segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O interessante estudo do folclore



Folclore, palavra de origem inglesa que significa sabedoria do povo, é o estudo das tradições populares: brincadeiras de roda e jogos infantis, comidas típicas, ditos, provérbios e crendices, danças e festejos populares, como o frevo pernambucano e o bumba-meu-boi do Maranhão, tudo que o povo inventa, que não tem criação individual.

Com o progresso, muitas tradições vão morrendo: as crianças, por exemplo, ignoram muitos dos brinquedos de antigamente e as serenatas, que vieram da Europa com os portugueses, desapareceram das grandes cidades. Hoje, para ouvi-las, tem-se que ir a Ouro Preto, a cidade mineira dos velhos sobrados. O governo, porém, procura preservar o folclore por interesse cultural e econômico, pois ele promove o turismo; é o que justifica o apoio oficial dado ao carnaval de várias cidades, como Rio de Janeiro, Salvador, Olinda, etc.

O mais folclórico dos carnavais brasileiros é o pernambucano, com forte influência africana e indígena. Nas ruas de Recife e Olinda, o povo dança o frevo, de ritmo contagiante, que freve ou ferve. Muitos acreditam que o frevo nasceu da capoeira, a luta africana que no Brasil virou dança.

O maracatu também aparece no carnaval pernambucano com reis, príncipes e embaixadores vestidos com fantasias de luxo. Foi na origem um cortejo religioso: nas portas das igrejas eram coroados reis e rainhas de escravos. Muitas vezes eram soberanos de verdade, pois houve reis africanos que foram aprisionados em sua terra e vieram para o Brasil na condição de escravo.
Ainda no carnaval de Pernambuco aparecem os caboclinhos, grupos fantasiados de índios, que lembram a velha dança dos curumins. Nas ruas e em rápidos movimentos, os caboclinhos levantam-se ou abaixam-se, avançam ou recuam, como se estivessem no ataque ou na defesa.

Das tradições de origem portuguesa, os festejos juninos ou de junho são os mais propagados pelo Brasil, principalmente no Nordeste.

Embora sejam em louvor de São João, Santo Antônio e São Pedro, os festejos juninos são muito remotos, anteriores mesmo à formação do cristianismo. É que no Hemisfério Norte o 24 de junho (dia de São João) é também a entrada do verão. Por ser o início da época das colheitas, os lavradores comemoravam a data com fogueiras, e para afastar os maus espíritos, causadores de pragas e doenças nas plantas e nos animais, davam tiros, costume que se converteu nos fogos de São João.

Aos festejos juninos veio juntar-se, curiosamente, uma tradição de origem diversa, vinda da França: é a quadrilha, que já foi dança aristocrática, mesmo no Brasil, dançada pelos nobres no tempo do Império.

HERMIDA, Borges. O interessante estudo do folclore. In: História do Brasil. SP: Companhia Editora Nacional, 1986. 8ª ed. Pp. 112.

No folclore brasileiro, aparecem a sanfona e a rabeca. Deve-se considerar que, de um modo geral, o músico folclórico toca "de ouvido", sendo a arte transmitida de pai para filho, o que valoriza ainda mais a vocação artística desses músicos.

Rabeca

A rabeca é uma forma rudimentar do violino, e seu uso é mais acentuado nas localidades do litoral brasileiro, onde praticamente é indispensável em diversas festas populares, como nas Folias de Reis, onde os tocadores fazem o acompanhamento musical aos cantadores, que visitam as casas solicitando prendas e esmolas. Enquanto que o violinista costuma apoiar o instrumento entre o queixo e o ombro, o rabequista, obedecendo a um costume característico da Idade Média, toca a rabeca firmando-a no peito. Embora o som da rabeca emita uma certa tristeza, possibilita a marcação movimentada exigida por certos tipos de dança.

Berimbau

Este instrumento caracteriza bastante as festas folclóricas nordestinas. Possui também a denominação de berimbau de barriga para diferenciá-lo do berimbau de beiço, ou marimbau, que era de ferro e fixado entre os dentes pelo tocador. O uso deste tipo de berimbau já não é registrado no Brasil. Ambos foram aqui introduzidos pelos escravos. O berimbau de barriga, ou simplesmente berimbau, como hoje é conhecido, constitui-se de um pedaço de madeira, vergado por um arame, formando, assim, um arco. Na parte inferior e anterior do arco encontra-se presa uma caixa de ressonância. Entre a madeira e o arame, coloca-se uma moeda ou uma rodela de ferro para esticar melhor o arame, que é percurtido por uma vareta. O tocador usa, ainda, um recipiente que lembra um minúsculo cesto, que contém pequenas conchas ou sementes e ajuda a marcar o ritmo. Para a marcação dos passos da capoeira, o berimbau é imprescindível.

Instrumentos Musicais. In: Nova Enciclopédia Brasileira de Consultas e Pesquisas. SP: Novo Brasil, 1986. Pp. 20, 21.

Constituem uma forma de divertimento popular, onde se torna possível a demonstração de força ou agilidade. Constituem formas rudes e primitivas de recreação. Em geral, não subsistem nos meios civilizados, ficando circunscritos aos ambientes de origem. A capoeira é uma exceção. Usada pelos escravos negros como meio de defesa contra os seus perseguidores, passou a ser usada pelos guarda-costas de políticos, que incluíam o emprego de navalhas, e finalmente se tranformou num esporte de agilidade, bastante praticado hoje em dia.

Bate-Coxa

É um jogo de força e resistência. Dois lutadores desnudos da cintura para cima, apóiam as mãos um nos ombros do outro antagonista e unem peito com peito. Em torno dos dois, colocam-se os assistentes, que cantam a música de acompanhamento onde se repete a frase: "Eh! Boi..." Cada vez que essa frase é entoada, um dos contendores acerta com a coxa a coxa do outro o mais forte que pode, trocando de coxa a cada entoação da frase. A luta termina quando um dos contendores vai ao chão ou não sente mais forças para prosseguir. Esse jogo se registra em Alagoas e é bem provável ser de origem africana.

Capoeira

A capoeira, que já sabemos ter sido utilizada como arma de defesa dos negros e por guarda-costas de políticos, é um verdadeiro balé popular. Jogo que exige muita agilidade, é formado por um círculo de participantes, dos quais dois a dois vão para o centro a fim de mostrar a sua capacidade. O ritmo é marcado principalmente pelo som do berimbau, um dos instrumentos mais representativos do nosso folclore. A capoeira tornou-se também um jogo de salão e está bem difundida por todo o Brasil.

Jogos Atléticos. In: Nova Enciclopédia Brasileira de Consultas e Pesquisas. SP: Novo Brasil, 1986. Pp. 31,32.

Nenhum comentário:

Postar um comentário