Ela não vai namorar.

Mas aí ela já tinha
Com o amante combinado,
Um código entre eles dois,
Tudo ficou acertado
O marido estando em casa
Tinha um pano colocado.
10

Era o sinal entre eles,
Ambos guardavam segredo.
Certo dia, no entanto,
Estevão chegou mais cedo,
Ela esqueceu-se do pano
E complicou o enredo.

Como é que eu saio dessa?
Aí o cara chegou,
Ficou ali dando volta,
A casa arrodeou,
Gracinha inteligente
Dessa forma se safou.

Nessas alturas, Estevão
De medo estava tremendo,
Gracinha disse: isso é alma
De alguém se arrependendo
E ela pra ir embora
Só vai alguém requerendo.

Já que você não requer,
Vou fazê-lo sem demora:
Oh alma que estais penando
Aí do lado de fora
Meu marido está em casa,
Me lembrei do plano agora.
11

O cabra assim que ouviu
Da amante o aviso:
- Valham-me santas canelas
E a terra onde eu piso
Já vou é dando nos calos,
Pra isso eu tenho juízo.

Estevão já estava cheio,
Não dava pra suportar
As tantas humilhações
Que teve de agüentar,
Gracinha adoeceu
E nada de melhorar.

Um certo dia a mulher
Da doença piorou,
Chamou assim seu marido
E por sua vez confessou
Quanto lhe fora infiel
E como lhe enganou.

Disse então ela: meu velho,
Pelo Deus onipotente,
Eu botei-lhe tanto chifre
Deixei-lhe a cabeça quente,
Você sem saber de nada,
Coitado, tão inocente.

- Você está enganada,
Falou com a fala tropa,
- Você pensa que sou linho,
Porém eu sou é estopa,
Adivinha quem botou
Veneno em sua sopa?
12
FIM

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Rogaciano Leite


Rogaciano Bezerra Leite (São José do Egito, sítio Cacimba Nova- Atualmente, município de Itapetim-PE 1 de julho de 1920 — Rio de Janeiro, 7 de outubro de 1969) foi um poeta brasileiro.

Filho dos agricultores Manoel Francisco Bezerra e de Maria Rita Serqueira Leite, iniciou a carreira de poeta-violeiro aos 15 anos de idade, quando desafiou, na cidade paraibana de Patos, o cantador Amaro Bernadino.

Em seguida, Rogaciano Leite foi para o Rio Grande do Norte, onde conheceu e iniciou amizade com o renomado poeta recifense Manuel Bandeira. Aos 23 anos de idade mudou-se para Caruaru, no agreste pernambucano, onde apresentou um programa diário de rádio. De Caruaru, seguiu para Fortaleza, onde tornou-se bancário.

Entre 1950 e 1955, Rogaciano residiu nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. No Rio casou-se com Maria José Ramos Cavalcante, com quem teve os filhos Rogaciano Filho, Anita Garibaldi, Roberto Lincoln, Helena Roraima, Rosana Cristina e Ricardo Wagner.

Em 1968 deixou o Brasil para uma temporada na França e outros países da Europa. Na Rússia deixou gravado, em monumento na Praça de Moscou, o poema Os Trabalhadores.

Alguns dos poemas mais conhecidos de Rogaciano Leite são Acorda Castro Alves, Dois de Dezembro, Poemas escolhidos, Carne e Alma, Os Trabalhadores e "Eulália. Rogaciano faleceu, de enfarte do miocárdio, no Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro. O corpo do poeta está sepultado no cemitério São João Batista, em Fortaleza, Ceará.

Rogaciano Leite foi, ainda, jornalista e era formado em Direito e Letras.

Em dezembro de 2007 foi lançado em Pernambuco na cidade de Itapetim pela jornalista Tacianna Lopes o documentário "Reminiscência em Prosa e Versos",o vídeo conta um pouco da história de Rogaciano Leite. Um trabalho inédito, um curta-metragem de aproximadamente 23 minutos e que conta com a participação de familiares, admiradores e amigos contemporâneo do Poeta, entre eles está o escritor Ariano Suassuna, que junto com Rogaciano na década de 40 foi responsável pela realização do I Congresso de Cantadores Repentistas do Brasil.


