quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O Negrinho do Pastoreio


O Negrinho do Pastoreio é uma lenda afro-cristã. Muito contada no final do século XIX pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular na região Sul do Brasil. A lenda é muito bem descrita por Simões Lopes Neto, no livro Contos Gauchescos & Lendas do Sul. No Uruguai, a lenda também é conhecido como "El negrito del pastoreo".

História

O Negrinho do Pastoreio (ou Fernando Fontão ou Juari) é uma lenda meio africana meio cristã. Muito contada no final do século antepassado pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular no sul do Brasil.

Nos tempos da escravidão, havia uma estancieira malvada com negros e peões. Num dia de inverno, fazia muito frio, a fazendeira mandou que um menino negro de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros (ovinos no Uruguai versão) que acabara de comprar. No final da tarde, quando o menino voltou, a estancieira disse que faltava um cavalo baio. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino que ele ficou sangrando. "Você vai me dar conta do baio, ou verá o que acontece", disse a malvada patroa. Aflito, ele foi à procura do animal. Em pouco tempo, achou o cavalo pastando. Laçou-o, mas a corda se partiu e o baio fugiu de novo.

Na volta à estância, a patroa, ainda mais irritada, espancou o garoto e o amarrou, nu, sobre um formigueiro. No dia seguinte, quando ela foi ver o estado de sua vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. A estancieira se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha.

E depois disso, entre os andantes e posteiros, tropeiros, mascates e carreteiros da região, todos davam a notícia, de ter visto passar, como levada em pastoreio, uma tropilha de tordilhos, tocada por um Negrinho, montado em um cavalo baio.

Então, muitos acenderam velas e rezaram um Padre-Nosso pela alma do judiado. Daí por diante, quando qualquer cristão perdia uma coisa, o que fosse, pela noite o Negrinho campeava e achava, mas só entregava a quem acendesse uma vela, cuja luz ele levava para pagar a do altar de sua madrinha, a Virgem, Nossa Senhora, que o livrou do cativeiro e deu-lhe uma tropilha, que ele conduz e pastoreia, sem ninguém ver.

Desde então e ainda hoje, conduzindo o seu pastoreio, o Negrinho, sarado e risonho, cruza os campos. Ele anda sempre à procura dos objetos perdidos, pondo-os de jeito a serem achados pelos seus donos, quando estes acendem um coto de vela, cuja luz ele leva para o altar da santa que é sua madrinha.

Quem perder coisas no campo, deve acender uma vela junto de algum mourão ou sob os ramos das árvores, para o Negrinho do pastoreio e vá lhe dizendo: "Foi por aí que eu perdi… Foi por aí que eu perdi… Foi por aí que eu perdi…". Se ele não achar, ninguém mais acha.


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