Em Pernambuco, interpretar eclipses ou aparecimento de cometas como prenúncios de calamidades e até sinal do fim do mundo não é fruto apenas da imaginação popular. Em tempos passados, essa vinculação também era levada em conta por autoridades e foi abordada por muitos historiadores. Vejamos alguns exemplos:
Em 1686, uma doença desconhecida (que as autoridades batizaram de Males) castiga o Recife, vira epidemia que se prolonga por sete anos, matando milhares de pessoas. Entre a população, o prognóstico: dois eclipses, um do sol, ocorrido em agosto do ano anterior, e um da lua, ocorrido em dezembro daquele ano.
O eclipse solar tinha "uma figura de uma feroz e gigantesca aranha" e a lua apareceu "abrasada num eclipse de fogo escuro". Documentos oficiais estabeleceram relação entre os eclipses e a epidemia e o padre Valentim Estancel, da Companhia de Jesus, que era um conceituado astrólogo, aproveitou para profetizar que "muitas enfermidades e mortes iam cair sobre o Brasil e que haviam de continuar por muito tempo".
No século seguinte, os eclipses continuaram prenunciando calamidades. Por exemplo, a Guerra dos Mascates (1710) teria sido anunciada por um eclipse lunar, como narraria depois Sebastião da Rocha Pitta no livro "História da América Portuguesa" (1730):
"Algum tempo antes das perturbações da província de Pernambuco, se viu nela, em uma clara noite, a metade da lua coberta de sombras, em tal proporção que, partida do eclipse pelo meio, parecia estar em duas iguais partes separadas, mostrando o que lhe havia de acontecer na desunião dos seus moradores, em prova do que o reino em si dividido é desolação, da qual tocou à nobreza a maior parte, padecendo perdas da liberdade, assolações da fazenda, ausências da casa, e com elas a falta de lavouras nas suas propriedades, gastando mais do que podia em sustentar exércitos contra o Recife, e por esta causa se acha tão diferente que é objeto de lástimas, sem esperança de tornar ao esplendor antigo dos seus antepassados, em pena destas e de muitas outras soberbas vaidades."
No caso do aparecimento de cometas prenunciando catástrofes, os documentos são mais enfáticos. Em 1698, por exemplo, atribui-se ao fenômeno uma grande seca que castigou Pernambuco e até mesmo sérias desavenças entre o bispo Mathias de Figueiredo Mello e o governador Marquez de Monte-Bello que por pouco não desencadearam uma batalha no Recife.
Sobre esse fatal cometa, existe na Biblioteca Nacional de Lisboa um manuscrito com o gigantesco título: "Discurso astronômico sobre o estupendo e fatal cometa ou nuncio pela Divina Providência enviado aos mortais, o qual foi visto a primeira vez a 6 de dezembro do ano de 1698, ao romper da aurora, neste nosso orizonte (sic) oriental Pernambuco na altura austral de 8 gr. no signo Escorpião".
Em 1666, uma peste assolou o Recife e estendeu-se até o Rio de Janeiro, com milhares de vítimas. Na época, como relataria Rocha Pitta, a catástrofe foi precidida por "um horroroso cometa que, por muitas noites tenebrosas, ateado em vapores densos, ardeu com infausta luz sobre a nossa América, e lhe anunciou o dano que havia de sentir".
Em 1686, uma doença desconhecida (que as autoridades batizaram de Males) castiga o Recife, vira epidemia que se prolonga por sete anos, matando milhares de pessoas. Entre a população, o prognóstico: dois eclipses, um do sol, ocorrido em agosto do ano anterior, e um da lua, ocorrido em dezembro daquele ano.
O eclipse solar tinha "uma figura de uma feroz e gigantesca aranha" e a lua apareceu "abrasada num eclipse de fogo escuro". Documentos oficiais estabeleceram relação entre os eclipses e a epidemia e o padre Valentim Estancel, da Companhia de Jesus, que era um conceituado astrólogo, aproveitou para profetizar que "muitas enfermidades e mortes iam cair sobre o Brasil e que haviam de continuar por muito tempo".
No século seguinte, os eclipses continuaram prenunciando calamidades. Por exemplo, a Guerra dos Mascates (1710) teria sido anunciada por um eclipse lunar, como narraria depois Sebastião da Rocha Pitta no livro "História da América Portuguesa" (1730):
"Algum tempo antes das perturbações da província de Pernambuco, se viu nela, em uma clara noite, a metade da lua coberta de sombras, em tal proporção que, partida do eclipse pelo meio, parecia estar em duas iguais partes separadas, mostrando o que lhe havia de acontecer na desunião dos seus moradores, em prova do que o reino em si dividido é desolação, da qual tocou à nobreza a maior parte, padecendo perdas da liberdade, assolações da fazenda, ausências da casa, e com elas a falta de lavouras nas suas propriedades, gastando mais do que podia em sustentar exércitos contra o Recife, e por esta causa se acha tão diferente que é objeto de lástimas, sem esperança de tornar ao esplendor antigo dos seus antepassados, em pena destas e de muitas outras soberbas vaidades."
No caso do aparecimento de cometas prenunciando catástrofes, os documentos são mais enfáticos. Em 1698, por exemplo, atribui-se ao fenômeno uma grande seca que castigou Pernambuco e até mesmo sérias desavenças entre o bispo Mathias de Figueiredo Mello e o governador Marquez de Monte-Bello que por pouco não desencadearam uma batalha no Recife.
Sobre esse fatal cometa, existe na Biblioteca Nacional de Lisboa um manuscrito com o gigantesco título: "Discurso astronômico sobre o estupendo e fatal cometa ou nuncio pela Divina Providência enviado aos mortais, o qual foi visto a primeira vez a 6 de dezembro do ano de 1698, ao romper da aurora, neste nosso orizonte (sic) oriental Pernambuco na altura austral de 8 gr. no signo Escorpião".
Em 1666, uma peste assolou o Recife e estendeu-se até o Rio de Janeiro, com milhares de vítimas. Na época, como relataria Rocha Pitta, a catástrofe foi precidida por "um horroroso cometa que, por muitas noites tenebrosas, ateado em vapores densos, ardeu com infausta luz sobre a nossa América, e lhe anunciou o dano que havia de sentir".
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