Uma das estrofes mais repetidas no universo da poesia popular foi escrita por Rogaciano Leite, em Setembro de 1950.


"Senhores críticos, basta!
Deixai-me passar sem pejo,
Que o trovador sertanejo
Vai seu pinho dedilhar...
Eu sou da terra onde as almas
São todas de cantadores
-Sou do Pajeú das Flores
Tenho razão de cantar!

Essa estrofe inicia o poema "Aos Críticos"(no total são 16 estrofes), escrito quando o poeta estava no Rio de Janeiro e publicado no livro "Carne e Alma". Há uma controvérsia em relação a sua terra natal. Particularmente não compartilho desta discussão. Se ele é pernambucano de Itapetim ou de São José do Egito, tanto faz. Mas a verdade é que ele nasceu em junho de 1920 no Sítio Cacimba Nova, nas Umburanas, hoje pertencente a Itapetim, mas quando ele nasceu pertencia a São José do Egito, então pela obviedade em seu registro ele é egipsiense. Morreu no dia 7 de outubro de 1969 no Rio, seu corpo foi levado ao Ceará, onde foi enterrado em Fortaleza cidade em que viveu. Com uma inquieta crítica às diferenças sociais Rogaciano deu voz ao grito do povo, ao escrever "Aos trabalhadores", em 1943. Um trecho:

"Trabalhar! Que o trabalho é sacrifício santo,
Estaleiro de amor que as almas purifica!
Onde o pólen fecunda, o pão se multiplica
E em flores se transforma a lágrima do pranto!

Mas não vale o trabalho andar a passo largo
Quando a estrada é forrada de injustiça e crimes
Porque em vez de dar frutos dúlcidos, sublimes,
Gera bargos mortais e de sabor amargo!"

Em sua viagem a Europa na década de 60 deixou fincado um pouco do seu talento em um monumento na Rússia, o poema acima "Aos trabalhadores", na praça de Moscou.O escritor baiano Jorge Amado, ao ver uma apresentação do poeta disse:"Versos que seriam dignos da pena de Castro Alves!".E era como Rogaciano era comparado, inclusive pelo porte físico e pelas madeixas negras.De cantador de viola a jornalista premiado, recebeu o prêmio Esso pela reportagem "Amazônia".


sexta-feira, 9 de julho de 2010

A cultura nordestina da feira São Cristóvão/RJ

Recebi do Fernando Borges uma matéria bem interessante sobre a influência da cultura nordestina nas outras regiões do país. A produção é do programa TV News e foi realizado pelos estudantes da UERJ na Feira de São Cristóvão/RJ.




O TV NEWS é um webprograma independente mensal que visa informar e entreter o público da internet.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2010!!!


Desejo do fundo do meu coração que, cada vez que seus sonhos seguirem viagem, eles sempre voltem para sua vida transbordando de realizações.


Que 2010 seja um passaporte para que seus sonhos embarquem na “Viagem das Realizações” do ano novo que se inicia e que não voltem sem a conquista dos objetivos que motivaram a mesma. E quando a meia-noite trouxer o Novo Ano para o mundo e os fogos de artifício anunciarem a sua chegada, nossos sonhos sairão por aí...


Que Deus tome a frente e que nas noites sem luar, as estrelas brilhem mais forte, iluminando o longo caminho.


Cobra Cordelista.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Mais raridades do velho Gonzagão!

1957 O Reino do Baião

1. Forró no escuro

2. Moça de feira

3. Sertão sofredor

4. Xote das moças

5. O delegado no coco

6. Gibão de couro

7. Comício no mato

8. Meu Pajeú

Baixar

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Ganhadores do Prêmio Solano Trindade

Cultura



Jaboatão encerra com
emoração da Festa de Iemanjá

No evento, houve também o 1º Festival Jaboatanense de Literatura Afro-brasileira

Ao som das batidas do maracatu Aurora Africana e Tumaraca e do grupo de coco do Mestre Goitá Jaboatão encerrou, neste último domingo (13/12), as comemorações da Festa de Iemanjá. A mãe de santo, Maria de Lurdes, do terreiro Santo Aleixo foi a homenageada da festa, coroada com um standard simbólico confeccionado pelo artista plástico Fernando Keller. A abertura da festividade aconteceu na sexta-feira (11/12), na beira mar de Barra de Jangada.

O encontro teve a participação dos terreiros do município e abrigou o 1º Festival Jaboatanense de Literatura Afro-brasileira, Prêmio Solano Trindade, que reuniu 23 autores de todo o Estado. O concurso tem como critério temas que façam alusão à cultura e ao povo negro.

“Mãe África de meus sonhos tua fome me mata, tua seca me fere, teu sol me arde a pele, tua dor é minha e de todos nós, pois somos um pouquinho de ti.Tua mão escrava, sofrida chegou com teu sorriso escondido nas frestas da ferida do chicote. E hoje fez quem sou fez a identidade de minha terra”. Essa é a primeira parte do poema Clamor que fala sobre a África e os descendentes brasileiros. Natural de recife, a autora da poesia, Marina Presbítero, 22, foi a vencedora da primeira edição do concurso. “A Prefeitura de Jaboatão está de parabéns pela iniciativa maravilhosa”, disse.

O segundo lugar ficou para o poeta-repentista, Júnior Vieira, também da cidade do Recife com o poema: Se for reencarnar eu quero ser um Solano Trindade do Brasil. A principal mensagem da poesia é sobre o preconceito junto à luta do escritor Solano Trindade em prol do povo negro. De acordo com Vieira, o concurso “planta uma semente muito construtiva para os artistas de Pernambuco”.

Com o título Negro Xangó, o poema que ganhou o terceiro lugar foi de autoria do escritor jaboatanense do bairro do Curado IV, Valque Santos e expressa a dificuldade dos negros na época das senzalas e o conforto clamado aos santos naquele momento. Para Santos, a criação do festival reflete a importância dada à cultura de Jaboatão pela Prefeitura, porque abre espaço também para novos artistas locais. “Como artista, através dessas mudanças, hoje eu reencontrei meu amor pela cidade”, contou.

O vencedor recebeu um valor de R$ 1.500; o 2º colocado R$ 1.000; e o 3º lugar, R$ 500. Os três primeiros colocados, ainda, ganharam uma placa alusiva ao evento. O prêmio é uma homenagem aos 101 anos de morte de Solano Trindade, escritor negro destaque na literatura brasileira. O presidente do Conselho de Cultura Municipal, Cobra Cordelista, ressalta que a intenção é transformar o concurso em uma competição estadual. “Esperamos que nos próximos anos, outras cidades possam também participar”, destacou.


Confira o poema vencedor:

CLAMOR!

Mãe África de meus sonhostua fome me matatua seca me fereteu sol me arde a peletua dor é minhae de todos nós pois somos um pouquinho de ti.Tua mão escrava, sofridachegou com teu sorriso
escondido nas frestas da ferida do chicoteE hoje fez quem soufez a identidade de minha terra Não se deixe morrer, Óh mãe
Não se vá! Tua cultura me é vida,e tua existência
é também minhaA música no alto morrocanta tua luz
nos dá tua bençãoOuço teu coração acelerarNas ruas de meu Recife
- Batuque de alfaia
Chocalha o abê.
Não se vá, Óh mãe
Não se vá! Não deixe que te enterremEm caixão capitalistaEm cemitério “desenvolvido”.Não esqueces
que alimentas teu parasita
Não esqueces que alimentas quem te U.S.A. com tua lama preta com teus descendentes...

Não se deixe levar, Óh mãe
Não se vá! Viva, pois vivo!Vivo, porque vives!Caminha com tua riquezaNão deixe teus filhosNão deixe tuas tradições. Oxalá mãe, tu vives!Bato palmas, a capoeira ginga o som de Angola.Afoxé desfila em teu nome.
Axé!Vem lutar teu povoAtravés de tua música enraizada em nosso peito.O samba gritamostra tua vida em nósacelera teu sangue em nósbrilha tua cor em nós.
Não se deixe morrer, Óh mãe
Não se vá!

-- Marina Presbitero


Confira o poema do segundo lugar:

“UM SOLANO TRINDADE DO BRASIL”
Autor: Junior Vieira


PRECONCEITO SÓ GERA VIOLÊNCIA
E O RACISMO É COISA ABOMINÁVEL,
É O GÁS MAIS VOLÁTIL E INFLAMÁVEL
QUE SUFOCA O CRISTÃO SEM TER CLEMÊNCIA;
É PRECISO TER MUITA PACIÊNCIA
QUANDO A GENTE É TACHADO DE IMBECIL,
SE A JUSTIÇA NÃO FOGE NEM UM TIL
EU ESPERO “ESSA COISA” PERECER...
SE FOR REENCARNAR EU QUERO SER
UM “SOLANO TRINDADE” DO BRASIL!!!

AH! SE HOUVESSE AMOR NO CORAÇÃO
E O DISCURSO NÃO FOSSE SÓ BALELA,
ACABAVA DE VEZ TODA A SEQUELA;
NÃO HAVIA MAIS DISCRIMINAÇÃO,
NEGRO TINHA MAIS VEZ NESTA NAÇÃO
E NÃO TRATADO QUAL BICRO DE CANIL;
NÃO CARECE JUSTIÇA NEM FUZIL
PRO DIREITO DA GENTE APARECER...
SE FOR REENCARNAR EU QUERO SER
UM “SOLANO TRINDADE” DO BRASIL!!!

MAS NÃO É SÓ O NEGRO, DIGO EU,
QUE ESBARRA NA LEI DO PRECONCEITO,
MUITA GENTE TAMBÉM NÃO TEM DIREITO
QUE DIFERE DO RICO PRO PLEBEU,
PORÉM A ESPERANÇA NÃO MORREU
E EU NÃO QUERO MORRER SEM DAR UM PIU;
CARTA MÁGNA PRA MIM NÃO EXISTIU,
MEU AVÔ FOI ESCRAVO DO PODER...
SE FOR REENCARNAR EU QUERO SER
UM “SOLANO TRINDADE” DO BRASIL!!!

DESTA FEITA ESTIPULO A MINHA COTA
E EU QUERO IGUALDADE NA ESCOLA,
JÁ FAZ TEMPO Q”EU VIVO DE ESMOLA,
EU NÃO VOU MAIS PASSAR POR IDIOTA;
QUEM CONFIA EM DEUS NÃO TEM DERROTA,
INDA TEM MUITA ÁGUA EM MEU CANTIL,
SEI QUE O CAMPO É MINADO E MUITO HOSTIL;
MAS A LUTA EU SÓ PARO DE MORRER...
SE FOR REENCARNAR EU QUERO SER
UM “SOLANO TRINDADE” DO BRASIL!!!

GENTE A MATÉRIA COMPLETA ESTA NO SITE DA PREFEITURA DE JABOATÃO.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Informativo do Cobra!



Fundarpe abre espaço para artistas na Feira Música Brasil 2009


Estande do Governo terá local de divulgação de bandas, distribuição do 3º volume da coletânea Music From Pernambuco e espaço de convivência para fechamento de negócios Imprensa Fundarpe.

Bandas e músicos pernambucanos terão espaço garantido para divulgação de CDs, DVDs e publicações – além um lounge para rodada de negócios – durante a Feira Música Brasil, que acontece no Terminal Marítimo do Recife, no Marco Zero da cidade, entre os dias 9 e 13 de dezembro. A ação do Governo de Pernambuco tem o objetivo de apresentar a produtores e empresários de vários países a nova safra de grupos do estado.

Ao todo, serão dois espaços: um aberto ao público e outro direcionado somente a artistas e convidados. As principais ações estão concentradas no primeiro local, com 48 m², onde haverá três espaços interativos: o Toca Pernambuco, um game interativo no estilo guitar hero; o Music From Pernambuco, uma ação de distribuição da coletânea homônima que reúne 38 artistas pernambucanos; e o Bandas de Pernambuco, um balcão aberto a CDs e materiais de divulgação de novos artistas, além de dois telões de LCD onde serão exibidos videoclipes dos interessados. No segundo stand, será montado um espaço exclusivo com 36 m².

MUSIC FROM PERNAMBUCO – Depois de percorrer duas importantes feiras de negócios internacionais na área de música – a World Music Expo (Womex), realizada entre os dias 29 de outubro e 1º de novembro, na Dinamarca, e a Buenos Aires Feria Internacional de La Musica (Bafim), principal evento da América Latina que aconteceu de 19 a 22 de novembro – a Fundarpe apresenta, pela primeira vez, no Recife, a terceira edição do projeto Music From Pernambuco.

Trata-se de uma compilação de 38 trabalhos de músicos e grupos pernambucanos, feita por uma curadoria formada pelo coordenador de Música da Fundarpe, Rafael Cortes, pelo jornalista e crítico musical José Teles e pelo produtor musical Paulo André Pires, que também participa da produção do volume. Rafael Cortes definiu alguns critérios para a escolha dos artistas. “Levamos em consideração quem lançou novo trabalho e artistas que não tinham participado das edições anteriores do Music From Pernambuco”.

Para ele, uma ação desse tipo sempre tem grande impacto para a classe. “Podemos usar esse produto para fechar parceiras com festivais independentes no Brasil e mundo afora. Existe também a possibilidade de introduzir esses produtos nas rádios internacionais que tem o foco na world music” completa ele.

Acompanhado a tendência de conteúdos digitais, o volume 3 do Music From Pernambuco foi também pensado para a internet. “Prensamos 1.500 unidades para distribuirmos nesses eventos, mas disponibilizamos no portal colaborativo Pernambuco Nação Cultural

todas as faixas dos dois discos, inclusive para quem quiser baixar as músicas no formato mp3”, lembrou Cortes.

BANDAS DE PERNAMBUCO – Este setor do Stand da Fundarpe é dedicado a qualquer pessoa que queira divulgar seu trabalho musical, seja em formato de CD, DVD, ou qualquer material impresso. A idéia é possibilitar ao artista pernambucano um lugar no tão concorrido salão da Feira Música Brasil, garantindo uma boa visibilidade. Para isso, foram instaladas duas TVs de LCD de 32 polegadas, onde serão exibidos durante todo o dia, os videoclipes inscritos no balcão. Os visitantes terão possibilidade de conhecer o trabalho

ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA – Este ambiente foi estrategicamente pensado para rodadas de negócios entre empresários, produtores e artistas pernambucanos. O ambiente climatizado oferece conforto e tranquilidade para a realização de pequenas conferências.

Fundarpe abre espaço para artistas na Feira Música Brasil 2009

Estande do Governo terá local de divulgação de bandas, distribuição do 3º volume da coletânea Music From Pernambuco e espaço de convivência para fechamento de negócios Imprensa Fundarpe.

Bandas e músicos pernambucanos terão espaço garantido para divulgação de CDs, DVDs e publicações – além um lounge para rodada de negócios – durante a Feira Música Brasil, que acontece no Terminal Marítimo do Recife, no Marco Zero da cidade, entre os dias 9 e 13 de dezembro. A ação do Governo de Pernambuco tem o objetivo de apresentar a produtores e empresários de vários países a nova safra de grupos do estado.

Ao todo, serão dois espaços: um aberto ao público e outro direcionado somente a artistas e convidados. As principais ações estão concentradas no primeiro local, com 48 m², onde haverá três espaços interativos: o Toca Pernambuco, um game interativo no estilo guitar hero; o Music From Pernambuco, uma ação de distribuição da coletânea homônima que reúne 38 artistas pernambucanos; e o Bandas de Pernambuco, um balcão aberto a CDs e materiais de divulgação de novos artistas, além de dois telões de LCD onde serão exibidos videoclipes dos interessados. No segundo stand, será montado um espaço exclusivo com 36 m².

MUSIC FROM PERNAMBUCO – Depois de percorrer duas importantes feiras de negócios internacionais na área de música – a World Music Expo (Womex), realizada entre os dias 29 de outubro e 1º de novembro, na Dinamarca, e a Buenos Aires Feria Internacional de La Musica (Bafim), principal evento da América Latina que aconteceu de 19 a 22 de novembro – a Fundarpe apresenta, pela primeira vez, no Recife, a terceira edição do projeto Music From Pernambuco.

Trata-se de uma compilação de 38 trabalhos de músicos e grupos pernambucanos, feita por uma curadoria formada pelo coordenador de Música da Fundarpe, Rafael Cortes, pelo jornalista e crítico musical José Teles e pelo produtor musical Paulo André Pires, que também participa da produção do volume. Rafael Cortes definiu alguns critérios para a escolha dos artistas. “Levamos em consideração quem lançou novo trabalho e artistas que não tinham participado das edições anteriores do Music From Pernambuco”.

Para ele, uma ação desse tipo sempre tem grande impacto para a classe. “Podemos usar esse produto para fechar parceiras com festivais independentes no Brasil e mundo afora. Existe também a possibilidade de introduzir esses produtos nas rádios internacionais que tem o foco na world music” completa ele.

Acompanhado a tendência de conteúdos digitais, o volume 3 do Music From Pernambuco foi também pensado para a internet. “Prensamos 1.500 unidades para distribuirmos nesses eventos, mas disponibilizamos no portal colaborativo Pernambuco Nação Cultural

todas as faixas dos dois discos, inclusive para quem quiser baixar as músicas no formato mp3”, lembrou Cortes.

BANDAS DE PERNAMBUCO – Este setor do Stand da Fundarpe é dedicado a qualquer pessoa que queira divulgar seu trabalho musical, seja em formato de CD, DVD, ou qualquer material impresso. A idéia é possibilitar ao artista pernambucano um lugar no tão concorrido salão da Feira Música Brasil, garantindo uma boa visibilidade. Para isso, foram instaladas duas TVs de LCD de 32 polegadas, onde serão exibidos durante todo o dia, os videoclipes inscritos no balcão. Os visitantes terão possibilidade de conhecer o trabalho

ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA – Este ambiente foi estrategicamente pensado para rodadas de negócios entre empresários, produtores e artistas pernambucanos. O ambiente climatizado oferece conforto e tranquilidade para a realização de pequenas conferências.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Seu Lunga – O cabra mais ignorante do mundo!



Uma lenda vida, literalmente. Seu Lunga para os mais desavisados é o cabra mais ignorante do mundo. Alguns até dizem que ele está prestes a entrar na seleta lista do Guiness Book – O famoso livro dos recordes - em função disso. Sua fama vai de Norte a Sul do Nordeste e já está tomando conta do Brasil.

Muitos acham que Seu Lunga não existe, que é apenas um personagem do folclore Nordestino, mas ele existe sim. É de carne, osso e "ignorância". Mora em Juazeiro do Norte-CE, na região do Cariri, onde também situa-se a cidade do Crato, Barbalha, entre outros municípios. Seu nome de batismo é Joaquim dos Santos Rodrigues, tem 81 anos e possui uma espécie de Sucata na Rua Santa Luzia, próxima a Rua São Paulo. Quem duvidar, basta conferir.

Seu Lunga é figura clássica em causos ou piadas aqui no Nordeste. Tão famosas quando piadas de papagaio, bêbado, rapariga, corno ou viado, são as histórias que fazem alusão a falta de paciência dele. Devido a toda essa fama, muita gente que vai a Juazeiro, não que vê o Padre Cícero não, prefere conhecer Seu Lunga. Ele já virou cordel, desenho animado, monografia e até nome de banda.

Infelizmente ainda não o conheço pessoalmente, mas quem já viu, diz que apesar de todo esse mito, ele é um cabra gentil, educado e muito esperto. Adora conversar e contar versos de sua autoria. O que falta mesmo em Seu Lunga é paciência. Antes de perguntar alguma coisa a ele, pense, pense muito para não perguntar besteira.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

LASCADO DE SAUDADE

LASCADO DE SAUDADE
Autor: Vicente Nascimento


Trechos do livro do poeta popular Vicente Nascimento, lançado em dezembro de 2003, em João Pessoa - PB.

VICENTE FRANCISCO DO NASCIMENTO é natural de Salgueiro – PE, caçula de 16 irmãos, trabalhou na agricultura, foi fotógrafo, Patrulheiro Rodoviário Federal, aposentado, reside em João Pessoa. Sua apresentação na Tenda do Cordel deste ano 2009 será no dia 27 de junho as 20h e 40min.


Apresentação do poeta repentista, Oliveiras de Panelas:

Em LASCADO DE SAUDADE
você vê tanta poesia
de fazer inveja a Dante,
Píndaro de Alexandria,
Camões, Homero, Petrarca
e Castro Alves da Bahia.

NASCIMENTO é um poeta,
pela sensibilidade,
eu vou continuar lendo
livro dessa qualidade.
e assim levar a vida
ME LASCANDO DE SAUDADE.

Um livro feito com arte,
com gosto e desprendimento;
poeta de toda parte,
aqui expõe seu talento;
repentes feitos na roça,
no alpendre da palhoça,
na hora do sol poente;
assim que a Ave Maria
tocava ao final do dia
as esperanças da gente.


Vicente Nascimento:

Eu por exemplo fiquei
pensando na mocidade
foi aí que a saudade,
quando chegou eu lembrei,
então eu lhe perguntei,
o que é que ela fazia?
ela disse que trazia
dor no peito a vida inteira
A saudade é companheira
de quem não tem companhia.

No meu tempo de criança,
joguei pinhão e castanha,
brincava de perde e ganha,
sem perder a confiança,
inda guardo na lembrança,
eu fazia um currazim,
de vaca e boi de ossim,
pra dizer que era gado
Recordando o meu passado
tive saudade de mim.

Não posso vê nunca mais
o que vi quando criança,
as fantasias da vida,
e uma grande esperança
apenas ficou gravado
no arquivo da lembrança.

Minha aposentadoria,
graças a DEUS consegui,
sofri muito e aprendi
trabalhar em parceria;
com chuva, sol, noite e dia,
nunca cheguei atrasado
fui um ótimo empregado,
sem conhecer meu patrão.
Já cumpri minha missão,
hoje estou aposentado.

Fonte:http://literaturadecordel.vilabol.uol.com.br/

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Matuto No Cinema

De: Jessier Quirino



E o matuto, rapaz...
Anafalbeto de pai e mãe... e parteira
E sai do sertão pra capital
pra assistir um filme estrangeiro legendado
quando ele volta pro sertão,
mas ele num conta o filme todinho?

"má rapai
eu fui lá na capitá rapai
eu assisti um filme altamente internacioná
pense num filme internacioná!
e tem uma coisa: um filme mafioso...
um fime mafioso...
Ói tinha dois atista:
tinha o atista que sofria e o atista que salvava.
Meu cumpadi
o atista que sufria: pense num cabra corajoso!
Rapai, o caba num tinha medo de nada não rapai!
Rapaz, os bandido!
os bandido pirigoso que só buchada azeda!
invocado que só um fiscal de gafiera
sério que nem um porco mijano!
tinha o dedo da grussura de um cabo de foimão!
amarraro o atista com imbira!
e tem uma coisa: imbira dos Estado Zunido,
num tem quem se solte não rapaiz!
Amarraro o atista com imbira,
butaro o caba sentado a força numa cadera
ai chego o bandido, buto o dedo na cara do atista e
disse:
num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, num
sei que lá, num sei que lá.
Tá pensano que atista teve medo rapaiz?
O atista amarrado com imbira rapai, teve que ouvi
tudinho,
mas muito do tranquili, olhô pa cara do bandido assim
e disse:
num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá o quê
mermão???
mas rapaiz...esse bandido inchô feito um cururu no
sal, num sabe?
isfregô o dedo na cara dele assim e disse:
num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, num
sei que lá, seu fila da puta!!!
Tu tá pensano que o atista teve medo?
oxe, amarrado com imbira, do jeito que tava,
ficô muito do tranquili, olhô assim pro vbandido e
disse:
num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá o
carai!!!
Mas meu cumpadi, esse bandido pegô um ar, pense numa
pegada de ar!
MAs raái, foi uma pegada de ar tão mudida do poico!
ai puxô uma chibata feita de virola de pneu de
caminhão, num sabe,
mais cumprida de que uma língua de manicure,
deu-lhe uma chibatada tão aparetada a um coice de
besta parida,
que ficô iscrito assim da taba dos quexo pa porta da
orlha do individuo: FIRESTONE


eu sei que nessa hora, no mei dos bandido,
tinha um que era do time do atista, rapai
do time da gente, num sabe?
e ele tava camuflado feito rapariga de pastô:
num tinha quem desconfiasse, rapaiz!
camuflado la por dento, e ele tinha um relógio, puxado
pa telefone,
ai ele foi prum pé de parede cum relógio dele
aí passô o bizu pa puliça que tava lá em baixo
ele pégô o relógio e disse:
num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, num
sei que lá, num sei que lá,
contô tudinho à puliça
a puliça lá em baxo nos carro uvindo tudo pelos radio
e a puliça dos estado zunido, num se veste de puliça
não!
se veste de adevogado!
Aí a puliça dento dos carro só fez pegá o rádio
e chamá os carro tudim dos estado zunido rapaiz:
acunhe, acunhe, acunhe, acunhe, todos os carro
acunhe, que o negocio é serio,
acunhe, acunhe, acunhe, acunhe,
aí os carro acunharo,os carro acunharo, acunharo
aí era mais carro em cima do prédio, de quê romero em
cima de Pade Ciço
o prédio, rapai era um prédio grande,
tinha uns 2 ou 3 andá,
ou era um colégio de frera, ou era uma prefeitura
eu sei que num tinha quem entrasse:
um prédio todo de vrido, infeitado feito pintiadera de
rapariga, num sabe?
aí a puliça tome corda, tome corda, tome corda, tome
corda,
quando a gente pensava que era a puliça que ia subi
por fora do predio
pra salvá o atista,
aí veio o momento mais arrepiadô do filme, rapaiz!
foi quando chegô o atista principal, o atista
salvadô!
e ele vêi num avião daquele,
daquele avião que tem uma penera em cima, num sabe?
aí o avião vei
e o avião num vuava não: era parado, viu!
o avião ficô parado em cima da prefeitura,
pela capota de vrido a gente já via o atista, rapaiz
o atista forte com os peitão,
2 cinturão de bala, uma ispingarda da grussura dum
cano de esgoto, rapai,
aí o atista fico assim na porta do avião
Ó o nome do atista: Arnô Saijinegue!
agora, num é esses arnô saijinegue do sertão,
que dá no cu de todo mundo não!
é Arnô Saijinegue importado,
ou é da Chequilováquia, ou é da Bolívia, tá
entendendo?
Eu sei que o Arnô Saijinegue ficô9 na porta do avião
aí o chofer do avião olhô pra ele e disse:
acunhe! Pode pulá!
ai ele pulô la de cima, pulô la de cima, bateu no
telhado, furô a laje,
bateu mermo no jugá onde o atista tava preso com o s
bandido,
pego os bandido tudo desprevinido, comendo cuzcuz com
leite, rapaiz,
eu sei que nessa hora, o atista pegô a ispingarda
disse:
num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá,
num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá,
ói ele matô tudinho!
aí apariceu mais bandido, e foi briga de sê midida a
metro!!
ele deu um tabefe no cor da orelha dum caba lá chamado
Mané Capado,
que ele borbuletô uns 2 palmo e caiu no chão feito uma
jaca mole
aí eve um bandido, rapaiz,
que homilhô o atista com uma dedada aonde as costa
muda de nome.
Meu cumpadi, esse homi ofendido na região glútea virô
uma fera
e entre a rapideiz da dedada e a imediatidade do êpa,
deu-lhe um berro nas oiça do sujeito que iscurrego na
froxura e caiu sentado.
Nessa hora, meu cumpadi, o atista partiu pra cima
dele
com um gênio de 150 siri dento de uma lata de
querosene,
deu-le um sopapo no serrote dos dente,
que chuveu canino, molar, e incisivo, por 3 dia no
sítio Boca Funda.
aí nessa hora, meu cumpadi, o bandido principal saiu
num derrapo de velocidade,
ai o atistao atista deu-lhe um chuvaréu de bala, meu
cumpadi,
que a gente teve que se abaxá dento do cinema,
aquelas letrinha que passa lá no filme ele derrubô
umas 140,
e eu ainda peguei umas 4: taqui pra você vê!!!